Ano: 2021

Mostrando rosto pela 1ª vez, médicos da Prevent narram pressão por alta precoce de pacientes para diminuir custos e liberar leitos

Três médicos que ajudaram na construção do dossiê entregue à CPI da Covid foram ouvidos pelo Fantástico e narraram rotina de medo, apreensão e insegurança após denúncias se tornarem públicas. Operadora diz que “investigações técnicas esclarecerão os fatos”.

Três médicos que trabalhavam na operadora de saúde Prevent Senior e ajudaram na construção do dossiê investigado pela CPI da Covid mostraram o rosto pela 1ª vez, em entrevista ao Fantástico, neste domingo (3). Eles narraram pressão da operadora de saúde para a alta precoce de pacientes, a fim de diminuir custos e liberar leitos de UTI nos hospitais da empresa.

George Joppert, Walter Correa e Andressa Joppert dizem que vivem atualmente uma rotina de medo, apreensão e insegurança, após as denúncias contra a operadora se tornarem públicas.

Na entrevista, reafirmam a pressão para prescrição de ‘kit Covid’ nos hospitais da empresa e confirmam a meta para que os médicos atendessem 60 pacientes por cada plantão de 12 horas nos hospitais.

“A intenção de denunciar também é expor a fraude. Expor a fraude do tratamento precoce, a fraude de suposto sucesso de gestão”, disse Walter Correa ao Fantástico.

“Nós estamos fazendo a coisa certa. Nós não somos criminosos. O bem social acho que tem que prevalecer acima de qualquer outra definição, ou de dinheiro ou de lucro”, afirmou George Joppert.

“São vidas que eles estão cuidando, e não estão cuidando como deveriam cuidar”, declarou Andressa Joppert. Os três fazem parte do grupo de 12 médicos que escreveram o dossiê contra a operadora e devem ser ouvidos pela CPI da Covid nos próximos dias.

‘Kit Covid’

Os três médicos contam que, no ano passado, houve muita pressão da Prevent Senior para que eles receitassem o chamado “kit Covid”, que é o pacote com os remédios ineficazes contra a Covid-19, que era distribuído para os clientes do plano de saúde no momento das consultas.

Segundo os profissionais, não havia autonomia dos médicos para decidir ou não pela prescrição desses remédios durante a pandemia.

“Eles estavam de olho em quem prescrevia ou não. Foi uma coisa que eles tinham um controle, então não havia essa autonomia”, afirmou Walter Correa.

“Entregava a receita, entregava o kit que já ficava no consultório. Era tudo controlado. Ficava um balde com um monte de saquinho com os kits, era meio constrangedor às vezes, entregava para os pacientes a receita com kit e orientava ‘olha, a gente tem que prescrever mas melhor usa só as vitaminas, não usa medicação’. E era assim que funcionava”, completou.

Andressa diz que um diretor chegou a obrigá-la a receitar hidroxicloquina a uma paciente com problemas cardíacos, sob ameaça velada de demissão.

“É uma contraindicação para o uso de hidroxicloroquina. Até no próprio protocolo da Prevent é uma contraindicação. Então, mesmo com aquela contraindicação, eu fui orientada. Teria que prescrever, mas eu não prescrevi. E fui chamada atenção”, afirmou a médica.

Questionada sobre o que poderia acontecer com o médico que não receitasse os remédios ineficazes, a médica foi taxativa: “Ele teria um castigo. Ficaria sem os plantões uma semana, duas semanas, dependendo do que ele fez. O castigo dele seria isso: não teria o dinheiro dele planejado no fim do mês”, disse Andressa.

“Não era necessário que fosse feito uma ameaça aos médicos. O ambiente hostil já fazia isso por si só. A gente já sabia que existe uma sugestão de um protocolo, se você não segui-lo, você vai sofrer sanções. O máximo que acontecia era alguém prescrever e orientar a não usar”, declarou Walter Correa, que trabalhou oito anos como plantonista do Pronto Socorro da Prevent Senior.

Ele foi demitido em fevereiro deste ano e acha que o motivo do desligamento foi justamente por ter deixado de prescrever o “kit Covid” por algum tempo.

“Apesar de ter ficado muito tempo lá, eu acho que nunca me adequei muito bem às práticas da Prevent Senior. É curioso até eu ter ficado tanto tempo, mas acho que a gota d’água foi no final, a questão de eu ter ficado sem prescrever o kit”.

*Com informações do G1

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica
Agência 0197
Operação 1288
Poupança: 772850953-6
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450. 139.937-68
PIX: 45013993768

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Abutres tropicais tipo exportação: Seis banqueiros que sangram o Brasil têm offshores em paraísos fiscais

Dados são da série Pandora Papers e revelam opção de profissionais do mercado financeiro.

Poder 360 – Luiz Carlos Trabuco Cappi, hoje presidente do Conselho de Administração do Bradesco, foi presidente por 9 anos do 2º maior banco brasileiro. Na hora de organizar as suas próprias finanças, porém, ele é um banqueiro globalizado: guarda parte das suas economias em uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. Não há qualquer ilegalidade com a offshore de Trabuco. Ela foi declarada à Receita Federal, como manda a lei brasileira.

