Ano: 2024

Boulos recebe ameaças de morte em campanha e decide andar de carro blindado; PF investiga

Advogados não acionaram polícia de SP pois agressões envolvem integrante da força de segurança estadual.

A Polícia Federal decidiu abrir inquérito para investigar ameaças de morte recebidas pelo deputado federal e pré-candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL-SP).

Segundo a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, o inquérito foi aberto depois que Boulos encaminhou uma representação ao diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues.

A intensificação das ameaças levou o parlamentar a tomar outra decisão: ele não vai mais se locomover pela cidade com o já célebre Celta que costuma usar. Durante a campanha, Boulos só usará um carro blindado.

Ele fez a opção depois de dialogar com pessoas de sua confiança na área da segurança, que veem nas ameaças um potencial risco à sua integridade física.

No documento que encaminharam à PF, os advogados de Boulos explicam que decidiram acionar a instituição, e não a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP-SP) porque “um dos potenciais autores dos delitos é integrante das forças de segurança pública estadual”.

Além disso, dizem, o atual secretário de Segurança, Guilherme Derrite, “é um conhecido opositor do campo político do peticionário e do próprio Guilherme [Boulos]”.

A defesa de Boulos afirma que ele já estava até “acostumado” a ser xingado e ofendido nas redes sociais, mas que as atuais mensagens que ele tem recebido “ganharam contornos mais preocupantes”.

Eles elencam algumas das que têm “cunhos ameaçadores como ‘tu vai morrer miserável’, ‘faça um favor para o Brasil: MORRA!’, ‘que vontade de dar na tua cara seu filho da puta’, ‘filho da puta sai na rua seu arrombado você vai sofrer muito desgraça alheia’, ‘ta fudido’, ‘vai morrer’, ‘se falar mais merda vou ter que te levar pro inferno’, ‘meu sonho é te pegar na porrada’ e ‘vou fazer de tudo para acabar com esse vagabundo invasor’”.

Questionado, o advogado de Boulos, Alexandre Pacheco Martins, confirmou a informação e enviou a seguinte mensagem à reportagem:

“Desde que o Guilherme se colocou publicamente como pré-candidato, aumentou-se consideravelmente a quantidade e também a violência no teor das ameaças que ele tem recebido, em especial de segmentos identificados como bolsonaristas. Por isso, além de medidas preventivas, apresentamos um pedido de instauração de inquérito policial perante o diretor-geral da Polícia Federal, para que os autores dos crimes seja identificados e responsabilizados.”

Lula afirma que evento em São Paulo foi ‘grande’ e que ‘não se pode negar um fato’; mas ressalta que não se sabe como chegaram lá

Comentários evidenciam sua visão crítica em relação ao evento e à postura de Bolsonaro, enfatizando a importância de proteger a democracia e manter a ordem institucional.

O presidente Lula (PT) classificou o ato promovido por Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista, em São Paulo, no último domingo (25), de “grande” e destacou que “não se pode negar um fato”.

Lula ressaltou em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, na Rede TV, que as imagens da manifestação evidenciam a dimensão do evento:

– Eles realizaram uma manifestação de grande porte em São Paulo. Mesmo que alguém não queira acreditar, basta ver as imagens. Quanto à forma como as pessoas chegaram lá, são outros quinhentos – disse Lula.

O ex-presidente também mencionou que o ato foi realizado “em defesa do golpe” e expressou preocupação com o comportamento daqueles que participaram, destacando que “todos eles estão muito apreensivos, muito cuidadosos”. Ele enfatizou a importância de permanecer vigilante, pois “esse pessoal está demonstrando que não está para brincadeira”.

Lula criticou o pedido de anistia feito por Bolsonaro para os presos durante os protestos do dia 8 de janeiro, interpretando-o como uma tentativa de “perdoar os golpistas” e considerando-o uma confissão do crime.

Ele ressaltou que esses manifestantes ainda não foram julgados e estão detidos como medida para garantir a paz e a ordem no país, ressaltando que ainda não se descobriu quem os instigou ou financiou, pois houve uma tentativa de golpe.

Esses comentários do presidente evidenciam sua visão crítica em relação ao evento e à postura de Bolsonaro, enfatizando a importância de proteger a democracia e manter a ordem institucional.

Lady Gada, Malafaia e a evangelização da política

Lelê Teles

Eu não gosto muito de falar sobre o que todos estão falando, é chover no molhado.

Decidi fazer um breve comentário sobre a cow parade deste domingo porque imagino ter enxergado o que ninguém quis ver.

Aquilo não era sobre malafaia e nem sobre jair, era sobre michele.

O carnagado, na verdade, foi um rito de transição.

