Governo anula leilão de arroz após questionamentos sobre empresas vencedoras

O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, informou nesta terça-feira (11) que o governo federal decidiu anular o leilão para a compra de arroz importado. Além do cancelamento, foi anunciada a saída do secretário de Política Agrícola, Neri Geller.

Segundo Pretto, a decisão de anular o pregão foi tomada depois das empresas vencedoras demonstrarem “fragilidades” para efetuar a importação do cereal. No leilão, que aconteceu na quinta-feira (6) passada, foram compradas 263 mil toneladas de arroz.

“Pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos, para que a gente possa ter garantia que vamos contratar empresa com capacidade técnica e financeira […]. A decisão é anular este leilão e proceder um novo mais ajustado”, disse Pretto em entrevista no Palácio do Planalto.

Segundo Pretto, houve diversos questionamentos sobre a capacidade técnica e financeira das empresas em honrar os compromissos firmados no leilão. Ele acrescentou ainda que não há nova data para um novo pregão.

“Não pode colocar dinheiro público se tiver qualquer fragilidade ou dúvida”, disse o presidente da Conab.

Governo recebe pedido de demissão
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou que o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, pediu demissão na manhã desta terça-feira (11).

Segundo Fávaro, pesou na decisão o fato do filho de Gueller, Marcelo Piccini Geller, possuir uma empresa com Robson Luiz de Almeida França.

França é ex-assessor de Neri Geller e a empresa com o filho do agora ex-secretário de Política Agrícola — a Foco Corretora de Grãos — foi uma das vencedoras do leilão.

“Não há fato que desabone ou que gere qualquer tipo de suspeita, mas que de fato gerou transtorno, e, por isso, [Geller] colocou o cargo à disposição”, afirmou Fávaro.

Leilão
Na última quinta-feira (6), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou leilão para a importação 300 mil toneladas de arroz. Foram adquiridas 263 mil toneladas.

O certame ocorreu após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) suspender a liminar do juiz Bruno Risch, da 4ª Vara Federal de Porto Alegre, que tinha barrado a compra.

A decisão de realizar leilão para a compra de arroz ocorreu após a tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, um dos principais produtores do cereal do país. O estado é responsável por 70% da produção nacional.