Na cúpula do sistema bancário brasileiro, o uso de offshores para investimentos e pagar menos impostos é comum. É uma prática que vai das instituições tradicionais –como Bradesco ou Santander– aos novos bancos, caso do Inter ou Agibank. E passa pelas instituições públicas, como o BRB (do governo do Distrito Federal).

Trabuco Cappi, que presidiu o Bradesco por 9 anos, é dono da Capvel Overseas Investments Limited. Junto com os filhos, ele tem ao menos US$ 5 milhões na conta dessa offshore, aberta nas Ilhas Virgens Britânicas.

A herdeira do Bradesco e presidente da fundação do banco, Denise Aguiar, também tem 3 offshores nesse mesmo paraíso fiscal. Outros 4 executivos ou ex-dirigentes do banco são donos de empresas nas Ilhas Virgens Britânicas. São eles:

  • Cassiano Ricardo Scarpelli, vice-presidente do banco, criou a Monte Gennaro International para investir em títulos internacionais, como “time deposit”, “bonds” e “bills”, como declarou na ficha que enviou para as autoridades das Ilhas Virgens Britânicas;
  • Eurico Ramos Fabri, diretor de Crédito do Bradesco, abriu no Caribe a Vincenza Inc. com a mulher e uma filha;
  • Samuel Monteiro dos Santos Junior, foi vice-presidente da holding Bradesco Seguro e Previdência e hoje integra o Conselho de Administração do banco e o do grupo Fleury. É dono da Idaho Holding Company com a mulher e 2 filhos;
  • Antonio Bornia, que presidiu o Bradesco na Argentina e integrou o Conselho de Administração até 2015, tem a Anfamar & Sons Limited com 2 filhos.

    Todas as offshores dos executivos do Bradesco foram declaradas às autoridades brasileiras, segundo a assessoria do banco.

Do Santander, 3º banco privado no ranking brasileiro, Sérgio Rial, diretor-executivo, também é usuário antigo de offshores. Ele trabalhou no exterior por mais de 20 anos. É dessa época a abertura da Celtic Associates Ltd nas Ilhas Virgens Britânicas. O patrimônio da empresa é de pelo menos US$ 10 milhões. Rial diz que a sua offshore foi declarada à Receita Federal.

O Brasil só cobra impostos de offshore em situações pontuais: quando há distribuição de lucros, empréstimos ou a repatriação dos recursos. As alíquotas nesses casos variam de 15% a 27,5%.

Nenhum dos banqueiros aqui citados respondeu a uma pergunta enviada pelo Poder360: por que eles preferem investir fora do Brasil se são donos de bancos ou dirigentes no país.

Os documentos desta reportagem foram obtidos pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, na sigla em inglês), uma entidade sem fins lucrativos com base em Washington D.C., nos Estados Unidos.

Participaram da investigação 615 jornalistas de 149 veículos em 117 países. O material está sendo analisado há cerca de 1 ano para a preparação da série. No Brasil, fazem parte da apuração jornalistas do Poder360, da revista Piauí, da Agência Pública e do site Metrópoles.

O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos realizou algumas das maiores investigações de impacto dos últimos anos, como Panama Papers e Swiss Leaks, revelando o lado mais sombrio das finanças e da corrupção.

Esses banqueiros fazem parte de um dos clubes mais fechados do Brasil: o daqueles que usam empresas offshore para pagar menos impostos e fugir da montanha-russa da economia brasileira.

Novos bancos

Na hora de investir fora do Brasil, ou evitar o pagamento de impostos, os sócios e fundadores dos novos bancos seguem a receita dos banqueiros tradicionais.

Rubens Menin, dono do banco Inter, da MRV e da CNN Brasil, teve ao menos 4 offshores nas Ilhas Virgens Britânicas: Costellis International, Remo Invest, Stormrider Investments e Sherkhoya Enterprises Ltd.

A Costellis foi criada com uma finalidade comum entre milionários: ela é dona de uma embarcação, no valor de até US$ 75 milhões, como consta de sua ficha de constituição, de setembro de 2016. Menin diz que todas elas foram registradas e as duas últimas, encerradas.

Marciano Testa, dono do Agibank, foi um jovem prodígio. Em 1999, aos 23 anos, fundou a Agiplan, startup que daria origem ao grupo.

Em 2018, a empresa adotou o nome atual. Seu banco inovou ao usar o número de celular de uma pessoa como número da conta. O discurso era a simplicidade: qualquer um com um smartphone pode se bancarizar.

Com seus investimentos, ele não é nem inovador nem simples. Foi até as Ilhas Virgens Britânicas abrir a Yepidale International Ventures Limited….

Segundo a sua assessoria de imprensa, a empresa está declarada à Receita Federal.

Nos seus investimentos, o presidente do Conselho de Administração do Banco Original, Marcio Antonio Teixeira Linares, foi até as Ilhas Virgens Britânicas abrir a Bravar Developments Limited.

