Mês: julho 2021

Pegasus: vazamento revela abuso de espionagem cibernética

Spyware israelense é vendido a regimes autoritários e usado para atingir ativistas, políticos e jornalistas, sugerem dados vazados.

Segundo reportagem do The Guardian, ativistas de direitos humanos, jornalistas e advogados em todo o mundo têm sido alvos de governos autoritários, usando software de hackeamento vendido pela empresa de vigilância israelense NSO Group, de acordo com uma investigação sobre um vazamento de dados de grandes proporções.

A investigação do Guardian, em conjunto com 16 outras organizações de mídia, sugere abuso generalizado e contínuo do spyware Pegasus, que a empresa NSO insiste ser destinado apenas para uso contra criminosos e terroristas.

Pegasus é um malware (vírus) que infecta iPhones e dispositivos Android para permitir que os operadores da ferramenta extraiam mensagens, fotos e e-mails, gravem chamadas e ativem microfones secretamente.

A lista vazada contém mais de 50.000 números de telefone que, acredita-se, foram identificados como de pessoas de interesse dos clientes da NSO desde 2016.

Forbidden Stories, uma organização de mídia sem fins lucrativos com sede em Paris, e a Anistia Internacional inicialmente tiveram acesso à lista vazada e compartilharam o acesso com parceiros de mídia como parte do consórcio de reportagem denominado Projeto Pegasus.

A presença de um número de telefone nos dados não revela se um dispositivo foi infectado com Pegasus ou apenas sujeito a uma tentativa de hackeamento. No entanto, o consórcio acredita que os dados são indicativos dos alvos potenciais dos governos clientes da NSO, identificados antes de possíveis tentativas de vigilância.

A análise forense de um pequeno número de telefones, que constam da relação, também mostrou que mais da metade tinha rastros do programa espião (spyware) Pegasus.

O Guardian e seus parceiros de mídia irão revelar a identidade das pessoas cujo número apareceu na lista nos próximos dias. Entre elas estão centenas de executivos de empresas, religiosos, acadêmicos, funcionários de ONGs, dirigentes sindicais e funcionários do governo, incluindo ministros, presidentes e primeiros-ministros.

A lista também contém o número de parentes próximos do governante de um país, sugerindo que o governante pode ter instruído suas agências de inteligência a explorar a possibilidade de monitorar seus próprios parentes.

As divulgações começam no domingo (18), com a revelação de que os números de mais de 180 jornalistas constam dos dados, entre repórteres, editores e executivos do Financial Times, CNN, New York Times, France 24, The Economist, Associated Press e Reuters.

O número de telefone de um repórter freelance mexicano, Cecilio Pineda Birto, foi encontrado na lista, aparentemente por interesse de um cliente mexicano nas semanas que antecederam seu assassinato, quando seus algozes conseguiram localizá-lo em um lava-jato. Seu telefone nunca foi encontrado, então nenhuma análise forense foi possível com vistas a estabelecer se ele estava infectado.

A NSO disse que mesmo que o telefone de Pineda tenha sido visado por algum cliente do Pegasus, isso não significa que os dados coletados de seu telefone contribuíram de alguma forma para sua morte, enfatizando que os assassinos poderiam ter descoberto sua localização por outros meios. Ele estava entre pelo menos 25 jornalistas mexicanos aparentemente selecionados, ao longo de um período de dois anos, como candidatos para serem vigiados.

Sem o exame forense dos dispositivos móveis, é impossível dizer se os telefones foram submetidos a uma tentativa ou efetivamente hackeados com sucesso usando Pegasus.

A NSO sempre sustentou que “não opera os sistemas que vende para clientes governamentais verificados e não tem acesso aos dados dos alvos de seus clientes”.

Em declarações emitidas por seus advogados, a NSO negou “falsas alegações” feitas sobre as atividades de seus clientes, mas disse que “continuaria a investigar todas as alegações confiáveis de uso indevido e tomaria as medidas cabíveis”. A empresa disse que a lista poderia não ser uma lista de números “visados por governos que usam Pegasus” e descreveu 50.000 como um número “exagerado”.

A empresa vende apenas para militares, policiais e agências de inteligência em 40 países, que não identificou, e diz que examina rigorosamente os registros de direitos humanos de seus clientes antes de permitir que usem suas ferramentas de espionagem.

O ministro da defesa israelense regula de perto a NSO, concedendo licenças de exportação individuais antes que sua tecnologia de vigilância possa ser vendida a um novo país.

No mês passado, a NSO divulgou um relatório de transparência no qual afirmava que sua abordagem em relação aos direitos humanos era líder no setor e publicou trechos de contratos com clientes estipulando que eles deveriam usar seus produtos apenas para investigações criminais e de segurança nacional.

Não há nada que sugira que os clientes da NSO também não tenham usado o Pegasus em investigações de terrorismo e crimes, e o consórcio também encontrou números nos dados pertencentes a suspeitos de crimes.

