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Família de Assange agradece a Lula e ao Papa após libertação

Detido desde 2019, a libertação do jornalista e fundador do Wikileaks é comemorada ao redor do mundo. Assange se tornou um ícone da luta pela liberdade de imprensa. Assange fez acordo com os EUA e já cumpriu a pena pelo único “crime” que aceitou.

O irmão do fundador do Wikileaks, Julian Assange, agradeceu autoridades que se manifestaram em apoio ao jornalista, entre eles, o presidente Lula. Gabriel Shipton afirmou à emissora britânica Sky News que personalidades como o Papa Francisco e o presidente brasileiro foram determinantes para a libertação de Assange.

“Eu venho trabalhando em Washington, em congressos defendendo a liberação de Julian, durante os últimos três ou quatro anos. Conquistar a liberdade de Julian Assange tem sido um esforço global, e é crédito de todos”, agradeceu Shipton.

“Do Papa, que defendeu Julian, o presidente Lula, do Brasil, o primeiro-ministro australiano, todos fizeram parte desse esforço global”, disse o irmão de Assange.

O jornalista deve se declarar culpado nesta quarta (26), em um tribunal nas Ilhas Marianas do Norte, por violar a lei de espionagem dos EUA, em um acordo que encerrará sua prisão no Reino Unido e permitirá que ele encerre sua odisseia e retorne para casa, na Austrália.

O fundador do Wikileaks está a caminho do arquipélago das Marianas, um território americano situado no oceano Pacífico, muito mais próximo da Oceania do que da América Norte.

Segundo o acordo, em um tribunal americano na ilha de Saipan, ele se declarará culpado por conspiração por obter e disseminar informações de defesa nacional dos Estados Unidos.

Assange cumpre uma pena de 62 meses, equivalente ao tempo que já cumpriu na prisão de Belmarsh, no Reino Unido, enquanto lutava contra a extradição para os Estados Unidos. Espera-se que ele seja libertado e retorne para a Austrália, seu país natal, após o desenrolar do processo judicial desta semana, segundo o Vermelho.

O Wikileaks anunciou a saída de Assange da prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres, às 20h50 desta segunda (24). Após a decisão da Suprema Corte britânica por sua soltura, na manhã da segunda, do horário local, o jornalista dirigiu-se ao aeroporto de Stansted e deixou o Reino Unido.

“Julian Assange está livre. Ele deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de junho, depois de ter passado 1.901 dias lá. Ele recebeu fiança do Supremo Tribunal de Londres e foi libertado no aeroporto de Stanstead durante a tarde, onde embarcou em um avião e partiu do Reino Unido”, publicou o Wikileaks no X, antigo Twitter.

“Depois de mais de cinco anos numa cela de 2×3 metros, isolado 23 horas por dia, ele em breve se reunirá com sua esposa Stella Assange e seus filhos, que só conheceram o pai atrás das grades”, disse.

Wikileaks e a defesa pelos direitos humanos e a soberania nacional

Assange se tornou um símbolo da luta pela liberdade de imprensa ao ser perseguido e condenado pelos Estados Unidos por revelar centenas de milhares de documentos que expuseram ataques do exército americano a civis no Iraque e no Afeganistão.

Em 2006, o jornalista criou o Wikileaks, um sistema de “entrega de cartas mortas” na internet para potenciais fontes. Mas foi em abril de 2010 que o site ganhou destaque ao publicar um vídeo que mostrava um helicóptero dos EUA, em 2007, matando uma dúzia de pessoas na capital iraquiana, Bagda, inclusive dois jornalistas da Reuters.

Em 2010, o Wikileaks divulgou mais de 90 mil documentos militares secretos dos EUA sobre a guerra no Afeganistão e cerca de outros 400 mil documentos sobre a guerra do Iraque, na maior quebra de segurança da história militar americana.

Em 2011, a organização revelou mais 250 mil telegramas diplomáticos secretos de embaixadas americanas em todo o mundo, que foram publicadas por jornais como The New York Times e o The Guardian.

Em um dos vazamentos, o Wikileaks revelou que a então presidente da República do Brasil, Dilma Rousseff (PT), foi grampeada pela Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês). Além da própria presidente, outros 29 telefones do governo foram espionados pela agência de inteligência.

Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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