Mês: abril 2020

Forbes: Países que melhor lidam com a pandemia de coronavírus são governados por mulheres

Islândia, Tailândia, Alemanha e Nova Zelândia, Finlândia e Dinamarca foram apontados como exemplos de gestão de crise de saúde.

A Forbes apontou, em matéria publicada na última segunda (13), que os lugares que estão lidando melhor com a crise do coronavírus são liderados por mulheres. Islândia, Tailândia, Alemanha e Nova Zelândia, Finlândia, Islândia e Dinamarca foram apontados como exemplos de gestão de crise de saúde. “Muitos dirão que estes são pequenos países, ilhas ou outras exceções. Mas a Alemanha é grande e líder, e o Reino Unido é uma ilha com resultados muito diferentes”, escreveu a colaboradora Avivah Witternberg-Cox.

Angela Merkel disse: “É sério, leve a sério”. Os testes começaram cedo e a Alemanha pulou as fases de negação. Os números do país estão muito abaixo de seus vizinhos europeus e há sinais de que eles poderão começar a afrouxar as restrições em breve.

Tsai Ing-wen, da Tailândia, ao primeiro sinal de uma nova doença, introduziu 124 medidas para bloquear a disseminação, sem ter que recorrer aos bloqueios que se tornaram comuns em outros lugares e agora está enviando 10 milhões de máscaras para os EUA e a Europa. Ing-wen manteve a epidemia sob controle e foram relatadas apenas seis mortes.

Jacinda Ardern, na Nova Zelândia, começou cedo o confinamento e sendo clara sobre o nível máximo de alerta em que estava colocando o país. Ela impôs o auto-isolamento às pessoas que entraram na Nova Zelândia quando havia apenas 6 casos em todo o país e proibiu totalmente a entrada de estrangeiros logo depois. Até abril, houve apenas quatro mortes e em vez de afrouxar as restrições como estão considerando outros países, Ardern está aumentando, deixando neozelandeses que estão retornando em quarentena em locais específicos por 14 dias.

A Islândia, sob comando da primeira-ministra Katrín Jakobsdóttir, está oferecendo testes gratuitos de coronavírus a todos os seus cidadãos e se tornando um estudo de caso sobre as taxas de disseminação e mortalidade do Covid-19. A maioria dos países tem testes limitados para pessoas com sintomas ativos; em proporção à sua população, a Islândia já examinou cinco vezes mais pessoas do que a Coreia do Sul e instituiu um sistema de rastreamento completo, não precisando fazer lockdown ou fechar escolas.

A primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, usou a TV para conversar diretamente com as crianças: fez uma coletiva de imprensa em que nenhum adulto era permitido, e respondeu às perguntas de crianças de todo o país, explicando por que não havia problema em sentir medo.

Sanna Marin se tornou a mais jovem chefe de estado do mundo quando foi eleita em dezembro passado na Finlândia. Ela usou influenciadores digitais para informar a população sobre o novo coronavírus. Reconhecendo que nem todo mundo lê a imprensa, ela vem convidando influenciadores de qualquer idade a divulgar informações baseadas em fatos sobre o gerenciamento da pandemia.

“Agora, compare esses líderes e histórias com os homens fortes que usam a crise para acelerar uma terrível ameaça de autoritarismo: culpar os ‘outros’, capturar o judiciário, demonizar os jornalistas e cobrir seu país como eu nunca remover a escuridão (Trump, Bolsonaro, Obrador, Modi, Duterte, Orban, Putin, Netanyahu …)”, diz o texto.

Avivah, que é especialista em igualdade de gênero, escreveu que houve anos de pesquisa sugerindo que os estilos de liderança das mulheres podem ser diferentes e benéficos, mas, em vez disso, muitas organizações e empresas políticas ainda querem que mulheres se comportem mais “como homens”, se quiserem liderar ou ter sucesso. Mas essas líderes mostram que há outras formas de governar.

 

 

*Com informações da Forum

Sergio Moro entrou na mira de Carlos Bolsonaro

Carlos e Eduardo Bolsonaro compartilharam ontem no Twitter uma crítica à iniciativa do Ministério da Justiça de comprar 600 tablets para que presidiários conversem virtualmente com seus familiares. As visitas aos detentos foram cortadas desde o início da pandemia de coronavírus.

“Ministério da Justiça comprou 600 tablets para os presidiários. É isso mesmo que vocês leram. Excelente prioridade, hein? Valeu!”, diz o tuíte compartilhado por Eduardo, o filho Zero Três do presidente.

“Enquanto o civil sentado sozinho em parque público é preso de maneira brutal, o bandido na cadeia recebe um tablet novinho para falar com seus familiares. Isso não se trata (sic) apenas de inversão de valores, mas é a destruição da moralidade. Vergonhoso!””, afirma outra mensagem, esta compartilhada por Carlos, o Zero Dois.

O Departamento Penitenciário Nacional informou ao jornal O Globo que o projeto de compra dos tablets “ainda está em fase de concepção” e que os equipamentos não ficarão sob o controle dos presos.

Mas os tablets foram apenas o pretexto para os “zeros” despejarem sua fúria sobre a cabeça do ministro Sérgio Moro.

Moro entrou na mira dos filhos do presidente desde que instâncias diversas da Justiça passaram a contrariar iniciativas do governo federal para o combate à pandemia.

Em março, o ministro do STF Marco Aurélio de Mello havia deferido uma liminar assegurando o direito dos governadores de decidir sobre medidas como o bloqueio de estradas e interrupções no transporte público. Bolsonaro queria que essas iniciativas fossem centralizadas no governo federal. Mais recentemente, também o ministro Alexandre de Moraes irritou o presidente ao determinar que o Executivo não pode derrubar decisões de estados e municípios sobre isolamento social e outras ações destinadas a combater a disseminação do vírus. A defender incondicionalmente as posições do presidente está o Procurador Geral da República, Augusto Aras, indicado ao cargo pelo amigão de Bolsonaro, o ex-deputado federal Alberto Fraga.

