Mês: março 2024

Pazuello esteve em reunião com Bolsonaro que discutiu golpe

Encontro acontece em novembro de 2022, após o segundo turno das eleições, no Palácio da Alvorada.

Por Karla Gamba e Igor Mello

Ex-ministro da Saúde durante a pandemia e agora deputado federal, o general Eduardo Pazuello (PL–RJ) participou de pelo menos uma reunião em que foi discutido a tentativa de golpe de Estado.

A reunião teria acontecido em 7 de novembro de 2022, no Palácio da Alvorada, e contou com a presença do então presidente Jair Bolsonaro. O encontro foi citado pela Polícia Federal em alguns depoimentos feitos com alvos e testemunhas da investigação sobre o golpe, entre eles o do ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, e do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. A reunião pode ter contado com a participação de outras pessoas, de forma presencial ou à distância.

Freire Gomes foi questionado pela PF sobre quais providências tomou ao saber que o general Pazuello tentava utilizar o art. 142 da Constituição como fundamento jurídico para impedir a posse do governo eleito por meio de uma ação militar. Ele respondeu que, como Pazuello estava na reserva do Exército e já eleito deputado federal, entendeu que seria uma “questão política”, sem possibilidade de influenciar diretamente as Forças Armadas.

*Karla Gamba e Igor Mello/ICL

Uma melancia de uma tonelada caiu hoje na cabeça de Bolsonaro. Tá morto!

Da série: Declaro estado de sítio a mim mesmo. Me fodi!
(Jair Messias Bolsonaro).

O mesmo Bolsonaro expulso das Forças Armadas e que, durante quase 30 anos de legislativo, nunca produziu um único rascunho de projeto para o país, meteu em seu discurso de golpe, ordem e progresso, de cara. Coisa que ele só conseguiu na vida para si, através de picaretagem, associação com todo tipo de crime e criminosos, incluindo a parceria com o então juiz Sergio moro para fraudar a eleição de 2018, em que Moro e Bolsonaro combinam a condenação e prisão de Lula em troca de uma super pasta de um ministério bagunça de Bolsonaro.

Aliás, Bolsonaro transformou o Palácio do Planalto num grande Vivendas da Barra com assassino, contrabandista de armas, corruptos para todo gosto e contraventores das mais diversas atividades, sem falar dos pastores picaretas.

Ou seja, Bolsonaro esteve numa constante luta para transformar o Brasil numa grande área dominada pela milícia.

Sem a menor sombra de dúvida de que, num contexto desse, desde o primeiro dia do seu governo, Bolsonaro tentou construir um clima para decretar um estado de sítio a partir de um golpe de Estado.

Bolsonaro botou, nas redes sociais, suas mulas e cães boiadeiros para manter o pasto unido e pressionar o alto comando militar a jogar o país num precipício institucional, em que aqueles se negavam a legitimar o golpe, eram tarjados com os dizeres, militar melancia, verde por fora e vermelho por dentro..

Foi uma dessas melancias, pesando uma tonelada, que caiu na cabeça de Bolsonaro, quando Moraes levantou o sigilo dos depoimentos, incluindo o seu, escancarando o quanto Bolsonaro está cagado de cima a baixo e madurinho para ser enjaulado com focinheira, com tudo.

Sem dúvida que a revelação de Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro caso continuasse a propor um golpe de Estado, ele o prenderia.

Ex-comandante da FAB diz à PF que Zambelli o abordou pedindo golpe

Em depoimento à PF, ex-comandante da Aeronáutica disse que deputada Carla Zambelli (PL) o abordou pedindo para “não deixar Bolsonaro na mão”.

Ex-comandante da Aeronáutica durante o governo Bolsonaro, o tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior relatou à Polícia Federal, em depoimento no dia 17 de fevereiro, que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) o pressionou a aderir a iniciativas golpistas.

Baptista Junior contou à PF que Zambelli o abordou após a formatura de aspirantes a oficial da FAB ocorrida no dia 8 de dezembro de 2022, na cidade de Pirassununga (SP). Na conversa, segundo o militar, a parlamentar bolsonarista pediu lhe que “não deixasse o presidente Bolsonaro na mão”, diz o Metrópoles.