No entanto, a ampla gama de números na lista pertencente a pessoas que aparentemente não têm conexão com a criminalidade sugere que alguns clientes da NSO estão violando seus contratos com a empresa, espionando ativistas pró-democracia e jornalistas que investigam corrupção, bem como oponentes políticos e críticos do governo.

Essa tese é apoiada por análises forenses nos telefones de uma pequena amostra de jornalistas, ativistas de direitos humanos e advogados cujos números constavam da lista vazada. A pesquisa, conduzida pelo Laboratório de Segurança da Anistia, um parceiro técnico do Projeto Pegasus, encontrou rastros da atividade do Pegasus em 37 dos 67 telefones examinados.

A análise também revelou algumas correlações sequenciais entre a hora e a data em que um número foi inserido na lista e o início da atividade de Pegasus no dispositivo, o que em alguns casos ocorreu apenas alguns segundos depois.

A Anistia compartilhou seu trabalho forense em quatro iPhones com o Citizen Lab, um grupo de pesquisa da Universidade de Toronto especializado em estudar o Pegasus, que confirmou que eles apresentavam sinais de infecção por Pegasus. O Citizen Lab também conduziu uma revisão dos métodos forenses da Anistia e concluiu que eles eram sólidos.

A análise do consórcio dos dados vazados identificou pelo menos 10 governos considerados clientes da NSO que estavam inserindo números no sistema: Azerbaijão, Bahrein, Cazaquistão, México, Marrocos, Ruanda, Arábia Saudita, Hungria, Índia e Emirados Árabes Unidos.

A análise dos dados sugere que o país cliente da NSO que selecionou a maioria dos números – mais de 15.000 – foi o México, onde se sabe que várias agências governamentais diferentes compraram o Pegasus. Tanto o Marrocos quanto os Emirados Árabes Unidos selecionaram mais de 10.000 números, de acordo com a análise sugerida.

Os números de telefone selecionados, possivelmente antes de um ataque de vigilância, abrangiam mais de 45 países em quatro continentes. Havia mais de 1.000 números em países europeus que, segundo a análise, foram selecionados por clientes da NSO.

A presença de um número nos dados não significa que houve uma tentativa de infectar o telefone. A NSO diz que havia outros propósitos possíveis para os números serem registrados na lista.

Ruanda, Marrocos, Índia e Hungria negaram ter usado o Pegasus para hackear os telefones dos indivíduos citados na lista. Os governos do Azerbaijão, Bahrein, Cazaquistão, Arábia Saudita, México, Emirados Árabes Unidos e Dubai não responderam aos convites para comentar.

O Projeto Pegasus provavelmente gerará debates sobre a vigilância do governo em vários países suspeitos de usar a tecnologia. A investigação sugere que o governo húngaro de Viktor Orbán parece ter implantado a tecnologia da NSO como parte de sua chamada guerra à mídia, visando jornalistas investigativos no país, bem como o círculo próximo de um dos poucos executivos de mídia independentes da Hungria.

Os dados vazados e as análises forenses também sugerem que a ferramenta de espionagem da NSO foi usada pela Arábia Saudita e seu aliado próximo, os Emirados Árabes Unidos, para alcançar os telefones de associados próximos do jornalista assassinado do Washington Post, Jamal Khashoggi, nos meses após sua morte. A lista vazada também inclui o número de telefone do promotor turco que está investigando a morte do jornalista.

Claudio Guarnieri, que dirige o Laboratório de Segurança da Anistia Internacional, disse que uma vez que um telefone for infectado com Pegasus, um cliente da NSO pode efetivamente assumir seu controle, permitindo-lhe extrair mensagens, ligações, fotos e e-mails de uma pessoa, ativar secretamente câmeras ou microfones e ler o conteúdo de aplicativos de mensagens criptografadas, como WhatsApp, Telegram e Signal.

Ao acessar o GPS e sensores de hardware no telefone, ele acrescentou, os clientes da NSO também podem garantir um registro dos movimentos anteriores de uma pessoa e rastrear sua localização em tempo real com grande precisão, por exemplo, estabelecendo a direção e a velocidade em que um carro estava viajando.

Os avanços mais recentes na tecnologia da NSO permitem que ela penetre em telefones com ataques de “clique zero”, o que significa que o usuário nem mesmo precisa clicar em um link malicioso para que seu telefone seja infectado.

Guarnieri identificou evidências que a NSO tem explorado vulnerabilidades associadas ao iMessage, que vem instalado em todos os iPhones, e foi capaz de penetrar até mesmo em iPhones mais atualizados com a versão mais recente do iOS. A análise forense de sua equipe descobriu infecções bem-sucedidas e tentadas pelo Pegasus em telefones ainda neste mês de julho.

A Apple disse: “Os pesquisadores de segurança concordam que o iPhone é o dispositivo móvel mais protegido e seguro do mercado para o consumidor.”

