Dia: 4 de julho de 2019

Manifestantes do MTST fazem compras na Havan e “pagam” com a dívida de Luciano Hang ao INSS

Integrantes do MTST fizeram um protesto inusitado em uma loja da Havan, do empresário Bolsonarista Luciano Hang, em São Paulo nesta quinta-feira (4).

Para pagar a compra realizada na loja, os integrantes do movimento levaram um cheque simbólico, no valor de R$ 168 milhões, que seria o montante devido pelo empresário à Receita Federal e ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).

“É preciso expor a hipocrisia de caloteiros que defendem a Reforma da Previdência”, afirmou, em sua página no Facebook, o líder do MTST, Guilherme Boulos, que compartilhou as fotos do protesto.

O MTST acabou de realizar manifestação em loja da Havan em São Paulo. Sem-tetos entraram na loja, encheram os carrinhos e apresentaram um cheque simbólico de R$168 milhões, dívida que o dono da empresa tem com a Receita e o INSS. É preciso expor a hipocrisia de caloteiros que defendem a Reforma da Previdência.

 

*Com informações do 247

Reinaldo Azevedo desmonta a farsa de Moro com Leo Pinheiro

O empresário Léo Pinheiro, que está preso, aguardando há cinco meses que a PGR analise os termos de sua delação premiada para ser enviada a Edson Fachin, relator do petrolão no Supremo, inventou um novo, sei lá como chamar, “tipo judicial” talvez: trata-se da pós-delação. Ele enviou uma carta à Folha em que reafirma as acusações que fez contra Lula em depoimento a Sergio Moro e em que nega que tenha sido pressionado por procuradores ou que tenha mudado versão anterior para ter sua delação aceita. Com a devida vênia, cai na patranha quem quer.

Ainda que procure, ao elencar detalhes do que chama “provas”, ser rigoroso, estamos diante de um caso clássico de gato escondido com o rabo de fora. Você vê aquela cauda ali, em movimentos algo lentos, mas nervosos, e logo conclui: “Na ponta dessa cauda, há um gato”. Miguilim, o de casa, faz muito isso com o objetivo de dar botes benignos, sem ferir, nas pernas dos passantes. Em seguida, sai correndo, aos pulos meio desengonçados, esperando ser perseguido só para se esconder de novo e repetir a operação. Gatos domésticos têm lá suas brincadeiras. Empreiteiros não brincam em serviço.

A carta de Léo, nota-se, é meticulosamente orientada. Há até um errinho ou outro de gramática que conferem o charme da autenticidade voluntariosa ao documento. Emprega-se, por exemplo, o “a”, sem “h”, para indicar tempo decorrido. Além do estado de direito e das garantias individuais, o verbo “haver” é a maior vítima da Lava-Jato. Ok. Advogados que façam o seu trabalho em defesa de seus respectivos clientes. Eu faço o meu em defesa dos fatos.

O empresário afirma, por exemplo: “A minha opção pela colaboração premiada se deu em meados de 2016, quando estava em liberdade, e não preso pela operação Lava Jato. Assim, não optei pela delação por pressão das autoridades, mas sim como uma forma de passar a limpo erros que cometi ao longo da minha vida. Também afirmo categoricamente que nunca mudei ou criei versão e nunca fui ameaçado ou pressionado pela Polícia Federal ou Ministério Público Federal.”.

De saída, noto o tom de contrição e arrependimento, que vi recentemente ser exercitado por Sérgio Cabral, ex-governador do Rio. Um pouco mais histriônico, ele exagerou na dose e até exaltou as grandezas do juiz Marcelo Bretas. Algumas datas se fazem necessárias aqui, não é? Vencida a emoção, o leitor há de se lembrar que a primeira delação de Pinheiro, esta que ele diz ter decidido fazer em liberdade, foi suspensa pela PGR no dia 22 de agosto de 2016. E depois mandada para o lixo. Nunca se soube exatamente o motivo.

No curso da investigação, como revelam diálogos entre procuradores, Pinheiro nunca havia afirmado existir uma conta geral de propina ou que Lula o teria orientado a destruir provas. Isso foi dito apenas em depoimento ao então juiz Sergio Moro no dia 20 de abril de 2017. O empresário não tratava o apartamento de Guarujá como propina.

