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CPI investiga por que chefe de Operações da PMDF preso após 8/1 recebeu Pix de subordinados e empresa

A CPI dos Atos Antidemocráticos avalia dados da quebra do sigilo bancário do coronel Jorge Eduardo Naime e deve enviá-los à PCDF e à PMDF.

O ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) coronel Jorge Eduardo Naime recebeu Pix de policiais militares subordinados a ele e de uma empresa de segurança privada. As operações financeiras foram efetuadas durante o período analisado, desde pouco antes das eleições de 2022 até janeiro deste ano.

Os dados constam na quebra de sigilo bancário solicitada pela CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). A coluna apurou que a CPI deve enviar as informações para que a Polícia Civil do DF (PCDF) e a corregedoria da PMDF investiguem a origem das transferências bancárias.

Naime era comandante de Operações da PMDF e, no dia da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, estava de licença. Ele está preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) sob suspeita de conivência ou omissão com os atos.

Foram levantadas as informações de movimentações financeiras referentes ao período que começa antes das eleições de 2022 e até depois da invasão e depredação da sede dos Três Poderes: de julho de 2022 a fevereiro de 2023.

Os dados revelam que Naime recebeu dinheiro de pelo menos três subordinados no Departamento de Operações da PMDF.

Um deles, o segundo-sargento André Felipe Monteiro Myles, transferiu R$ 6,7 mil para a conta do coronel no dia 11 de agosto de 2022. Ele era motorista do Naime e, naquele mês, recebeu salário líquido de R$ 8,9 mil, conforme aponta o Portal da Transparência do DF.

O segundo-sargento Leonardo Victor Batista fez Pix de R$ 5 mil e mais um depósito de dinheiro, também de R$ 5 mil, totalizando R$ 10 mil, no dia 10 de outubro de 2022. Naquele mês, a remuneração líquida do militar foi de R$ 8,4 mil.

O primeiro-sargento André Luis de Oliveira Jorge mandou R$ 5 mil, via Pix, para o coronel no dia 27 de setembro de 2022. Ele recebeu salário de R$ 12 mil naquele mês.

Ao longo de cinco meses, a empresa H&F Vigilância de Segurança Ltda. repassou ao coronel R$ 15.635,88. A empresa de Goiás fez Pix de R$ 3 mil mensalmente a Naime. O dinheiro foi transferido para a conta bancária do coronel em 13 de setembro, 14 de outubro, 9 de novembro, 6 de dezembro de 2022 e 10 de janeiro de 2023. No dia 7 de dezembro de 2022, foi feito um Pix adicional de R$ 635,88.

O outro lado

De acordo com a advogada do coronel Jorge Eduardo Naime, Izabella Borges, a “defesa esclarece que não teve acesso a esses documentos ainda, mas é importante que se torne público nesse momento que o coronel Naime é pai de um adolescente com hidrocefalia, que já realizou diversas cirurgias para a manutenção de sua vida, com a reposição de válvulas cerebrais”.

“Uma equipe multidisciplinar atende o adolescente e, como todos sabem, manter uma vida nessas condições não é barato. Amigos e familiares já realizaram empréstimos de valores baixos e irrelevantes para auxiliar a família, como é o caso da ajuda familiar de Mariana Fiúza, que girou em torno de R$ 2.000 por alguns poucos meses”, afirmou. De acordo com Izabella, a empresa H&F pertence aos tios da esposa do coronel.

Em contato com a coluna, Mariana disse que o filho “nasceu de 26 semanas, com hidrocefalia, e tem diagnóstico de várias más-formações neurológicas”. “Ele já passou por mais de oito cirurgias e, em razão de todos esses

custos, minha família me apoia há alguns anos”, declarou.

A H&F, por meio do diretor administrativo, Gabriel Fiúza, disse que o coronel possui relação direta de parentesco com os diretores da empresa, “de modo que há mais de 10 anos auxilia no tratamento de saúde do filho, agora com 14 anos”.

“A criança possui um histórico de complicações de saúde como hidrocefalia, síndrome de Arnold-Chiari e outros, devido ao seu nascimento de prematuridade extrema após um estado de pré-eclâmpsia de sua mãe, Mariana”, afirmou.

*Matéria publicada com exclusividade no Metrópoles

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Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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