A NSO recusou-se a fornecer detalhes específicos sobre seus clientes e sobre as pessoas que são seus alvos.

No entanto, uma fonte familiarizada com o assunto disse que o número médio de alvos anuais por cliente é de 112. A fonte disse que a empresa tinha 45 clientes para seu spyware Pegasus.

*Com informações da Carta Maior

*Créditos da foto: A investigação do Guardian e de 16 outras organizações de mídia sugere o abuso generalizado e contínuo de spyware da empresa israelense NSO. Ilustração: Guardian Design

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Investigado por tráfico de influência, filho de Bolsonaro fez permuta para se hospedar em ‘casa dos sonhos’

Um casarão de veraneio à beira do mar de Porto de Galinhas (PE), com dois andares, sete quartos (três suítes), piscina e outros confortos disponíveis para até 20 pessoas. Foi nesse local, apelidado de “Casa dos Sonhos”, que Jair Renan, filho de Jair Bolsonaro, hospedou-se no início deste mês durante uma temporada de seis dias passeando pelo Nordeste. A diária no espaço custa R$ 2,5 mil. Mas o jovem não precisou arcar com um centavo sequer.

Motivo da cortesia? Uma permuta fechada com a administração do local. Os responsáveis dizem que cederam uma noite para a estada de Jair Renan em troca de um publipost voltado aos 502 mil seguidores dele.

Na mesma viagem, o Zero Quatro esteve em Recife e Maragogi (AL). Neste último destino, fez propaganda para o Hotel Areias Belas, que prefere não informar se fechou parceria nesse mesmo esquema — lá, a diária dos quartos diante do mar, semelhantes ao de Jair Renan, não sai por menos de R$ 500 na temporada atual.

Aos 23 anos, Jair Renan é investigado desde março pela PF por tráfico de influência, sob a suspeita de ter utilizado a proximidade com o governo do pai para beneficiar a si mesmo através da própria empresa de eventos.

A Bolsonaro Jr. Eventos e Mídias tem, entre seus projetos, um camarote no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. O espaço vinha sendo divulgado por meio das redes sociais, mas sumiu delas após o início das apurações.

*Lauro Jardim/O Globo

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Brian Mier, jornalista norte-americano, avisa: ‘EUA vão armar um novo golpe contra Lula’

O jornalista norte-americano Brian Mier falou à TV 247 sobre a declaração do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, acerca da preocupação de seu país com a corrupção no Brasil, e não com a democracia. Segundo o jornalista, os EUA já preparam um novo golpe contra o Brasil.

“Ele foi honesto. Os Estados Unidos não se preocupam com democracia, se preocupam com petróleo. Esse foi exatamente o motivo principal para o golpe de 2016, para privatizar o pré-sal”, disse Brian Mier sobre a fala de Chapman.

Para ele, é preciso ficar atento para uma nova investida norte-americana contra o Brasil, principalmente com o objetivo de impedir a volta do ex-presidente Lula ao poder. O jornalista recomendou que se arme uma defesa contra o que está por vir. “Se prepara para mais um golpe no ano que vem, se prepara para um bombardeamento nas mídias sociais contra o PT e contra o Lula, porque essa é a nova ferramenta da guerra do espectro total, originado dos Estados Unidos”.

“A gente precisa pensar em como vamos nos defender de um ataque dessa natureza. Está sendo tudo montado. A gente não pode pensar que só porque Lula está liderando em todas as pesquisas ele vai ser eleito presidente. Tem outra tentativa de golpe eleitoral sendo montada com ajuda dos Estados Unidos, com a CIA, provavelmente, que estava lá visitando o Bolsonaro, e eu fico um pouco preocupado”, completou.

*Com informações do 247

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Como Braga Netto tentou operação Davati quando interventor no Rio

O remanejamento do general Ramos da Casa Civil não foi medida isolada de Bolsonaro. Sua entrevista ao Estado, dizendo-se atropelado por um trem, visou esconder o óbvio: a entrega de anéis ao Centrão foi uma decisão conjunto dos militares no governo, visando salvar o mandato de Bolsonaro.

A prova que faltava

Luis Nassif, GGN – A informação de que, quando interventor do Rio de Janeiro o general Braga Netto tentou adquirir coletes de segurança de uma empresa de Miami – sem licitação – pode se constituir na mais relevante informação sobre o grupo militar que se apossou do poder através de Jair Bolsonaro.

Reforça a tese de que a eleição de Bolsonaro foi uma operação articulada dentro das Forças Armadas por militares diretamente envolvidos com os negócios da ultra-direita mundial antes mesmo de Bolsonaro surgir como presidenciável.

Vamos por partes.

Primeiro, algumas reportagens pioneiras do GGN sobre os grupos de ultradireita mundiais e Bolsonaro.

Os negócios de Braga Netto com a intervenção

No dia 31.12.2019, a Agência Pública divulgou uma reportagem sobre os negócios de Braga Netto no comando da intervenção militar no Rio de Janeiro.

