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Presidente da África do Sul responde à armadilha de Trump apontando corrupção do chefe da Casa Branca

“Não tenho um avião para lhe dar”, disse Ramaphosa

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, enfrentou uma emboscada diplomática durante sua visita oficial à Casa Branca, quando o presidente dos Estados Unidos,

Donald Trump, apresentou um vídeo repleto de desinformação. Trump alegou que o material provava a existência de um “genocídio branco” na África do Sul, uma afirmação desmentida por órgãos internacionais e criticada como parte de uma narrativa racista promovida por extremistas.

Durante o encontro, Trump pressionou Ramaphosa a associar o governo sul-africano a crimes fictícios, justificando a suspensão de ajuda americana ao país. O vídeo incluía imagens distorcidas de Julius Malema, político sul-africano, e Trump falou sobre um suposto clima de “ódio” na nação, mencionando cemitérios clandestinos, sem saber a origem verdadeira das imagens que apresentava.

Ramaphosa, com firmeza, questionou Trump sobre a procedência dos vídeos, levando o republicano a admitir que não tinha essa informação. Em resposta a uma provocação de Trump, que sugeriu que os EUA poderiam dar aviões para o governo sul-africano, Ramaphosa ironizou: “Me desculpe, não tenho um avião para te dar”.

Essa ironia se deu em um contexto onde Trump havia aceitado um luxuoso jato de presente do Catar, avaliado em US$ 200 milhões, destinado a ser adaptado como novo Air Force One. A sutileza da resposta de Ramaphosa foi interpretada como uma crítica à corrupção transnacional e à promiscuidade entre Trump e regimes autoritários, deixando claro que ele não se alinhará a tais práticas.

A abordagem agressiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi vista como mais um exemplo de desrespeito pelas normas diplomáticas e uma tentativa de criminalizar governos do Sul Global. Essa estratégia, já utilizada contra o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em fevereiro, foi repetida contra o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, mas encontrou resistência significativa.

O ataque foi motivado por uma legislação sul-africana que permite a expropriação de terras em nome do interesse público, visando reparações históricas pelas injustiças do apartheid que concentraram a propriedade de terras nas mãos da minoria branca, segundo o 247.

Embora a legislação ainda não tenha sido implementada, Trump usou isso como pretexto para declarar a África do Sul um país violador dos direitos humanos, justificando na sua ordem executiva de fevereiro a acolhida de “refugiados africâneres”.

Ramaphosa respondeu de forma firme, afirmando que a Constituição sul-africana garante e protege a posse da terra, e que essa proteção se estende a todos os sul-africanos. Ele ainda lembrou que o próprio governo dos Estados Unidos tem o direito de expropriar propriedades para uso público.

A chancelaria sul-africana já havia denunciado a atitude do governo Trump como uma “campanha de desinformação e propaganda”, ressaltando que os EUA estavam ignorando o histórico de opressão e desigualdade racial da África do Sul.

O incidente no Salão Oval apenas confirmou essa avaliação, revelando as tentativas de manipulação política de um presidente que enfrenta crescentes acusações de favorecimento pessoal enquanto exerce o cargo.