Os Zeros se dizem indignados pelo fato de Moro não fazer o mesmo que Aras. Para eles, o ministro da Justiça deveria “questionar mais” as decisões da Justiça contrárias à posição do presidente, sobretudo as relacionadas à política de isolamento. Carlos e Eduardo Bolsonaro reclamam que Moro se esconde na “zona de conforto” a fim de “preservar a própria imagem”.

Por enquanto, o presidente não endossou a briga dos filhos.

Sua ira ainda está concentrada em Mandetta.

Um dia depois do outro, um ministro popular de cada vez.

 

 

*Com informações do Uol

Sem testes da covid-19, Brasil é incapaz de medir o tamanho do problema e a consequente gravidade

Brasil é o país que realiza menos testes e identifica um em cada nove casos. Mandetta afirma que não tem como “testar todo mundo”.

Testar, testar e testar. É o que tem recomendado o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pelo menos desde o início de março, quando a covid-19 foi declarada pandemia. Seria a receita para os países poderem identificar o ritmo das contaminações e reagir na dose mais correta possível. O Brasil afirmou que seguiria a recomendação, mas o que se vê é o aumento do número de ocorrências. Já são 1.328 mortes e 23.430 casos confirmados. E nada de testes. Ou informações sobre eles.

Levantamento realizado pela organização Open Knowledge Brasil (OKBR), que atua na área de transparência e abertura de dados públicos, aponta que 90% dos estados – mais o governo federal – ainda não publicam dados a respeito da disseminação da pandemia. Apenas um dos 28 entes avaliados trazia informações sobre testes disponíveis.

São Paulo – Testar, testar e testar. É o que tem recomendado o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pelo menos desde o início de março, quando a covid-19 foi declarada pandemia. Seria a receita para os países poderem identificar o ritmo das contaminações e reagir na dose mais correta possível. O Brasil afirmou que seguiria a recomendação, mas o que se vê é o aumento do número de ocorrências. Já são 1.328 mortes e 23.430 casos confirmados. E nada de testes. Ou informações sobre eles.

Levantamento realizado pela organização Open Knowledge Brasil (OKBR), que atua na área de transparência e abertura de dados públicos, aponta que 90% dos estados – mais o governo federal – ainda não publicam dados a respeito da disseminação da pandemia. Apenas um dos 28 entes avaliados trazia informações sobre testes disponíveis.

Dez motivos que dariam demissão por justa causa para o Mandetta

“O Brasil é um dos países com menos testes junto à população, onde a maioria dos casos não está passando no nosso radar. Não estamos identificando os casos e temos muitas mortes provocadas pela covid-19 que não foram atestadas”, afirmou a sanitarista Lúcia Souto à Rádio Brasil Atual. “Portanto, não temos a capacidade de entender qual o tamanho do problema, o que vai resultar numa superlotação dos serviços de saúde.”

Omissão de diagnóstico

Pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e presidenta do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), ela lembrou que a omissão de diagnóstico é grave, porque deixa transparecer a falsa impressão de que o coronavírus está controlado no país – quando não está.

“Se as pessoas não sentem o problema por perto, elas menosprezam. Essa não testagem na população cria uma cortina de fumaça, uma aparência de que está tudo bem. Isso contribui para o agravamento da pandemia e uma falsa ilusão de tranquilidade”, alertou.

Na tarde de ontem (13), o secretário-executivo do Ministério da Saúde João Gabbardo reforçou o anúncio da doação de 5 milhões de testes rápidos pela mineradora Vale, que deveriam chegar à noite em um voo fretado da China. A pasta já havia anunciado também compra de 22,9 milhões de diagnósticos, ainda em negociação. E quando chegar, não devem ser destinados à testagem da população.

Em entrevista ao programa Fantástico no domingo (12), o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que o Brasil não tem capacidade de fazer testes em 200 milhões de habitantes.

“Vamos testar os trabalhadores da saúde, o que é mais importante no momento. E vamos testar aqueles que precisamos que voltem ao trabalho, porque se um médico ou uma enfermeira já se contaminou e tem os anticorpos, trabalha com muito mais tranquilidade e a gente sabe que ele não vai mais adoecer com aquela doença”.

Baixa notificação

Na realidade, nenhum país testou todos os seus habitantes. Mas a impossibilidade de testar todos não deveria ser desculpa para testar tão pouco.

O ministro disse que serão submetidos a testes trabalhadores da segurança, policiais militares e bombeiros, e que apesar do mercado aquecido – não há testes para todo o planeta –, “o Brasil não está no escuro” em relação ao combate ao avanço da doença.

Segundo Mandetta, modelos matemáticos e estatísticos “permitem dimensionar o ritmo, pra onde está indo, para que faixa etária está se deslocando (o contágio e o adoecimento)”. Mas a ausência de números mais transparente dificulta à sociedade avaliar se dosagem das medidas adotadas está correta.

É bom lembrar que há modelos e modelos. No Centro para Modelagem Matemática de Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido, um estudo revelou que a subnotificação da covid-19 no Brasil equivale a nove vezes o número de registros.

A situação oposta à recomendação da OMS é colocada com certa naturalidade pelo coordenador da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, o infectologista Marcos Boulos.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual na tarde desta segunda-feira (13), o especialista afirmou que mesmo que houvesse testes para todos no Brasil, só os realizariam aqueles que fossem procurados pelo serviço de saúde. O problema é que muitos já estão procurando os serviços de saúde, e casos muito sintomático, inclusive de óbitos, estão sem causa confirmada.