O ex-comandante da Aeronáutica disse ter repreendido a deputada na hora. “Deputada, entendi o que a senhora está falando e não admito que a senhora proponha qualquer ilegalidade”, disse Baptista, segundo depoimento do militar à PF ao qual a coluna teve acesso.

Zambelli também teria abordado ministro da Defesa
O ex-comandante da Aeronáutica contou ainda à PF ter relatado a abordagem de Zambelli ao então ministro da Defesa do governo Bolsonaro, general Paulo Sérgio Nogueira. O general teria contado que também foi procurado por Zambelli “de forma semelhante”.

“QUE as pressões para anuir a uma possível ruptura institucional não se limitou às redes sociais; QUE no dia 08/12/2022, após a formatura dos aspirantes a oficial da FAB, na cidade de Pirassununga/SP, o depoente foi interpelado pela deputada federal CARLA ZAMBELLI, com a seguinte indagação; ‘Brigadeiro, o senhor não pode deixar o Presidente Bolsonaro na mão’, QUE, em seguida, o depoente disse: ‘Deputada, entendi o que a senhora está falando e não admito que a senhora proponha qualquer ilegalidade’. QUE o depoente reportou tal fato ao então ministro da Defesa PAULO SÉRGIO DE OLIVEIRA; QUE o Ministro reportou ao depoente, que foi abordado pela deputada federal CARLA ZAMBELLI de forma semelhante”, diz trecho do depoimento de Baptista Junior.

Veja a íntegra do depoimento do general Freire Gomes

Na manhã desta sexta-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, revogou o caráter sigiloso dos depoimentos de indivíduos pertencentes às Forças Armadas e à população civil que foram interrogados no processo investigativo que apura a conspiração contra o Estado, planejada durante a administração de Jair Bolsonaro (PL). Durante o depoimento […]

Na manhã desta sexta-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, revogou o caráter sigiloso dos depoimentos de indivíduos pertencentes às Forças Armadas e à população civil que foram interrogados no processo investigativo que apura a conspiração contra o Estado, planejada durante a administração de Jair Bolsonaro (PL), diz o Cafezinho..

Durante o depoimento o general alegou que ameaçou o então presidente Bolsonaro prisão caso insistisse da intentona golpista e afirmou que não acredita que houve qualquer tipo de fraude no processo eleitoral de 2022 em que o ex-presidente foi derrotado por Lula.

Ele também reconhece que houveram iniciativas como a publicação de manifestos e cartas abertas para pressioná-lo a aderir ao golpe que se buscava consumar.

Ele também afirma que a minuta golpista encontrada da do ex-ministro da justiça, Anderson Torres, foi apresentada na reunião do dia 7 de dezembro entre Bolsonaro e os comandantes militares.

Clique aqui para ver a íntegra do documento.

Moraes tira sigilo dos depoimentos de Bolsonaro, Braga Netto e ministros em inquérito sobre tentativa de golpe de Estado

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes derrubou nesta sexta-feira (15) o sigilo dos depoimentos de militares e civis ouvidos no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado arquitetada durante o governo Jair Bolsonaro.

A decisão torna públicos os depoimentos de:

  • Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Carlos Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica;
  • Ailton Gonçalves Moraes Barros;
  • Almir Garnier Santos;
  • Amauri Feres Saad;
  • Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro;
  • Angelo Martins Denicoli;
  • Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Bolsonaro;
  • Bernardo Romão Correa Netto;
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022;
  • Cleverson Ney Magalhães;
  • Eder Lindsay Magalhães Balbino;
  • Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira;
  • Filipe Garcia Martins Pereira;
  • Guilherme Marques Almeida;
  • Helio Ferreira Lima;
  • JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA E SILVA,
  • LAÉRCIO VERGÍLIO, MARCELO COSTA CÂMARA, MARIO
  • FERNANDES, PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA, RAFAEL
  • MARTINS DE OLIVEIRA, RONALD FERREIRA DE ARAÚJO JÚNIOR,
  • SÉRGIO RICARDO CAVALIERE DE MEDEIROS, TERCIO ARNAUD
  • TOMAZ, WALDEMAR COSTA NETO

Depoimento de ex-comandante cai como bomba e complica defesa de Bolsonaro

O depoimento do ex-comandante do Exército Freire Gomes foi considerado por aliados e auxiliares de Jair Bolsonaro, o “relato mais grave”, até agora, sobre o ex-presidente no inquérito do golpe.

