Ano: 2023

Ministro da Defesa de Israel ordena preparação para evacuação da fronteira com o Líbano

Neste domingo, Hezbollah atacou Israel a partir da fronteira, um dia após ampla ofensiva terrorista do Hamas deixar centenas de mortos.

O Ministro da Defesa de Israel, Yoav Galant, ordenou a preparação para a evacuação das comunidade localizadas nas proximidades da fronteira do país com o Líbano. Nas últimas horas, moradores da região já começaram a deixar a área, após recomendações dos serviços de segurança, segundo o jornal israelense Haaretz.

O diário descreve uma “atmosfera altamente tensa” na região norte da Galiléia neste segundo dia de guerra. A maioria dos residentes próximos da fronteira com o Líbano evacuaram voluntariamente para zonas ao sul. Na região, seguem presentes equipes de emergência e trabalhadores essenciais. Poucos veículos civis são vistos nas estradas. Pelo contrário, há uma presença crescente de tanques e outros veículos militares.

Neste domingo, um dia após o ataque terrorista do Hamas, o Hezbollah lançou uma série de mísseis e artilharia contra três pontos nos campos de Shabaa, disputada região na fronteira entre Líbano e Israel. Até o momento, não foram relatadas vítimas. O líder do grupo armado, Hashem Safi al-Din, responsabilizou ainda os Estados Unidos e Israel pela ofensiva, através de uma mensagem enviada aos países neste domingo.

De acordo com o grupo armado baseado no Líbano, que também atua como um partido político no país, o ataque foi uma demonstração de “solidariedade” ao povo palestino com a operação terrestre, marítima e aérea terrorista lançada no sábado pelo Hamas.

“A Resistência Islâmica (…) atacou três posições do inimigo sionista nos campos de Shabaa ocupados (…) com um grande número de projéteis de artilharia e mísseis guiados”, disse o grupo xiita em um comunicado.

Apenas um dia depois do grupo extremista armado Hamas iniciar a ofensiva terrorista contra Israel, considerada a maior em 50 anos, o número de mortos e feridos não para de crescer. Neste domingo, o Ministério da Saúde palestino em Gaza informou que ao menos 313 palestinos morreram e quase 2 mil ficaram feridos com a reação das forças israelenses. Do outro lado, o levantamento mais recente aponta que há mais de 600 judeus mortos e 1.800 feridos — totalizando mais de mil vítimas fatais e 4 mil feridos.

Mas este parece ser só o início de um conflito sangrento, após o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometer um ataque “com todas as forças” contra Gaza que deixará a cidade “em ruínas”. O governo de Israel instou a população palestina a deixar suas casas dentro de 24 horas e iniciou uma operação para evacuar os judeus que residem nos arredores da região.

Como começou
A ofensiva do Hamas contra o Estado de Israel começou às 6h30 de sábado com os disparos de foguetes de vários locais de Gaza. Em seguida, começaram os ataques de entre 200 e 300 combatentes palestinos infiltrados em Israel a diversas localidades próximas ao território. Segundo o Exército de Israel, eles usaram picapes, botes de borracha e até parapentes para entrar no território.

Um porta-voz das Forças Armadas israelenses confirmou que vários civis e soldados foram mantidos reféns em casa, como na cidade de Ofakim, ou levados para o território palestino. O número total de capturados, informa o Haaretz, é desconhecido.

O Hamas divulgou um comunicado após o início dos ataques. Israel, junto com o Egito, mantém um duro bloqueio contra a Faixa de Gaza desde que o grupo assumiu o poder em 2007. Desde então, ocorreram vários conflitos entre combatentes palestinos e o Estado judeu.

“Decidimos pôr fim a todos os crimes da ocupação [israelense], o seu tempo de violência sem responsabilização acabou”, declarou o grupo. “Anunciamos a Operação Dilúvio de al-Aqsa e disparamos, no primeiro ataque de 20 minutos, mais de 5 mil foguetes”, escreveram, fazendo referência à histórica disputa em torno da mesquita de al-Aqsa, local em Jerusalém que é sagrado tanto para muçulmanos como para judeus.

Um alto funcionário do Hamas disse que o objetivo da captura de reféns é trocá-los pelos prisioneiros palestinos nas cadeias israelenses. Em mensagem divulgada em redes sociais, Netanyahu disse que o país está em guerra contra o grupo. “Estamos em guerra e vamos vencer. O inimigo pagará um preço que nunca conheceu”, disse Netanyahu em mensagem de vídeo.

