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Ação contra Braga Netto pode revelar ligações suspeitas do governo Bolsonaro com setor de armamentos, diz Helena Chagas

Helena Chagas*

A jornalista Helena Chagas afirmou nesta terça-feira (12) que a operação da Polícia Federal (PF) contra o general Walter Braga Netto, ex-vice de Jair Bolsonaro (PL), vai apontar ações suspeitas do militar com empresas do setor de armamentos. O ex-ministro da Casa Civil manteve contatos com lobistas e intermediários ligados a empresas suspeitas de corrupção no episódio da compra de coletes balísticos para a intervenção federal no estado do Rio de Janeiro, em 2018.

“Pegando ou não Braga Netto, a investigação sobre a fraude na compra dos coletes à prova de balas durante a intervenção de Temer no Rio pode ser a ponta de um iceberg de operações suspeitas do governo Bolsonaro envolvendo empresas do setor de armamentos”, disse a colunista. “Com a participação de civis e militares, a coisa iria muito além, e teria tomado corpo durante o governo do ex-capitão, quando houve forte lobby de pessoas próximas ao presidente da República para liberação de armas, compras governamentais e incentivo à indústria armamentista. Como dizia o falecido Teori, a partir dessa operação de hj, é possível que, cada vez que se puxe uma pena, venha uma galinha”.

Sobre as armas, mencionadas pela jornalista, números do Relatório Brasileiro de Segurança Pública, divulgados em julho, apontaram que, no governo Bolsonaro, a quantidade de pessoas com registros CAC (caçador, atirador desportivo e colecionador) aumentou quase sete vezes em relação ao período anterior à gestão dele. Outra pesquisa, do Anuário de Segurança Pública, informou que o número de brasileiros com registros de armas de fogo aumentou 474% na administração do ex-ocupante do Planalto – as estatísticas foram referentes às atividades de CAC até 1º de julho de 2022.

Policiais federais têm um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), que apontou “desvio de finalidade” na gestão do Gabinete de Intervenção Federal (GIF) no estado do Rio de Janeiro (RJ) em 2018, quando o GIF era comandado pelo general Braga Netto. Mais de R$ 300 mil foram gastos com produtos como torta holandesa, frutos do mar, salgados, mel, vinhos, geleia de frutas, cream-cheese e presunto de parma.

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Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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