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Venezuelanas saem de encontro com Michelle e Damares com “compromisso de silêncio”

Após o constrangimento gerado pela fala de Jair Bolsonaro (PL) sobre as meninas venezuelanas que vivem na periferia de Brasília, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e Damares Alves (PL), ex-ministra e senadora eleita pelo Distrito Federal, teriam exigido o silêncio das mulheres, lideranças comunitárias de São Sebastião, na região do entorno de Brasília.

Ao saírem da reunião, que durou mais de cinco horas e aconteceu na tarde de segunda-feira (17/10) na casa de um pastor no Lago Sul, lideranças femininas da comunidade de imigrantes venezuelanos comunicaram o “compromisso de não falar nada” à irmã Rosita Milesi, que dirige o Instituto Migrações e Direitos Humanos, entidade que atua na ajuda a migrantes e refugiados venezuelanos do DF.

“As líderes nos disseram o seguinte: ‘Não nos perguntem nada porque nós temos o compromisso de não falar nada’. Ponto!”, disse Rozita Milesi, em conversa com o Meio. Segundo ela, houve ainda um pedido das próprias líderes comunitárias para que a entidade não se envolvesse no assunto. “Nós não tivemos nenhuma participação nesse encontro”, informou a religiosa.

Desde o sábado, Michelle e Damares insistiam em serem recebidas com o objetivo de conter críticas ao presidente Jair Bolsonaro ao afirmar, em entrevista ao podcast Paparazzo Rubro-Negro, que “pintou um clima” com as adolescentes que ele encontrou durante um passeio de moto.

As venezuelanas, no entanto, se recusavam a encontrá-las. No final de semana, em meio à pressão do Planalto para que a conversa ocorresse, houve uma inspeção do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e de servidores da Secretaria de Comunicação da Presidência da República no local. Essa inspeção precursora é realizada sempre em locais onde o presidente da República ou a primeira-dama pretendem visitar.

As líderes comunitárias cederam após a intermediação da representante do governo autoproclamado de Juan Guaidó em Brasília, Maria Teresa Belandria.
Rozita Milesi não soube informar se o silêncio das mulheres está condicionado ao final da eleição ou se a uma retratação pública do presidente que apontou na entrevista que as meninas estariam se arrumando, em um sábado à tarde, com o objetivo de “ganhar a vida”, uma alusão clara à prostituição.

*Com Meio

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Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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