Vídeo: Ironicamente, um corvo arranca a bandeira de Israel hasteada em ocupação de terras palestinas

Coincidência? Pode ser. Até mesmo os pássaros rejeitam a ocupação.

Confira

Governo prepara seis aviões para resgatar brasileiros na zona de conflito entre Israel e Hamas

No sábado, Itamaraty contabilizava um brasileiro ferido e dois desaparecidos. Voos devem sair de Israel a partir desta segunda; governo estuda acesso a outros aeroportos na área.

A Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou neste domingo (8) o início de uma operação de repatriação de brasileiros que estão na área de conflito em Israel e na Palestina, diz o G1.

Um avião KC-30, com capacidade para 230 passageiros, será enviado ainda neste domingo de Natal (RN) para a Itália – onde ficará aguardando orientações para buscar brasileiros no Oriente Médio e devolvê-los ao solo brasileiro.

“Não sabemos ainda se essa primeira decolagem será amanhã [segunda, 9] ou na terça, dependendo da montagem dessa lista de passageiros que desejam voltar ao Brasil”, afirmou o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Damasceno.
Segundo Damasceno, a coordenação dessa operação é feita em conjunto com as embaixadas do Brasil na região.

Há uma expectativa também de normalização das operações no Aeroporto Ben-Gurion – o principal em Israel –, o que permitiria que brasileiros deixassem o país em voos comerciais, sem precisar da ajuda do governo.

O governo ainda avalia outros aeroportos, além do próximo a Tel Aviv, para repatriar os brasileiros que não estão em Israel ou podem correr risco ao tentar chegar à capital israelense.

Segundo Damasceno, a lista de passageiros deve ser fechada na manhã desta segunda-feira (9), no horário de Brasília. Os voos podem decolar já na segunda – de preferência, saindo do Oriente Médio no turno da tarde.

“À tarde, porque facilita o transporte terrestre de todas as localidades até os aeroportos. Logicamente, num momento de crise como este, os transportes terrestres têm acesso mais difícil. Se decolássemos de manhã, teríamos nossos brasileiros fazendo deslocamentos complicadíssimos durante a madrugada”, explicou o comandante da Aeronáutica.

Ainda segundo o governo, há seis aeronaves prontas para a missão:

Hezbollah assume responsabilidade por ataques contra Israel

O grupo libanês Hezbollah afirmou que as suas armas e foguetes estão a disposição do Hamas depois do ataque a Israel.

O grupo libanês Hezbollah assumiu, neste domingo (8/10), a responsabilidade por três ataques a Israel, em uma região conhecida como Fazendas Shebaa, usando mísseis e artilharia.

As Forças Armadas de Israel, por sua vez, responderam aos ataques disparando artilharia contra uma área do Líbano apontada como a origem dos disparos do Hezbollah, diz o Metrópoles.

O grupo islâmico Hamas iniciou uma série de ataques surpresas contra o território de Israel nesse sábado (7/10). Foram disparados milhares de mísseis a partir da Faixa de Gaza contra cidades e alertas foram disparados em várias regiões, incluindo Jerusalém e Tel Aviv.

O Hezbollah parabenizou o Hamas pelos ataques e informou que suas armas e foques estão à disposição do grupo islâmico.

Líbano x Israel
O Líbano e Israel são considerados inimigos. No entanto, uma trégua entre as duas nações tem sido mantida desde 2006, apesar de pequenos conflitos registrados entre israelenses e libaneses.

Entre um dos principais conflitos entre os dois países, que fazem fronteira, está a Operação Litania que, em 1978, o Exercito de Israel decidiu ocupar uma região do Líbano para atacar um grupo de palestino. A ação tinha como objetivo criar uma de segurança entre os dois territórios.

Além dos conflitos em terra, Israel e Líbano divergem sobre a sua fronteira marítima. No ano passado, os dois países assinaram um acordo para limitar a uma área no mar conhecida pelo seu vasto estoque de petróleo.

Mainardi xinga imprensa brasileira por mostrar mortos dos dois lados, Israel e Palestina. Ele quer que mostre somente os mortos de Israel

É nas grandes tragédias que os patifes se mostram sem diques de barragem. E não é somente o Mainardi, tem muitos canalhas que saem do buraco dos ratos pelas frestas do assoalho e são especializados em mostrar os dentes de um conflito trágico para a humanidade apenas para um lado, pilhando, com suas falas, o ódio que vive dentro dos próprios.