No dia desse depoimento, Pinheiro estava preso, sim, senhores! Como preso está agora. Só para lembrar: ele conheceu a cadeia pela primeira vez na 7ª fase da Lava Jato, em novembro de 2014. Foi condenado pela Justiça Federal, em primeira instância, a 16 anos e quatro meses de prisão, acusado de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Foi posto em liberdade provisória em 2015 e voltou a ser preso no dia 5 de setembro de 2016 por determinação de Sergio Moro. E preso está até agora. Assim, mesmo a primeira delação, aquela que foi anulada, foi feita por um liberto provisório. E, quando a Lava Jato e Sergio Moro vivem fase inédita de descrédito, eis que Pinheiro, grande patriota!, sai em seu socorro.

Trecho da carta de Léo Pinheiro enviada à Folha (Reprodução)

A carta que Léo Pinheiro envia à Folha tem um elemento inescapável que a torna inútil até como peça de proselitismo. Ele aguarda ainda que a PGR envie a sua delação para homologação. Venham cá: ele teria como afirmar algo diferente disso? Se dissesse que fez a delação sob pressão e que alterou versões no curso das investigações, o que aconteceria? A sua delação iria para o lixo. Como está, pode ser homologada pela máquina automática de homologar delações que Edson Fachin deve ter escondida em seu gabinete.

Há outros elementos que chamam a atenção. Um dos que mais se destacam, além da confissão de que está decidido a ser uma pessoa boa, é a defesa que faz do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. A escrita será certamente usada como material de propaganda para enfrentar a onda de descrédito que colhe a Lava Jato dentro e fora do país. Parece piada, mas é assim: apela-se àquele que deu o testemunho que sustentou a condenação de Lula — se falasse como delator, teria de apresentar evidências da conta geral de propina e da suposta ordem dada pelo petista para destruir provas — para dar um segundo testemunho que a justifique.

Celebre-se ainda a prodigiosa memória do prisioneiro. Nem que estivesse com todos os autos em mãos e o estudasse dia e noite na cadeia, conseguiria aquela riqueza de detalhes — todos, notem bem!, a endossar a versão de que o tal tríplex de Guarujá pertencia a Lula. Adicionalmente, há a menção ao sítio de Atibaia, também debitado na tal conta geral de propina de que o Ministério Público Federal nunca tinha ouvido falar. Aí já se tenta cuidar do segundo processo mais avançado do petista, com o recado sendo mandado ao TRF-4.

Mais surpreendente ainda na elefantina memória de Pinheiro: não apenas se lembra das supostas provas que ele mesmo forneceu como tem na ponta da caneta as que foram entregues por terceiros. Trata-se mesmo de um caso a ser estudado pela ciência.

O chato nessa história é que, para condenar Lula, o MPF deveria ter apresentado a Moro provas de que o tríplex, se propriedade do petista, tinha como origem os contratos celebrados pela OAS com a Petrobras, o que justificaria o caso estar na 13ª Vara Federal de Curitiba. Mas o então juiz escreveu: “Este juízo jamais afirmou, na sentença ou em lugar algum, que os valores obtidos pela Construtora OAS nos contratos com a Petrobras foram usados para pagamento da vantagem indevida para o ex-Presidente”.

Pinheiro nega que a condição de preso e de futuro delator esteja na raiz daquele seu depoimento a Moro. E agora certamente há de negar que, na raiz dessa carta, esteja o mesmo presidiário que aguarda a homologação da segunda delação e que vê aumentar o risco de que seja rejeitada em razão das revelações feitas pelo site The Intercept Brasil.

Um criminoso confesso foi escalado para atestar a lisura da Lava Jato e de Sergio Moro. Só o fundo do poço os contempla.

 

*Por Reinaldo Azevedo

Vídeo: “Espero que defensores do Moro ouçam e compreendam”, diz Glenn impressionado com a mensagem do Papa

Em um vídeo, que foi divulgado dias depois do vazamento das conversas do ex-juiz Sergio Moro com Deltan Dallagnol e demais procuradores da força-tarefa da Lava Jato pelo Intercept, o Papa Francisco mostra a importância da independência dos juízes, dizendo que eles devem ser “isentos de favoritismos e das pressões que possam contaminar as decisões que devem tomar”.

O jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, assistiu ao vídeo e ficou impressionado com a mensagem do Papa e disse que espera que defensores do Moro “ouçam e compreendam”.