Para o entorno do capitão reformado, o depoimento detalhado que o general deu sobre sua participação em reuniões com Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira é tão grave quanto as revelações da delação do ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.

O trecho que gera mais preocupação é a confirmação do ex-comandante, de que o próprio ex-presidente apresentou a minuta golpista e discutiu seu teor em, ao menos, duas reuniões. Para conselheiros de Bolsonaro que atuam na área jurídica, não será fácil dar uma explicação que convença os investigadores de que os encontros tinham caráter democrático, diz Bela Megale, O Globo.

Hoje, a linha de defesa é reforçar que Bolsonaro não chegou a assinar nenhum documento. A avaliação da PF e do Supremo Tribunal Federal (STF), porém, é que atentar contra o estado democrático já configura o crime.

Aos investigadores, Freire Gomes disse que “se recorda de ter participado de reuniões no Palácio do Alvorada, após o segundo turno das eleições, em que o então Presidente da República JAIR BOLSONARO apresentou hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO, ESTADO DE DEFESA e ESTADO DE SÍTIO em relação ao processo eleitoral”

Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro se ex-presidente insistisse em plano de golpe

Cena foi relatada à PF por ex-comandante da aeronáutica, Carlos Baptista Junior, em depoimento à Polícia Federal; CNN teve acesso ao conteúdo do depoimento.

O ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, ameaçou dar voz de prisão ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) quando ele mencionou a possibilidade de dar um golpe de Estado para se manter no poder após ser derrotado nas urnas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A cena teria sido presenciada em uma reunião no Palácio da Alvorada pelo ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos Baptista Junior, e relatada à Polícia Federal. A CNN teve acesso à íntegra do documento.

Aos investigadores, Baptista Júnior disse ainda estar convicto de que foi a posição firme de Freire Gomes que impediu um golpe de Estado no Brasil.

“Caso o comandante tivesse anuído, a possível tentativa de golpe de Estado teria se consumado”, disse o ex-chefe da Aeronáutica aos investigadores.

No depoimento, Baptista Junior afirmou também que, depois de Bolsonaro “aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de alguns institutos previsto na Constituição (GLO ou estado de defesa ou estado de sítio)”, o então comandante do Exército disse que “caso ele tentasse o tal ato teria que prender o presidente da República.”

Em seu depoimento, o ex-comandante da FAB diz ainda que ele tentou demover o Jair Bolsonaro de decretar uma Garantia da Lei e da Ordem, Estado de Defesa e de Sítio.

O general Freire Gomes e o tenente-brigadeiro Baptista Júnior afirmaram ainda que rechaçaram em diversas oportunidades uma proposta de golpe, enquanto que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria colocado à tropa à disposição de Bolsonaro.

Em seu depoimento, o ex-comandante da FAB diz ainda que ele tentou demover o Jair Bolsonaro de decretar uma Garantia da Lei e da Ordem, Estado de Defesa e de Sítio.

O general Freire Gomes e o tenente-brigadeiro Baptista Júnior afirmaram ainda que rechaçaram em diversas oportunidades uma proposta de golpe, enquanto que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria colocado à tropa à disposição de Bolsonaro.

PF envia para STF investigação do assassinato de Marielle Franco após nome de parlamentar surgir no caso

Mudança indica que investigação da Polícia Federal avançou em direção a novos suspeitos de envolvimento no crime.

A Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação sobre o assassinato da vereadora do Psol Marielle Franco após novas provas mencionarem um parlamentar federal no caso, segundo informações de Aguirre Talento, do UOL.

A mudança indica que a investigação da Polícia Federal avançou em direção a novos suspeitos de envolvimento no crime. Até o momento, não há informações detalhadas sobre o grau de envolvimento da autoridade com foro privilegiado no crime, seja como possível mandante ou se seu nome foi mencionado em outras circunstâncias.