No caso do Brasil, os cacos do fascismo aproveitam qualquer peste internacional para fazer seu corrupio com recortes que lhes deem munição para atacar seus desafetos.

Mainardi é torto desde que nasceu, o coitado coleciona feitos que se tornaram históricos, por sua insuportável gana reacionária, que sempre quis moer os mais pobres, utilizando as formas mais vis para atacar quem ele considera inimigo de sua felicidade.

O engraçado é que, agora, a mídia que o pariu, transformou-se em rival de quem uma vez na vida fez uma coisa que presta, sua saída definitiva do jornalismo.

Mas parece que o trambolho vive mergulhado num oceano de mágoa, rancor e ódio, porque percebe que, na verdade, ele foi reduzido àquilo que o gato enterra.

A velhice parece que não deu nada além de caretas reumáticas para Mainardi. Esquecido depois que perdeu espaço na mídia nacional, usa seu comentário para expor seu drama de refugo do jornalismo de esgoto e, no bojo, aproveita o ensejo para uma maçante e burra interpretação de mundo a partir dos seus olhos carregados de veneno.

Vídeo mostra bombas de Israel caindo na fronteira com a Faixa de Gaza; israelenses que moram nos arredores dessa região serão retiradas em 24 horas, anuncia governo

O Exército de Israel anunciou neste domingo (8) que nas próximas 24 horas todos os israelenses que vivem ao redor da Faixa de Gaza serão retirados. Além disso, uma força-tarefa foi criada para resgatar civis mantidos reféns pelo grupo Hamas que, no sábado (7), iniciou a ofensiva surpresa, iniciando o maior conflito militar na região nos últimos 50 anos. O número de mortos nos dois lados já chega a mais de 900.

O porta-voz militar de Israel, Daniel Hagari, acusa o Hamas de violar a lei internacional ao manter mulheres e crianças como reféns. Segundo as Forças Armadas do país, duas salas de operações usadas pelo grupo islâmico foram bombardeadas durante a madrugada. Já pela manhã, 10 outros alvos também foram atingidos, entre eles um centro de inteligência, um quartel militar e mais um local onde eram produzidas armas e equipamentos militares.

Além das explosões registradas na Faixa de Gaza, militares israelenses disseram que novos ataques foram feitos contra o norte de Israel partindo do Líbano. O grupo Hezbollah assumiu a autoria dos novos ataques, classificando-os como uma “solidariedade” ao povo palestino.

Israel respondeu aos ataques do Hezbollah disparando barragens de artilharia contra o sul do Líbano. Não há informações sobre vítimas.

*Com G1

Após anos de cerco à Faixa de Gaza, ataque palestino contra Israel não foi inesperado

Diogo Bercito*

Mais de 2 milhões de pessoas no território não têm liberdade de movimento nem acesso a itens básicos.

Não dá para dizer que os ataques do Hamas ao sul de Israel neste sábado (7) foram inesperados. Palestinos têm dito há anos que a situação na Faixa de Gaza era insustentável, que um dia ia explodir —como explodiu.

Hamas e Israel vão travar um embate físico, de tanques e foguetes, mas vão se enfrentar também na arena pública nos próximos dias. Vão tentar convencer o mundo da justiça e da legalidade das suas ações. Nosso desafio é enxergar através da névoa da guerra. A perspectiva histórica ajuda nessas horas.

A Faixa de Gaza abriga diversas comunidades palestinas expulsas de suas terras em 1948, data da criação do Estado de Israel e do embate com seus vizinhos árabes. Herdaram um trauma. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou a faixa. Manteve colônias ali até a sua retirada unilateral em 2005. O território foi tomado em seguida pela facção radical Hamas, que controla Gaza desde então.

O Hamas governa Gaza de maneira autoritária e impõe costumes conservadores à população. Sua liderança se descreve como uma força de resistência. Está em constante atrito com a facção rival, o Fatah, que administra a Cisjordânia. Os laços do Hamas com o eixo iraniano preocupam Israel, em especial.