 

 

*Com informações da Rede Brasil Atual

 

Depois de apoiar aferradamente a eleição de Bolsonaro, Merval, o mais hipócrita dos hipócritas, o chama de louco

Está cansativo ver a turma do “quem peidei” fazendo cena pior do que a da Carminha no vale a pena ver de novo da novela “Avenida Brasil”.

Quem é louco, Bolsonaro ou os Marinho, para quem Merval Pereira assina a sua coluna?

FHC, depois de quebrar o Brasil três vezes, dizimando estatais com a sua privataria, entregou o Brasil aos frangalhos a Lula. Saiu do governo tão desmoralizado pela porta dos fundos do Palácio do Planalto que pegou um avião para Paris e lá ficou numa praça jogando milho para os pombos.

Naquele período, o Brasil sofreu um baque, uma decadência que o colocou na 14ª posição entre as economias globais. A coisa foi tão feia que FHC conseguiu detonar a cadeia têxtil de A a Z, e digo isso, referindo-me até mesmo às marcas piratas. Sim, FHC conseguiu conseguiu essa proeza depois do “sucesso” do real quando, artificialmente, o dólar chegou a custar R$ 0,86 do real.

Isso aconteceu até vir o estouro do boiada, a super desvalorização da nossa moeda, da noite para o dia, a disparada dos juros e o apagão geral do seu governo diante dos salários congelados e da precarização da indústria nacional.

A Globo tem a cara de pau de tratar  Fernando Henrique Cardoso como o pai da estabilidade econômica no país. Isso depois de apoiar a ditadura militar, que produziu uma hiperinflação que estourou nos colos de Figueiredo, Sarney e Collor. Ou seja, os patrões do Merval têm dedo podre para escolher seus preferidos.

Por outro lado, Lula revolucionou, inverteu a lógica da economia brasileira, começando de baixo para cima, fazendo o dinheiro circular pesadamente nas camadas mais pobres da população, tirando 40 milhões de brasileiros da miséria e colocando o Brasil como a 6ª maior potência econômica do planeta.

Mas a Globo segue firme martelando que Lula quebrou o Brasil, que montou o maior esquema de corrupção da história das galáxias e toda a bobagem que só faz sentido para quem tem fígado podre a a alma amargurada, porque o povo que viveu o período de FHC e de Lula, sabe quem é quem.

Parece que a Globo, que ajudou a eleger Bolsonaro, através da condenação política de Lula, não aprendeu nada, achando que, ao chamar Bolsonaro de louco, agora, vai lhe tirar das costas o peso de ser a principal culpada do que aí está desse Brasil trágico, que só não está pior porque a população, com sua sabedora mantém uma desobediência civil, em sua grande maioria, aos apelos do miliciano que a Globo sabia muito bem que era o lixo do lixo da ditadura e, mesmo assim, resolveu anabolizar a sua candidatura.

Não venham agora, pela de boca de Merval Pereira, tentar mudar os fatos através uma falsa indignação.

Até dias atrás, enquanto os pobres empobreciam e os ricos faziam um banquete com as políticas de Guedes, a Globo era bolsonarista. E os ventos só mudaram porque, depois que Guedes cumpriu toda a agenda dos Marinho, a economia solou e o PIB agarrou no fundo da panela.

Assim, Guedes passou de bezerro de ouro ou vaca sagrada a azarão, a mula manca.

Para piorar, Bolsonaro, no desespero de salvar os filhos e a si próprio da cadeia, faz um discurso suicida em prol do vírus para salvar o mercado, o mesmo mercado tratado como o deus maior pela Globo. Na verdade, Bolsonaro sabe que, se o mercado perder com a pandemia do coronavírus, arranca-lhe, junto com os filhos, a calça pela cabeça com couro e tudo num estalar de dedos.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Bolsonaro intervém e trava geolocalização via celular

Estava tudo pronto para que fosse iniciado depois de amanhã mais uma arma contra a expansão do coronavírus: a geolocalização de dados, ou seja, o compartilhamento de informações para identificar como se desloca a população, se há multidões e situações de risco de contaminação pelo vírus.

As empresas de telefonia móvel já haviam encaminhado ao Ministério de Ciência, Tecnologia o memorando de entendimento, o próprio ministro Marcos Pontes gravara um vídeo anunciando a implantação do sistema nesta semana.

Só que no sábado Jair Bolsonaro ligou para Pontes mandando suspender tudo.

Alegou que há riscos para a privacidade do cidadão e que a Presidência precisa estudar melhor o tema, apesar de um parecer da AGU aprovar o uso da ferramenta proposta pelas teles.

O que foi proposto pelas empresas de telefonia móvel é uma solução semelhante à que foi adotada pela Coreia do Sul, um dos países com menores taxas de mortalidade pela Covid-19.

Mas Bolsonaro, em sua campanha contra o isolamento social, resolveu vetar a geolocalização.

E assim segue o desgoverno do Brasil.

Até quando os brasileiros suportarão um louco como presidente da República?

 

 

*Com informação de O Globo

 

Depoimento de um empresário que perdeu o pai para Covid-19: “Precisamos tirar esse presidente de onde ele está”

Um texto do empresário Adipe Neto, que perdeu o pai para o coronavírus, sobre a pandemia e a irresponsabilidade do governo brasileiro. “Senhor presidente, suas condolências são falsas, e eu não as aceito, guarde-as para quando algum dos seus queridos falecer”, diz o texto.

Neto comenta sobre as dificuldades de lidar com o fim da vida do pai na situação da pandemia, diante das dificuldades das autoridades em encarar o problema. “É claro o despreparo das autoridades desse país para lidar com essa pandemia. Meu pai foi testado positivo para covid-19, mas o atestado de óbito que entregamos no crematório estava como suspeita de coronavírus, ou seja, provavelmente ele não entrou na estatística”, comenta.