O objetivo da empresa, segundo informou na ficha de abertura, era investir em imóveis nos Estados Unidos. O valor estimado era de US$ 1 milhão. As movimentações que ocorreram depois de 2018 não constam da base de dados.

Teixeira Linares disse que a sua empresa foi declarada a todas as autoridades.

Banco público

Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, um banco do Distrito Federal, também é dono de empresas nas Ilhas Virgens Britânicas.

Há duas offshores ligadas ao executivo: Oakwood Investments Ltd e a Equinox Investments LLC. Ele não informou se elas foram declaradas ao Fisco.

Em 2009, a Oakwood tinha 100.000 ações no valor de US$ 1 cada uma. De acordo com Paulo Henrique Costa, as empresas foram abertas quando ele era estudante no exterior e pretendia seguir carreira internacional, o que não aconteceu.

Ele diz que não houve movimentação nas empresas e que teria interrompido o pagamento das taxas anuais. “Nenhuma transação financeira foi realizada por meio das empresas, que se encontram inativas”, disse.

Documentos da Equinox mostram que, em 2015, ele estava há 4 anos sem pagar as taxas de manutenção.

Interesse Público

Como está registrado em diversos textos da série Pandora Papers, ter uma empresa offshore ou conta bancária no exterior não é crime para brasileiros que declaram essas atividades à Receita Federal e ao Banco Central, conforme o caso.

Se não é crime, por que divulgar informações de pessoas cujo empreendimento no exterior está em conformidade com a regras brasileiras? A resposta a essa pergunta é simples: o Poder360 e o ICIJ se guiam pelo princípio da relevância jornalística e do interesse público.

Como se sabe, há uma diferença sobre como brasileiros devem registrar suas empresas.

Para a imensa maioria dos cidadãos com negócios registrados dentro do Brasil, os dados são públicos. Basta ir a um cartório ou a uma Junta Comercial para saber quem são os donos de uma determinada empresa. Já no caso de quem tem uma offshore, ainda que declarada, a informação não é pública.

Existem, portanto, 2 tipos de brasileiros empreendedores: 1) os que têm suas empresas no país e que ficam expostos ao escrutínio de qualquer outro cidadão; 2) os que têm condições de abrir o negócio fora do país e cujos dados estarão protegidos por sigilo.

Essas são as regras. Neste espaço não será analisado se são iníquas ou não. A lei é essa. Deve ser cumprida. Cabe ao Congresso, se desejar, aperfeiçoar as normas. Ao jornalismo resta a missão de relatar os fatos.

É função, portanto, do jornalismo profissional descrever à sociedade o que se passa no país. Há cidadãos que ocupam posição de destaque e que devem sempre ser submetidos a um escrutínio maior. Encaixam-se nessa categoria, entre outras, as celebridades (que vivem de sua exposição pública e muitas vezes recebem subsídio estatal); as empresas de mídia jornalística e os jornalistas (pois uma de suas funções é justamente a de investigar o que está certo ou errado no cotidiano do país); grandes empresários; quem faz doações para campanhas políticas; funcionários públicos; políticos em geral. E há os casos ainda mais explícitos: empreiteiros citados em grandes escândalos, doleiros, bicheiros e traficantes.

Todas as apurações devem ser criteriosas e jamais expor alguém de maneira indevida. Um grande empresário que opta por abrir uma offshore, declarada devidamente, tem todo o direito de proceder dessa forma. Mas a obrigação do jornalismo profissional é averiguar também os grandes negócios e dizer como determinada empresa cuida de seus recursos –sempre ressalvando, quando for o caso, que tudo está em conformidade com a leis vigentes.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica
Agência 0197
Operação 1288
Poupança: 772850953-6
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450. 139.937-68
PIX: 45013993768

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Dólar alto: Dessa fruta que Paulo Guedes gosta, eu como até o caroço

Provavelmente, a explicação para o dólar alto esteja nas empresas offshore em paraísos fiscais do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos.

“Dolarizaram a R$3,70 e agora está R$5,40. Se não investiram em nada, o que eu duvido, já ganharam 46% de lucro. Um investimento que nada oferece isso em tão pouco tempo. E sem riscos”. Os dois podem ter obtido vantagens em operações cambiais e terão de explicar se movimentaram as contas, disse o deputado Luis Miranda.

Guedes e Campos, já em seus cargos, mantiveram as offshores nas Ilhas Virgens Britânicas. Roberto Campos fechou em agosto de 2020 e Guedes mantém a sua aberta o que desrespeita normas do serviço público e da Lei de Conflito de Interesses.

Assim, sobrou para o povo brasileiro amargar o dólar alto, hiperinflação, principalmente dos alimentos e o preço absurdamente do combustível.

De acordo com a reportagem publicada na Revista Piauí, é “legítimo ter uma offshore no Brasil, desde que ela seja declarada à Receita Federal e ao Banco Central, e o dinheiro tenha origem lícita”. “Quem tem cargo público, no entanto, está sujeito a regras para impedir o autofavorecimento.”.