Glenn postou em seu twitter:

“Eu mal posso acreditar no que estou vendo. Muito bem falado e muito bem feito. Obrigado, @Pontifex_pt. Espero que os defensores do @SF_Moro que ainda restam ouçam e compreendam. É exatamente disso que trata o jornalismo que fazemos na #VazaJato”

Coincidência ou não, no vídeo do Papa aparece a encenação de uma audiência em que as partes mostram diferentes imóveis: de um lado um prédio em um resort; do outro, uma casa simples.

Assista

 

*Com informações da Forum

Vídeo: “Moro está se transformando em um boneco de barro”, diz Lula em entrevista

Em entrevista ao site do Rio Grande do Sul, ex-presidente falou sobre o relacionamento promíscuo entre o ministro Sergio Moro e procuradores da Lava Jato.

“Moro está se transformando em um boneco de barro. Ele vai desmilinguir (…) porque inventaram uma grande mentira para me colocar aqui aonde estou e, agora eles têm que passar a vida inteira contando dezenas de mentiras para tentar justificar”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que concedeu entrevista hoje (3) para o jornalista Marco Weissheimer, do portal Sul21. A primeira parte da entrevista foi divulgada no início da noite. Nela, Lula fala sobre o escândalo que ficou conhecido como Vaza Jato.

Conversas do ex-juiz, hoje ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores da Lava Jato revelam um conluio entre acusação e julgador. As orientações de Moro aos procuradores foram no sentido de prejudicar o ex-presidente, como defende: “Moro, você é mentiroso. Dallagnol, você é mentiroso. Os delegados que fizeram o inquérito são mentirosos. Sei que é duro falar isso. É uma briga minha, de um cidadão de mais de 70 anos de idade contra o aparato do Estado”.

O ex-presidente defende que a articulação teve como objetivo concretizar um projeto de poder. “Não era possível dar o golpe na Dilma e deixar o Lula ser candidato a presidente em 2018. Não fechava. Era preciso tirar o Lula da jogada. Então, inventaram essa quantidade enorme de mentiras (…) A Lava Jato é uma operação que se transformou em partido político”, disse.

Os primeiros 10 minutos da entrevista

 

*Da Rede Brasil Atual

Fim do fundo bilionário da Amazônia pela Alemanha e Noruega

O Fundo da Amazônia, criado em 2008 e administrado atualmente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), pode ser extinto. Só o governo da Noruega repassou mais de 3 bilhões de reais. A Alemanha, cujo envio é mais modesto, de cerca de 190 milhões de reais, anunciou nesta quarta-feira, 3, que suspendeu novo repasse previsto de 150 milhões de reais.

Embaixadores da Noruega, Alemanha e Brasil, além do Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles já admitem a a possibilidade de extinção do fundo.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) divulgados nesta quarta indicaram que o desmatamento na região foi 88% maior que no mesmo período de 2018.

O governo de Jair Bolsonaro já havia sugerido em maio a intenção de alterar o funcionamento do fundo. Quer, por exemplo, passar a usar o dinheiro para indenizar proprietários rurais em unidades de conservação, o que é rechaçado por Noruega e Alemanha.

Numa lambança do governo brasileiro, na última sexta-feira (28), por decisão unilateral, ou seja, sequer avisou aos parceiros europeus, extinguiu o colegiado que coordenava a distribuição.

E não foi só isso, um decreto de Bolsonaro em abril também fechou centenas de órgãos ligados à administração pública e que tratavam de temas ambientais.

Os embaixadores europeus se reuniram com o ministro brasileiro nesta quarta, em Brasília, e afirmaram que seguem trabalhando pela manutenção da parceria. Mas também já admitem a descontinuidade.

Segundo os representantes dos governos norueguês e alemão, os doadores fizeram uma série de questionamentos. E esperam por respostas até o fim deste mês.

O norueguês Nils Martin Gunneng disse esperar, aliás, que o fim dos conselhos fosse revisto pelo presidente brasileiro.

O fundo é o maior projeto de cooperação internacional para preservar a floresta amazônica. O dinheiro, gerido pelo BNDES, é repassado a estados, municípios, universidades e ONGs.

 

*Com informações da Veja

Moro e o seu troféu Boca Aberta

O chilique do deputado Éder Mauro, do PSD do Pará, e o troféu entregue pelo deputado Boca Aberta, do PROS do Paraná, formam, junto com a tropa histérica de puxa sacos da base governista, o mosaico do que restou de apoio a Sérgio Moro, no Parlamento e, por extensão, na sociedade.