Segundo ela, Braga Netto fechou R$ 140 milhões em contratos sem licitação. Uma das compras foram 14 mil pistolas Glock para a Polícia Militar do Rio de Janeiro. O principal divulgador da Glock passou a ser Eduardo Bolsonaro. A compra antecedeu sua campanha, mostrando que as teias estavam sendo tecidas por Braga Netto mesmo antes da ascensão de Bolsonaro.

Na 5a feira, Brasil de Fato publicou reportagem mostrando acordo fechado por Braga Netto com a CTU Secutiry, para compra de coletes de segurança, no período em que comandou a intervenção no Rio de Janeiro.

Primeiro, Braga Neto armou a compra de coletes com dispensa de licitação no valor de R$ 40 milhões.

Aparentemente, a jogada foi suspensa após análise da Secretaria de Controle Interno da Presidência da República.

Mas os personagens envolvidos guardam preocupante semelhança com aqueles envolvidos na tentativa de venda das vacinas Covaxin.

Vamos comparar os principais personagens e modus operandi de ambas as operações.

Os personagens da licitação dos coletes

Primeiro, mais dados sobre a tal CTU, que pretendia vender coletes a Braga Netto.

Não é uma fabricante. É uma empresa de segurança em dificuldades financeiras, que até no nome mostrava seus propósitos políticos. A sigla significa Academia Federal da Unidade de Combate ao Terrorismo.

A empresa em questão é presidida por Antonio Emmanuel Intríago Valera, o Tony Intriago, um venezuelano conhecido como Tony Intríago e, agora, investigada pela participação no assassinato do presidente do Haiti.

https://www.facebook.com/100652334681130/videos/563037504694171

A CTU é especializada em contratar mercenários para operações políticas Segundo a Agência Pública, ela

“foi citada nas revelações do WikiLeaks em 2015 sobre a Hacking Team, uma empresa italiana conhecida por desenvolver ferramentas de vigilância e espionagem cujos programas foram acusados de roubar senhas de jornalistas e espionar ativistas de direitos humanos em países como os Emirados Árabes Unidos e Marrocos. O vazamento do WikiLeaks mostrou que a CTU buscou a Hacking Team para tentar vender projetos conjuntos de vigilância para o governo do México, revelando interesse, inclusive, na implantação remota de softwares espiões em computadores”.

A imprensa americana menciona que Intriago esteve envolvido com a tentativa de invasão da Venezuela em 2020.

As coincidências com o esquema Davati

Vamos às principais semelhanças entre as duas tramas:

Compra de emergência

Tanto nos contratos da intervenção do Rio de Janeiro quanto nos da Saúde, tentou-se fugir das licitações alegando emergência. Nos dois casos, Braga Netto foi personagem central, como comandante da intervenção militar no Rio, e como Ministro-Chefe da Casa Civil e coordenador do grupo de combate ao coronavirus. Nos dois casos, os órgãos de controle – ainda não desmontados por Bolsonaro – impediram a consumação das compras.

Donos de empresa de segurança e academia de tiro

Segundo o Miami Herald, além de vender equipamentos, a CTU é uma academia de tiro e uma agenciadora de mercenários para ações políticas. Teria participado de uma tentativa fracassada de golpe na Venezuela em 2020. Seu proprietário, Tony Intriago, é venezuelano.

Segundo a Newsweek, a CTU era uma empresa de segurança em dificuldades, ”que supostamente tinha um histórico de evitar dívidas e declarar falência”. Ou seja, o padrão Precisa (a empresa que intermediava vacinas) já estava presente nas compras de Braga Netto.

No caso da Covaxin, um dos personagens principais é Carlos Alberto Tabanez, proprietário de um clube de tiro e de uma empresa de terceirização, a G.S.I., que nos últimos anos conquistou R$ 20 milhões em contratos com o setor público, especialmente com o Hospital das Forças Armadas.

Desde 2019 apontamos que os Clubes de Tiro são o principal braço armado do bolsonarismo, a partir das ligações de Eduardo Bolsonaro com o clube de tiro de Florianópolis.

Eles são peças centrais da ideologia das armas.

Outro ponto em comum é o fator Haiti, comprovando que o núcleo original é o da força de paz do Haiti.

Em Brasília, Tabanez deu aulas de explosivos à tropa, quando se preparavam para ir ao Haiti. Já Tony Intriago tem relação umbilical com Haiti, a ponto de participar do assassinato do presidente.

Pastores de empresas benemerentes

No caso da Covaxin, um dos principais personagens é o reverendo Amilton Gomes, atuando através de uma falsa ONG, uma empresa de nome Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), que faz marketing da benemerência mas está aberta para negócios. É apresentada como ligada a uma tal Embaixada Mundial Humanitária pela Paz, além de se dizer parceira da ONU nas metas do milênio. Também se apresenta como especialista terapêutico, em psicologia e psicanálise.

