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Polícia de Tarcísio reprime atos contra despejos com bombas e fere crianças e idosos em SP, denuncia movimento

Protestos de comunidades ameaçadas de despejo foram alvo de violência policial em diferentes pontos da capital

Moradores de comunidades ameaçadas de despejo em diferentes pontos de São Paulo (SP) foram alvo de repressão policial com uso de bombas durante protestos por moradia realizados na manhã desta segunda-feira (26). De acordo com Vanessa Mendonça, liderança da Luta Popular, a ação da PM feriu crianças e idosos.

“Tínhamos feito um combinado com a Polícia Militar, com a tropa de choque, de que iríamos obstruir a via às 7h30. Exatamente às 7h30, eles começaram a soltar bombas, sem respeitar as crianças, sem respeitar ninguém, e as pessoas já estavam se retirando da via”, relatou Mendonça em entrevista ao programa Conexão BdF sobre o ato na Zona Leste.

Na Zona Oeste também houve uma resposta violenta da polícia, contou a ativista. “As famílias foram fazer um protesto pacífico e teve muita repressão da polícia no final, inclusive machucando e ferindo várias crianças e idosos”, lamentou. Famílias da comunidade Areião bloquearam a Marginal Pinheiros, na altura da Ponte do Jaguaré. A comunidade existe há 34 anos e recebeu notificação para desocupar a área, sob gestão da concessionária Enel, até o dia 31 de julho. “São 300 famílias, muitas com crianças e idosos, e não tem nenhum plano apresentado pela prefeitura para onde elas irão”, afirmou Vanessa.

Já na Zona Leste o protesto envolveu moradores da Terra Prometida e da comunidade Jorge Hereda bloqueando a Avenida Aricanduva. Segundo o movimento, atos como esses antecedem uma mobilização maior prevista para o dia 11 de junho.

As comunidades afirmam que não foram recebidas pela gestão de Ricardo Nunes (MDB), apesar de diversas tentativas de diálogo. “É só a remoção mesmo dessas famílias, que estão desesperadas. Estamos falando de um monte de trabalhador e trabalhadora que não tem para onde ir”, disse Vanessa.

Ao Brasil de Fato, a Polícia Militar confirmou as ações na manhã desta segunda “para duas ocorrências de manifestação na Marginal Pinheiros e na Avenida dos Latinos, zona leste da capital”.

“Em ambos os protestos, os manifestantes reivindicavam condições de moradia e contra reintegrações de posse. A Polícia Militar atuou para manutenção da ordem pública, liberação de vias e proteção do trabalho dos Bombeiros e outros agentes públicos”, finaliza a nota.

Fim da proteção judicial na pandemia intensificou despejos
Desde o fim da pandemia, o número de despejos tem aumentado em várias regiões da capital paulista. Durante a crise sanitária, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu reintegrações de posse, garantindo a permanência temporária de famílias em ocupações urbanas e rurais.

Com o fim da medida, Vanessa Mendonça explica, os processos judiciais que estavam paralisados voltaram a tramitar e diversas comunidades passaram a ser notificadas para desocupação, sem que o poder público apresente alternativas habitacionais. “A realidade é que está tendo muito despejo e não tem nenhum programa habitacional para atender essa quantidade de famílias”, denunciou.

Um dos casos mais emblemáticos recentes é o da favela do Moinho, no centro de São Paulo. A comunidade foi alvo de violenta repressão policial ao protestar contra a demolição de casas na comunidade, em meio a um processo de desocupação questionado pelos moradores. A área, que pertence ao governo federal, foi cedida à gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) para a construção de um parque. O caso chegou a um desfecho positivo após sucessivas mobilizações populares e intervenção do governo Lula (PT), que firmou um acordo com o estado para que as moradias sejam inteiramente subsidiadas.

“Acabamos de ver o caso do Moinho recentemente”, lembrou Vanessa, apontando a necessidade de soluções estruturais para a crise habitacional e o respeito aos direitos das famílias. “Temos muita casa sem gente e muita gente sem casa aqui em São Paulo”, apontou.

*BdF

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Polícia de Tarcísio reprime violentamente manifestação contra privatização da CPTM

Ato dos manifestantes iniciou na quinta-feira e o objetivo é anular o leilão das linhas.

A sede da Secretaria de Transportes de São Paulo foi palco de um protesto contra a privatização das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM, nesta quinta-feira (27). O ato, organizado pelo movimento Não Privatiza e composto por familiares e amigos de ferroviários, denunciava os impactos da concessão para os trabalhadores e a população. A manifestação terminou com forte repressão policial e relatos de violência contra os participantes.

O leilão dessas linhas está marcado para amanhã, sexta-feira (28), e os manifestantes buscam anular ou adiar a decisão. Apesar da mobilização, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, já declarou que pretende seguir com as concessões mesmo diante de uma possível greve.

Violência policial e falta de diálogo
A manifestação expôs a forma como o governo do estado lida com a mobilização popular. Segundo os organizadores, o ato na Secretaria de Transportes tinha como objetivo buscar diálogo com o governo. No entanto, os manifestantes foram alvo de violenta repressão policial. “A polícia agrediu companheiros, jogou gás de pimenta e bombas de borracha na população que passava na rua. Uma mulher foi puxada pelo cabelo e arrastada”, relatou Roseli Simão, que participou da mobilização.

Os manifestantes também criticaram a falta de transparência e a ausência de consulta popular sobre a privatização. “Se a empresa foi construída com o dinheiro dos trabalhadores, deveríamos ter o direito de decidir se queremos vendê-la ou não. Pedimos um plebiscito, mas não tivemos resposta.”

privatização

O impacto da privatização para os trabalhadores
Segundo a liderança da ocupação, a privatização das linhas trará consequências graves para a classe trabalhadora. Um dos principais pontos levantados é o aumento do desemprego, já que, historicamente, empresas privadas que assumem serviços públicos realizam cortes massivos de funcionários. “Eles vão demitir sem se importar se o trabalhador é velho, se tem problema de saúde ou se precisa do convênio médico. Esses trabalhadores vão engrossar a lista de desempregados e de pessoas passando fome”, afirmou Roseli Simão, líder do movimento.

Além disso, os manifestantes alertam para a precarização do serviço, caso seja feita a privatização. “A empresa que compra a CPTM não está interessada em servir a classe trabalhadora, está interessada apenas no lucro”, afirmou a liderança. Ela citou exemplos de outras privatizações, como a Enel e a Sabesp, que, segundo ela, pioraram a qualidade dos serviços prestados. “Hoje a conta de luz está mais cara e o fornecimento de energia é instável. Na Sabesp, em áreas mais pobres, a água muitas vezes não chega.”

Outro ponto destacado foi o impacto da privatização no dia a dia dos trabalhadores que dependem do transporte público.

“Com a piora no serviço, os atrasos serão mais frequentes, e o patrão não quer saber se o trem teve problema. Ele quer o trabalhador lá na hora. Se começar a chegar atrasado, será demitido, principalmente as mulheres, que são as primeiras a serem mandadas embora.” completou Roseli.

Apesar da repressão, os manifestantes afirmam que seguirão mobilizados. “Hoje à noite teremos uma assembleia dos ferroviários e não vamos recuar. Ainda há a possibilidade de impedir o leilão e até rever outras privatizações já feitas”, declarou Roseli Simão.

*ICL