Depoimento de Adipe Neto

Sim, é um texto longo e te desafio a tirar 20 minutos do seu dia para ler e refletir sobre ele. Posso ter cometido erros de português e/ou de conceitos e estou aberto a aprender, caso seja esse o caso. Se puder leia esse texto com tempo e gentileza. Minha mãe Sylvia Regina Mattos Miguel está no facebook, mas minha irmã Karima não tem.

“Sabe aquele cara buona gente? Que é amigo do feirante ao dono do restaurante, que tira sarro de todo mundo de um jeito leve, descontraído e único, que faz questão que tu te sinta à vontade e mais do que isso, pertencente. Ele era humilde, amoroso, divertido, generoso e com certeza o melhor avô do mundo!” palavras do meu marido, Marco Seppi, sobre meu pai, Adipe Miguel Júnior, falecido em 6 de abril de 2020 de infecção por coronavírus.

Nesse momento em que começo a escrever esse texto faz exatamente 48 horas que ligaram do hospital onde meu pai estava internado pedindo para que algum familiar comparecesse lá pessoalmente. Dois dias antes tínhamos recebido a confirmação da infecção por Covid-19. Ninguém chama ninguém pessoalmente ao hospital para contar boas notícias.

O que se passou dali em diante ainda é atordoante na minha cabeça. Em várias conversas lembro do meu pai fantasiar sobre como seria o velório dele, ele ia aos velórios de todos os nossos conhecidos, tanto quanto ele podia, talvez numa forma de acumular pontos com o universo para que quando fosse chegada a hora dele ninguém o esquecesse.

Não pude velar nem pude ver o corpo dele, o que me ofereceram foi um saco preto lacrado com nome dele em cima. Não ritualizar essa passagem é doloroso e desumano. Não recebi fisicamente os abraços dos meus amigos e parentes queridos. Não pude abraçar nem consolar minha mãe que teve contato com ele e está em quarentena. Não pude ficar ao lado do caixão como ele tinha me pedido e ir dizendo para ele o nome de todos que lá estiveram para o último adeus. Não pude dar a ele o último adeus e homenagens que ele merecia.

No começo não sabia se deveria expor essa dor, trabalho com festas e diversão e não costumo postar muito. Mas em consenso familiar resolvemos postar, nada foi mais assertivo do que isso. Ao receber essa paulada de dor e desumanidade, recebemos uma enxurrada de amor e solidariedade. E é desse amor que eu e minha família temos literalmente nos alimentado para superar tudo isso.

É claro o despreparo das autoridades desse país para lidar com essa pandemia. Meu pai foi testado positivo para covid-19, mas o atestado de óbito que entregamos no crematório estava como suspeita de coronavírus, ou seja provavelmente ele não entrou na estatística. Fizemos questão de avisar o crematório que tratava-se de um caso confirmado de corona, pois os protocolos para casos suspeitos e confirmados são diferentes e a ficha que segue com o corpo deve conter um código grande e específico. Não foi o que aconteceu. Fato que poderia ter exposto agentes funerários a contaminação. Crime contra a vida.

Durante a tortuosa, dolorosa e demorada burocracia em liberar o corpo e atestados, tive tempo de conversar com diversos agentes funerários que relataram que desde o começo deste ano existem a cada dia mais mortes por dia na nossa cidade, em sua maioria classificadas como casos de morte por questões respiratórias e não de coronavírus. Ou seja, está errada a forma como estamos contando os mortos.

Acredito que quando apontamos um problema na sociedade da qual fazemos parte não podemos apenas apontar um erro sem nos colocar como parte do problema. E é como parte desse problema, parte dessa sociedade que venho dividir as minhas percepções sobre o que estamos passando.

Nós precisamos mudar nossa sociedade.

Os jornais deveriam parar de contabilizar os casos e mostrar rostos. Deveriam ter rostos nas capas de jornais e nas bancas de revistas diariamente e não números. As pessoas não entenderam ainda a situação pela qual estamos passando, dos vários amigos que me escreveram cerca de 15% relataram de parentes ou conhecidos que estão internados com corona ou suspeita e outros que como eu perderam alguém. Precisamos mudar o jornalismo e a forma como informamos as pessoas, não é possível tratarmos dessa questão apenas tecnicamente. Os jornais deveriam ter relatos como o meu de pessoas que passaram por isso e que possam dividir suas percepções de tudo, esse estado de choque com a morte é muito elucidador.

Politizaram o vírus, politizaram as vítimas e seus familiares.

Senhor presidente, suas condolências são falsas, e eu não as aceito, guarde-as para quando algum dos seus queridos falecer. É revoltante te ver na televisão falando mentiras, deveríamos te tirar de onde você está pelo simples fato de contar mentiras. Desejo que os mortos e fantasmas dessa pandemia te assombrem pela eternidade.

Precisamos mudar os políticos, precisamos tirar esse presidente de onde ele está. Ele tem falado calúnias na televisão e tudo que podemos fazer é panelaço? Me poupem, poupem os familiares das vítimas de ouvir suas panelas arrependidas. Parte de vocês escolheram esse senhor para comandar o país e agora vejam a forma como ele gerencia a maior crise de saúde e economia do nosso século. Tenho uma empresa de eventos, fui checar a ajuda do governo. A ajuda do governo vêm com juros, que ajuda é essa? E não é um juros muito abaixo do que já vinha sendo cobrado antes da crise.