As manifestações do dia 30 de julho, curiosamente chamadas de “protestos de apoio”, demonstraram com bastante clareza o refluxo desse apoio, que pode ser medido pelo número de quarteirões ocupados por esses inusitados protestantes, nos maiores centros urbanos do País.

Fustigado pelos vazamentos do Intercept Brasil, para os quais montou uma estratégia de defesa confusa e errática, Moro tem se virado como pode.

No Senado Federal e na Câmara dos Deputados, comportou-se como um autômato, focado no treinamento de media training que o orientou a fugir das perguntas irrespondíveis e se apegar, não sem algum constrangimento, à bajulação ensaiada dos beócios que hoje compõem a base de apoio do governo Bolsonaro.

A fala final, na Comissão de Constituição de Constituição e Justiça, do deputado Glauber Braga, do PSOL do Rio, acionou todos os gatilhos emocionais dessa gente. Ao chamar Moro de “juiz ladrão”, como antes, no processo de impeachment, havia colado na testa de Eduardo Cunha a pecha de “gangster”, Braga abriu a Caixa de Pandora onde repousavam os piores demônios aliados do ministro da Justiça.

Éder Mauro, delegado de polícia do Pará, foi o primeiro a surtar. Quase perdeu a peruca ao vociferar contra Braga, a quem chamou de “viado”, um xingamento cafona, ridiculamente homofóbico, mas que pode lhe custar uma cassação de mandato. Isso, claro, se ainda houver algum respeito ao regimento interno da Câmara.

Boca Aberta foi mais além, embora sem tantos faniquitos. Sacou um troféu de honra ao mérito para Moro. Segundo ele mesmo, uma taça “à maior estrela do combate à corrupção, no País”. Merecia, ele mesmo, troféu semelhante, de maior puxa saco de Moro. Sem falar na faixa de Miss Brasil Sem Noção.

Ali, naquele momento, reverenciado por esse gueto de loucos e fascistas, Moro

percebeu que, daqui para frente, será só ladeira abaixo.

 

*Por Leandro Fortes/247

Se Moro usar polícia para perseguir Glenn Greenwald, abrirá caminho para ser processado

Segundo professor de Direito, qualquer cidadão, partido ou entidade representativa pode mover uma ação por improbidade contra o ministro no STF

O eventual uso do aparato ligado ao Ministério da Justiça – pasta responsável pela Polícia Federal – para criminalizar um veículo de comunicação ou perseguir um jornalista, em retaliação a reportagens que colocam a Lava Jato em xeque, pode abrir caminho para que Sergio Moro seja processado.

Nesta terça (2), o site Antagonista – o favorito de Moro para comunicar seus atos oficiais desde os tempos de Lava Jato – informou que a Polícia Federal solicitou ao Coaf um relatório completo das finanças de Glenn Greenwald, um dos jornalistas responsáveis pelo Intercept Brasil.

Com esse contra-ataque da PF, Glenn ficará sujeito a vazamentos de dados pessoais, em meio à guerra de narrativas contra Moro e os procuradores de Curitiba, que insistem que as mensagens de Telegram divulgadas pelo site de jornalismo foram adulteradas.

Em manifestações nas redes, os deputados Paulo Pimenta (PT) e Marcelo Freixo (PSOL) apontaram “tirania” no ato da Polícia Federal sob Moro e denunciaram o “abuso de poder” do ministro.

Glenn também afirmou que a atitude é tirânica, mas afirmou que o ex-juiz pode fazer a devassa que quiser em suas contas, pois a cobertura da #vazajato não irá recuar.

O PROCESSO

Em entrevista exclusiva ao GGN, no dia 15 de junho – muito antes, portanto, da ação da PF contra Glenn – o professor de Direito Rogério Dultra, da Universidade Federal Fluminense, explicou que Moro poderia ser alvo de 2 tipos de ação se viesse a usar o cargo em benefício próprio.

Uma das ações pode ser por crime de responsabilidade – em que o Congresso será chamado a se manifestar e processar – e a outra, mais “eficaz”, por improbidade.

“Qualquer um pode entrar com a ação [no Supremo Tribunal Federal] contra ele. Na hipótese de Moro usar cargo público para finalidade indevida, ele fica submetido aos crimes previstos no artigo 11 da lei de improbidade.”

