Ano: 2019

Tragédia. Esta é a definição que se tornou unânime nos oito meses de governo Bolsonaro

Por mais que se busque trincheiras distintas na geografia política do país, uma curiosa inquietação define o governo, tragédia!

É a maneira que todos encontram para dar definição objetiva ao elefante dourado que subiu a rampa do Palácio do Planalto.

Essa concordância unânime de opiniões é daquelas que rompem todos os esconjuros que se pode ter de uma administração pública com a diabólica e assombrosa gestão Bolsonaro que, hoje, estarrece o planeta depois do incêndio criminoso na Amazônia, orquestrado de dentro do Palácio do Planalto.

Bolsonaro, em momento algum se comportou como um presidente, e sim como um moleque que se diverte com suas vinganças espalhadas nos terrenos que ele sempre odiou.

Na garupa de Bolsonaro veio o que existe de mais sombrio na sociedade brasileira. Ele produziu a cada dia uma nova treva no país, um novo pesadelo, traindo a soberania do Brasil e arrotando patriotismo. Esse é Bolsonaro, o espelho abundante de um projeto nascido na ponte entre Rio e Curitiba, entre Moro e os Marinho, engrossado por toda a escória da classe dominante, formando uma legião de golpistas para asfixiar o povo pobre, os negros, os índios, os gays, a educação, a cultura, a ciência e, sobretudo roubar a alegria e a esperança dos brasileiros e o futuro do país.

Ao contrário do que interpretou Dallagnol, em sua mais recente entrevista, Bolsonaro não se apropriou indevidamente da pauta anticorrupção que a Lava Jato dizia carregar em sua tarefa, ele é a grandiosa tragédia que assistimos ao vivo extraída desse projeto que farejou espaço político na mídia para produzir um sentimento coletivo de apoio a todas as ações ilegais e criminosas de Moro e procuradores.

Bolsonaro é uma mentira do tamanho da Lava jato, sem tirar nem por. Evidentemente que, como tal, o castelo de cartas está desmoronando, seja pelo lado da Lava Jato com o Intercept, seja pela própria sobrevivência do clã Bolsonaro, desonrado pelo caldo de crimes que vem na esteira do personagem Queiroz.

Bolsonaro não se importa em ser desmentido diariamente, ele zomba da sociedade com mais uma mentira para desmaterializar a última. E quanto mais é repudiado, mais parece querer sublinhar a asneira que praticou, produzindo mais asneira.

É a forma com que ele imagina que vai se sustentar debaixo dos escombros do seu próprio governo, não vai, porque ele está se desmanchando a cada dia. E, sem terra firme para se sustentar, o seu pescoço, enfeitado com rosário de capim, tende a ser entregue à guilhotina num tempo mais curto do que se imagina.

Este, na realidade, é o sentimento que trazem todos os que observam Bolsonaro. Seu mandato está em posição avançada no corredor da morte.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

Vídeo: governos do PT barraram o neoliberalismo e o neofascismo, diz Dilma

Durante Encontro de Assinantes do 247 em Brasília, a presidente deposta pelo golpe falou sobre a entrada do neoliberalismo no Brasil e sua ascensão ao neofascismo. “Eles não conseguiram colocar o neoliberalismo facilmente, eles tiveram de destruir inclusive partidos de centro e centro-direita. E aí? Quem restou? O neofascismo. No Brasil, eles são dois irmãos xifópagos, aqueles ligados pela cabeça: o neoliberalismo e o neofascismo”.

presidente deposta pelo golpe em 2016, Dilma Rousseff, falou no último sábado 25 durante o Encontro de Assinantes do 247 em Brasília sobre as consequências da entrada do neoliberalismo no Brasil. Ela contou que os governos do PT impediram a entrada desta ideologia, porém, com a ajuda da mídia e do sistema financeiro, o neoliberalismo adentrou no Brasil e trouxe, junto de si, o neofascismo.

“Nós realizamos várias coisas a partir de 2003, uma delas foi impedir que o neoliberalismo ocorresse. Nós não democratizamos o maior banco comercial, o Banco do Brasil, o maior banco imobiliário, Caixa Econômica, o maior banco de investimento, BNDES, a maior empresa de petróleo, a maior empresa geradora de tecnologia na área aeronáutica, Embraer e Embrapa, mantivemos a regulação do mercado de trabalho e aprovamos o critério de reajuste do salário mínimo baseado na inflação desse ano e no crescimento do ano anterior”, enumerou.