Precisamos mudar a economia.
Precisamos encarar que passaremos por uma das maiores recessões que nossa geração já viu. Até que tenhamos a cura e vacina para esse vírus estaremos a mercê de quarentenas e isolamentos e temos que entender isso como sociedade. Precisamos mudar a forma como remuneramos nossos funcionários, é preciso mudar a porcentagem de lucro para as empresas e aumentar a porcentagem de participação dos colaboradores. Devemos valorizar mais profissões essenciais como agentes funerários, garis, enfermeiros, bombeiros, policiais, assistentes sociais e tantos outros pois são eles que estão se pondo em risco para manter o que ainda entendemos como sociedade. Devemos ser governados por pessoas que ganham 1 salário mínimo por mês, que ande de transporte público, more na periferia e que seja atendido pelo SUS. Devemos taxar grandes fortunas de forma contundente. Celebridades e grandes empresários doando meia dúzia de milhões quando isso representa menos de 0,5% de suas fortunas, me poupem. Empresários usem suas fortunas para manter salários, amigos usem suas reservas para manter seus empregados domésticos, vendam seus jatinhos suas mansões, vcs não precisam disso, doem suas fortunas para salvar o que ainda podemos de vidas… Usem seu dinheiro para salvar esse mundo e talvez a sua forma seja bancando pessoas com suas ações e bens.

A riqueza monetária deste mundo está na mão de 1% das pessoas, que tem mais do que o dobro da riqueza do resto da humanidade combinada (de acordo com a Oxfam). Leia e releia a frase anterior até vocês entenderem o que eu disse, é importante assimilar essa idéia.

Pessoas continuam morrendo de fome e doenças básicas como diarréia. Isso é de envergonhar nossa passagem pelo mundo, e nossa história como indivíduos.

Usamos uma menina menor de idade (Greta Thunberg) para defender o planeta e ser nossa embaixadora para alertar os maiores presidentes do mundo sobre as mudanças climáticas, expondo-a a canalhices do mundo machista e adulto, que vergonha de nós. Era obrigação nossa dar a ela e a todas as crianças um lugar melhor para elas morarem. Ao contrário disso estamos elegendo pessoas de caráter duvidoso. Precisamos deixar de ser sexistas, racistas e fóbicos em todos os aspectos e continuo a me incluir como parte desse problema. É um exercício diário de ressignificação e aprendizagem, o que está engendrado em nós como cultura são conceitos muito errados e temos que fazer longos, diários e comprometidos exercícios para mudar a forma como enxergamos isso. Mesmo assim, com mais informação e consciência, ainda continuaremos a ser sexistas, racistas e fóbicos, pois infelizmente isso é parte de nós para sempre, daqui para frente irá depende de nós a quem alimentamos internamente. Mas com esses exercícios temos a chance de ensinar algo mais nobre e virtuoso para os que vem depois de nós, para que assim talvez não seja engendrado neles a maldição desses preconceitos que habita nós, mas que dói só nas minorias dessa sociedade.

Se estivermos todos juntos e aceitarmos as nossas pluralidades seremos maiores do que os que nos oprimem. Dentro da minha própria minoria (LGBTQIA+) vejo como não nos aceitamos, não aceitamos nossa pluralidade. Nos rotulamos e nos dividimos por looks, likes, gomos, grau de feminilidade/masculinidade, categorizamos as pessoas pelo físico, pelos tamanhos e nos damos valores bons e ruins por isso. Continuo aqui a dizer que eu sou o primeiro a precisar a mudar, se estou apontando o dedo estou começando por mim mesmo.

O mundo precisa mudar.
Espero que lembrem-se bem o rosto dos governantes que desprezaram essa pandemia e politizaram o discurso e ações, espero que vocês vejam refletido nos corpos de todos nossos mortos a irresponsabilidade de um líder escolhido pelos motivos errados. Que vocês lembrem a negligência que é priorizar a economia e não as vidas. É preciso pessoas para fazer a economia e não o contrário. Não politizar o discurso, mas entender que tudo que fazemos é um ato político.

Precisamos mudar a forma como escolhemos nossos líderes, precisamos ser pessoas melhores para termos valores melhores e assim admirar qualidades mais nobres uns nos outros. Não vou politizar o assunto, a tentativa aqui é humanizar a discussão, mas a grande maioria dos meus conhecidos que votaram no atual presidente da república não o fizeram por admiração ao cara, fizeram por ódio a outro cara. Um ódio que poucos conseguem explicar, pouco sintetizado. Façamos terapia, por favor, todos nós, gastem mais tempo questionando-se do que apontando o dedo aos outros ou criando regras e padrões, interiorize-se. Se conheça e saiba os motivos reais de suas escolhas e seu real lugar de fala.

Postem as fotos dos seus entes queridos e dos entes dos seus amigos queridos que se foram, as pessoas precisam ver rostos e não números. Acho maravilhosa as redes sociais e acho que elas podem nos ajudar muito a manter essa conexão, e não só nesse momento, pois precisamos mudar a forma que nos expomos, precisamos mudar os nossos influenciadores. Precisamos admirar pessoas com mais valores humanos e menos materiais. Precisamos seguir pessoas diferentes literalmente. Continuamos a endeusar um ou outro em detrimento de todo o restante.

A dor que senti é tão concreta e tão cruel que preciso dividi-la com o máximo de pessoas que eu posso. E esse texto é sobre isso. Infelizmente iremos aprender com a dor, alguns de nós irá sentir ou está sentindo essa dor e ela é dura demais para ser carregada sozinha, por isso olhe ao seu redor e você achará a dor de alguém que vc consegue ajudar a carregar.

Estamos todos há dias trancados em casa, a mãe natureza nos colocou em espera. A minha maior dúvida é se entendemos de fato o que está acontecendo e se estamos nos transformando para a nova era que virá. E que urge vir. Os rios estão ficando limpos, podemos ver o Himalaia da Índia sem a poluição, a mãe natureza nos pede quarentena! Somos nós que habitamos a Terra e não o contrário, somos subordinados a ela e é isso que o coronavírus vem nos alertar. Parece que a cada 100 anos ela precisa lembrar isso a humanidade. São necessárias as peste para que o povo escolhido por deus seja liberto pelo faraó. Quantas pestes serão necessárias ainda? Quem é esse faraó? Do que precisamos nos libertar?