“A lei de improbidade não é a mesma que a lei de impeachment. Ela vale contra qualquer funcionário público. Uma das penas é a exoneração do funcionário, e a outra pena é banir, por alguns anos, o agente condenado de qualquer cargo público – similar ao que está previsto na lei do impeachment”, explicou Dultra.

Na visão do professor, “Moro já provou que, como juiz, fez advocacia administrativa, ou seja, advogou para a parte [acusação]. Para o País, é mais interessante que Moro seja escorraçado da vida pública o quanto antes.”

 

*Do GGN

Quem é a misteriosa Olga Zucolotto na vida de Moro?

Antes de deixar a Câmara dos Deputados por uma saída secreta, Sergio Moro foi confrontado por questões que, se respondidas, podem esclarecer alguns pontos da trajetória de Moro quando era juiz.

Uma delas é: Quem pagava as despesas de Moro quando ia para o exterior?

A deputada Gleisi Hoffmann foi direto ao ponto: “O senhor ou a esposa tiveram ou têm conta no exterior?”

Moro não respondeu e considerou que a pergunta era “maluquice”.

Não respondeu também se viajou para o exterior com Carlos Zucolotto Júnior.

Gleisi não tirou esta pergunta do nada. Nem foi provocação.

Moro teria, sim, viajado com Zucolotto para o exterior. Mas, se respondesse afirmativamente, abriria espaço para outras questões incômodas para o juiz.

Desde que Moro acertou com Bolsonaro sua ida para o governo, o advogado se tornou lobista de carteirinha. É membro da Associação Brasileira de Relações Governamentais.

Zucolotto também foi sócio de Rosângela Moro, conforme ela mesma anunciou, em post antigo no Instagram.

“Sim! É meu amigo. Foi meu sócio, é meu compadre, é parceiro e é do bem. O tempo esclarece tudo! Enquanto isso seguimos na nossa amizade e de nossas famílias, enlouquecendo mentes criativas e destrutivas. Zucolotto faz o melhor churrasco da vida toda”, disse.

Moro é, digamos assim, da cozinha de Zucolotto Júnior, como mostra uma foto postada no Facebook pela mãe do advogado e agora lobista, Olga.

A postagem é do dia 13 de setembro de 2015, auge da Lava Jato. Uma amiga comentou:

— Aeee dona Olga.. Tietando rs.

Outra, de sobrenome Moro, disse:

— Quanto orgulho deste homem! Que Deus abençoe a vida dele, cada dia.

Outra perguntou:

— Conta aí dona Olga. Quando vai ser o dia dos rojões? Fala pra ele prender logo o Lula e a Dilma kkkkk.

Olga diz que perguntou:

— Já falei. Ele só deu risada, disse que seria o maior foguetório do Brasil, adoro.

Quando a foto foi postada, Lula nem sequer havia sido denunciado pelo Ministério Público Federal.

Moro decretaria a condução coercitiva de Lula seis meses depois; o interrogaria um ano e sete meses depois; e o condenaria um ano e nove meses depois.

Nesse meio de tempo, Zucolotto Júnior foi denunciado pelo advogado Rodrigo Tacla Durán por extorsão.

Zucolotto, segundo mensagens trocadas entre eles nos dias 24 e 25 de maio de 2016, apresentadas por Tacla Durán, queria 5 milhões de dólares em troca de facilidades num acordo de delação.

No dia 14 de julho de 2016 – menos de dois meses depois —., Tacla Durán transferiu 612 mil dólares (o equivalente a R$ 2,4 milhões) para a conta de outro advogado curitibano, Marlus Arns.

Gleisi perguntou a Moro se Rosângela tinha sido sócia de Marlus Arns. Moro não respondeu.

Rosângela trabalhou com Marlus em ações da massa falida da GVA, que tinha como sindica a família Simão, denunciada em uma CPI por integrar a máfia das falências no Paraná.

A transferência dos 612 mil dólares de uma conta da empresa de Tacla Durán para o escritório de Marlus Arns se deu após encontro entre os dois, nos Estados Unidos, onde Tacla Durán morava.

“Paguei para não ser preso”, contou o advogado. A transferência seria a primeira parcela do total acertado com Zucolotto.

Em junho, antes de Marlus viajar lá, a Lava Jato tinha pedido a prisão de Tacla Durán, mas Moro ainda não a tinha decretado. A prisão só seria decretada cinco meses depois.

No dia 31 de agosto de 2016, segundo as conversas secretas vazadas pelo Intercept, Moro perguntou a Dallagnol se não era muito tempo sem operação.