No caso do atentado que matou o presidente do Haiti, o principal personagem é o reverendo Christian Shanon. do Tabernáculo Evangélico Tabarre, um haitiano de 62 anos que mora na Flórida há mais de duas décadas e que tem também uma empresa (disfarçada de ONG) de nome Operação Roma-Haiti,. Ele se apresenta como médico, embora não tenha nenhum registro médico em Miami.

Segundo o Miami Herald , Shanon pediu falência em Tampa em 2013 e teve mais de uma dúzia de empresas registradas no estado, a maioria das quais agora estão inativas

Mas juntou recursos para alugar um jatinho e levar as duas dezenas de mercenários para o Haiti.

Em ambos os casos, os pastores mantêm relações com militares e praticam o discurso da anti-corrupção.

Ontem, o Miami Herald trouxe mais um implicado, que possui falsa ONG de benemerência. Trata-se de James Solanges. Segundo o jornal,

James Solages, 35, foi um dos dois cidadãos americanos presos pelas autoridades haitianas imediatamente após o ataque ao presidente haitiano.

Natural de Jacmel, Haiti, Solages morava em Tamarac antes de ser detido. Em sites pessoais e páginas do Facebook que já foram retirados do ar, Solages se descreveu como um ex-guarda-costas da Embaixada do Canadá no Haiti e graduado na Fort Lauderdale High School.

Solages administrava uma instituição de caridade chamada FWA SA A JACMEL AVAN INC, que ele descreveu em sua página do LinkedIn, agora desativada, como uma instituição de caridade de capacitação econômica. Ele também é o CEO registrado da EJS Maintenance & Repair, LLC em North Lauderdale.

Um movimento maior do que o bolsonarismo

Não há coincidências, mas um modus operandi que liga esquemas da ultra-direita armada com pastores neopentecostais, em cima das mesmas bandeiras: interferência política para salvar a humanidade das esquerdas, ligações com Israel, montagem de ONGs para exercitar o marketing da benemerência.

No site da Senah, menciona-se que a tal Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários integra uma rede mundial que atua em 18 países.

O maior engano que poderia ocorrer, a esta altura do campeonato, é a extraordinária miopia de alguns analistas políticos, de supor que o Centrão está ocupando o espaço dos militares. Alguns artigos manifestam até solidariedade, como se os militares de Bolsonaro fossem cadetes ingênuos, sendo engolidos por raposas

Para com isso! Trata-se de um governo militar, composto por militares ambiciosos, das mesmas turmas do então tenente Jair Bolsonaro, que vão defender a ferro e fogo o espaço político conquistado. Bolsonaro é um agente do grupo militar.

As ligações de Braga Netto com empresas especializadas em atentados políticos, o eixo Haiti, a enorme quantidade de militares envolvidos em irregularidades, os abusos de contratos sem licitação beneficiando os neo-empresários, militares da reserva que estão conseguindo contratos polpudos com o setor público, tudo isso leva a crer que o Twitter do general Villas Boas não foi o início da tentativa militar de empalmar o poder, mas o tiro de largada.

O remanejamento do general Ramos da Casa Civil não foi medida isolada de Bolsonaro. Sua entrevista ao Estado, dizendo-se atropelado por um trem, visou esconder o óbvio: a entrega de anéis ao Centrão foi uma decisão conjunto dos militares no governo, visando salvar o mandato de Bolsonaro.

As concessões ao Centrão foram planejadas pelos próprios militares sabedores de que as revelações da CPI do Covid, especialmente a comunicação entre o então Ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, e a Saúde, desnudarão de vez a grande armação das vacinas.

Do mesmo modo, a indicação dos novos comandantes das Forças Armadas não foi um gesto de autonomia em relação a Bolsonaro. Foi uma escolha pessoal do Ministro da Defesa, Braga Netto. E uma escolha a dedo, a julgar pelas manifestações dos comandantes da FAB e da Marinha em endosso ao factoide criado para justificar a Nota Oficial contra o presidente da CPI Omar Aziz.

Nas próximas semanas, haverá a explicitação da parte mais complexa da infiltração militar: os grandes negócios realizados no âmbito do orçamento militar que estão sendo levantados pelo Tribunal de Contas da União.

Para manter o poder, a julgar pelas manifestações dos Ministros militares, não haverá limites. As manifestações públicas de militares são reflexo mínimo das manifestações que ocorrem nos grupos de WhatsApp e na calada da noite política.

Se nada for feito agora, os próximos 17 meses serão terríveis.

Foi incluído o trecho do Miami Herald sobre outro suspeito, James Solanges.

*Luis Nassif/GGN

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Vídeos e imagens do 24J pela queda de Bolsonaro; vai ser cada vez maior

Tudo isso é somente um aperitivo do que está por vir. Ninguém suporta mais o caos que o Brasil vive.

O povo pede BASTA!

