Dia: 30 de junho de 2019

A primeira carta de Lula após a Vaza Jato

A carta do ex-presidente preso sem provas não tem somente o endereço de um grande amigo. É um documento para a história.

Diz Celso Amorim ter sido honrado por ser o destinatário da carta de Lula datada do dia 24 passado. O ex-ministro não deixa de acentuar que se trata de um documento histórico destinado a todos os democratas que almejam pela Justiça tão tragicamente humilhada e ofendida no Brasil.

Querido amigo,

A cada dia fico mais preocupado com o que está acontecendo em nosso Brasil. As notícias que recebo são de desemprego, crise nas escolas e hospitais, a redução e até mesmo o fim dos programas que ajudam o povo, a volta da fome. Sei que estão entregando as riquezas do País aos estrangeiros, destruindo ou privatizando o que nossa gente construiu com tanto sacrifício. Traindo a soberania nacional.

É difícil manter a esperança numa situação como essa, mas o brasileiro não desiste nunca, não é verdade? Não perco a fé no nosso povo, o que me ajuda a não fraquejar na prisão injusta em que estou faz mais de um ano. Você deve se lembrar que, no dia 7 de abril de 2018, ao me despedir dos companheiros em São Bernardo, falei que estava cumprindo a decisão do juiz, mas certo de que minha inocência ainda seria reconhecida. E que seria anulada a farsa montada para me prender sem ter cometido crime. Continuo acreditando.

Todos os dias acordo pensando que estou mais perto da libertação, porque o meu caso não tem mistério. É só ler as provas que os advogados reuniram: que o tal tríplex nunca foi meu, nem de fato nem de direito, e que nem na construção nem na reforma entrou dinheiro de contratos com a Petrobras. São fatos que o próprio Sergio Moro reconheceu quando teve de responder o recurso da defesa.

É só analisar o processo com imparcialidade para ver que o Moro estava decidido a me condenar antes mesmo de receber a denúncia dos procuradores. Ele mandou invadir minha casa e me levar à força para depor sem nunca ter me intimado. Mandou grampear meus telefonemas, da minha mulher, meus filhos e até dos meus advogados, o que é gravíssimo numa democracia. Dirigia os interrogatórios, como se fosse o meu acusador, e não deixava a defesa fazer perguntas. Era um juiz que tinha lado, o lado da acusação.

A denúncia contra mim era tão falsa e inconsistente que, para me condenar, o Moro mudou as acusações feitas pelos promotores. Me acusaram de ter recebido um imóvel em troca de favor, mas, como viram que não era meu, ele me condenou dizendo que foi “atribuído” a mim. Me acusaram de ter feito atos para beneficiar uma empresa. Mas nunca houve ato nenhum e aí ele me condenou por “atos indeterminados”. Isso não existe na lei nem no direito, só na cabeça de quem queria condenar de qualquer jeito.

A parcialidade dele se confirmou até pelo que fez depois de me condenar e prender. Em julho do ano passado, quando um desembargador do TRF4 mandou me soltar, o Moro interrompeu as férias para acionar outro desembargador, amigo dele, que anulou a decisão. Em setembro, ele fez de tudo para proibir que eu desse uma entrevista. Pensei que fosse pura mesquinharia, mas entendi a razão quando ele divulgou, na véspera da eleição, um depoimento do Palocci que de tão falso nem serviu para o processo.

O que o Moro queria era prejudicar nosso candidato e ajudar o dele.

Se alguém ainda tinha dúvida sobre de que lado o juiz sempre esteve e qual era o motivo de me perseguir, a dúvida acabou quando ele aceitou ser ministro da Justiça do Bolsonaro. E toda a verdade ficou clara: fui acusado, julgado e condenado sem provas para não disputar as eleições. Essa era a única forma de o candidato dele vencer.

A Constituição e a lei determinam que um processo é nulo se o juiz não for imparcial e independente. Se o juiz tem interesse pessoal ou político num caso, se tem amizade ou inimizade com a pessoa a ser julgada, ele tem de se declarar suspeito e impedido. É o que fazem os magistrados honestos, de caráter. Mas o Moro, não. Ele sempre recusou a se declarar impedido no meu caso, apesar de todas as evidências de que era meu inimigo político.