É preciso mudar a forma como fazermos tudo. Não vai haver normalização da vida, pois não há nada de normal perder tantas vidas em tão poucos dias. O mundo jamais será o mesmo, as pessoas não serão mais as mesmas e não estou dizendo como os cientistas apocalípticos, estou dizendo como um cara que sentiu a maior e cruel dor do mundo combinada com a maior comoção de amor e afeto e com isso entendeu que é preciso mudar e é preciso propagar essa idéia.

Algumas manifestações de carinho e solidariedade me deixaram completamente comovidos, o texto que meu marido postou, a ligação para minha melhor amiga em que só ouvimos um ao outro chorar, a mensagem de amigos que eu não falava há muito tempo ou amigos com quem tinha brigado, mensagens de empresários concorrentes no meu ramo de negócios, as flores que recebemos, as comidas, os áudios, os telefonemas que não tive forças para atender, enfim, eu e minha família temos nos alimentado desse afeto que estamos recebendo remotamente. Será que só sabemos nos manifestar afetuosamente e humanamente através da dor?!

Para você que ainda não perdeu ninguém, pare e pense nos seus familiares e amigos com pais e avós no grupo de risco e ligue ou escreva para eles. Liguem para seus pais, avós e amigos que estão passando por essa quarentena sozinhos. Façam as pazes com seus parentes e inimigos, acabem com as brigas e as guerras sejam elas quais forem. Baixem a guarda. Reconecte-se, parem de ter respostas tão rápidas a tudo, isso não é humano com vocês mesmos. Não esperem a dor chegar, não recomendo.

Meu pai partiu sem nossa despedida, mas o que veio com a perda dele foi amor, afeto, reconciliação, resiliência e ressignificação de conceitos. As empresas precisam mudar a forma como estão contribuindo para criar esse ambiente plástico e nocivo à sociedade e nós como sociedade temos que ser muito mais seletivos com o que e como consumimos. Os likes, seguidores, status, dinheiro, trabalho, cargos, jatinhos, fotos de pratos assinados por chefs nos valem do que agora? De nada. É tempo de se conectar com o real com o concreto. O que de fato temos valorizado como sociedade e como cada um poderia contribuir para mudar isso? Não sei, sei que tenho essa lição de casa agora.

Não esperem a vida voltar ao normal, não resistam, MUDEM. Há pouco tempo uma amiga plantou essa idéia na minha cabeça com a pergunta: -por que somos ou queremos ser resistência? Não temos de resistir, temos que ser os agentes da mudança. Pare por alguns minutos agora e reflita. Somos todos agentes potenciais dessa mudança. Se você sair dessa pandemia igual você entrou é por que vc não entendeu nada do que é estar vivo e qual o seu papel nesse momento.

Acredito que esse texto o é o único ritual que eu poderia fazer para homenagear meu pai, carrego o nome dele e prometi seguir com o legado dele. Entendo que é isso que estou fazendo ao sintetizar o que senti e entender que devemos aprender com essa dor.

Preparem-se! Não desejo o que senti para ninguém, mas isso será inevitável. Esteja pronto para compartilhar a dor com os seus queridos, ninguém é capaz de passar por isso isolado.

Em um certo momento de desespero me veio um sentimento de xxxx-se o mundo, xxx-se tudo, se meu pai morreu e tanta gente irresponsável continua viva, minha vontade era mais que tudo se acabasse com essa pandemia. Comecei a desejar que um meteoro nos atingisse o quanto antes e acabasse com tudo.

Mas aí me veio à mente minha amiga grávida que deve estar ganhando bebê nesse momento em que escrevo esse texto, os meus afilhado e afilhada de 1 ano, o filho adotivo de um amigo que acabou de ganhar sua família e no meu sobrinho que era o ser que meu pai mais amava no mundo e junto a memória de uma frase que escutei uma vez em uma igreja: Enquanto estiverem nascendo crianças é porque ainda há esperança.

Nesses dias eu entendi que a dor vai nos trazer o amor, o compartilhar a dor vai nos humanizar, nos humanizar vai nos fazer mais tolerantes. Vai depender só de nós como sairemos dessa quarentena.

Decidi que vou honrar o legado da minha família que uma vez já mudou de país para fugir de uma guerra e se abrigou neste país e ajudou a construí-lo. Temos o compromisso moral com essas crianças de deixar para elas um mundo muito melhor. E não estou falando de clima. Estou falando de material humano, estamos errando muito como humanidade. Nosso dinheiro, nosso trabalho, nossas ambições, nossa estética e nossos hábitos não podem ser maiores do que a experiência de estar vivo e o quanto honrar isso se faz necessário. Nos resta saber se seremos capazes de nos transformar dessa maneira.

Meus mais profundos sentimentos a todos que estão passando por isso e sabem da dor que estou falando. Que esses dias de trevas concretas que estamos vivendo seja partilhado com o mundo e que a nossa dor comova e transforme esse mundo.

Não vou deixar meu pai ser mais um número estatístico. Quero que ele seja um dos rostos dessa tragédia, que a história dele te comova e que essa reflexão com a qual ele me presenteou te faça mudar. Essa mudança será através da dor, do amor, da tolerância, do compartilhar e do se solidarizar com as mazelas desse mundo – por nós mesmos geradas, não pela força, pelas armas ou pelos radicalismos (de qualquer lado). Entendam os sinais da natureza. Ainda há tempo, mas talvez essa seja a última oração de muitos dos nossos.

Aproveitem esse tempo de páscoa onde talvez nosso redentor seja um vírus que veio trazer dor e com ela todo o restante que expus acima.

Disse alto, contando ao meu pai, o nome de todos que me escreveram, ligaram e dividiram comigo esse momento, esse foi nosso velório virtual.

