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Caboclo promete a Bolsonaro a troca de Tite por Renato Gaúcho na terça-feira

Depois das manifestações de Tite e do capitão Casemiro, mostrando que comissão técnica e jogadores da seleção brasileira não estão confortáveis em jogar a Copa América no Brasil, o governo federal recebeu uma mensagem tranquilizadora do (ainda) presidente da CBF, Rogério Caboclo. No que depender dele, a Seleção terá um novo técnico na competição: Renato Gaúcho.

Tite passou a ser atacado por apoiadores do governo, como se sua posição tivesse a ver com alguma simpatia política aos partidos que, hoje, fazem oposição a Bolsonaro. O governo ouviu uma resposta tranquilizadora de Caboclo no sábado: Tite será demitido, e um novo técnico, Renato Gaúcho, fará uma convocação com os principais jogadores para a Copa América. Usará como argumento, inclusive, o fato de estar chegando e precisar do torneio para montar um time a um ano e meio da Copa do Mundo.

Renato é um declarado apoiador de Bolsonaro, o que faz com que o governo fique ainda mais feliz com este possível desfecho.

Ao demitir Tite após o jogo contra o Paraguai, terça, às 21h30, em Assunção, pelas Eliminatórias, Caboclo também passaria o recado de que segue no comando e não admite insubordinação. A dúvida é se o próprio Caboclo não cai antes de terça, já que o dirigente vem derretendo dia após dia com as denúncias sobre sua gestão.

A maioria dos diretores da entidade defende o afastamento imediato do presidente, acusado por uma funcionária de assédio moral e assédio sexual, como mostrou o ge. Ele nega.

No sábado, por e-mail, o diretor de Governança e Conformidade da CBF, André Megale, recomendou a Caboclo que se licencie do cargo por tempo determinado para “comprovar sua inocência”. Isolado no cargo, o dirigente também está em guerra com a comissão técnica e os jogadores da seleção brasileira convocados para os jogos das eliminatórias.

Mas o que o governo tem a ver com técnico da Seleção? O Planalto é o grande fiador da realização da Copa América no Brasil. A CBF recebeu um pedido da Conmebol para socorrer a entidade depois da recusa de Colômbia e Argentina em sediar a competição, na qual ela já investiu mais de US$ 30 milhões — o país sede não recebe nada, diretamente, para organizar o torneio.

O secretário geral da CBF, Walter Feldman, entrou em contato com o governo e o mais forte ministro de Bolsonaro, o general Luis Eduardo Ramos, que pessoalmente cuidou de viabilizar tudo.

O Planalto entende que esta Copa América pode ser uma grande vitória política, de o governo mostrar que o país tem capacidade de organizar uma competição continental em questão de dias, na linha: “A Argentina desistiu, a gente foi lá, fez e foi um sucesso”.

O governo considera que, se o Brasil ganhar, com Neymar levantando a taça no Maracanã, na presença do presidente da República, será mais um ponto (político) a favor de Bolsonaro.

Por isso, membros do governo foram surpreendidos quando viram o posicionamento do técnico Tite e dos jogadores, que não estão dispostos a jogar a competição — querem férias, depois da temporada desgastante na Europa. E exigiram explicações da CBF: “Como pode o governo fazer todo esse esforço para sediar a competição, e o time ser contra o torneio?”.

*André Rizek/Globo Esporte

*Foto destaque: Marcos Corrêa/PR

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