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Como se formam as lendas neoliberais no Brasil

Na verdade, num país com tantas lendas, a ilhota dos ricos que fazem do Brasil o seu quintal, criou, lógico, de forma resumida, a lenda do neoliberalismo de resultados. Discutir detalhes, debater ponto a ponto cada uma dessas fórmulas mágicas, ninguém quer.

Quantas conferências de fins de semana, que exploram a ingenuidade alheia, feitas pelo modismo dos coach, acontecem nesse país?

Essa rapaziada, que anda vendendo riqueza com facilidade na internet, que se acha a sala do júri, é materialmente deprimente.

Os muquiranas moldam sua fala a partir de um figurino imaginário funcional. Sim, é uma coisa cósmica e que, de tão lendária, diria mais, poética, desfaz-se e desaparece na poeira.

Mas o que se observa nesses figurões é que suas mentiras saem da alma, fazendo parecer que até acreditam no que falam, pregando num enorme deserto de ideia, onde uma legião de incautos precisa descobrir a pedra de toque para se tornar o Midas.

Porém, a coisa não se resume nisso, esse modismo vigarista não surgiu agora. Do viveiro tucano saíram muitos desses homens dotados de uma visão espacial que não passa de um palmo do nariz, mas que sempre indica o caminho das pedras.

A mídia, que trata Fernando Henrique Cardoso como o próprio Olimpo grego, segue vendendo sonhos vagos que jamais, repito, jamais deu as caras para a realidade brasileira.

A suprema safra de neoliberais no Brasil, detalhe, que não gostam de ser pintados como neoliberais, mas sim, liberais, induz, através da arte do palavrório que, antes mesmo de colocar a bola para rolar, os projetos ou propostas da esquerda para governar o país já chegam cheios de infiltração.

A linguagem diária da grande mídia, todos sabem, é a do monumento chamado mercado. Como sempre, a imensa maior parte da população não tem a mínima ideia desse troço chacoalhado diuturnamente no papel dos jornalões e revistonas e, claro, nas telinhas, como na varinha mágica dos maestros convocados pelas grandes emissoras de TV que, para surpresa de ninguém verborragiam suas teses bichadas.

Porque, na hora de esculpir até o bezerro de ouro, ignora-se a cabeça, o tronco e os membros da gênese grega.

O fato é que ninguém quer discutir as prometidas catedrais dos sonhos depois que ela se realizou e virou pesadelo para o povo. Os autores daquelas defesas calorosas, desaparecem e o bode fica na sala esperando o curso de uma nova eleição para que ele saia de lá ou lá permaneça para uma nova flora de lambanças econômicas que, irremediavelmente, colocam o país à beira do barranco.

Ora, se a forma com que a mídia e os neoliberais tratam a economia de um país fosse minimamente factível, eles sacariam dos bolsos os números maravilhosos que vários governos neoliberais do Brasil adotaram.

Mas, por que preferem, em seus ilusionismos, tirar coelho da cartola do que casar na mesa os triunfos das políticas econômicas neoliberais? Simples, o clero dos abastados não pode falar em números, porque sempre escancarará que tal política arrasou com a vida de milhões para enriquecer os poucos que, numa economia escassa, faturam sem a menor nobreza de pensar a nação.

Foi assim com a ditadura militar e a hipertinflação, lembra? O mesmo se deu com Sarney, Collor, FHC, Temer e Bolsonaro, todos, absolutamente todos apresentaram como armas a natureza bruta do neoliberalismo. E o trágico resultado não é preciso lembrar.

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Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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