Bento nasceu quarta passada, ainda há esperança!

 

*Do Facebook de Adipe Neto

Lambe-botas de Bolsonaro, Alexandre Garcia diz: ’65 mil respiradores para o Brasil não é excesso de gastos?

Sim, é inaceitável, mas foi exatamente isso que disse o lambe-botas de Bolsonaro, Alexandre Garcia: “65 mil respiradores para o Brasil não é excesso de gastos?”

Essa frase dele é o título de uma matéria publicada na Gazeta do Povo.

Logicamente, o ex-jornalista da Rede Globo de Televisão foi escrachado nas redes sociais após questionar sobre a quantidade de respiradores adquirida pelo Brasil para tentar salvar vidas de pessoas que contraíram e, infelizmente, ainda vão contrair a Covid-19.

Alexandre Garcia referiu-se ao aparelho essencial de ventilação pulmonar para pacientes em estado grave contaminados com coronavírus.

Confira os posts:

https://twitter.com/danielgobeti/status/1249682447446544386?s=20

https://twitter.com/delucca/status/1249673145138765824?s=20

https://twitter.com/chamberlaw/status/1249673697939591169?s=20

 

*Da redação

Covid-19 chegou nas prisões e, por culpa de Moro, resultado será trágico para toda sociedade

Moro e alguns juízes minimizaram coronavírus: como podem deitar e dormir sabendo que milhares estão expostos a uma pena de morte decretada por omissão?

A pandemia da Covid-19 tem se intensificado a cada dia no Brasil. Até o momento, oficialmente 1.223 pessoas morreram em decorrência da doença respiratória e mais de 22 mil contraíram coronavírus. E a perspectiva é ainda mais negativa: o Ministério da Saúde afirma que as infecções pelo vírus irão disparar no país entre o período de abril a junho.

Mesmo com todos os alertas e exemplos de outros países que estão lidando com a Covid-19 nos últimos meses, há uma ala do governo — que inclui o presidente da República — que insiste em minimizar a letalidade do vírus, com um discurso que visa priorizar a economia e o lucro das elites ao invés da vida da população.

O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, revelou ser parte desta ala, ao escrever no dia 30 de março um artigo para o jornal o Estado de S. Paulo, no qual afirma que pessoas presas não devem ser soltas das prisões. Naquela ocasião, ele argumentava que não havia dados oficiais que confirmem a proliferação do vírus no sistema carcerário, e que, da mesma forma que a população está isolada em suas casas, os presos e presas devem continuar isolados nas prisões — graças à suspensão das visitas — pois o cárcere é o “domicílio precípuo dessa população”.

A afirmação do ministro é falaciosa, pois os “dados oficiais” referentes à população carcerária, principalmente quando se trata da questão da saúde, sempre foram extremamente imprecisos, e com a pandemia isso não seria diferente. É sabido que muitas direções de unidades prisionais subnotificam e ocultam dados que correspondem à realidade.

No dia 8 de abril, o primeiro caso de coronavírus no sistema prisional foi confirmado no Pará. Depois, o positivo veio de um presídio no Ceará. Segundo o monitoramento do Depen, como já dito, defasado, já são 3 confirmados e 115 suspeitos. A prova da subnotificação é que, apenas no Distrito Federal, neste domingo (12/4), a Administração Penitenciária confirmou 18 agentes penais e 20 presos com a doença.

A estratégia política negacionista, que esconde a real situação de saúde das pessoas privadas de liberdade – aparentemente compartilhada pelo Ministro da Justiça e pelas demais autoridades responsáveis pela manutenção do encarceramento em tempos de pandemia – faz parte de uma engenharia silenciosa de genocídio do corpo descartável e marginalizado.

Com uma mão, o Estado manipula a verdade, anunciando, até pouco tempo, que não havia risco sério de que a doença atingisse os presídios, que todas as medidas preventivas estão sendo adotadas e que o encarceramento é a solução. Com a outra, permite a disseminação de enfermidades, se recusa a entregar medicamentos, utensílios, água e alimentos e ainda retira médicos dos estabelecimentos prisionais.

O cárcere já é uma máquina mortífera sem a Covid-19, e com este vírus a situação vai piorar. As ações preventivas sugeridas pelo Ministro de Justiça e da Saúde, em portaria editada no dia 18 de março, mostram um completo desconhecimento da situação carcerária.

As prisões estão superlotadas. Exigir que presos que tenham suspeita de ter o vírus sejam isolados, ou que mantenham distância de dois metros dos outros presos dentro da cela é algo inviável, assim como a realização da higienização diária destas celas, lembrando que a água é racionada até para o consumo humano, e materiais de limpeza são escassos.

Reportagem do Uol mostra que há pessoas presas com problemas respiratórios internados em hospitais por todos os estados do Brasil, além de mortes cujas causas não vêm sendo divulgadas. Só no estado de SP, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) também informou ao veículo que 86 agentes penitenciários foram afastados por suspeita de contaminação.

O próprio Depen (Departamento Penitenciário Nacional) informou à Ponte Jornalismo, na semana passada, que havia 118 casos suspeitos de presos com coronavírus nas prisões.

Soma-se a isso a falta de transparência das secretarias estaduais para divulgar informações sobre o coronavírus nas prisões. Temos um cenário no qual a sociedade só terá confirmação de que há casos comprovados de coronavírus no cárcere se ocorrer uma epidemia com um número brutal de mortos a ponto de que fique impossível esconder essas informações.

Em todo o caso, prevenir que isso ocorra é obrigação do Estado, que é responsável pela vida dos presos e presas. Em carta aberta à população brasileira, a Pastoral Carcerária Nacional pontuou que “se o vírus se espalhar pelas prisões brasileiras, as consequências serão desastrosas. 80% dos casos de coronavírus têm sintomas leves, como uma gripe; no entanto, os presos e presas possuem imunidade muito baixa por conta das condições degradantes existentes no cárcere. Somado a isso, segundo os últimos dados do Ministério da Justiça, 62% das mortes de presos e presas são provocadas por doenças, como HIV, sífilis e tuberculose”.