Segundo o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, contas em paraísos fiscais não são compatíveis com o serviço público porque os paraísos fiscais oferecem um grau de sigilo muito mais elevado do que outros países. Na visão de Mello, isso seria “uma afronta ao cargo público, que exige publicidade”.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica
Agência 0197
Operação 1288
Poupança: 772850953-6
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450. 139.937-68
PIX: 45013993768

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Folha de São Paulo: racista, eu?

Se para ombudsman da Folha de São Paulo, José Henrique Mariante, racismo é sinônimo de pluralismo, imagina o que é para os donos do jornalão!

Com uma ilustração inacreditavelmente cretina, a Folha de São Paulo usa o pior dos cinismos para defender o artigo de seu racista de estimação. Ainda sublinha sua defesa ao racista-bolsonarista, Leandro Narloch, com uma ilustração de uma “Liteira” em que escravos transportavam os escravocratas. Na ilustração da Liteira tem uma logomarca da Folha desenhada, “F”, como faziam os escravocratas personalizando-as com seus nomes escritos em bronze.

O que a Folha defende são todos os elementos característicos da semente do bolsonarismo, sobretudo, neste caso, aonde o racista em questão não vê qualquer fronteira para exercer seu crime. Sim, porque racismo é crime e não liberdade de expressão ou pluralismo, como quer justificar com discursos imbecis o ombudsman da Folha.

O que ele escreveu chama-se racismo, preconceito, discriminação contra milhões de brasileiros negros e, por isso mesmo, deveria pagar por seu crime recorrente, porque não é a primeira e nem será a última matéria racista aos moldes da ku klux klan que, respaldado por uma ideia de liberalismo enviesado, o cretino diz que está em busca de organizar o país.

Lógico que, como os negros do país estão na base da produção, o vigarista usa seu discurso racista em nome do mercado para atingir também a classe trabalhadora. E esse tem sido, ao longo de anos, o discurso oficial da própria Folha, o que privilegia uma parcela da sociedade que não por acaso é branca, desconsiderando uma massa da população, sobretudo de negros.

Ou seja, o que se busca nesse artigo cretino que o ombudsman defende, faz parte do processo político que o país vive com o bolsonarismo, porque, para ele, a luta do movimento negro por direitos significa também a luta dos negros pelos direitos dos trabalhadores, como muito bem dizia o geógrafo Milton Santos.

Por isso a Folha mandou seu ombudsman avisar que aquele cretino chamado Leandro Narloch é racista sim, assim como Bolsonaro que o tem como ídolo, mas está do lado dos donos da Folha de São Paulo.

Para a Folha, a liteira é apenas o Uber do período da escravidão.

Nenhuma descrição disponível.

José Henrique Mariante, da Folha, ainda tem a pachorra de fazer uma comparação que não tem nem classificação, defendendo sua atitude de, durante a pandemia, não dar espaço a negacionistas, mas a médicos e cientistas, querendo dizer que, neste caso, não há problema em manter um racista como colunista porque, afinal, ninguém é de ferro.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica
Agência 0197
Operação 1288
Poupança: 772850953-6
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450. 139.937-68
PIX: 45013993768

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Guedes tem offshore milionária em paraíso fiscal

Documentos exclusivos comprovam o investimento, mas o ministro não é um caso único no governo: o presidente do Banco Central fez o mesmo.

Agência Pública – Esta reportagem faz parte do Pandora Papers, projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) que reúne mais de 600 repórteres de 151 veículos em 117 países e territórios. O Pandora Papers investigou milhões de documentos de paraísos fiscais em todo o mundo. No Brasil, participaram da apuração Agência Pública, revista piauí, Poder360 e Metrópoles. Esta reportagem foi produzida por Allan de Abreu e Ana Clara Costa (reportagem), Armando Antenore e Fernanda da Escóssia (edição), Plinio Lopes (checagem), Ana Martini (revisão), José Roberto de Toledo (coordenação do projeto) e André Petry (direção de redação).

No dia 24 de setembro de 2014, com o mercado financeiro cada vez mais agitado diante da iminência da reeleição de Dilma Rousseff (PT), o Banco Central interveio para conter a alta do dólar. No dia seguinte, o economista Paulo Guedes, então sócio da gestora de recursos Bozano Investimentos, tomou uma providência para manter parte da sua fortuna longe das turbulências da economia brasileira: fundou a Dreadnoughts International, uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. Nos meses seguintes, Guedes aportou na conta da offshore, aberta numa agência do banco Crédit Suisse, em Nova York, a quantia de 9,55 milhões de dólares, o equivalente a 23 milhões de reais na época (no câmbio atual, o valor hoje corresponde a 50 milhões de reais).

A abertura de uma offshore ou de contas no exterior não é ilegal, desde que o saldo mantido lá fora seja declarado à Receita Federal e ao Banco Central. Mas, no caso de servidores públicos, a situação é diferente. O artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, instituído em 2000, proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de ser afetadas por políticas governamentais. A proibição não se refere a toda e qualquer política oficial, mas apenas àquelas sobre as quais “a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função”. Em janeiro de 2019, cinco anos depois de abrir a offshore e depositar 9,55 milhões de dólares, Guedes virou o principal fiador do governo Bolsonaro e assumiu o cargo de ministro da Economia, sob cuja responsabilidade está um enorme leque de decisões capazes de afetar seus próprios investimentos no exterior.