O caso estava sendo conduzido no Superior Tribunal de Justiça (STJ) devido à suspeita de envolvimento de outra autoridade com foro privilegiado perante aquele tribunal. Conforme a legislação, o Supremo Tribunal Federal (STF) é responsável pelo julgamento de inquéritos e processos penais envolvendo senadores e deputados federais, enquanto o STJ é o foro para governadores de estado, desembargadores e conselheiros de tribunais de contas dos Estados.

Desde o final do ano passado, a Polícia Federal estava negociando um acordo de delação premiada com o ex-policial Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que resultaram na morte da vereadora. Diante de indícios envolvendo uma autoridade com foro no STJ, o caso foi encaminhado para essa instância.

Embora o inquérito ainda não tenha sido distribuído para um ministro relator, é previsto que seja julgado pela Primeira Turma do STF. O processo está sob sigilo.

Apesar do envio ao STF, a mesma equipe da Polícia Federal continuará responsável pela condução do caso, que está sob a supervisão da Superintendência da PF no Rio de Janeiro.

A PF também continua aprofundando as investigações com base nas informações fornecidas na delação do ex-policial Élcio Queiroz, que colaborou com Ronnie Lessa no crime.

Por que a grande mídia não quis saber por que o porteiro do Vivendas da Barra mudou sua versão no dia da morte de Marielle

Há uma história sombria, que envolve três personagens, sobre a morte de Marielle que, não se sabe o motivo, foi abandonada pela mídia industrial. Os três personagens são, o porteiro do Vivendas da Barra, Bolsonaro e Moro, o então ministro da Justiça e Segurança Pública.

O início da história todos conhecem, trata-se do dia do assassinato de Marielle em que Élcio de Queiroz, comparsa de Ronnie Lessa, chega na portaria do condomínio Vivendas da Barra e, a seu pedido, o porteiro toca para a casa 58, do Seu Jair Bolsonaro e, de lá, recebe a ordem para liberar a entrada do motorista que dirigiu o carro com o assassino de Marielle Franco.

A história foi contada à Polícia Civil, em depoimento, pelo próprio porteiro do condomínio, depoimento que foi vazado para a mídia, e a Globo noticiou no Jornal Nacional, gerando um ataque de fúria em Bolsonaro que estava no Catar e, de madrugada, gravou um vídeo acusando a Globo de leviana por tentar envolver Carlos Bolsonaro na trama que desembocou no assassinato da vereadora.

Imediatamente, Bolsonaro usou o cargo de presidente da República para mandar o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, dar uma prensa no porteiro para que ele mudasse a sua versão. Assim foi feito e, lógico que, com Moro, Bolsonaro no cangote do coitado do porteiro, ele disse que se confundiu e mudou a versão dos fatos.

A partir de então, esse episódio foi totalmente silenciado, Moro não deu um pio, Bolsonaro fez o mesmo, Carluxo seguiu a mesma linha do pai e o porteiro evaporou.

Mas o que surpreende ainda mais, foi o silêncio da grande mídia com o uso do cargo de presidente de Bolsonaro e também de Moro, que interferiram numa investigação da Polícia Civil do Rio para que os fatos ganhassem outra versão do mesmo porteiro.

O abuso de poder escancarado, que já é uma aberração jurídica, recebeu da mídia tradicional uma limpeza para que não se tocasse mais no assunto.

E até os dias que correm, esse assunto segue estranhamente esquecido pelo jornalismo corporativo do Brasil.

A pergunta que se faz é, por quê?

O que as procuradoras Janice Ascari e Livia Tinoco, da Lava Jato, falaram da ministra Carmen Lúcia

Mulheres com projeção na política nacional eram alvo frequente de comentários machistas nos grupos de procuradores.

Ainda que Gilmar Mendes fosse o ministro do Supremo Tribunal Federal mais criticado nos grupos, Cármen Lúcia, então presidente do STF, recebeu os comentários mais ultrajantes. Em uma conversa, especulam sobre sua vida pessoal e o fato de não pintar o cabelo.

Livia Tinoco: Cármen Lúcia é franciscana. Mulher simples. De muita renúncia. Não tem filho para sustentar.