Meus advogados recorreram ao Supremo Tribunal Federal, para que eu tenha finalmente um processo e um julgamento justos, o que nunca tive nas mãos de Sergio Moro. Muita gente poderosa, no Brasil e até de outros países, quer impedir essa decisão, ou continuar adiando, o que dá no mesmo para quem está preso injustamente.

Alguns dizem que ao anular meu processo estarão anulando todas as decisões da Lava Jato, o que é uma grande mentira, pois na Justiça cada caso é um caso. Também tentam confundir, dizendo que meu caso só poderia ser julgado depois de uma investigação sobre as mensagens entre Moro e os procuradores que estão sendo reveladas nos últimos dias. Acontece que nós entramos com a ação em novembro do ano passado, muito antes de os jornalistas do Intercept divulgarem essas notícias. Já apresentamos provas suficientes de que o juiz é suspeito e não foi imparcial.

Tudo que espero, caro amigo, é que a justiça finalmente seja feita. Tudo o que quero é ter direito a um julgamento justo, por um juiz imparcial, para poder demonstrar com fatos que sou inocente de tudo o que me acusaram. Quero ser julgado dentro do processo legal, com base em provas, e não em convicções. Quero ser julgado pelas leis do meu País, e não pelas manchetes dos jornais.

A pergunta que faço todos os dias aqui onde estou é uma só: por que tanto medo da verdade? A resposta não interessa apenas a mim, mas a todos que esperam por justiça.

Quero me despedir dizendo até breve, meu amigo. Até o dia da verdade libertadora.

Um grande abraço do Lula

Curitiba, 24 de junho de 2019

 

*Da Carta Capital

Artigo de procuradora da Lava Jato no EL PAÍS coincide com diálogo vazado por ‘The Intercept’

Em chat, Jerusa Viecili reclama por que a força-tarefa não se pronuncia diante de ameaças contra o Ministério Público Federal e a imprensa antes do segundo turno. Na sequência, publica “Corrupção se combate com respeito à liberdade e à imprensa. Assim nasceu a Lava Jato”

Uma nova reportagem do The Intercept Brasil deixou o meio político, jurídico e jornalístico em polvorosa durante a madrugada do sábado quando o site publicou mais um trecho das mensagens trocadas pela força tarefa da Lava Jato no Telegram. A divulgação das conversas aumentou ainda mais a adrenalina em torno do assunto por dois erros do texto que foi ao ar num momento de guerra de narrativas para desconstruir o material levantado pelo site. A matéria sob o título em aspa “Moro viola sempre o sistema acusatório”, citava a data errada de um diálogo (1 de novembro de 2019, e não 2018 como era o correto). Mencionava, ainda, que uma procuradora citada no chat, Monique Cheker, trabalhava na grande São Paulo, quando na verdade ela atua em Petrópolis, no Rio.Também um tuíte apressado de Glenn Greenwald, um dos fundadores do The Intercept Brasil, antes da publicação final do texto que citou erroneamente um procurador [Ângelo Goulart Vilella em vez de Ângelo Augusto Costa] incendiou as redes sociais, com os defensores de Moro desancando o jornalista americano e reforçando a mensagem da falta de credibilidade do The Intercept.

Apesar desses erros, corrigidos pelos editores, o conteúdo da nova reportagem revela trechos de uma conversa privada dos procuradores que coincidem com a linha de raciocínio de um artigo publicado pela procuradora Jerusa Viecili no EL PAÍS Brasil no dia 28 de outubro. Segundo as mensagens vazadas, no dia 25 de outubro de 2018 Viecili se queixa pelo fato de a força tarefa da Lava Jato não se pronunciar diante de “alguns posicionamentos dos candidatos” à Presidência que anunciavam que não se respeitaria, por exemplo, a eleição de um procurador da República via lista tríplice para a PGR, além de promover ataques insistentes à imprensa. Era nítido que se referia a Jair Bolsonaro que, animado pelas pesquisas que já o elegiam presidente, afirmava que não respeitaria a lista tríplice, ou seja, os três primeiros mais votados nas eleições para a PGR por procuradores de todo o país. O presidente não é obrigado a seguir essa orientação, mas desde o Governo Lula até o ex-presidente Michel Temer esse critério foi respeitado.

Poucos dias antes, Bolsonaro também havia feito um ataque ostensivo à Folha de São Paulo que foi transmitido por telão em plena avenida Paulista para apoiadores que se manifestavam no dia 21 de outubro, a uma semana da eleição para o segundo turno. “Queremos a imprensa livre, mas com responsabilidade. A Folha de S. Paulo é o maior fake news do Brasil”, garantindo que cortaria verbas publicitárias do Governo para o jornal. “Imprensa livre, parabéns. Imprensa vendida, meus pêsames”, provocava o futuro presidente.