“Esse processo barrou o neoliberalismo, eles tentaram. Esse foi um processo sistemático, nós viemos desse processo e os governos do PT, certos ou errados em muita coisa, barraram o neoliberalismo”, analisou.

Ela disse que a prisão sem provas do ex-presidente Lula e a fraude eleitoral também integram o plano de ação do levante neoliberalista no país. Dilma afirmou ainda que o PSDB “caiu na sedução” do neoliberalismo e foi reduzido a praticamente nada.

“Nós temos um caso muito clássico, que é: dão um golpe, aí tem um candidato que sempre disse ‘eles não vão deixar eu ser presidente porque deram um golpe no impeachment’, vão lá e prendem, incriminam sem prova, e o impedem de concorrer na eleição. Isso não basta, destroem os partidos de centro, de centro-direita e centro-esquerda, o que virou o PSDB? Eles caíram na sedução neoliberal e na sedução golpista, eles achavam que sobreviveriam. O senhor Serra, ao virar ministro das Relações Exteriores, acreditava que sobreviveria. Não sobreviveu”.

A ex-presidente explicou que o neoliberalismo, com dificuldades de se introduzir no campo político brasileiro, destruiu partidos e, por consequência, surgiu o neofascimo. Segundo ela, o neofascimo usou da mídia golpista e do sistema financeiro para se estabelecer no Brasil.

“Eles não conseguiram colocar o neoliberalismo facilmente, eles tiveram de destruir inclusive partidos de centro e centro-direita. E aí? Quem restou? O neofascismo. O que eu quero dizer é que no Brasil eles são dois irmãos xifópagos, aqueles ligados pela cabeça, o neoliberalismo e o neofascismo. O neofascismo para ocorrer precisou dessa aliança com o que sustenta o neoliberalismo, o setor financeiro desse país e a mídia golpista. Todos os que sustentam, apesar de não serem escatológicos, absolutamente toscos, apesar de não serem nada disso, eles viabilizaram isso, se calaram diante disso, supunham que conseguiriam mitigá-lo e moderá-lo. É essa relação que ilumina essa conjuntura”.

Dilma Rousseff disse que a reação do país está nas mãos da união dos setores democráticos brasileiros.

A ex-presidenta fez também uma rápida fala sobre soberania e em defesa da Amazônia: “Soberania são pelo menos três coisas: a Petrobrás, o Future-se, ao contrário, temos que defender a educação pública e gratuita, é uma questão de soberania, não só social. Esse país vai virar um ‘paiseco’ se não tiver educação de qualidade, e ele não pode virar um ‘paiseco’ com esse tamanho, com essa riqueza e com esse povo. A terceira coisa é a questão ambiental. A Amazônia não é só um patrimônio da humanidade, antes de ser um patrimônio da humanidade ela é um patrimônio do povo brasileiro, que tem que zelar por ela”.

 

*Com informações do 247

Bolsonaro ladeira abaixo

O sociólogo e presidente do Vox Populi, Marcos Coimbra, observa que a queda na popularidade de Bolsonaro demonstrada nas últimas pesquisas “impressiona pela velocidade em que a piora de conceito vem acontecendo”. “Se os inimigos da democracia, fardados, togados e enfatiotados, permitirem, teremos eleições no ano que vem. Pelo andar da carruagem, Bolsonaro pode ter que enfrentá-las como uma espécie de plebiscito e é grande a chance de que saia delas ainda menor”, afirma.

A mais recente pesquisa Vox Populi é péssima para Bolsonaro. Em todas as dimensões pesquisadas, os números são muito ruins para ele e o governo.

Ela foi realizada entre os dias 23 e 26 de agosto e, na amostra nacional, foram ouvidas 2000 pessoas. Suficientes para identificar como a opinião pública vê a situação do País e o ocupante do Palácio do Planalto, seu comportamento e algumas políticas.

Como pior que uma notícia ruim só duas notícias ruins, a pesquisa Vox foi a segunda, na mesma semana, com resultados assim. Também o MDA, para a Confederação Nacional dos Transportes, mostrou que a imagem de Bolsonaro está em adiantado processo de decomposição.

Segundo os dados do Vox, o governo Bolsonaro tem a avaliação positiva de 23% dos entrevistados, entre os quais estão 5% que enxergam motivos para classificá-lo como “ótimo”. Na outra ponta, há cinco vezes mais pessoas que o consideram “péssimo”, perfazendo 27% do total, além de 13% que dizem que é apenas “ruim”. Por enquanto, ainda há um terço, 35%, que acha que o governo é “regular”.