Com a justificativa de sua segurança, Israel mantém um bloqueio terrestre, aéreo e naval à faixa. É uma forma de ocupação indireta. Palestinos dizem, portanto, que vivem na maior prisão a céu aberto do mundo. São mais de 2 milhões de pessoas instaladas em um território de 365 quilômetros quadrados –um quarto da área do município de São Paulo. Uma das maiores densidades populacionais do mundo.

Moradores de Gaza não têm liberdade de movimento nem acesso garantido a coisas como eletricidade, água potável, remédios e material de construção. Governada por um grupo extremista, uma geração de jovens cresceu odiando as pessoas do outro lado do muro. O Hamas lançou nos últimos anos saraivadas de foguetes contra civis israelenses na fronteira. Israel respondeu com bombardeios, debilitando a infraestrutura local.

Na guerra de 2014, que eu cobri para esta Folha, vi em Gaza algumas cenas mais desoladoras da minha carreira. Entre elas, prédios residenciais transformados em crateras, destruindo famílias inteiras. Entre disparos israelenses vindos da terra, do ar e do mar, palestinos não tinham para onde fugir. É o tipo de memória que persiste por ali e que é instrumentalizada pelo Hamas em dias como hoje.

Desconfie, portanto, das análises dizendo que essa guerra é inesperada. O ataque do Hamas pode ter tomado o governo de Israel de surpresa —o que sinaliza um fiasco histórico de inteligência (e também de bom senso). Mas não é um evento inesperado. É um lembrete do risco de manter um status quo injusto, uma lição que vale para outros governos no mundo.

Os palestinos que aparecem nos vídeos cruzando a fronteira e entrando em Israel nunca tinham deixado a faixa de Gaza durante as suas vidas. Celebram uma fuga, também, e não apenas o ataque e os sequestros. Nada disso justifica, que fique claro, a morte de dezenas de civis israelenses. Imagens terríveis circulam neste sábado, registrando a captura e assassinato de inocentes. É preciso condenar os ataques do Hamas de maneira inequívoca, como tantos governos já fizeram, inclusive, sem titubear. É preciso pressionar as partes envolvidas para que interrompam as hostilidades, também.

Mas, na esfera pública, palestinos têm feito perguntas importantes, que não podemos ignorar. Por exemplo, querem saber por que o mundo celebra os ucranianos que resistem aos russos enquanto condena os palestinos de Gaza. Querem saber também por que as pessoas não censuram com tanta veemência o cerco contínuo à Faixa de Gaza. Querem saber, ainda, quem vai lamentar a morte de civis palestinos nos próximos dias, durante os ataques do Exército israelense, que vai tentar compensar seu fracasso com violência. A dúvida, nesse caso, é quem tem direito à humanidade.

*Folha

Ações do governo de extrema direita de Netanyahu contra palestinos foram estopim de ataques do Hamas

Especialistas em relações internacionais apontam violência e propostas de anexação de territórios no cerne do conflito.

Na madrugada deste sábado (7), o grupo Hamas realizou uma série de ofensivas contra Israel, justificadas como resposta ao aumento da violência contra o povo palestino, à proposta de anexação de partes da Cisjordânia e aos ataques contra a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém. As ações ocasionaram, ao menos, 100 mortes.

Fora os ataques com mísseis, militantes do Hamas invadiram o território de Israel em diversos pontos e prenderam altos comandantes militares do exército israelense.

A ação do grupo foi contra-atacada pelo exército israelense, que fez vários ataques à Palestina. E que já resultaram em, ao menos, 198 mortes.

Segundo o cientista político Marcelo Buzetto “é uma ação coordenada e planejada com objetivos militares e humanitários no sentido de tentar realizar, futuramente, nos próximos meses ou próximos anos, algum tipo de negociações de troca de prisioneiros”. O pesquisador é autor do livro A Questão Palestina: guerra, política e relações internacionais (Editora Expressão Popular).

A professora de História Árabe da USP (Universidade de São Paulo), Arlene Clemesha, argumenta que a ação destes grupos são uma contraofensiva a repressão israelense, que se intensificou desde a última eleição do atual primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

“A situação piorou muito esse ano, os ataques contra os palestinos, foram bem piores em intensidade e caráter. A gente tem visto a população civil israelense atacar palestinos”, afirma

Clemesha argumenta que a situação foi provocada por conta da coalizão que o primeiro ministro israelense formou neste novo mandando, que, segundo ela, “é a coalizão mais à extrema direita que Israel já viu em toda a sua história”.

