Trabalhadores da Eletrobras anunciaram paralisação das atividades a partir da terça-feira 15, segundo nota divulgada pela Federação Nacional dos Urbanitários nesta segunda-feira 14. A organização afirma que 12 mil funcionários devem realizar uma greve de 72 horas, com término previsto para a meia-noite da quinta-feira 17.
A mobilização ocorre na semana em que o Senado pretende votar a Medida Provisória 1.031, que permite a privatização da Eletrobras. A empresa pública foi idealizada por Getúlio Vargas em 1954 e instalada em 1962, com a função de promover estudos, projetos de construção e operação de usinas geradoras, linhas de transmissão e subestações voltadas ao suprimento de energia elétrica do País.
São 125 usinas, 71 mil quilômetros de linhas de transmissão e 366 subestações de eletricidade.
Entidades do setor argumentam que a Medida Provisória vai desencadear o aumento na tarifa de energia, com o objetivo de beneficiar privilegiados que sustentam o governo de Jair Bolsonaro.
A Câmara aprovou a proposta em 19 de maio, mas em forma de substitutivo, e não a matéria original. Para os críticos à privatização, os dois textos resultam no “tarifaço”. No Senado, o relator do projeto é Marcos Rogério (DEM-RO), próximo ao governo. A expectativa é de que a sessão ocorra na quarta-feira 16, com aprovação.
A MP pode provocar um aumento de 20% nas contas de luz, por um período de 30 anos de concessão, estimam os especialistas Dalila Calisto e Gilberto Cervinski, em artigo publicado em CartaCapital. Segundo os estudiosos, as usinas da Eletrobras vendem energia a preços menores que as empresas privadas: enquanto a estatal cobra 65 reais por 1.000 kWh, as usinas privatizadas estipulam em média 250 reais pela mesma quantidade.
“Ao se privatizar a Eletrobras, será permitido ajustar os preços ao valor de mercado e essa diferença será repassada em aumentos futuros nas contas de luz”, escrevem.
*Vitor Ohana/Carta Capital
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