Dia: 30 de junho de 2024

A Nova Frente Popular (Centro-Esquerda) é a vencedora na França

Macron agora terá que conter os radicais do seu grupo e se unir à Nova Frente Popular, não há outro caminho.

Uma Nova Frente Popular surge para enfrentar o Fascismo na França,

Era óbvio que a Extrema-direita teria maior percentual no primeiro turno, mas a tática da Nova Frente Popular (A France Insoumise (França Insubmissa), o Parti Socialiste (Partido Socialista), o Parti Communiste (Partido Comunista) e Les Écologistes (Os Ecologistas), se ajustou muito bem para o momento e se constituiu o verdadeiro polo de resistência ao fascismo, os números nacionais confirmam o excelente desempenho.

A tática suicida de Macron o levou à derrota, sem nenhuma necessidade, após as eleições para o Parlamento Europeu, ele convocou eleições nacionais, para o parlamento em que ele tinha maioria, poderia ficar até as próximas eleições e aguentar a extrema-direita, preferiu o tudo ou nada, perdeu feio, mas abriu um leque à esquerda muito interessante.

Percebo que estamos olhando apenas para um lado, a “vitória”(mais do esperada) da extrema-direita, sem entender, primeiro que quem foi derrotado foi o Macron, seu conservadorismo não se sustenta na direita. É o caso do PSDB, que foi engolido pelo bolsonarismo.

Macron não é o interlocutor da defesa da Democracia, como parecia e dependendo dos resultados do segundo turno, será o responsável por entregar à extrema-direita o comando do país, agora terá que conter os radicais do seu grupo e se unir à Nova Frente Popular, não há outro caminho.

Em rápidas palavras, a derrota de Macron se ao agravamento da crise econômica, o fracasso da guerra da Ucrânia e a incapacidade de lidar com a imigração, o que levou a extrema-direita a “comer” a direita do Macron, por um lado e a centro-esquerda, pelo outro.

Tentativa de golpe na Bolívia: sanha por lítio e movimentos dos EUA não são mera coincidência

A nível mundial, expansão da capacidade de produção de lítio é crucial, o que torna imprescindível ter o controle das áreas onde se encontra o mineral, como a Bolívia.

Podemos tentar compreender a intentona golpista perpetrada no último dia 26 de junho contra o governo democraticamente eleito da Bolívia sob várias perspectivas. A meu ver, a geoestratégica e os interesses no campo energético é uma das principais. Juntamente com Argentina e Chile, o território boliviano compõe o que se denomina “triângulo do lítio”, essencial à procura por soluções de energia limpa e também evolução tecnológica, fatores-chave para o futuro da mobilidade e da transição energética globais.

Nos últimos quatro anos, esse país andino de 12,2 milhões de habitantes, cuja economia é baseada na extração de recursos naturais, principalmente gás e minérios, já sofreu duas tentativas de golpe de Estado, tendo a primeira sido exitosa, e a segunda providencialmente sufocada.

Preocupação com capitais chineses e russos
Em novembro de 2019, golpistas da extrema-direita forçaram a renúncia do então presidente Evo Morales, que viu-se obrigado a deixar seu país, exilando-se primeiramente no México, e posteriormente na Argentina. Durante o governo da presidenta golpista Jeanine Áñez, foram registradas centenas de prisões arbitrárias, e forte repressão policial aos movimentos contrários ao golpe. Neste 26 de junho de 2024, o agora ex-comandante do Exército Boliviano, Juan José Zúñiga, que se encontra preso, foi a principal liderança dessa segunda tentativa de golpe contra a democracia boliviana, a qual felizmente foi devidamente contida, segundo o Diálogos do Sul.

Conforme salientei, há várias maneiras de tentar compreender essas ameaças golpistas na Bolívia, mas, no meu entendimento, devemos partir para as questões geoestratégicas. Recentemente, no mês de abril, a titular do Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, generala Laura Jane Richardson, se dirigiu à cidade de Ushuaia, na Argentina, onde foi recebida pelo presidente Javier Milei, entusiasta do país norte-americano. Naquela oportunidade, o mandatário rioplatense anunciou, entre outras questões, a instalação de uma base naval integrada aos EUA naquela localidade.