No dia 25 de outubro, Viecili desabafava com os colegas, segundo as mensagens reproduzidas pelo The Intercept Brasil: “Pessoal, desculpem voltar ao assunto (sou voto vencido), mas, somente esta semana, várias pessoas, inclusive alguns colegas e servidores, me questionaram a ausência de manifestação da FT [força-tarefa] diante de alguns posicionamentos dos candidatos à Presidência. Fato é que sempre nos posicionamos diante de várias ameaças ao nosso trabalho e, nos últimos dias, temos ficado silentes, mesmo com ameaças de candidatos à independência do Ministério Público (nomeação de PGR fora da lista tríplice) e à liberdade de imprensa. Em outros tempos, por motivos outros, mas igualmente relevantes e perigosos, divulgamos nota, convocamos coletiva e ameaçamos renunciar (!)”, reclama ela, lembrando que isso colocava em xeque a credibilidade do trabalho. “Agora, jornalistas escrevem no Twitter que a LAVA JATO é caso de desaparecido político, pois já alcançou o que queria. Acho muito grave ficarmos em silêncio quando um dos candidatos manifesta-se contra a nomeação do PGR da lista tríplice, diante de questões ideológicas. Mais grave ainda, assistirmos passivamente, ameaças à liberdade de imprensa quando nós somos os primeiros a afirmar a importância da imprensa para o sucesso da Lava Jato”, dizia ela. “Nossa omissão também tem peso e influência. Eu sinceramente não quero (e isso apenas a história dirá) que a Lava Jato seja vista, no futuro, como perseguição ao PT e, muito menos, como corresponsável pelos acontecimentos eleitorais de 2018”, completava.

Diante da falta de apoio registrado no diálogo, Viecili decidiu por si só se posicionar em um artigo enviado ao EL PAÍS Brasil na noite do dia 27 de outubro, e publicado no dia 28, sob o título Corrupção se combate com respeito à liberdade e à imprensa. Assim nasceu a Lava Jato, em que listava dez pontos que um futuro presidente deveria respeitar para não colocar em risco conquistas do país, incluindo a Lava Jato. O artigo assinado por ela diz: “Todos falam em combate à corrupção. Essa foi uma retórica usada muitas vezes para atrair os eleitores, mas também para confundi-los. Pois não é possível combater a corrupção sem um ambiente que preze pelas liberdades individuais e com uma imprensa livre para investigar e noticiar à sociedade as informações necessárias para a tomada de decisões. Foi nesse ambiente democrático que a Lava Jato surgiu, investigou, acusou, julgou e condenou, demonstrando que a corrupção é sistêmica e endêmica no Brasil, com participação de praticamente todos os partidos políticos”, assinalava.

“Vai queimar a Lava Jato”

O artigo chamava a atenção por ter sido ela sozinha a assinar um texto em defesa das condições que lhe asseguravam exercer o trabalho de investigação. Poucos dias depois, segundo as mensagens do The Intercept Brasil, a procuradora se queixava novamente, mas desta vez, sobre as especulações a respeito de um possível convite para que o então juiz Sergio Moro fosse ministro da Justiça no Governo Bolsonaro, que venceu com folga o segundo turno no dia 28. “Espero que não seja verdade”, escreve Viecili, que ilustra com um emoji de insatisfação. Então o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, tenta contemporizar, dizendo…“Acho que não vai converter nem desconverter ng [ninguém] do que já acha sobre a LJ, nesse ponto. Viecili então diz que não se trata de converter ou não pessoas. “É sobre preservar a LJ”. E completa. “Acho péssimo. Só dá ênfase às alegações de parcialidade e partidarismo.”

Sua colega, Laura Tessler, endossava dizendo “Tb acho péssimo. MJ nem pensar… além de não ter poder para fazer mudanças positivas, vai queimar a LJ. Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo”. Isabel Cristina Vieira, é a terceira a endossar: “É realmente péssimo. O nome da LJ não pode ser conspurcado.”