Confira:

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É preciso calar a negação’ música pelo impeachment de Bolsonaro é lançada por artistas

O grupo Artistas e Sociedade Pelo Impeachment lançaram na 5ª feira (15.jul.2021) uma música crítica ao presidente Jair Bolsonaro. Pedem a sua queda.

Desgoverno – Música de Zeca Baleiro e Joãozinho Gomes.

A canção faz parte da entrega de um abaixo-assinado pelo impeachment, com mais de 30.000 signatários, aos líderes de bancadas da oposição no Congresso.

Assista:

*Da redação

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Ato em São Paulo tem cartaz com ‘e-mails da Pfizer’ a Bolsonaro

Manifestantes que irão participar do ato contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estão concentrados hoje à tarde em frente ao MASP, na avenida Paulista, em São Paulo. A via está bloqueada nos dois sentidos.

Em meio aos cartazes, há até uma reprodução dos “e-mails da Pfizer” endereçados ao presidente, em referência ao vídeo do humorista Rafael Chalub, que ironizou as supostas ofertas de vacina ignoradas por Bolsonaro na pandemia.

“É uma tentativa de tornar lúdico algo que a gente vê no cenário político. Isso serve lembrar as pessoas que a gente já estaria vacinado se Bolsonaro tivesse feito o trabalho dele”, disse Patrick Aguiar, 20 anos, estudante de Gestão Pública da USP.

A concentração ainda conta com um carro de som, faixas pedindo o impeachment, bandeiras de partidos de esquerda, de integrantes do movimento negro e de apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com um cartaz onde se lê a mensagem “Ele não”, o pastor evangélico Márcio Pereira, 61, ostentava uma camisa com mensagem de apoio ao SUS e pedindo pela saída de Bolsonaro.

“O evangélico prega amor, justiça social e respeito à diversidade. Bolsonaro é o contrário disso. E representa um governo irresponsável, que não investiu na prevenção”, lamentou.

*Com informações do Uol

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Partidos não querem a filiação de Bolsonaro

PP, Republicanos, PSL e PL impõem resistências a planos de filiação de Bolsonaro.

Presidente enfrenta dificuldades para encontrar uma sigla que aceite abrigá-lo na disputa pela reeleição. Após tentativas frustradas, a legenda do senador Ciro Nogueira (PP-PI), escolhido para a Casa Civil, passou a ser opção, mas alianças regionais são entraves.

O presidente Jair Bolsonaro completou, no início do mês, a marca de 600 dias sem estar filiado a um partido e segue enfrentando obstáculos no caminho para encontrar uma sigla que aceite abrigá-lo na disputa pela reeleição, em 2022. No caso do PP, destino que ganhou força após a escolha do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para o comando da Casa Civil, alianças regionais aparecem como entraves. Outros partidos avaliados pelo chefe do Executivo e seu entorno também apresentam barreiras, casos de Republicanos, PL e PSL.

O roteiro atípico de um ocupante do Planalto que não consegue um partido para se filiar existe desde 12 de novembro de 2019 (623 dias atrás), quando Bolsonaro deixou o PSL para, em tese, criar seu próprio projeto partidário. Como a iniciativa do Aliança pelo Brasil não foi adiante, restaram as tentativas — frustradas — de ingresso no Patriota. O partido enfrentou um racha interno, seguido de uma disputa jurídica, após mudanças no estatuto para receber o presidente.

Na semana passada, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) disse que a presença de Nogueira no Palácio do Planalto facilitaria o ingresso do pai no PP. Parlamentares do partido ouvidos pelo GLOBO, no entanto, avaliam que não será simples construir um consenso para que Bolsonaro dispute a reeleição pela sigla. Parte das lideranças do PP já se prepara para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Palácio do Planalto no ano que vem. Há resistências ao nome de Bolsonaro em estados do Nordeste, como Bahia, Maranhão, Pernambuco e Paraíba. Integrantes do PP dizem ainda que é muito improvável que o presidente consiga controlar estruturas regionais, como desejava fazer com o Patriota.

São Paulo é entrave

Bolsonaro sempre manifesta o desejo de que um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), controle o diretório de São Paulo do partido que receberá a família — no caso do PP paulista, que apoia a gestão do governador João Doria (PSDB), a hipótese está fora de cogitação.

Nas últimas semanas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tentou convencer o presidente do PSL, Luciano Bivar, a retomar o diálogo com Bolsonaro e filiá-lo novamente ao partido que o levou a vitória contra Fernando Haddad (PT-SP) em 2018. Como a conversa não evoluiu — o deputado Julian Lemos, por exemplo, reiterou que não abrirá mão do comando da legenda na Paraíba —, Lira e Ciro Nogueira tentarão convencer Bolsonaro a insistir nas conversas com outras siglas menores. Na última quinta-feira, o presidente revelou, durante uma transmissão ao vivo, que esteve com José Maria Eymael, do Democracia Cristã (DC).