As penas para quem infringe o artigo 5º variam de uma simples advertência à recomendação de demissão. O ministro disse à Piauí que, assim que assumiu o ministério em janeiro de 2019, ele informou à Comissão de Ética Pública, encarregada de julgar possíveis infrações ao código, sobre seus investimentos externos. A Comissão de Ética, no entanto, só julgou o caso em julho passado. Não viu nenhuma irregularidade e decidiu arquivar o caso. A Piauí pediu ao órgão a justificativa da decisão, mas recebeu como resposta que as informações contidas nos julgamentos são sigilosas “em face dos dados sensíveis que delas constam – inclusive fiscais e bancários”.

Desde o início da gestão Bolsonaro, a Comissão de Ética de Pública tem sido criticada por ser leniente com comportamentos antiéticos por parte da cúpula do governo. Em maio de 2020, o conselheiro Erick Vidigal pediu demissão e divulgou uma carta com fortes críticas ao órgão. “Eu não entrei na Comissão de Ética para bater palma para governantes indecentes ou para perseguir desafetos do governo”, escreveu. Em 2019, último ano em que a comissão divulgou dados, apenas um servidor fora punido – com pena de advertência –, contra seis no ano anterior e 17 em 2017. “A comissão só trabalha de verdade na análise das quarentenas e em alguns casos de conflito de interesses. Quanto aos desvios éticos, adoram colocar panos quentes, especialmente quando se trata de ministros de Estado”, critica um ex-membro do órgão, que não quis se identificar para não se indispor com os atuais conselheiros.

A proposta de reforma tributária apresentada pelo governo ao Congresso Nacional é um exemplo de conflito de interesses. Por sugestão da Receita Federal, o projeto original da reforma previa a taxação de ganhos de capital no exterior, incluindo investimentos em paraísos fiscais – situação que, sabe-se agora, atingia o ministro Guedes. A ideia, no entanto, acabou derrubada com a anuência do Ministério da Economia. Outro item da reforma, negociado e aprovado pela equipe econômica, reduz drasticamente a taxação sobre a repatriação de recursos. Hoje, a taxa não é um consenso, e sempre rende discussões judiciais, mas varia de 15% a 27,5%, a depender do volume de recursos. Pela proposta do governo, a alíquota, se aprovada, cairá para 6%.

Curiosamente, a tributação sobre ganhos de capital no exterior – incluindo os paraísos fiscais – é uma medida defendida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o chamado “clube dos ricos” ao qual o governo brasileiro tem se empenhado em aderir. O próprio Guedes faz lobby para que o Brasil seja aceito no clube. Os países membros da OCDE não são obrigados a adotar a taxação, mas a organização a recomenda desde 2014, como uma forma de coibir a evasão de divisas e, também, de reduzir a desigualdade social: se a parcela mais rica da população consegue driblar os impostos, quem não tem acesso às mesmas ferramentas acaba pagando mais taxas, o que causa a erosão da base tributária. O Brasil, no entanto, resiste em implementar a cobrança – como se viu, mais uma vez, na proposta de reforma tributária de agora.

É possível que Guedes estivesse envolvido nas negociações da reforma tributária com as melhores das intenções. Se tivesse se afastado da administração de seus recursos, não haveria qualquer sombra em torno de sua integridade. É para evitar esse tipo de suspeita que o Código de Conduta foi elaborado. Mas, como Guedes preferiu outro caminho, a notícia da existência de sua offshore acaba deixando no ar a dúvida se, no cumprimento de suas tarefas como ministro, ele está colocando seus interesses pessoais à frente dos interesses do país.

Examinando-se a montanha de documentos, descobre-se que o ministro Guedes está na companhia de ministros da Economia de outros três países: Gana, Cazaquistão e Paquistão. Eles também comandam as políticas econômicas de seus países, ao mesmo tempo em que mantêm recursos em paraísos fiscais, protegidos das intempéries econômicas internas. Em países desenvolvidos, uma notícia desse quilate costuma ter efeito explosivo. Em 2016, o escândalo dos Panama Papers, que revelou dados financeiros de milhares de offshores, pulverizou a carreira política do então primeiro-ministro David Cameron, do Reino Unido, ao revelar que ele era acionista de uma offshore criada por seu pai no Panamá. Cameron declarara o negócio à Receita inglesa, como manda a lei, mas a opinião pública não o perdoou pelo fato de manter dinheiro no exterior a salvo dos tributos cobrados dos demais cidadãos britânicos.

Até 28 de setembro de 2021 a Dreadnoughts International continuava ativa, com o ministro Guedes na condição de controlador. As informações constam de documentos sigilosos obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), organização que reúne mais de seiscentos profissionais e veículos de imprensa no mundo, entre eles a Piauí. O conjunto dos documentos, batizado de Pandora Papers, reúne 11,9 milhões de papéis obtidos pelo consórcio junto a catorze escritórios especializados na abertura de offshores em diversos paraísos fiscais, mas o grosso das informações vem das Ilhas Virgens Britânicas. Entre os documentos estão certificados de acionistas em nome dos beneficiários, justificativas para a abertura das empresas, comprovantes de aportes de recursos e e-mails dos funcionários das empresas que se encarregaram da criação das offshores.