Ela destaca ainda que o Hamas agiu com base em informações de que haveriam novas incursões de Israel para tomar definitivamente áreas palestinas.

“Eles tinham informação de que, passados os feriados judaicos agora, Israel estava preparando para invadir Jenin e a faixa de Gaza. E Jenin já foi invadida um mês, um mês e pouco atrás, já teve uma invasão ao campo de refugiados de Jenin, que foi bem destruidora, bem violenta e sentida pelos palestinos. Com milhares de palestinos fugindo. Então o Hamas decidiu invadir preventivamente. Foi uma invasão preventiva, porque assim já utiliza a estratégia de fazer reféns, para tentar não ficar tão à mercê do que seria esse novo ataque a israelense”, detalhou.

Atualmente vivendo na Cisjordânia, na cidade de Jericó, a 27 quilômetros de Jerusalém, o gestor de Políticas Públicas Igor Galvão conversou com o Brasil de Fato.

“Não há toque de recolher decretado ainda pela Ocupação Israelense na Cisjordânia e a cidade de Jericó está em clima de normalidade”, afirmou o militante do Movimento Brasil Popular.

A trabalho na região, Galvão diz que ele foi surpreendido pela notícia do conflito. “As notícias começaram a chegar em torno de 8h30/9h (horário local). O nosso escritório de segurança local enviou informes e, no início, só pediu que cancelássemos toda as atividades do dia. Nós já estávamos em campo, então, logo em seguida, chegou a solicitação para voltarmos para casa”, relatou

*Brasil de Fato

Normalização de Israel com árabes é o alvo dos ataques

Jamil Chade*

Ao disparar foguetes em direção ao território israelense, o Hamas tenta mandar um recado claro e definitivo: não existirá qualquer processo de normalização das relações de Israel com o mundo árabe enquanto as reivindicações do movimento não forem atendidas.

Nos últimos meses, um esforço diplomático inédito tem permitido o restabelecimento de relações entre alguns países árabes e Israel. Há poucas semanas, uma delegação de Tel Aviv visitou a Arábia Saudita, algo que poderia ser considerado como impensável há poucos anos. Dias depois, um ministro israelense foi o primeiro representante da cúpula de um governo de Israel a fazer uma viagem oficial aos sauditas.

Já na semana passada, o ministro de Comunicações de Israel, Shlomo Karhi, também viajou para o país árabe e divulgou uma foto no qual ele e outros membros de sua delegação rezavam no quarto de hotel. Em suas mãos, partes da Torá, o livro sagrado hebraico. Os trechos seriam dados para o governo saudita, como parte dos esforços de normalização que, se fosse concretizada, mudaria a lógica e o mapa político da região.

Mas, para uma ala dos palestinos, a normalização da situação de Israel na região está ocorrendo num processo de marginalização de qualquer reivindicação do movimento em Gaza. Na Liga Árabe, o tema palestino não mobiliza mais e a situação desse grupo vive um abandono. Para muitos na região, a ideia de uma paz com o estabelecimento de dois estados é apenas um sonho distante. Na prática, uma ala palestina acusa parte dos árabes de traição.

Internamente, a liderança política palestina, o Fatah, está absolutamente desacreditado e sequer ameaça realizar eleições, por saber que seria o grande derrotado.

Ao disparar mísseis, o Hamas tenta enterrar definitivamente o Fatah, se apresenta para uma nova geração de palestinos inconformados como seus verdadeiros representantes e busca torpedear e bloquear o diálogo entre o mundo árabe e Israel.

O ataque também é um recado indireto dos iranianos aos sauditas de que a aproximação entre Israel e Ryad não é apreciada.

No fundo, o Hamas manda um recado para a região: nada poderá ser feito sem nós.

O problema, segundo diplomatas, é que, ao matar dezenas de civis inocentes, o grupo aprofunda a rejeição internacional e justifica o isolamento político que sofre nas principais capitais do poder.

 

Israel ordena cortar o fornecimento de eletricidade de Gaza

Israel ordenou, neste sábado (7), à empresa elétrica estatal cortar o fornecimento de energia na Faixa de Gaza, depois da ofensiva surpresa lançada pelo movimento palestino Hamas contra o território israelense, informou o ministro israelense da Energia.

“Assinei uma ordem para que a Companhia Elétrica [de Israel] suspenda o fornecimento elétrico para Gaza”, informou o ministro de Energia, Israel Katz, por meio de nota.