Senador do PP por Santa Catarina, Esperidião Amin diz que é amigo de Bolsonaro, mas reconhece que a filiação ao partido, neste momento, não seria um bom negócio:

— Vai provocar ciúme. A inveja é o crime que ninguém confessa. Como eu gosto dele, tenho uma convivência de 30 anos (com Bolsonaro), quero bem, digo que não seria a melhor hora de entrar no partido.

Deputado por São Paulo, Fausto Pinato (PP) é um crítico contumaz do governo Bolsonaro. Já disse que o presidente é portador de “grave doença mental” e constantemente entra em rota de colisão com os filhos do presidente. Sua maior preocupação, segundo diz, é o “extremismo ideológico”. Presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, insurgiu-se nos últimos anos contra a política externa do governo, comandada por mais de dois anos por Ernesto Araújo, que não mantinha bom relacionamento com o país asiático.

— O partido tem uma linha independente. Eu sou um crítico da conduta do governo e do extremismo. Não sou contra as pessoas. De repente, a ida do Ciro (Nogueira) pode ser uma sinalização de que, a partir de agora, pode haver moderação. O nosso partido é pragmático — diz Pinato.

Outro nome de destaque entre os que não são alinhados a Bolsonaro é Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), próximo ao ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). No início do ano, decidiu não apoiar o candidato do Planalto à presidência da Câmara, o colega de partido Arthur Lira. Ex-ministro das Cidades de Dilma Rousseff, Ribeiro é contra a entrada de Bolsonaro no partido.

O deputado federal André Fufuca (PP-MA) ressalta que os contornos regionais têm um peso significativo na história da legenda:

— O PP tem essa característica de respeitar o diálogo nos estados. Em 2018, quando a ex-senadora Ana Amélia foi vice de Alckmin, a realidade era outra em outros estados. Em Pernambuco, estávamos fechados com o PSB. Piauí, Bahia e Ceará, com o PT. Não sei se esse quadro mudaria em 2022.

Os outros dois principais partidos da base de apoio a Bolsonaro no Congresso seguem sem se movimentar para recebê-lo. A interlocutores, o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, afirma que a sigla não deseja filiar Bolsonaro e contenta-se em apoiá-lo e ter espaço no governo com o Ministério da Cidadania, que tem João Roma à frente. Ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, o Republicanos chegou a filiar dois filhos de Bolsonaro (Flávio e Carlos), mas a relação desandou — o senador, inclusive, já deixou a sigla. O partido considerou que foi pouco ajudado nas eleições de 2020 em Rio e São Paulo, quando Marcelo Crivella e Celso Russomanno, respectivamente, foram derrotados. Já a igreja acha que o Planalto foi omisso na crise que a instituição enfrenta em Angola.

“acordo caro”

Já o PL de Valdemar Costa Neto anda insatisfeito com o baixo respaldo dado para a ministra Flávia Arruda, da Secretaria de Governo. Em outro foco de resistência, Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara, é opositor de Bolsonaro e tem sinalizado a favor do impeachment do presidente.

Professora de Ciência Política da Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio), Luciana Veiga explica que a dificuldade de Bolsonaro em escolher uma sigla ocorre porque fica cada vez mais “caro” apoiá-lo, à medida que o presidente registra desgaste em sua popularidade. A última pesquisa do Datafolha, divulgada no início de julho, mostrou que a reprovação ao governo subiu a 51%, o maior patamar desde o início do mandato.

— Quando a aprovação é baixa, o acordo fica mais caro. Quando a aceitação está mais alta, fica mais barato. No caso do Nordeste, encarece ainda mais porque é uma região que está mais propensa a votar em Lula — analisa Luciana.

*Bruno Góes, Natália Portinari, Marlen Couto e Camila Zarur/O Globo

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Com baixa vacinação, variante delta dispara e prolifera no mundo

Dados preliminares indicam que infectados pela linhagem podem ter carga viral cerca de 1.000 vezes maior, o que facilita o contágio.

A variante delta do coronavírus Sars-CoV-2 (anteriormente chamada de B.1.617.2), identificada pela primeira vez na Índia no final de 2020, está colocando em alerta até países com a vacinação avançada contra a Covid-19, como é o caso de Estados Unidos, Reino Unido e Israel.

Nesses locais, a chegada da variante delta fez o número de novas infecções subir rapidamente entre as pessoas que não receberam nenhuma vacina. Nos Estados Unidos, mais de 80% dos novos casos da doença são causados pela variante delta.

Esse cenário pode ser o futuro no Brasil. Por aqui, sabemos que a variante delta já chegou, mas não fazemos sequenciamento genético suficiente para acompanhar com precisão o espalhamento dessa linhagem do vírus entre a população. As medidas para conter a variante são tiros no escuro, com dados incompletos.

A falta de dados, no entanto, não deveria impedir medidas mais incisivas. Sabe-se que a variante delta se espalha com muito mais facilidade aonde chega, e muito rapidamente se torna a linhagem dominante do vírus.