Um desavisado poderia supor que essa avaliação negativa, superior à de qualquer presidente brasileiro em época parecida, é fruto das dificuldades que o País enfrenta. Esse, no entanto, não é o caso, pois a pesquisa indica que a imagem pessoal do capitão também é ruim.

Dizem “gostar muito” de Bolsonaro 11% dos entrevistados, metade dos 22% que afirmam que o “detestam”. Há outros 19% que alegam que “gostam um pouco, mas não muito” e 23% que desgostam, sem detestá-lo. Restam 24%, que respondem ser indiferentes. Para os que fantasiam que o capitão é um “mito”, é bom lembrar que seus seguidores fiéis não vão além de uma em cada dez pessoas. Algo que não chega a ser impressionante.

O que impressiona é a velocidade em que a piora de conceito vem acontecendo. Há menos de dois meses, na safra anterior de pesquisas, feitas pelo Datafolha e o Ibope, Bolsonaro ainda mantinha uma avaliação positiva em torno de 30%, o que foi saudado até por ele próprio. Sabe-se lá o porquê, ele e alguns comentaristas imaginaram que esses 30% eram seu piso e que, com ele, poderia não apenas disputar a reeleição, como seria favorito a vencê-la, pois nenhum adversário partiria de tal base.

Balela. Passaram-se algumas semanas e o tal terço virou poeira. Esqueceram-se que era somente um estádio na descida da ladeira. Depois dos trinta, vieram os vinte e logo estaremos nos dez.

O prognóstico para o capitão é negativo. O horizonte de erosão acelerada da popularidade era previsível e está sendo confirmado. Nada tem de conjuntural, ainda que as inacreditáveis atitudes tomadas em relação à devastação causada pelos incêndios na Amazônia tenham que ser contabilizadas nos resultados obtidos.

Bolsonaro vai mal porque é detestado por mais de uma em cada cinco pessoas e porque não consegue oferecer às outras motivos para aprová-lo. Ainda pensando em um grupo de cinco, para cada três, faz um governo incompetente e sem realizações.

Considerando a soma de “ótimo” e “bom”, apenas 15% dos entrevistados aprovam as políticas do governo para a geração de empregos, 15% para o meio ambiente, 11% para a valorização do salário mínimo, 21% para a educação, 14% para a saúde, 14% para a projeção da imagem do Brasil no Exterior. Os melhores números são os das áreas em que o marketing de Bolsonaro insiste, a segurança pública e o “combate à corrupção”. As ações do governo em nenhuma, no entanto, ultrapassam um terço de aprovação: 33% na luta anticorrupção e 26% na segurança (ambas temas do finado Sergio Moro).

O relógio anda depressa e logo chegará a hora em que as pessoas que ainda não tomaram posição (a maioria das que estão no “regular”) se resolverá. Muito provavelmente, até o fim deste ano, o desgaste será maior. De 23% agora, a aprovação ficará próxima a 10% e a desaprovação alcançará 50%.

Sempre restará a Bolsonaro uma tropa na sociedade, disposta a brigar (até no soco) com a maioria do País e a desafiar a opinião pública internacional. Há gente bizarra para tudo, que acredita em qualquer coisa.

Se os inimigos da democracia, fardados, togados e enfatiotados, permitirem, teremos eleições no ano que vem. Pelo andar da carruagem, Bolsonaro pode ter que enfrentá-las como uma espécie de plebiscito e é grande a chance de que saia delas ainda menor. Talvez não dure dois anos a lamentável experiência a que fomos levados em 2018.

 

*Por Marcos Coimbra/247

Com as contas em frangalhos, o sombrio governo Bolsonaro está à beira do colapso

Reinaldo Azevedo faz uma análise catastrófica com os dados que obteve sobre o orçamento do governo que pode travar a máquina pública.

Um ET que baixasse por aqui e tentasse entender a cabeça do presidente Jair Bolsonaro, diria: “Vai ver é assim porque o país vive um momento raro de desenvolvimento, as contas do governo estão em dia, está em marcha um amplo programa de redução da pobreza, e o governante de turno se dá ao luxo, por exemplo, de recusar recursos externos para conter os incêndios nas matas brasileiras. Mas é assim? Não! Os próprios ministros de Bolsonaro admitem que parte da máquina pública pode parar por falta de dinheiro.