“É sim”, responde o procurador. “O problema é que as operações estão com as mesmas pessoas que estão com a denúncia do Lula. Decidimos postergar tudo até sair essa denúncia, menos a op do taccla (Rodrigo Tacla Durán) pelo risco de evasão, mas ela depende de Articulacao com os americanos”, acrescentou.

Quando a prisão foi decretada, em 10 de novembro de 2016, as autoridades americanas não quiseram cumprir o mandado.

Tacla Durán viajou dos Estados Unidos para Madri e foi preso no hotel Intercontinental em 18 de novembro.

Três meses depois, seria solto e, em seguida, fixaria residência na Espanha, após o país negar sua extradição ao Brasil.

Em Madri, começou a escrever um livro, Testemunho, ainda não publicado. O primeiro capítulo, postado na internet durante alguns dias, narra como foi a negociação com Zucolotto.

Quando Moro foi procurado pela jornalista Mônica Bergamo, em agosto de 2017, para comentar a denúncias relatadas no livro, Moro não quis responder.

Depois que saiu a reportagem, Moro se manifestou, numa manhã de domingo, através de uma nota dura, em que lamentou que “a palavra de um acusado foragido da Justiça brasileira esteja sendo usada para levantar suspeitas infundadas sobre a atuação da Justiça”.

Defendeu Zucolotto, que descreveu como “profissional sério e competente”, e faltou com a verdade, ao assegurar que ele nunca havia atuado na área criminal.

Zucolotto foi seu advogado em um processo criminal, movido pelo Ministério Público Federal contra o advogado Roberto Bertholdo, por calunia e difamação.

Moro nem cogitou determinar investigação para averiguar a denúncia de Tacla Durán — até para garantir que o nome dele (ou dos procuradores) não tivesse sido usado indevidamente.

Em vez disso, pensou em processar a jornalista que publicou a notícia, Mônica Bergamo, conforme revela a coluna Painel da Folha de S. Paulo de hoje.

Na troca de mensagens com Deltan Dallagnol, vazadas pelo Intercept, aparece uma em que Moro considerou a reportagem de Mônica Bergamo “ridícula” e disse que pensava em processá-la:

“Estou pensando em entrar com ação por danos morais contra ela.”

Não entrou, mas o caso, pelo visto ontem, ficou atravessado em sua garganta.

Ele se referiu à jornalista como “colunista social”, como se esta atividade fosse menor.

Ao não responder às perguntas de Gleisi, sobre viagem ao exterior, sociedade com Rosângela e conta, Moro atrai suspeita para si. Difícil entender por que Zucolotto é tão protegido por ele.

 

*Do DCM

“Não sabia que Moro era tão covarde”, diz Glauber Braga em entrevista à Veja

Deputado fluminense conta que pegou emprestado vocabulário das arquibancadas de futebol para chamar o ministro de ‘juiz ladrão’

Leia a entrevista:

O senhor não acha que exagerou ao chamar o ministro Sergio Moro de juiz ladrão?

Não retiro uma palavra do que eu disse. Eu fiz uma analogia com o jogo de futebol, em que você tem um juiz que se corrompe, passa integrar um dos times e recebe uma recompensa por causa disso. O nome disso é corrupção e, na linguagem popular, se chama de juiz ladrão.

Então houve incompreensão em relação ao contexto?

Eu não estou preocupado com a forma como a bancada do PSL compreende o que eu digo. Estou me lixando para eles. Eu estou preocupado com a maioria do povo brasileiro, que entende o que tem que ser dito e que a gente não pode deixar de dizer.

A reação do ministro o surpreendeu?

Me surpreendeu o grau de covardia. O ministro não aguentou o primeiro embate quando confrontando com a verdade e saiu. Não sabia que ele era tão covarde como se apresentou ontem.

O senhor também já chamou o deputado Eduardo Cunha de “gângster”.

Ele tentou me processar, mas os fatos e a história demonstraram o que é a realidade e é uma coisa que eu tenho a certeza que vai acontecer com o Moro.

Não teme responder também por este episódio?

Não temo responder a nenhum tipo de processo e não vejo nenhuma motivação para os deputados bolsonaristas fazerem este pedido no Conselho de Ética. Mas, se acontecer e for admitido, será mais uma oportunidade de demonstrar a verdade e produzir provas para demonstrar que Moro é um juiz ladrão.

 

*Da Veja