O texto traz ainda diálogos em que outros procuradores do Ministério Público se queixam da postura de Moro. Entre eles, Monique Chequer e Angelo Augusto Costa, cujas informações foram citadas erroneamente na primeira versão do texto publicado pelo The Intercept. O ministro da Justiça Sergio Moro aproveitou o erro para reafirmar a posição de desacreditar o conteúdo das reportagens. “A matéria do site, se fosse verdadeira, não passaria de supostas fofocas de procuradores, a maioria de fora da Lava Jato. Houve trocas de nomes e datas pelo próprio site que as publicou”, tuitou Moro, citando nota do site O Antagonista, que explorou os erros do The Intercept Brasil. “Isso só reforça que as mensagens não são autênticas e que são passíveis de adulteração. O que se tem é um balão vazio, cheio de nada. Até quando a honra e a privacidade de agentes da lei vão ser violadas com o propósito de anular condenações e impedir investigações contra a corrupção?”, reclama o ministro da Justiça.

Apesar das queixas do ministro, o conteúdo do The Intercept Brasil tem ganhado cada vez mais espaço no jornalismo brasileiro. Neste domingo, a Folha de São Paulo publicou mais trechos vazados, que demonstram o desconforto da Lava Jato diante das constantes mudanças de versões do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, principal testemunha de acusação do ex-presidente Lula. A Folha está atuando em parceria com o The Intercept, com acesso aos chats que o site recebeu de uma fonte mantida sob anonimato. A revista semanal Veja também entrou nesse pool improvisado de jornalistas que está acessando os arquivos do site dirigido por Leandro Demori no Brasil, de onde partiram as descobertas das mensagens privadas da força-tarefa, entregue por uma fonte mantida em anonimato. Os jornalistas de todos os veículos parceiros estão checando informações com fontes, e consultando suas próprias mensagens trocadas no passado com integrantes da Lava Jato para confirmar a veracidade dos diálogos.

Do quebra-cabeça que a imprensa brasileira está montando a partir dos diálogos vazados, é fácil concluir que uma crise se instalou no coração da Lava Jato, diante de discordâncias e desconfortos de integrantes da equipe que vinham desde antes que estourasse a série de vazamentos, apelidada nas redes de Vazajato. Seu conteúdo pode não ter valor jurídico neste momento para anular a operação, mas vem tirando capital político importante do ministro Sergio Moro e do procurador Deltan Dallagnol. Temores do passado, como o da procuradora Jerusa Viecili de que não se respeitasse a lista tríplice da eleição da PGR, por exemplo, passarão por um teste decisivo quando Bolsonaro bater o martelo sobre o sucessor de Raquel Dodge no cargo, ela mesma cotada a permanecer à frente da procuradoria, em uma corrida por fora da lista tríplice. Se o presidente não confirmar alguém da lista tríplice, estará cumprindo uma promessa da campanha, e com aval do antigo juiz da operação que colocou de pernas para o ar o mundo político. Moro, entretanto, ainda tem a seu favor ainda uma legião de apoiadores. Eles convocaram uma onda de manifestações de apoio a ele para este domingo. Um teste quando a Vazajato está em plena ebulição e promete novos capítulos.

 

*Do El País

 

 

 

Não vai sobrar Moro sobre Moro

As vulcânicas revelações da Vaza-Jato provocaram o desmanche de um impostor.

O califado de Curitiba, em mensagens vazadas ontem e hoje, entrou e erupção.

O ritmo das revelações que surgiram nas últimas 24 horas, incluindo a matéria do Correio Brasiliense, em que um procurador da lava jato in off avaliza a veracidade das mensagens liberadas pelo Intercept, lembra a implosão de um espigão que desaba em segundos depois de dinamitado.

Uma explosão viral nas redes sociais deu um contra-relógio em Moro.

O ritmo em que as mensagens e respostas do Intercept deu a Monique Cheker, rodou nas redes foi de um Bolt na pista de 100 metros rasos nos melhores dias de glória.

Os vazamentos do Intercept vitaminaram-se e muito quando foram compartilhados pela Veja, Folha e Estadão como uma retroescavadeira cíclica.

O chão da sociedade brasileira tremeu com o abalo provocado pelas próprias declarações dos procuradores sobre as manobras nada republicanas do todo poderoso Moro.

Foi um abate.

Moro e o powerpoint de Dallagnol caíram no abismo moral.

O roteiro das mensagens encerra a carreira de dois embustes atingido frontalmente por uma imensa e detalhada teia de mensagens vazadas.