O primeiro Orçamento anual elaborado pela gestão Jair Bolsonaro pode levar à paralisia da máquina pública em 2020. Pela proposta enviada ao Congresso nesta sexta-feira (30), as despesas com custeio e investimentos no ano que vem devem ficar no patamar mínimo histórico.

Em 2020, o governo estima que terá R$ 89,2 bilhões para as chamadas despesas discricionárias, que englobam gastos com energia elétrica, água, terceirizados e materiais administrativos, além de investimentos em infraestrutura, bolsas de estudo e emissão de passaportes, por exemplo.

Membros da equipe econômica avaliam que são necessários pelo menos R$ 100 bilhões ao ano nessa conta para que a máquina pública opere no limite, sem risco de apagão dos serviços.

Em 2019, por exemplo, o governo iniciou o ano com autorização para gastar R$ 129 bilhões com essas despesas não obrigatórias. O fraco desempenho da economia e a frustração nas receitas, porém, levaram a cortes nas verbas de ministérios, levando essa cifra a R$ 97,6 bilhões.

Com esse valor, a gestão pública já começou a ser afetada. Treinamentos, viagens e grupos de investigação da Polícia Federal sofreram restrições. Bolsas de estudos foram cortadas pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, agência federal de fomento à pesquisa). Para economizar despesas, o Exército autorizou corte de expediente de trabalho.

Do total de R$ 89,2 bilhões de gastos que podem ser cortados em 2020, R$ 69,8 bilhões são de custeio e R$ 19,4 bilhões de investimento.

O esmagamento das despesas discricionárias foi provocado, por um lado, pela regra do teto de gastos, que impede o crescimento dos gastos públicos acima da inflação.

Ao mesmo tempo, os gastos obrigatórios da União não param de subir desde 2014. o que faz com que as despesas discricionárias sejam estranguladas.

Enquanto as despesas discricionárias recuam, os gastos obrigatórios da União não param de subir desde 2014.

A previsão é que, em 2020, essas despesas, que incluem aposentadorias e salários, alcancem 94% do total do Orçamento.

A situação é dramática. Esses R$ 19,4 bilhões de investimentos é o mais baixo volume em 10 anos, com queda de 19,3% em relação ao previsto para este ano.

 

*Do Uol

Três anos depois do pesadelo do golpe, golpistas têm que morder a língua para falar de Dilma

Nunca na história do Brasil, um presidente, em pleno exercício de seu mandato, foi tão covardemente atacado como a presidenta Dilma. Por isso, antes de começar as lendas verborrágicas que resultaram em seu impeachment, é bom lembrar dos corruptos, Cunha, Aécio e Temer, os três cavalheiros do apocalipse que comandaram uma histeria coletiva na mídia, no meio empresarial, no mundo financeiro para derrubar uma presidenta honrada pelo “crime de responsabilidade” que jamais cometeu.

Um golpe que resultou na decadência de valores que o Brasil vive e que devassa internacionalmente a sua imagem, consumido por uma bactéria neofascista que sonha em restaurar a ditadura adubada pelo judiciário.

A multiplicação de barbaridades que ocorreu no Brasil, depois do golpe, é incontável. O disparate maior que se lê de alguns ficcionistas é que um governo que alcançou o salário mínimo com o maior poder de compra da história e o pleno emprego foi ruim para os trabalhadores. Quem dispõe de um portfólio desse com que Dilma brindou o país em seu governo? Ninguém.

Norteada pela política econômica de Lula que colocou o Brasil no centro do debate global ao lado das maiores potências, Dilma fez um governo que trouxe consequências inimagináveis para a melhoria de vida do povo brasileiro, tanto que não há previsão de uma pujança igual no Brasil porque ele está mergulhado no caos econômico, político e social.

A direita, sem projeto, comandada pelo PSDB, apostou desde a farsa do mensalão na chacina dos líderes do PT e acabou sendo chacinada nas urnas em 2018.

Se o PSDB não é receita nem pra ele próprio se manter vivo, que fará os projetos econômicos de Temer e Bolsonaro decalcados na cartilha neoliberal tucana. Por outro lado, o PT, que os golpistas sonharam em levar à anulação total, não para de crescer, de se fortalecer, de buscar um debate qualificado para devolver o país ao ponto em que Lula e Dilma levaram.

O Brasil, depois do golpe, transformou-se em um celeiro de idiotas que o transformam em um pasto seco até para os burros motivados que ruminam ódio e se alimentam de rancor.