Quando abriu a Dreadnoughts Internacional – cujo nome se traduz por “Encouraçado Internacional” –, Guedes tinha como sócia apenas sua filha, a empresária Paula Drumond Guedes, atualmente com 39 anos. Ao criarem a companhia no paraíso fiscal caribenho, pai e filha subscreveram nela 50 mil ações de 160 dólares cada, o que totalizava 8 milhões de dólares, depositados no Crédit Suisse em Nova York. “Subscrever”, no jargão financeiro, equivale a transferir dinheiro. “É como injetar recursos no capital social de uma empresa no Brasil”, compara Edison Fernandes, advogado tributarista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Offshores são abertas em paraísos fiscais por assessorias especializadas. No caso de Guedes, a assessoria responsável é a Trident Trust, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. As informações ali depositadas são ultraconfidenciais. Um documento da Dreadnoughts International informa que o registro da empresa “deve ser privado e não deve ser disponibilizado a qualquer pessoa que não seja o registrador […], a menos que a empresa decida de outra forma por meio de uma resolução devidamente aprovada pelos diretores”.

Em maio de 2015, Maria Cristina Bolívar Drumond Guedes, mulher de Guedes, também ingressou na offshore como acionista e diretora. Naquele mês, ela encaminhou a uma funcionária do Crédit Suisse em Nova York os documentos necessários para a sua entrada na companhia. “Olá, Angela”, escreveu Maria Cristina. “Segue cópia do passaporte e o comprovante de residência (conta telefone). Beijos.” Angela, por sua vez, remeteu os documentos para os escritórios da Trident Trust em Atlanta, nos Estados Unidos, e nas Ilhas Virgens Britânicas, que passaram a cuidar da burocracia envolvendo a nova acionista.

Ao longo de 2015, a família Guedes subscreveu mais 9.687 ações na offshore, que somaram 1,55 milhão de dólares e se juntaram aos 8 milhões aportados anteriormente. Desde então, conforme os documentos obtidos pelo ICIJ, não houve novo aporte nem retirada de capital na empresa.

O ministro Paulo Guedes não é o único integrante da equipe econômica nos Pandora Papers. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também consta nos documentos como dono da Cor Assets S.A., uma offshore no Panamá, outro paraíso fiscal, situado na América Central. Campos Neto criou sua offshore em 2004, com um capital de 1,09 milhão de dólares – 3,3 milhões de reais à época, que, se fossem repatriados hoje, equivaleriam a 5,8 milhões de reais – e continuava como controlador quando assumiu o posto no governo em fevereiro de 2019. À diferença de Guedes, ele fechou sua offshore em outubro do ano passado. Ainda assim, durante os 21 meses em que presidiu o BC na condição de dono da Cor Assets, Campos Neto poderia ser enquadrado no artigo 5º do Código de Conduta.

*Allan de Abreu, Ana Clara Costa, revista Piauí

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica
Agência 0197
Operação 1288
Poupança: 772850953-6
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450. 139.937-68
PIX: 45013993768

Agradecemos imensamente a sua contribuição

 

Ministério da Saúde vai abandonar a Coronavac a partir de 2022

Pasta prevê retirada do imunizante desenvolvido pela Sinovac e pelo Instituto Butantan das novas fases de vacinação, a partir do ano que vem.

Com o fim do contrato da Coronavac previsto para este mês, o Ministério da Saúde não tem mais a intenção de adquirir novos lotes do imunizante, segundo fontes da pasta ouvidas pelo Metrópoles. “A Coronavac ainda está com o registro emergencial pela Anvisa. Assim, compras futuras (dentro do planejamento do próximo ano) não mais se justificam legalmente por órgão público nessa situação”, alegou um integrante do órgão federal.

Na discussão interna, também apresenta-se como justificativa a inexistência de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação da Coronavac em adolescentes. Outro argumento consiste no fato de que as normas técnicas não recomendam, como dose de reforço, a aplicação da fórmula desenvolvida em parceria do laboratório chinês Sinovac com o Instituto Butantan. Isso porque estudos mostram que há maior efetividade com o esquema heterólogo – aplicação de vacina com outra tecnologia como dose adicional – e a proteção da Coronavac cai com o tempo nas faixas mais altas de idade.

O Ministério da Saúde também sustenta que 100% da população acima de 18 anos recebeu a primeira dose, e há imunizantes suficientes para garantir a segunda aplicação para todos os brasileiros – inclusive os que tomaram Coronavac. “Como o sistema não identifica essa informação, estamos fazendo um levantamento, junto aos municípios, para ver se há ainda pessoas nessa faixa etária que precisam iniciar o esquema vacinal. [E para isso] Poderíamos enviar as doses que temos em nosso estoque de Coronavac”, ressalta.