Se a tarefa de Curitiba era destruir o maior símbolo popular da história do Brasil, o tiro saiu pela culatra.

Enquanto Moro e Dallagnol encontram-se em estado avançado de decomposição moral, Lula, em sentido oposto, restabelece suas bases, somando-se a outras contra a tirania lavajatina.

Ainda falta um bocado de revelações que prometem ser vazadas pelo Intercept.

Mas uma coisa já sabemos, não sobrará pedra sobre pedra como previu Dilma. Neste caso, não sobrará Moro sobre Moro.

A ver.

Lula acertou quando disse que: Moro é mentiroso, Dallagnol é mentiroso e a Globo está tentando salvar os dois

Depois das revelações sobre a delação de Leo Pinheiro, publicadas neste domingo (30) pela Folha, responsável pela incriminação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi tratado com desconfiança pela Operação Lava Jato durante quase todo o tempo em que se dispôs a colaborar com as investigações, o perfil de Lula no Twitter escreveu:

“Moro é mentiroso. Dallagnol é mentiroso. E a Globo está tentando salvar os dois”, relembrando fala do ex-presidente em recente entrevista, o que veio a calhar. Lula disse a verdade sobre os dois mentirosos e ardilosos, Sergio Moro e Deltan Dallagnol.

A jurista Carol Proner já havia escrito hoje:

“As mensagens vazadas hoje indicam a negociata em torno da delação de Leo Pinheiro, pivô da condenação, sem provas, de Lula. É grave? É gravíssimo. E mais. O que sai não está isolado, mas circundado por um sistema confirmatório. Adianta negar? Pesadelo para muitos”.

Léo Pinheiro só apresentou a versão que incriminou Lula em abril de 2017, mais de um ano depois do início das negociações com a Lava Jato, quando foi interrogado pelo então juiz Sergio Moro no processo do tríplex e disse que a reforma do apartamento era parte dos acertos que fizera com o PT para garantir contratos da OAS com a Petrobras”

 

*Com informações do 247

 

Vaza Jato: Para ser aceito como delator, Leo Pinheiro trocou versão duas vezes para incriminar Lula

Nem os procuradores da Lava Jato acreditavam na delação de Leo Pinheiro.

Folha de S. Paulo publica novo vazamento onde Leo Pinheiro diz que OAS ofereceu o triplex do Guarujá de presente a Lula sem pedir retorno, o que não agradou procuradores.

Leo Pinheiro só passou a ter crédito junto aos procuradores a partir do momento em que mudou a versão de sua delação para incriminar Lula, a de que a empresa afirmou ter reformado para o ex-presidente, de acordo com novas mensagens privadas trocadas entre procuradores envolvidos com as negociações e divulgadas neste domingo (30) pela Folha de S.Paulo, em parceria com The Intercept Brasil.

“Uma pessoa que acompanhou as conversas da OAS com a Lava Jato na época disse à Folha que, inicialmente, Léo Pinheiro descreveu o triplex como um presente que oferecera a Lula sem pedir nada em troca. Segundo essa pessoa, a insatisfação dos procuradores o levou a mudar sua versão pelo menos duas vezes até chegar àquela adotada em 2017”, disse a reportagem.

“A primeira notícia de versão do LP [Léo Pinheiro] sobre o sítio já é bem contrária ao que apuramos aqui”, disse um dos procuradores, Paulo Roberto Galvão, no início de março. “Estamos abertos a ouvir a proposta da empresa, mas não nos comprometemos com nada”.

A reportagem lembra que Léo Pinheiro só apresentou a versão usada para condenar Lula em abril de 2017, mais de um ano depois do início das negociações com a Lava Jato. Os diálogos examinados pela Folha e pelo Intercept ajudam a entender por que as negociações da delação da empreiteira, até hoje não concluídas, foram tão acidentadas e sugerem que o depoimento sobre Lula e o tríplex foi decisivo para que os procuradores voltassem a conversar com Pinheiro, meses depois de rejeitar sua primeira proposta de acordo.” Ou seja: Léo Pinheiro foi levado a incriminar Lula para ter sua delação aceita.

Procurador confirma ao Correio Braziliense autenticidade de mensagens sobre Moro

Sergio Moro e Deltan Dallagnol questionam os diálogos publicados pelo Intercept.