Trata-se de uma jogada estratégica, uma vez que há uma grande preocupação em Washington no que se refere ao Atlântico Sul, devido, sobretudo, à possibilidade de participação de capitais chineses e russos, em cooperações econômicas e no que se refere ao lítio, um dos recursos que faz parte da “estratégia de segurança” estadunidense nessa região.

Lítio, crucial para transição energética
O lítio é encontrado em lagos salgados ou salinas, sobretudo no Chile, na Argentina e na Bolívia (e em menor escala nos Estados Unidos e na China). A demanda por esse recurso tem experimentado aumento exponencial devido à sua aplicação predominante em baterias para veículos elétricos, para o armazenamento de energia renovável e para dispositivos eletrônicos portáteis. A alta procura por lítio tem sido fomentada pelas tendências globais em direção à redução da dependência de combustíveis fósseis.

Mas a questão não fica por aí. A produção de lítio enfrenta desafios significativos. E a maior parte dessa matéria-prima é extraída de salmouras e rochas pegmatíticas, principalmente na América do Sul (incluindo a Bolívia, como vimos), Austrália e China. E a expansão da capacidade de produção é crucial. Por isso é imprescindível ter o controle das áreas onde se encontra esse importante mineral.

Há duas semanas da tentativa de golpe, o presidente Luis Arce visitou San Petersburgo, onde acontecia o Fórum Econômico Internacional. Antes, porém, no mês de abril, a titular do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Bolívia, Celinda Sosa, reuniu-se, em Moscou, com o seu homólogo russo, Sergey Lavrov, que expressou o seu apoio às aspirações da Bolívia no que se refere à adesão ao grupo BRICS. Em dezembro de 2023, o país andino assinou acordo com a empresa russa Uranium One Group, para fins da construção de planta-piloto semi-industrial com tecnologia de Extração Direta de Lítio (DLI), no Salar de Uyuni, para produzir 14 mil toneladas de carbonato de lítio anuais.

O Brasil não está em crise e a mídia entrou em modo pânico porque percebeu que Lula é candidato – e favorito – à reeleição

A economia vai bem e a única turbulência se deve ao ataque especulativo contra o real comandado pela mídia e pelo presidente do Banco Central.

Abri os jornais nesta manhã e me deparei com a notícia de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava fechando, no dia de hoje, seu pior semestre dos três já decorridos neste terceiro mandato.

“Como assim?”, eu me questionei.

Nesta semana mesmo, o IBGE anunciou que, sob o comando do presidente Lula, a taxa de desemprego recuou ao menor nível em dez anos. Esta é apenas uma das boas notícias no campo econômico. A arrecadação é a maior em 29 anos, a massa salarial é recorde, os grandes investimentos públicos e privados voltaram e os brasileiros estão mais otimistas em relação ao próprio futuro. Em relação ao PIB, ainda que as projeções de crescimento, entre 2% e 3%, estejam claramente abaixo do potencial da economia brasileira, elas são melhores do que vinha sendo projetado pelo chamado “mercado”.

Crise mesmo só há na imprensa corporativa brasileira, que, em associação com o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vem comandando um ataque especulativo contra o real, a moeda que completa trinta anos nesta semana. Mesmo com a armação, tudo o que Campos Neto e seus parceiros na imprensa conseguiram foi uma pequena desvalorização de cerca de 12% da moeda brasileira, com o real caindo de R$ 5 para R$ 5,6 em relação ao dólar.