Três anos depois do golpe em Dilma, a paisagem brasileira é de terra arrasada, com uma enorme desmoralização internacional, coisa impensável no período de Lula e Dilma que eram recebidos com honra, admiração e carinho em qualquer lugar do planeta.

Olha-se para o troço que hoje governa o país sem saber como classificar esse animal e se lembra de todas as mentiras que contaram para o povo brasileiro se Dilma fosse derrubada, que os investimentos voltariam, os empregos jorrariam e a corrupção seria varrida do mapa. O que temos hoje? A economia afundada num pântano, recorde de desemprego, a volta da miséria e da fome, o desmonte dos direitos dos trabalhadores, metade da nação vivendo de bicos e a milícia no poder, além de um futuro tão horrendo quanto a fumaça negra provocada pelo incêndio ateado por Bolsonaro na Amazônia.

Antes de falar de Dilma, faça como um dos seus algozes, o da foto, Miguel Reale Júnior, morda a língua ao invés de acusá-la de qualquer coisa, porque Dilma, além de ser uma reserva moral desse país, foi como presidente uma gestora excepcional, humana, valente e, por isso mesmo, tinha que ser decapitada pelos crápulas que não aceitavam sua reeleição e a quarta vitória consecutiva do PT.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

 

Bolsonaro x Moro: dois imundos numa guerra suja

Eu atirei, ele atirou, e nós trocamos tantos tiros
Que até hoje ninguém sabe quem morreu. (Kid Morengueira)

Não tá fácil para ninguém, é fato. Mas para quem se achava indestrutível, com futuro brilhante na política depois de entregar a cabeça de Lula na bandeja para seu patrão vencer a eleição, Moro está diante de uma avenida de mata-burros e sabe que não tem como cruzá-la. Sem a Globo para lhe servir de escora no bombardeio do Intercept e sem carteira da OAB para exercer a função de advogado, Moro viverá de bicos e não tem abrigo nem de sopapo para se entocar. Uma ironia do destino para quem destruiu milhões de empregos em nome de sua ganância.

O fato é que Moro e Bolsonaro são dois moribundos. Nenhum dos dois tem base política, vivem do ódio alheio, daqueles ex-tucanos que vagam na sociedade da ira, uma horda de fanáticos que se atira no colo de quem se mostrar mais beligerante com os pobres, os negros, os índios, os gays. É a xepa da xepa daqueles que se perderam em devaneios apoiando, por questão de classe, o falido tucanato.

É só observar o que demonstra o ambiente de marasmo que se tornaram os grupelhos da direita bancados por Lemann e cia., como o Vem pra Rua e MBL, que se distanciaram muito de Moro e de Bolsonaro, porque sentem que, na posteridade próxima, há uma bomba na cava do colete tanto de Moro quanto de Bolsonaro para um explodir o outro, sem que nenhum dos dois conquiste a guerra, porque qualquer um que cair vai, à noite, puxar a perna do outro. Isso, se não morrerem abraçados.

Bolsonaro, que já estava mal na fotografia com o seu “dia do fogo” na Amazônia, viu a crise de seu governo se agigantar com a inesperada descoberta da Veja sobre o paradeiro de Queiroz, pior, este se transformou numa espécie de miliciano ostentação, pois trata sua doença no hospital mais caro do país e mora num bairro com os metros quadrados mais caros de São Paulo. Isso, para quem é motorista e diz que engrossa sua sopa com bico de vendedor de automóveis, beira a uma comédia bufa. E o Brasil quer saber quem paga a milionária conta, porque a resposta é óbvia.

Bolsonaro tratorou Moro e moveu terras e mares, dentro do governo, derrubando e incendiando instituições para que elas não chegassem a Queiroz mas o fantasma de sua ópera apareceu na capa da Veja e, para piorar, tudo indica que aí entra a mão invisível de Moro. Michelle Bolsonaro talvez seja gerente de um caixa 2 descoberto pela turma da Lava Jato no Coaf.

O fato é que gambá cheira gambá. E Moro, que está dando os últimos suspiros com as revelações do Intercept com Dallagnol e cia, está prestes a ver desabar à sua frente o monumento lavajatino por um quadro sistêmico de ilegalidades da república de Curitiba e ele se transformar, da noite para o dia, de herói nacional a principal vilão da nação.

Na verdade, não há saída para Bolsonaro e, muito menos, para Moro. O umbral os aguarda para hospedá-los em breve.

 

Por Carlos Henrique Machado Freitas

Escândalo a que se referiu Bolsonaro apontaria Michelle como gerente do caixa 2 do clã

No PSL, a apreensão é grande depois que Jair Bolsonaro disse, no início da semana, que está para estourar um escândalo que atingirá alguém próximo dele.

