Mês: fevereiro 2023

Florestan Fernandes Júnior: Profissão Amor

A essência de um ser humano se sobrepõe a sua profissão. Foi isso o que aconteceu com a veterana jornalista Sônia Bridi, que cobria o drama de famílias ianomâmis, vítimas de desnutrição, fome, malária e pneumonia.

Emocionada com a cena desoladora, Bridi abandonou o microfone da emissora para a qual trabalha e acolheu em seus braços uma criança enferma, assustada. Naquele momento, a despeito das câmeras, da matéria jornalística que conduzia, quem estava ali era a Sônia.

Um ser humano diante do apelo irresistível da dor do outro, do outro vulnerável. Era a mulher que oferece o colo, o calor, o aconchego, o afeto que naquele momento tinha a capacidade de salvar.

A potência da imagem seguirá nos impactando, como símbolo de tudo o que pretendemos ser como indivíduos e como nação.

“Ali (reserva Ianomâmi), você sente uma tristeza tremenda, mas também uma revolta, uma indignação, de ver que se permitiu que fosse feito isso no nosso tempo. Pareciam cenas de holocausto” desabafou a repórter em uma entrevista.

Mas a essência do ser humano muitas vezes nos decepciona pela ausência de empatia, pelo preconceito latente, pelo ódio “ao que não lhe é espelho”.

Em 2015 uma outra repórter de televisão se celebrizou pela perversidade. Ficou famosa por chutar e passar rasteiras em refugiados sírios que tentavam atravessar a fronteira da Servia, em direção a Hungria. Entre as vítimas da fúria da jornalista húngara, Petra László, estavam Osama Abdul Mohsen e seu filho Zaid. Os dois foram derrubados e presos pela polícia. O que essa jornalista ganhou ao impedir que pai e filho conseguissem asilo na Hungria? Qual o perigo que um pai e seu filho representavam para a mulher branca e loira? A cor da pele? A religião? A pobreza? O idioma? A cultura? Ou a origem das vítimas, imigrantes sírios?

Petra foi condenada a três anos de prisão, em liberdade condicional. A sentença foi anulada em 2018 pela Suprema corte da Hungria, que considerou a pena já prescrita e que os chutes e rasteiras não caracterizavam crime.

Entre colo e pontapés, entre o amor e a barbárie, nossa civilização segue, cada dia mais polarizada.

Sorte nossa que entre esses dois polos, o exemplo que nos coube foi o de Sônia Bridi e sua manifestação epidérmica de amor. Que após tão longas trevas, seja esse gesto luminoso a nos inspirar na reconstrução de nosso país.

*Florestan Fernandes Jr./247

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TSE aponta 18 irregularidades nas contas de campanha de Bolsonaro

Análise foi feita por área técnica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); gráfica disse ao tribunal que campanha de Bolsonaro omitiu dívida.

De acordo com Guilherme Amado, Metrópoles, a área técnica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou 18 irregularidades nas contas da campanha de Jair Bolsonaro. Um dos questionamentos foi motivado por uma gráfica que acusou a campanha de omitir uma dívida e pediu que o tribunal impeça Bolsonaro de se candidatar novamente. O caso ainda não foi julgado.

Em dezembro, a coluna mostrou que a Gráfica Impactus apresentou ao TSE uma nota fiscal de R$ 54 mil com os dados da campanha de Bolsonaro. Segundo o documento anexado pela empresa, a chapa Bolsonaro-Braga Netto contratou adesivos microperfurados em 28 de outubro, na reta final da eleição. Contudo, a conta nunca foi paga à empresa ou declarada à Justiça Eleitoral, o que é ilegal.

“A ausência de registro no SPCE [Sistema de Prestação de Contas Eleitorais] de nota fiscal emitida em nome do prestador de campanha revela indício de omissão de despesas, contrariando o que dispõe a resolução do TSE”, afirmou a Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias do TSE.

Ao todo, a área técnica apontou 18 irregularidades da campanha de Bolsonaro. Entre os pontos destacados estão: a falta de comprovação de que a campanha transferiu uma sobra de R$ 12 milhões ao PL, sigla do ex-presidente; R$ 682 mil de despesas não comprovadas; e R$ 229 mil de doações pagas por pessoas ou empresas proibidas pela lei.

Baseado no parecer técnico, em 19 de dezembro o relator do caso, ministro Raul Araújo, cobrou mais explicações da chapa Bolsonaro-Braga Netto, que tem negado qualquer irregularidade. Se Araújo concordar com o pedido da gráfica e decidir pela não prestação de contas de Bolsonaro, o ex-presidente ficará sem quitação eleitoral até o fim da próxima legislatura. Isso significa que ele não poderá se candidatar de novo. Bolsonaro pode ainda ser investigado por abuso de poder econômico.

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Exército sabia de armas no acampamento golpista em Brasília e nada fez

Não só os militares não fizeram nada, como só comunicaram Lula do risco na noite do dia 8 de janeiro.

O Exército sabia que havia pessoas armadas no acampamento no quartel general, em frente à Praça dos Três Poderes, em Brasília. Não só os militares não tomaram nenhuma iniciativa, como a Força só comunicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva do risco na noite do dia 8 de janeiro.

A informação consta em reportagem da Folha de S.Paulo, desta terça-feira (31), no qual o jornal anuncia que Lula deu aval ao Exército para desmontar o acampamento golpista somente no dia seguinte à invasão, no dia 9.

Na reportagem, contudo, é detalhado que Lula foi convencido pelo Exército de tomar medidas somente no dia seguinte, devido a um pedido dos próprios militares.

Os integrantes do Exército teriam dito a Lula que desmontar o acampamento na noite do dia 8, após a invasão, poderia resultar em mortes e conflitos, e que a Operação de retirada dos bolsonaristas deveria ser feita no dia seguinte.

O presidente concordou com adiar a retirada deles, diante dos riscos de tragédia. Mas, segundo o jornal, “pessoas próximas ao presidente” contaram “que o Exército comunicou a Lula que havia pessoas armadas no acampamento”.

A informação teria sido repassada a Lula somente no dia 8 de janeiro, em meio à invasão à Praça dos Três Poderes. E os militares do Exército não teriam feito nada, até então, para impedir riscos ou informar as autoridades de segurança do governo federal de que os bolsonaristas acampados estavam armados.

A reportagem da Folha também narra que, na noite daquele domingo, o interventor escolhido por Lula para assumir a Segurança do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, se encontrou com o general Gustavo Henrique Dutra para tratar da Operação de desmonte do acampamento.

E que tal reunião foi recheada de controversas, sem acordos. Enquanto a PM recebeu ordem para entrar no quartel general e prender os golpistas, o Exército impediu o acesso dos PMs, colocando 3 blindados Guarani e uma tropa de soldados.

Com a falta de acordo, Cappelli comunicou o ministro Flávio Dino, da Justiça, e o general Dutra comunicou o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias. Dias estava ao lado de Lula, e Dutra pediu ao presidente que seria melhor realizar a Operação de retirada dos golpistas na segunda-feira.

Ao militar, Lula teria enfatizado que os acampados eram golpistas criminosos que deveriam ser presos.

*Patrícia Faermann/GGN

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