A questão é: por que a moeda brasileira não cai mais, diante das provocações de Campos Neto e da inação do Banco Central, que deixou de realizar leilões contra ataques especulativos? Porque qualquer agente econômico sério percebe que os fundamentos da economia brasileira são muito mais sólidos do que aquilo que vem sendo pintado nas páginas econômicas. O superávit comercial é de US$ 100 bilhões ao ano, as agências internacionais de risco vêm melhorando as perspectivas para o Brasil e o País atrai cada vez mais investimentos diretos, com o aumento do poder de compra da população. Por isso mesmo, o presidente Lula, nesta semana, afirmou que “quem apostar contra o real”, em associação com os “cretinos” da imprensa, vai perder dinheiro. Lula tem razão. A julgar pelos fundamentos, a moeda brasileira poderia, inclusive, estar sendo negociada abaixo dos R$ 5.

A histeria da mídia se deve a um único fator: a percepção de que o presidente Lula não apenas é candidato à reeleição em 2026, como também é franco favorito. Dias atrás, o presidente fixou em seu perfil no X, antigo Twitter, uma mensagem dizendo que, aos 80 anos, se vê em seu auge físico e intelectual. E mais: que está pronto para seguir na presidência caso sua participação seja necessária para enfrentar os “trogloditas”.

Lula não apenas se declarou candidato, como passou a agir como tal. Nos últimos dias, Lula viajou pela Bahia, Piauí, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Mais do que colocar o pé na estrada, o presidente também passou a conceder entrevistas às rádios regionais, demonstrando força não apenas para desconstruir as falácias da mídia tradicional, como também para pautar o debate no País, diz Leonardo Attuch, 247.

Ética: de ameaça a agressão, denúncias contra deputados explodem

Em três anos, houve mais representações do que em três legislaturas somadas. Na atual legislatura, já são 34 processos.

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados vive uma explosão de denúncias contra os parlamentares. Na atual legislatura, que engloba todo o ano de 2023 e o primeiro semestre de 2024, já são 34 representações com instauração de procedimento disciplinar para apurar descumprimento de decoro parlamentar. O número é maior do que em três legislaturas completas, entre 2007 e 2019. Na última, houve aumento de 200% das denúncias em relação ao período entre 2011 e 2015.

As representações no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar são denúncias variadas: há agressões físicas dentro do Congresso, ameaças, ofensas e até acusação de ordem para assassinato, caso do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), atualmente preso. Os dados sobre os processos abertos no Conselho apontam um cenário singular a partir de 2019.

A legislatura entre 2019 e 2023 alcançou 60 representações contra a ética de deputados, sendo que não houve denúncia em 2020, início da pandemia de Covid-19. O número é maior do que a soma das três legislaturas anteriores: 2015 – 2019 (28 representações), 2011 – 2015 (20 representações), 2007 – 2011 (10 representações).

Entre 2023 e 2024, até o momento, contando somente processos instaurados, também há mais apurações no Conselho do que em cada uma dessas legislaturas. O número vai subir após a abertura de investigação de casos já adiantados por deputados nas últimas semanas, como o pedido de Erika Kokay (PT) para punir o sargento Fahur (PSD-PR) por ter dado dedo para manifestantes contra o PL do Aborto.

Para Rubens Beçak, doutor em Direito Constitucional e professor da Universidade de São Paulo (USP), o aumento do uso das redes sociais na política é um dos fatores que pode explicar a recorrência de casos contra o decoro parlamentar.

“Muitas vezes, o parlamentar fala para a câmera. Então, as agressões e os xingamentos estão sendo filmados ali. Não é o repórter que está filmando, é o próprio parlamentar, um colega ou alguém da equipe que está filmando. E ele coloca isso na rede, ou em detração ao outro ou até mostrando como ele é valente. Não podemos desconsiderar esse fator das mídias sociais no incremento desse comportamento não desejável”, avalia.

“Veado”, “bandido”, soco e mais
A maior parte das acusações contra a ética de deputados acaba sendo filmada e compartilhada nas redes sociais. Uma confusão na Comissão de Trabalho entre Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Dionilso Marcon (PT-RS) em 2023, por exemplo, viralizou.

O petista disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia levado uma facada “fake”, fazendo referência ao crime de Adélio Bispo. Eduardo partiu para cima de Marcon, o chamou de “veado” e “filho da put*”, e precisou ser contido. A representação do PT contra o deputado do PL acabou arquivada naquele mesmo ano.