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O Estado mínimo de Bolsonaro que destrói o país

Há uma lógica nessa loucura do governo Bolsonaro. A lógica da destruição do Estado brasileiro e a imposição da centralidade do mercado.

A direita, na sua era neoliberal, se empenha sistematicamente em desqualificar ao Estado, acusando-o de ineficiente, de burocrático, de corrupto. Promove o Estado mínimo, forma de promover a mercantilização da sociedade, de promover de uma sociedade em que tudo é mercadoria, tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra.

Para lograr esse objetivo, é necessário desarticular o Estado, com seus processos de regulação do mercado, de promoção dos direitos sociais de todos, de proteção dos cidadãos, de impulso ao crescimento da economia mediante investimentos e créditos, entre outras atividades.

É preciso criar na opinião publica a imagem negativa do Estado, que cobra muitos impostos e entrega pouco em troca, que intervém na vida dos cidadãos, tirando-lhes a liberdade, que deforma a economia intervindo nos mercados.
O Estado mínimo abriria espaço para o crescimento da economia, movida pelo mercado, que incentivaria os investimentos e fixaria os preços conforme a lei da oferta e da procura. Para a liberdade das pessoas, livradas à sua sorte, sem intervenção do Estado. Para que cada um possa ter acesso aos armamentos que deseje, para se defender dos riscos à sua segurança. Para que as religiões possam ter atividades sem limite, de qualquer ordem, incluso de ter lucros e acumular riquezas para as igrejas e para seus membros.

É o que faz o governo Bolsonaro, entre arbitrariedades e ex abruptos, vaivéns, valendo-se do assalto ao Estado que promoveu nas eleições de 2018. Destrói a capacidade do governo de regular a economia, desarticula os ministérios de caráter social – educação, saúde, assistência social, cultura -, que garantem os direitos de todos. Deixa todos livrados à sua sorte, da população que vive na rua aos desempregados, das pequenas empresas aos ambulantes.

A imagem das famílias vivendo nas ruas e praças das nossas cidades é a imagem mais expressiva desse governo e da ausência de Estado para proteger a população, especialmente os mais desvalidos. Populações abandonadas, sem emprego para ganhar seu sustento, sem casa para viver, sem poder público para protegê-la das milícias, dos traficantes e de todos os que atentam contra seus direitos mínimos na sua difícil vida privada.

É um governo que veio para desfazer tudo o que de melhor tinha sido feito no Brasil no passado recente. Desfazer as políticas sociais, a assistência aos mais pobres, a democratização da educação, o fortalecimento da saúde pública, o orgulho de ser brasileiro, o amor ao Brasil, a solidariedade social, a prioridade de ajudar aos mais necessitados, o papel do Estado de resguardar o direito de todos, a função dos governos de cuidar de toda a população.

Um governo que deixará o pais devastado, indefeso diante dos interesses brutais do capital especulativo, das grandes empresas internacionais e seus interesses de se apropriar das riquezas do pais. Um Estado liquidado das propriedades publicas, pelos processos de privatização que destroem as empresas construídas por décadas pelo povo brasileiro.

Mas, como é um governo para os ricos, fortalece os mecanismo de repressão das vítimas das suas políticas: as polícias, o Exército, as fábricas de armamentos. O presidente se vale dos espaços de que dispõem para atacar a democracia, para ofender os movimentos de cidadania, para elogiar os organismos de repressão, para incentivar o armamento e a violência na sociedade.

É uma loucura com a lógica da opressão, da exploração, da violência, da degradação. Que precisa ser combatida e derrotada pela lógica da democracia, da solidariedade, da convivência e da paz. Para isso é necessário recuperar um Estado democrático, defensor dos direitos de todos, garantia das condições de vida dignas para todos, que regulamente e limite as ações selvagens do mercado e promova a dignidade e a solidariedade como princípios da vida em sociedade.

 

*Emir Sader

 

Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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