Em nota divulgada no final da tarde deste sábado (29/6), a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) “alerta a sociedade sobre a impossibilidade de considerar como verdadeiras” mensagens divulgadas pelo site The Intercept em que procuradores da República fazem críticas ao ministro Sérgio Moro. Ouvido pelo Correio, um procurador, porém, confirma, que as mensagens sobre Moro são verdadeiras.

Integrantes da força-tarefa da Lava-Jato revelam preocupações com a possibilidade de que o então juiz Sérgio Moro aceitasse convite para compor a equipe de ministros do presidente Jair Bolsonaro.

Nas mensagens publicadas, a procuradora Monique Cheker critica a condução dos processos da Lava-Jato pelo ministro na época em que ele era juiz no Paraná. “Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”, teria dito Monique. Em um grupo no aplicativo Telegram, os procuradores teriam demonstrado preocupação com o fato de Moro marcar encontros com o presidente Jair Bolsonaro após o resultado das eleições do ano passado.

Um dos que participam do diálogo é o procurador Alan Mansur, coordenador da Lava-Jato no Pará. Ele revela temor com a ida de Moro para o Ministério da Justiça. “Tem toda a técnica e conhecimento para ser um excelente ministro da Justiça. E tentar colocar em prática tudo que ele acredita. Porém, o fato de ter aceitado, neste momento, entrar na política e desta forma, é muito ruim pra imagem de imparcialidade do sistema de justiça e MP em geral”, disse.

Ao Correio, um dos procuradores que estava no grupo em que ocorreram as conversas, disse, sob a condição de anonimato, que os trechos divulgados são verdadeiros. “Me recordo dos diálogos com os procuradores apontados pelo site. O grupo não existe mais. No entanto, me lembro do debate em torno do resultado das eleições e da expectativa sobre a ida de Moro para o Ministério da Justiça”, disse.

O integrante do Ministério Público Federal (MPF) também declarou que conseguiu recuperar parte do conteúdo. “Consegui recuperar alguns arquivos no celular. Percebi que os trechos divulgados não são de diálogos completos. Tem mensagens anteriores e posteriores às que foram publicadas. No entanto, realmente ocorreram. Não posso atestar que tudo que foi publicado até agora é real e não sofreu alterações. No entanto, aquelas mensagens que foram publicadas ontem (sexta) são autênticas”, completou.

 

*Do Correio Braziliense

O filme “A Lei é para Todos”, como a Lava Jato, faz parte das operações suspeitas

Ministério da Justiça ainda não esclareceu a abertura de arquivos da PF para equipe do filme. E a identidade revelada dos patrocinadores é falsa.

Não bastasse a Lava Jato ser um engodo, o filme “A Lei é para Todos”, que nada mais é do que uma exaltação aos seus protagonistas.

Pois bem, os deputados federais Paulo Pimenta e Paulo Teixeira vão protocolar novo requerimento ao Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre o envolvimento da Polícia Federal na produção do filme.

Um pedido, que já havia sido protocolado em fevereiro de 2017, foi assinado pelo então deputado federal Wadih Damous, até hoje não foi atendido.

Os parlamentares querem explicações sobre o acordo em forma de consultoria que teria sido firmado entre a PF e a produção do filme. Na época, o produtor Tomislav Blazic e o diretor Marcelo Antunes chegaram a dizer em entrevista que, embora a polícia federal “não tem a tradição de ficar transmitindo informações, daquela vez tiveram interesse em torna-las públicas”. O ator Ary Fontoura, que interpretou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou à imprensa que a equipe teve acesso a arquivos da Polícia. Quem seriam os responsáveis pela abertura de informações? Respaldados em qual legislação? Que equipamentos e armas do órgão teriam sido usados?

E mais: o fato da produção afirmar em entrevistas não ter dinheiro público envolvido, mas guardar sigilo quanto ao nome dos patrocinadores, não levantaria suspeitas sobre a procedência desse financiamento? A Polícia Federal sabe quem financiou o filme? Teve acesso à documentação da transação financeira para custear a produção? Qual o amparo legal para que uma atividade dessa natureza omita a origem dos recursos recebidos e guarde sigilo de seus patrocinadores?

Tamanho mistério sobre a identidade daqueles que teriam injetado os cerca de R$ 15 milhões correspondentes ao orçamento do longa metragem, tratado com naturalidade pelo produtor, ainda persiste sob o argumento do temor de “patrulhamento ideológico”. Será?

 

*Com informações da Rede Brasil Atual