Janice Ascari: Nem gasta com cabeleireiro.

Lívia Tinoco: Nem com dentista. Tem uns dentes horríveis, Amarelos e tortos. Mereciam uma lente pra ajudar um pouco o sorriso. […] Já passou da hora de fazer um preenchimento e um botox

Janice Ascari: hahahahahahaha

Wellington Saraiva: Alguém sabe se é casada, já casou, teve união com qualquer nível de estabilidade e se tem filhos? Não que isso tenha relevância profissional, mas tem…

Lívia Tinoco: Eu gosto tanto da Cármen Lúcia. Acho ótima magistrada. Mas em matéria de cuidados corporais ela é péssima. Parece até ser anti-higiênica.

Janice Ascari: Galega, pegou pesado hahaha

Luiz Lessa: A quantidade de publicações indica que ela não teve tempo para romance.

No dia 24 de junho de 2015, o assunto era o famoso discurso em que Dilma saudou a mandioca (como item essencial da alimentação em território do povo brasileiro). A frase virou piada e deu munição a toda sorte de ironia. Ailton Benedito de Souza cravou: “Deve estar sempre sonhando acordada com a mandioca.”

Preconceitos de origem também surgiram depois da reeleição de Dilma Rousseff, puxada especialmente por votos da região Nordeste. Em julho de 2015, Benedito de Souza, mesmo em meio a colegas de todas as regiões do país no grupo, escreveu: “Por isso que não tenho pena dos nordestinos […] Quando os vejo sofrer pelas suas desgraças, considero-as merecidas.” Vladimir Aras, nascido em Salvador e integrante do Ministério Público Federal em Brasília, rebateu: “Menos, Ailton, menos.” Souza arrematou: “Apenas consequências das próprias escolhas, que somos todos livres para fazer.”

Em abril de 2016, o assunto foi o discurso de Janaína Paschoal na USP. Peterson de Paula Pereira disse: “Constrangedor… Caso de internação. Tivesse ali pulava em cima e chamava ambulância.” Helio Telho, fazendo joça, exclamou: “Pet, confesse. Você está querendo se perder com a Janaina!” Em seguida, Vladimir Aras elocubrou: “Imagina o marido dessa mulher como sofre.” Janice sugeriu: “Ela podia se candidatar a deputada. Ganhava fácil e as sessões iam ser bem divertidas. Podiam até criar a Bolsa Rivotril.”

Alvos da Lava Jato eram tema de piada. A procuradora Laura Tessler, de Curitiba, escreveu: “Diz que o sítio é mesmo do Lula. A primeira foto mostra uma 51!!!” Depois da prisão coercitiva de Lula, Luiz Lessa repetiu uma das troças que circulavam na internet: “Finalmente as piadas falando que o Lula é analfabeto vão acabar. Hoje Lula entrou na Federal!!” O próprio Lessa, no dia seguinte, chamou a falecida esposa de Lula, Marisa Letícia, “de tribufu do inferno stalinista”.

A piauí pediu entrevista a todos os procuradores citados, diretamente ou por meio da assessoria de imprensa do Ministério Público Federal, mas apenas Telho, Saraiva e Robalinho falaram com a reportagem.

As conversas relatadas acima estão entre as mensagens que integram o acervo da Operação Spoofing, deflagrada pela Polícia Federal em julho de 2019. O objetivo dessa operação foi investigar o vazamento de contas de Telegram mantidas por participantes da Lava Jato, um escândalo que ficou conhecido como Vaza Jato. Divulgados em primeira mão pelo site Intercept Brasil, os lotes de mensagens vazadas por um hacker mostraram que os procuradores da Lava Jato – com Deltan Dallagnol à frente – faziam combinações com o então juiz Sergio Moro. Eles trocavam informações e acertavam planos de ação.

No final do ano passado, a reportagem da piauí teve acesso ao conteúdo integral das mais de 952 mil mensagens enviadas e recebidas pelo coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, entre maio de 2014 e abril de 2019. Com base nelas, foi publicada uma reportagem na edição de março da revista, que pode ser lida aqui, sobre as táticas e motivações de Dallagnol na operação.

Imagem

*Revista Piauí