A Pastoral Carcerária Nacional tem defendido, desde quando a pandemia foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que medidas drásticas sejam tomadas para evitar o contágio dentro das prisões. Lembrando que, se há uma epidemia do vírus nas prisões, além das muitas vidas que serão perdidas atrás das grades, ela pode se alastrar para o resto da sociedade, infectando e matando mais pessoas.

A medida principal que deve ser tomada, não apenas na nossa visão, mas de muitas outras organizações sociais e até do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), é a diminuição da população prisional, tanto por meio da soltura de parte das pessoas presas, quanto pela diminuição do número de prisões realizadas. Dados do dia 7 de abril apontavam que, até aquela data, mais de 25 mil pessoas tinham ido para a casa para cumprir prisão domiciliar.

E o desencarceramento da população para prevenir o alastramento do coronavírus tem sido uma medida tomada em outros países. O Irã libertou 54 mil presos; prisões em Los Angeles e Nova York, nos Estados Unidos, também libertaram presos mais vulneráveis. Aqui no Brasil, alguns juízes em diversos estados têm feito o mesmo, optando pela prisão domiciliar.

O posicionamento de Moro está seguindo a chamada “necropolítica”, na qual o Estado escolhe quem deve viver e quem pode morrer. Caso o coronavírus se propague no cárcere, essas decisões são a aprovação de que um grande massacre nos presídios ocorra.

Sob o discurso de proteger a segurança pública, o ministro da Justiça está colocando, assim como faz seu presidente, não só as pessoas encarceradas e seus familiares em risco, mas a saúde de toda a sociedade.

Esperamos, para o bem de todos nós, que essa aposta não tenha um fim desastroso, e caso ela tenha, não foi por falta de aviso. Me pergunto como um juiz ou juíza consegue deitar à noite e dormir, sabendo que milhares de custodiados estão nesses infernos do cárcere, expostos a uma pena de morte decretada por omissão.

Repete-se o gesto de Pilatos na condenação de Jesus – lavam as mãos.

 

*Irmã Petra Silvia, da Pastoral Carcerária

*Com informações da Ponte

Vídeo: A dança macabra do ódio bolsonarista contra as vítimas do coronavírus

Uma das grandes estratégias da direita para impedir o debate político no pais, foi convocar todos os frustrados, amargos da vida pessoal para dentro da política para garantir um clima de ódio que impede qualquer reflexão que não seja carregada de rancor e de raiva da própria vida.

A cena protagonizada por esses zumbis capturados pela mídia, sobretudo pela Globo e, em seguida, cooptados pelo clã através de práticas criminosas, deu nisso que está no vídeo abaixo.

Um grupo de bolsonaristas se aglomerou e depois percorreu parte da av. Paulista na tarde deste domingo (12), com roupas e bandeiras verde-amarelas. Em uma das imagens é possível ver participantes carregando um caixão, debochando das mortes por coronavírus e da necessidade de quarentena.

Julguem vocês mesmos que tipo de monstro, hoje, interrompe o debate político no país, insuflado pelo gabinete do ódio, comandado por Eduardo e Carlos Bolsonaro, por encomenda do pai.

 

*Da redação

O médico e o monstro; quem é quem?

Não há inocentes ou éticos num governo como o de Bolsonaro, envolvido com a alta bandidagem carioca. Mandetta não seria, como não é, uma exceção.

Mandetta é médico e político, mais político do que médico e, por isso se mantém num governo de assassinos explícitos ou já teria saído do ninho dos ratos.

Dito isso, fica claro quem Mandetta quis atingir com sua frase em que acusa o presidente de fazer declarações opostas às do ministro da Saúde.

Mandetta deu uma sapatada no próprio monstro que governa o pardieiro em que se transformou o país nas mãos da milícia.

Lógico que Mandetta, como ministro da Saúde e médico, além de político, representa os profissionais da saúde, os mesmos que estão sendo as principais vítimas do instinto assassino de Bolsonaro, pois estão na linha de frente do combate à pandemia do coronavírus. Lógico, a população reconhece isso, assim como também o papel nefasto que Bolsonaro e filhos vêm fazendo.

Mandetta, como político que é, foi ao fantástico, um programa político da Globo, fazer política contra o clã.

É bom lembrar que nem Mandetta e muito menos a Globo se manifestaram contra Bolsonaro quando o imbecil atacou os médicos cubanos do programa Mais Médicos criado no governo Dilma, acabando com o programa. Ao contrário, ambos comemoraram. Sem falar que os três eram a favor da privatização da saúde e, consequentemente do SUS.

É bom lembrar também que Bolsonaro, Globo e Mandetta apoiaram o corte de investimentos feito pela PEC do fim do mundo no governo do vampiro corrupto e golpista Michel Temer.

Os três, Bolsonaro, Globo e Mandetta trabalharam como monstros juntos e misturados, porque milhões de brasileiros pobres ficaram sem assistência médica nenhuma, como estão agora sem qualquer proteção, expostos à pandemia de coronavírus.

Aliás, os três também estiveram irmanados no golpe contra Dilma, assim como na condenação e prisão política de Lula, pelo juiz corrupto e ladrão Sergio Moro, que é parte desse governo e que conta com o apoio de Mandetta e da Globo.

Trocando em miúdos, no atual quadro de calamidade, não se sabe quem entre Bolsonaro, Mandetta e Globo, é pelos médicos e todos os profissionais da saúde, pelo povo, ou pelo monstro.

Xico Sá, em seu twitter, fez ótimas observações sobre este assunto:

 

*Carlos Henrique Machado Freitas