Esta pessoa, segundo confidenciou a amigos um deputado federal do partido, seria Michelle Bolsonaro.

A esposa do presidente seria uma espécie de gerente do caixa 2 gerado com dinheiro desviado dos gabinetes dos parlamentares.

“Não adianta fazer essa campanha pesada contra minha pessoa, contra minha família. Agora contra que tá do meu lado também, que está para estourar um problema aí… Problema não, uma falsa acusação a uma pessoa importante que tá do meu lado. [É] o tempo todo assim”, afirmou Bolsonaro, no seu habitual monólogo diante dos jornalistas que fazem plantão no Palácio do Alvorada, a residência oficial do presidente.

Michelle Bolsonaro foi flagrada pelo Coaf com um depósito de 24 mil reais feito em sua conta pelo notório Fabrício Queiroz.

Esta não seria a única transferência feita para ela, a partir de recursos que não têm origem comprovada.

Pode ser dinheiro de funcionários dos gabinetes, o que caracteriza peculato (apropriação de bem público). Pode ser recurso do esquema de milicianos, ao qual Fabrício Queiroz e a família Bolsonaro são ligados.

Pode ser dinheiro de corrupção pura e simples.

 

*Com informações do DCM

 

Vídeo – Lava Jato contra-ataca: depois de Carlos Fernando, foi a vez de Dallagnol ameaçar Bolsonaro pelo abandono dos aliados

Não escapa dos olhos de ninguém que Bolsonaro faz de Moro gato e sapato depois que este perdeu o manto de herói nacional.

Pois bem, parece que Moro não vai deixar barato e coloca seu bloco curitibano nas ruas para mandar recados a Bolsonaro, que não se abandona uma aliado ferido no meio do caminho, no mais puro estilo Paulo Preto a Serra.

Semana passada, no programa Painel, da GloboNews, o procurador da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima (Boquinha) chegou com discurso ensaiado, mostrando os dentes para Bolsonaro. Tudo planejado para lembrar ao ex-aliado que a Lava Jato era bolsonarista. Na verdade, o plano de prender Lula foi preestabelecido para isso e Carlos Fernando fez questão de frisar que o principado de Curitiba suou a camisa para elegê-lo, esperando reciprocidade no controle que os lavajatistas achavam fundamental, dentro do governo, para usá-lo como afluente de um projeto de poder que já havia sido demonstrado quando tentaram saquear os cofres da Petrobras em nome de uma suposta fundação privada que combateria a corrupção. Foram desmascarados e o plano azedou.

Carlos Fernando frisou com muita clareza que Bolsonaro só foi eleito porque teve a bênção da Lava Jato, ou seja, correu com o processo de Lula para condená-lo e prendê-lo e desintegrar as chances do PT vencer a eleição.

Hoje, com um discurso enviesado, foi a vez de Dallagnol buscar os holofotes da mídia e mostrar a  ruga na testa de apreensão com os destinos do governo Bolsonaro que havia jurado separar trono especial a quem fez a barganha jurídico-policial com ele para que saísse vitorioso das urnas. Porém, Dallagnol, piadista como sempre, disse que a Lava Jato jamais elegeu Bolsonaro, ele sim, oportunista de plantão, é que se apropriou da pauta anticorrupção para se eleger e jogou no ar que Bolsonaro está destruindo as instituições de controle, intervindo na Receita, no Coaf, na Polícia Federal e aonde pode intervir no governo para proteger o seu clã, foi até mais explícito dizendo que Bolsonaro quer proteger a própria família, ou seja, a si próprio e a parentada que vive pendurada em suas armações miliciânicas.

Isso, em certa medida, começa a se transformar em crosta como a que Queiroz produz em sua imagem, porque tudo indica, pela mecânica que conhecemos, via Intercept, do sistema de chantagens que os procuradores usam com os delatores, eles pretendem lembrar a Bolsonaro que podem amolecer o solo por onde ele caminha, transformando-o num pântano onde ele pode afundar e desaparecer.

Glenn Greenwald lapida perfeitamente esse quadro, como segue abaixo.