Cientistas da Austrália relataram à mídia local um caso alarmante. No país, o rastreamento de novos casos de Covid é levado muito a sério; é possível saber quem passou o vírus adiante e quando em algumas situações. Em um encontro rápido dentro de um shopping center uma pessoa teria infectado a outra com a variante delta do coronavírus. As duas pessoas teriam ficado próximas uma da outra por um tempo de 5 a 10 segundos apenas.

Esse tempo de exposição é muito inferior aos 15 minutos que os especialistas estimavam anteriormente (um número ainda não confirmado com precisão por estudos científicos).

Os cientistas começam a seguir as pistas que podem nos levar a um melhor conhecimento sobre os mecanismos da variante delta.

“A maior transmissibilidade da variante delta ocorre porque as mutações causaram uma maior afinidade das proteínas S, dos espinhos da superfície do vírus, com o nosso receptor. Há uma interação mais forte”, diz Viviane Alves, microbiologista e professora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB/UFMG).

“Nunca ficamos doentes inalando apenas um ou dez vírus; tem uma carga viral mínima para gerar a infecção e que varia de acordo com o vírus. No caso da variante delta, precisamos de uma menor quantidade de vírus para sermos infectados. A transmissão de pessoa para pessoa é muito mais fácil”, afirma.

Estimativas sobre o potencial de transmissão da variante delta variam muito, mas dizem que a linhagem é pelo menos 50% mais transmissível. Alguns cientistas sugerem um número acima de 200%.

Além disso, uma pessoa infectada pela variante delta tem uma carga viral que pode ser até cerca de mil vezes maior do que um paciente infectado por outra variante, segundo um estudo realizado por cientistas de instituições chinesas publicado em artigo no formato pré-print, isto é, ainda não revisado por outros cientistas.

Com uma maior carga de vírus, um infectado tende a ser mais contagioso. “Se uma pessoa infectada pelo coronavírus pode passar o vírus para outras três pessoas, com a variante delta ela pode passar para outras cinco”, exemplifica Alves.

O que mais pode ser feito para evitar que a variante se alastre? A prioridade deve ser uma distribuição mais rápida de vacinas, segundo especialistas do mundo todo. Medidas como uso de máscaras, distanciamento social, boa ventilação dos ambientes e higiene das mãos são simples e mantêm o vírus longe –com a chegada da variante delta, elas devem ser intensificadas.

“O fato de estar respirando o mesmo ar de um infectado já é suficiente para o contágio. Se houver espirros e tosses, a chance aumenta ainda mais”, diz Alves.

As vacinas disponíveis, apesar de serem a melhor arma contra a Covid-19, são menos eficazes contra a variante delta. A proteção parcial concedida por uma dose das vacinas da Pfizer/BioNTech e da AstraZeneca/Oxford deixa de existir contra a delta, e é ainda mais importante que o ciclo com duas injeções seja completo, de acordo com estudos recentes.

Um artigo publicado em pré-print na terça-feira (20) indicou que a vacina da Janssen (Johnson & Johnson), aplicada em dose única, pode não trazer proteção contra a variante delta. Mesmo anticorpos gerados após uma infecção, que podem evitar que a pessoa pegue novamente a doença, não são tão potentes contra a variante.

Assim, o número de novas infecções entre pessoas já vacinadas ou que tiveram a Covid-19 no passado pode aumentar com o avanço da variante delta.

Nos Estados Unidos, onde as máscaras não são mais obrigatórias em grande parte do país, a variante delta ameaça trazer a proteção facial novamente.

No fim de junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugeriu que mesmo pessoas já vacinadas deveriam continuar usando máscaras, em parte devido à circulação de novas variantes, como a delta, que ainda não têm todos os seus riscos estudados.

“As vacinas sozinhas não vão fazer parar a transmissão comunitária, e precisamos assegurar que as pessoas vão seguir as medidas de saúde pública”, disse a médica brasileira Mariângela Simão, diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS), em entrevista coletiva.

“As pessoas precisam continuar a usar as máscaras consistentemente, ficar em lugares bem ventilados, fazer higiene das mãos, manter o distanciamento físico e evitar as aglomerações”, concluiu.

*Everton Lopes Batista/Folha

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Com salário de R$ 100,7 mil é fácil ameaçar golpe

Uma bela de uma mamata. Com um salário desse, qualquer um fica valente pra ameaçar golpe.

Sim, é exatamente isso. O general Walter Braga Netto, ministro da Defesa, recebeu R$ 100,7 mil de salário líquido no mês passado. O general, que ameaça com novo golpe, é beneficiário de uma verdadeira mamata.

Além dos habituais R$ 30,9 mil de salário, o general obteve R$ 91 mil de “outras remunerações eventuais”.

“Golpismo e mamata explicam arroubo de general. Quero ver explicar isto na Câmara”, escreve no Twitter o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), que convocará Braga Netto para dar explicações.

*Com informações do 247

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