Na última semana, o Instituto Butantan já se adiantou à possibilidade de ficar de fora das novas compras do Ministério da Saúde e anunciou a venda de doses da Coronavac a cinco estados. O governo federal, entretanto, reagiu e apontou que o acordo com a farmacêutica prevê exclusividade total até o fim do contrato.

A pasta declarou que o instituto vinculado ao governo paulista poderá pagar R$ 31 milhões em multas, caso descumpra os acordos. Entre janeiro e fevereiro deste ano, a pasta federal assinou dois contratos com a entidade: um para a aquisição de 46 milhões de doses, e o outro para compra de 54 milhões de vacinas, totalizando 100 milhões de unidades.

*Com informações do Metrópoles

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica
Agência 0197
Operação 1288
Poupança: 772850953-6
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450. 139.937-68
PIX: 45013993768

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Dono da Natura, ex-bolsonarista perfumado, defende que o rabo balance o cachorro

Exalando o velho chulé da oligarquia, o dono da Natura, Pedro Passos, defendeu a tal terceira via, ou seja, defendeu os interesses da velha burguesia quatrocentona.

Em seu discurso trôpego, em que tenta igualar Bolsonaro a Lula, Pedro Passos  lista uma série de motivos para Bolsonaro sofrer um impeachment, economia que, por motivos de reformas neoliberais, privatizações que o empresário apoiou, transformaram-se numa hecatombe contra a população e as empresas, promovidas por um governo que ele ajudou a eleger e apoiou até aqui, mas desenvolve o mesmo “raciocínio”, o de que a atitude pessoal de Bolsonaro é que fez com que mais uma vez o neoliberalismo jogasse o Brasil no buraco, passando da 6ª maior economia, com Lula, à 14ª com Bolsonaro.

Mas o literalmente bolsonarista perfumado da Natura, segue a cartilha que rege a lógica da burguesia brasileira em que o rabo balance o cachorro, que acha que ela deve regulamentar o Estado, transformando-o num estadinho para que não regulamente e organize a economia do país.

Ou seja, que a lei do mais forte prevaleça e que os ricos fiquem mais ricos, e os pobres, mais pobres. Crianças e velhos que nada produzem, que morram de fome ou de uma doença qualquer. Já o trabalhador que está na ativa, que ele perca direitos achatando o salário e o seu poder de compra, assim, o gênio imagina que o Brasil fará um potente mercado interno em que nenhum trabalhador tenha padrão para comprar um sabonete sequer da caríssima Natura.

Aliás, isso é a cara do empresário brasileiro, produzir com o menor custo possível, numa semiescravidão para majorar o preço o máximo possível e lucrar o inimaginável na famosa obsessão pelo super lucro.

Por isso, o empresário acha que Lula, que colocou a economia brasileira no topo entre as seis maiores, não deve voltar porque, simplesmente, o sujeito tem o nariz voltado para o próprio chulé que adquiriu dentro da cúpula da oligarquia paratatá que, com certeza, é a mais inculta e idiota oligarquia do planeta.

Não foi por acaso que apoiou Bolsonaro para parir um monstro que, agora, eles listam os defeitos, mas ainda, com a terceira via, defendem a agenda de Guedes que jogou a economia do país no inferno.

Em outras palavras, o dono da Natura, um ex-bolsonarista perfumado, defende a lei do mais forte, a lei do cangaço.

Isso explica como Bolsonaro chegou ao poder.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica
Agência 0197
Operação 1288
Poupança: 772850953-6
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450. 139.937-68
PIX: 45013993768

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Lewandowski se posiciona contra os poderes absolutos do Rei Arthur

Lewandowski, claramente, opõe-se aos poderes absolutos de Arthur Lira para decidir sozinho se autoriza ou não a instalação de um processo de impeachment de Bolsonaro e, consequentemente o destino político do Brasil, dando a ele poderes supremos como autoridade única em que toda a nação se submete à sua vontade, seja ela aliada ou adversária de quem está no comando da presidência da República.

Foi isso que propiciou o golpe na presidenta Dilma, conduzido pelo maior corrupto da história da República, Eduardo Cunha em parceira com dois grandes corruptos aliados dele, Aécio, que havia perdido a disputa eleitoral para Dilma, e Temer, que em seu jogo de sabotagem e como vice, assumiria a cadeira da presidência. Ou seja, três vigaristas que armaram contra uma mulher honrada porque ela se negou a encobrir as falcatruas de Cunha.

Quanto a Lira, todos sabem o que ocorre no caso do orçamento secreto, e quanto desse orçamento foi destinado a ele para ser utilizado a modo, gosto e interesses políticos próprios.

Lewandowski explica que Lira faz uma leitura enviesada de uma lacuna deixada pela constituição em que, segundo o próprio, ele pode decidir sobre o futuro do aliado Bolsonaro, aliado comprado no balcão político com milionárias verbas da própria população que sofre as consequências das ações desse governo genocida que, ou mata de covid ou mata de fome.

E é tudo isso junto que faz com que Lewandowski se posicione contra esse suposto poder atribuído a Arthur Lira, que precisa ser questionado tanto pelo judiciário quanto pelo parlamento.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica
Agência 0197
Operação 1288
Poupança: 772850953-6
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450. 139.937-68
PIX: 45013993768

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Ações da Prevent integram corrente de efeitos lógicos da campanha de Bolsonaro contra a ciência

Nada do horror que tem acontecido foi engano ou acaso.