Intercept emparedou a Globo e os Marinho deixam Moro com a brocha na mão

Sem a capa de super-homem que a Globo lhe emprestou, Moro não dispõe mais da força nos braços para esmurrar a constituição e promover todos os absurdos que cometeu como juiz da Lava Jato. O mesmo pode ser dito de Dallagnol, que, da noite para o dia, anda vendo o mundo de cabeça para baixo, depois de construir uma carreira primorosa de palestrante, com ganhos extraordinários, parece que a fecundíssima fonte secou em consequência dos vazamentos do Intercept.

É que os Marinho, diante da realidade escancarada pelo Intercept, deram uma forte guinada no leme, norteando o Jornal Nacional a transformar Bonner em Pilatos em busca de um remanso em meio ao tormento provocado pelos vazamentos, até porque, pelo que disse Glenn em entrevista na TVT, o que certamente alarma a Globo, ele tem um vasto material das relações nada republicanas da Globo com os procuradores da Lava Jato, avalizados por Moro.

Sem esse sistema de lentes que a Globo usava para ampliar a musculatura da Lava Jato, as respostas que Dallagnol, Moro e cia. dão a cada vazamento se transformaram em balas perdidas, pior, eles agora é que não têm blindagem nenhuma e se encontram em recinto nada adequado a céu aberto no momento em que estão sendo bombardeados, quase diariamente, com as revelações cirúrgicas que estão explodindo na cabeça dos procuradores e de Moro.

Não há nenhum espetáculo em vista no Jornal Nacional protagonizado pela Lava Jato, com o japonês da Federal, por exemplo. Moro hoje está tão fora de moda na Globo quanto o Capitão Furacão, Nacional Kid e o Vigilante Rodoviário. Sim, Moro para a Globo agora é coisa do passado. O que ela quer é ficar bem longe do espelho para ter o mínimo possível de contaminação com a cascalheira que cai sobre a cabeça dos procuradores e de Moro.

A Globo não quer fazer ondinha, não quer se enlamear publicamente mais do que já se enlameou, ela já farejou no ar que o sangue de suas vítimas em parceria com a Lava jato já não é mais delas, mas deles próprios e desistiu de tentar blindar os ex-inatingíveis procuradores e juiz da Lava Jato.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

Pisado, triturado e cuspido pelo STF, Moro, sem utilidade, vira pano de chão de Bolsonaro

Ministro da Justiça é derrotado pelo Supremo e enrola-se nas próprias ambições.

Os superpoderes do ministro Sérgio Moro se esvaem a olhos vistos. Por razões insondáveis, uma parcela significativa da população continua a apoiar sua permanência no governo – 52%, segundo a pesquisa CNT/MDA divulgada na segunda-feira 26. Mas o entusiasmo com o ex-juiz e a Lava Jato anda mais frio do que o inverno na Sibéria. Uma leve maioria (42,2% contra 41,7%), de acordo com o mesmo levantamento, acredita que as revelações pelo site The Intercept Brasil de conversas privadas do magistrado e integrantes da força-tarefa comprometem a isenção da operação.

Parece pouco – e talvez seja –, mas o fato é que o escândalo da “Vaza Jato” tem o efeito de uma criptonita amarrada à cintura do herói curitibano. Moro arrasta-se por Brasília, de derrota em derrota, e depende cada vez mais da sobrevida subserviente oferecida por Jair Bolsonaro. Inversão curiosa de posições: Super-Moro, um dos fiadores da vitória eleitoral da versão brasileira de Lex Luthor, só respira politicamente por causa do beneplácito do superior.

Este, aliás, aproveita as oportunidades para cobrar a fatura. Após a tentativa de ingerência do Palácio do Planalto na Polícia Federal e o anúncio de corte de verbas que inviabilizam o trabalho do Ministério da Justiça, sem falar no esforço mínimo feito pelo Executivo na aprovação do pacote “anticrime” do ex-juiz, Moro ensaiou uma rebelião. Ensaiou. A imagem final foi outra, de quase genuflexão, representada pela foto em que, claramente incomodado, o ministro bate continência para o presidente. E pela seguinte declaração de Bolsonaro: “Olha, tem carta branca, e eu tenho poder de veto em qualquer coisa, senão eu não sou presidente. Todos os ministros têm essa ingerência minha e eu fui eleito para mudar. Ponto final”. Assessores e amigos de Moro, relata a crônica política brasiliense, sugerem um pedido de demissão. O ex-juiz mede as consequências. Deixar o governo nestas condições representaria a morte prematura de suas ambições eleitorais.

