A Casa Civil contradisse a justificativa dada pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, em outubro, para a “carona” dada a sete parentes da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, em um voo da FAB (Força Aérea Brasileira), quando alegou que todos eram voluntários no programa Pátria Voluntária, do governo federal, informa o Uol.
O voo em questão aconteceu em 21 de agosto, mas só veio à tona em outubro — foi nessa ocasião que a ministra deu a versão de que se tratavam de supostos voluntários do programa federal. Na época, o voo saiu do Distrito Federal com destino a São Paulo, com 16 passageiros no total, entre os quais Sarita Pessoa, a filha mais velha, uma cunhada, três irmãos e dois sobrinhos da primeira-dama. No retorno à capital federal, o maquiador bolsonarista Agustin Fernandez, que não tem cargo no governo, também pegou um carona — antes, Damares e Michelle marcaram presença em uma festa do influenciador.
Em outubro, a pasta chefiada por Damares informou que “todas as pessoas citadas foram transportadas pela aeronave da FAB, nos trajetos de ida e volta, como voluntárias nas diversas vertentes do Pátria Voluntária”, quando viajaram a São Paulo para participar de um evento do programa social gerido por Michelle.
Porém, “O Globo” diz que a Casa Civil afirmou que “dos nomes citados, faz parte do programa apenas a servidora Lilian costa Cardoso”, que estava no voo, mas os demais não constam entre os participantes do Pátria Voluntária. Ao jornal, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos negou a informação da Casa Civil e reafirmou o dito anteriormente.
Um decreto publicado em 5 de março de 2020 dispõe acerca da comitiva de voos do Comando da Aeronáutica: “A comitiva que acompanha a autoridade na aeronave do Comando da Aeronáutica terá estrita ligação com a agenda a ser cumprida, exceto nos casos de emergência médica ou de segurança”.
Em janeiro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro PL) chamou José Vicente Santini então secretário-executivo da Casa Civil de “imoral” por usar, sem autorização, um avião da FAB para ir até a Índia.
Em outubro, a FAB disse ao UOL que o voo feito por Damares Alves e Michelle Bolsonaro aconteceu por motivos de “serviço”. No registro da FAB, a previsão de passageiros no voo de ida era de 20 pessoas e de 22 viajantes na volta.
O Uol entrou em contato por e-mail com o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos e a Casa Civil, mas ainda não obteve retorno. Quando for respondido, esta matéria será atualizada.
Ministros levam de parentes a lobistas em voos da FAB
O caso envolvendo Damares Alves e Michelle Bolsonaro não é o único em que membros do governo Jair Bolsonaro tem feito uso de aviões da FAB para transportar pessoas que não constituem o governo.
Segundo a Folha revelou em outubro, ministros de Bolsonaro levam de parentes a pastor e lobistas em voos oficiais da FAB. Jair Renan, filho 04 do presidente, já pegou ao menos cinco “caronas” em deslocamentos solicitados por diferentes ministros.
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, já transportou o advogado Marcos Meira, enquanto o chefe da Educação, Milton Ribeiro, levou o pastor Arilton Moura, da Igreja Cristo Para Todos, em um voo de maio de 2021. Os ministros Marcelo Queiroga (Saúde) e Tereza Cristina (Agricultura), também já transportaram parentes em voos oficiais.
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