Janio de Freitas – A monstruosidade do programa de assassinatos nos hospitais do plano de saúde Prevent Senior não é uma aberração. Vê-la como tal é aliviante para o horror e a indignação difíceis de suportar. Mas não é verdadeiro. Aplicar falsos tratamentos para induzir a morte de quem buscou e pagou por socorro não é um desvio enlouquecido nos costumes, na moralidade mediana ou mesmo na violência já brutal.

As antimedicações e a falsificação da causa de mortes, combinadas pela Prevent, integram a corrente de efeitos lógicos da campanha de Bolsonaro contra as proposições da ciência para combate da Covid-19.

Assim como foi a exclusão dos ministros Mandetta e Teich, como foram a recusa da grande oferta de vacinas da Pfizer, a entrega da Saúde a um general impensável, a recusa à compra de Coronavac, a produção de milhões de remédios ineficazes no laboratório do Exército, as terríveis mortes por asfixia pela falta de oxigênio em Manaus, e, além do mais, a continuada pregação da medicação criminosa por Bolsonaro —isto, com testemunho do plenário mundial da ONU.

Esses fatos são decorrência direta da entrega da Presidência a Bolsonaro. Têm em comum a contrariedade à salvação de doentes da Covid. Estão no núcleo do mais característico em Bolsonaro, que é sua obsessão pela morte alheia, e na vocação que imprimiu em seu governo destrutivo (apesar de mais usado, negacionista diz pouco, sugerindo ideias, sem alusão às práticas ruinosas).

A nenhum governante civil seria permitido sequer aproximar-se, ainda que só como ideia de governo, de algo semelhante ao que a Bolsonaro e seus negocistas criminosos é mais do que permitido: é até apoiado por metade dos empresários, pela maioria dos deputados federais, pela porção ignara ou fanatizada da massa.

Sem Bolsonaro, sem o esteio da cúpula do Exército e sem a aceitação de grande parte da riqueza privada com seus servos políticos, a corrente trágica inflada pelos crimes monstruosos da Prevent não seria possível.

Continua possível, no entanto. Nada do horror que tem acontecido foi engano ou acaso. A articulação eleitoral em torno da Lava Jato deu-se entre conscientes do que significavam Bolsonaro, seu círculo e seu uso do poder.

A mesma combinação de fatores que levou ao horror começa a sua repetição. Os mesmos de ontem querem outra vez fabricar um presidente à sua feição. Não permitem que a escolha seja um processo natural, espontâneo, cultural, do exercício político da democracia.

Fatos como a CPI da Covid no Senado, a exibição ali do palhaço extremista Hang, de numerosos criminosos do negocismo com o governo e, sobretudo, o desvendar de tantos horrores de desumanidade são, também, aproveitável ironia.

Essa desgraça nacional vem a ser mais do que oportuna para acabar com a fantasia de um país de gente afável, de índole pacífica, generosa. Se assim fomos um dia —e não fomos—, na atualidade não somos. Ou desde muito, na maior escravatura ocidental, nos morticínios de populações como em Canudos, na esquecida guerra do Contestado, no vencido Paraguai, na favelização, no genocídio incessante dos invadidos habitantes originais desta terra.

O Brasil atual é o mesmo de sempre e é outro.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica
Agência 0197
Operação 1288
Poupança: 772850953-6
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450. 139.937-68
PIX: 45013993768

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Manifestantes ocupam 10 quarteirões da Paulista e queimam boneco de Bolsonaro

A manifestação da Campanha Fora Bolsonaro começa a ganhar corpo, na Avenida Paulista, em São Paulo. Com início da concentração marcada para as 13h, manifestantes começaram a ocupar a frente do Museu de Artes de São Paulo (Masp).

A expectativa é que mais de 100 mil pessoas compareçam à manifestação do #2OutForaBolsonaro. Dez carros de som serão distribuídos por toda a avenida Paulista, que terá a presença de lideranças de movimentos sociais e indígenas, entidades sindicais, partidos políticos, artistas e esportistas.

Ainda no início do ato, os manifestantes inflaram dois balões, um com formato de botijão de gás e outro ilustrando um saco de arroz, criticando os valores cobrados durante a atual gestão federal. “Tá tudo caro? a culpa é do Bolsonaro!”, dizem as peças.

“É importante a gente continuar pressionando para derrubar Bolsonaro e toda sua corja assassina desse governo, que tem matado o povo de fome e também de covid. Só a mobilização e o enfrentamento dessa situação é capaz de tirar esse desgoverno do comando do país”, diz, por vídeo, a integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Cláudia, da Ocupação Maria Carolina de Jesus, do extremo leste da capital paulista, que também está na Avenida Paulista.

*Com informações da Rede Brasil Atual

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica
Agência 0197
Operação 1288
Poupança: 772850953-6
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450. 139.937-68
PIX: 45013993768

Agradecemos imensamente a sua contribuição