Os tubarões sentem o cheiro de sangue, os abutres farejam a carniça… Não é diferente em Brasília. É inegável a relação direta entre o enfraquecimento de Moro e uma decisão inédita do Supremo Tribunal Federal. Na terça-feira 27, pela primeira vez desde o início da Lava Jato, a Segunda Turma da corte revogou por 3 votos a 1 uma decisão do ex-magistrado, a condenação de Aldemir Bedine, ex-presidente da Petrobras. Os ministros apontaram um erro fatal no processo: o acusado não teve o direito de se pronunciar por último e se defender das acusações de um delator. Moro havia imputado a Bendine 11 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, pena reduzida a 7 anos e 9 meses pela segunda instância. “O direito de a defesa falar por último decorre do direito normativo. Réus delatores não podem se manifestar por último em razão da carga acusatória que permeia as suas acusações. Ferem garantias de defesa os instrumentos que impeçam o acusado de dar a palavra por último”, afirmou em seu voto o ministro Ricardo Lewandowski. O processo retornará à primeira instância.

Gilmar Mendes, alvo preferencial da força-tarefa de Curitiba, aproveitou o julgamento para espinafrar a Lava Jato e fazer em público o mais contundente mea-culpa de um ministro do STF: “É um grande vexame e participamos disso. Somos cúmplices dessa gente. Homologamos delação. É altamente constrangedor”. Mendes foi além: “A República de Curitiba nada tem de republicana, era uma ditadura completa. Assumiram papel de imperadores absolutos. Gente com uma mente muito obscura. Que gente ordinária, se achavam soberanos”.

A defesa de Lula enxerga uma brecha na decisão do STF para um novo pedido de anulação dos processos do ex-presidente. O advogado Cristiano Zanin Martins aponta semelhanças entre a ação contra Bendine e os procedimentos que resultaram na condenação do petista no caso do triplex do Guarujá e do sítio em Atibaia. “Tal como Bendine, o ex-presidente Lula não teve a oportunidade da última palavra nos processos de Curitiba, após ter sido indevidamente acusado por delatores. Essa situação é incompatível com a garantia constitucional da ampla defesa.”

Há mais de 500 dias na prisão, Lula mantém a esperança na Justiça, embora esteja mais ou menos clara a existência de uma jurisprudência particular, à margem do Estado de Direito, na análise dos seus recursos. Enquanto aguarda, o ex-presidente é obrigado a lidar com a falta de escrúpulos da força-tarefa de Curitiba. A nova leva de revelações de The Intercept trouxe à luz uma faceta representativa do espírito que moveu o “combate à corrupção”: o ex-presidente não era encarado como um suspeito obrigado a prestar esclarecimentos à Justiça, mas um inimigo a ser eliminado, despido de qualquer humanidade.

Os procuradores, mostram as conversas pelo Telegram, tripudiaram das mortes da ex-primeira-dama Marisa Letícia e de Vavá, irmão do ex-presidente, e dos pedidos de Lula de comparecer aos enterros. Quando se soube do estado grave de Marisa, Deltan Dallagnol e Januário Palumbo travaram o seguinte diálogo:

Dallagnol: “Um amigo de um amigo de uma prima disse que Marisa chegou ao atendimento sem resposta, como vegetal”.

Palumbo: “Estão eliminando as testemunhas…”

Em outro momento, diante de uma notícia postada na rede social pelo colega Júlio Noronha, Jerusa Viecili ironiza: “Querem que eu fique para o enterro?”

Na ocasião do velório de Vavá, Antônio Carlos Welter mencionou o direito constitucional de Lula sair cadeia para o enterro e acabou repreendido por Palumbo: “O safado só queria passear e o Welter com pena”. Laura Tessler uniu-se a Palumbo: “O foco tá em Brumadinho… Logo passa… Muito mimimi”.

Sem mimimi, Lula reagiu ao teor das conversas. “Confesso que foi um dos mais tristes momentos que passei nessa prisão em que me colocaram injustamente. Foi como se tivesse vivido outra vez aqueles momentos de dor, só que misturados a um sentimento de vergonha pelo comportamento baixo a que algumas pessoas podem chegar”, declarou.

“Peço a Deus que os ilumine, que poupe suas almas de tanto ódio, rancor e soberba.”

Até o momento, apenas a procuradora Jerusa Viecili veio a público se redimir dos comentários. “Errei. E minha consciência me leva a fazer o correto: pedir desculpas à pessoa diretamente afetada, o ex-presidente Lula”, escreveu no Twitter.

O silêncio dos associados de Moro dá razão ao ministro Mendes. Que gente.

 

*Por Sergio Lirio/Carta Capital