Aquele negócio de passar uma borracha no passado e anistiar pobres coitados, faz parte da tal “fotografia para o mundo”, mas é apenas o retrato do desespero de quem se vê em um beco sem saída.

Jair já era.

Por isso que aquela rave cívica era, em verdade, um rito de transição.

Ali, jair, o nosso estranho minotauro – metade homem, metade gado -, passou o berrante para as mãos da esposa.

Daqui pra frente, o bisonho rebanho será liderado pela lady gada.

Minotauro sabe que o seu destino está traçado.

Ele sabe que os militares estão a dar os últimos retoques no labirinto no qual ele será confinado.

Mitotauro tem consciência de que a gadaiada estava ali por sua causa, ele vai manter esse enorme capital político nas mãos da família.

Foi por isso que lady gada discursou.

“Ela fez uma oração”, dirão os mais ingênuos.

Nana nina não.

Lady gada está encarregada de instaurar o estado teocrático de direita.

Aquilo era uma mistura de culto e comício.

Em muitas igrejas já é assim: culto e comício.

Agora a coisa ganhará as ruas, as praças e a ágora digital.

Ao discursar para o que chamou de “exército de deus nas ruas”, ela foi enfática, encenando um manjado choro sem lágrimas:

“Fomos negligentes a ponto de dizer que não se poderia misturar política com religião, e o mal ocupou o espaço.”

Lá embaixo, o gado bípede sacudia bandeiras de israel, beijava crucifixos, dobrava os joelhos no chão e chorava.

Comício e culto.

Malafaia, virado no satanás, depois de uma fala odiosa e iracunda, que mais parecia uma sessão de desenencapetamento, pediu que a multidão gritasse amém.

Amuuuu, gritaram os boibumbás.

O mote será esse: o bem contra o mal, o fasto contra o nefasto, o puro contra o impuro.

É guerra santa.

Quando damares, com suas fantasias parafílicas, recorreu novamente à terra do gado pesado, a ilha dos búfalos, ela tava marcando território.

Não nos esqueçamos da chocante imagem que outrora ela construíra e projetara dentro de uma igreja:

“Arrancam os dentinhos das crianças para fazer sexo oral.”

O recado é o seguinte, nossos adversários são a favor da pedofilia, nós protegemos os anjinhos marajoaras.

É a monstrificação e a demonização do outro.

É a outrificação do adversário.

Em silvio almeida já pegou a pecha de quem ouve o disco da xuxa ao contrário.

Silvio é exu, damares é zelomi, é a parteira da menina-deusa.

Aliás, a fala de lady gada, com aquele choro canastrão e falso, é da escola de damares.

É o apelo emocional barato, o gatilho cognitivo que evoca uma sofrência de araque.

Malafaia disse que alexandre de moraes mandou prender uma senhora com uma bíblia e um crucifixo na mão, só porque a pobre beata se sentou na cadeira do capa preta.

Veja que satânica crueldade.

Malafaia está a buscar uma aliança entre evangélicos e católicos, a imagem dessa carola foi evocada com esse propósito.

É guerra santa.

E tem mais, quando jair for preso, ele será beatificado como um bezerro de ouro.

Caravanas de aposentados se deslocarão de todo o país para o setor militar em brasília, para orar pela liberdade do monstro encarcerado.

O homem fauno.

A palavra liberdade deixará de ser apenas uma retórica vazia na boca de quem sempre mandou e desmandou, matou e desmatou.

Ela ganhará uma horrenda forma humana, meio homem e meio gado.

Vai ter um “bom dia, presidente” versão bovina, não tenham dúvidas.

Como vamos nos blindar contra isso é uma tremenda incógnita.

A gente foi pego de surpresa, acabamos de sair de um carnaval.

E a nossa ressaca carnavalesca veio com a macetação de conde vlad, que anunciou, veja você, que a esquerda está morta.

Safatle, apocalipticamente, parece ter previsto a ascensão de lady gada e o consequente duelo entre jesus e exu.

Eles, o exército de lady gada, já estão nas ruas, nas redes, nas igrejas.

Estão nas cadeias, convertendo presidiários, e nas delegacias, pervertendo policiais.

Estão nas favelas, a arrebanhar traficantes, desempregados e trabalhadores.

Estão nos conselhos tutelares, nos tribunais, no parlamento, no carnaval de salvador…

E em cada gol marcado e comemorado de joelhos diante da multidão em êxtase.

E nós, onde estamos?

Essa é a pergunta fundamental de conde vlad.

O filósofo vampiro foi direto na nossa jugular.

Palavra da salvação.

Lelê Teles é jornalista, roteirista e mestre em Cinema e Narrativas Sociais pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).

*Viomundo

Quando Bolsonaro pede para o STF passar uma borracha em seu passado, confessa-se criminoso e derrotado

Não há nada oculto na fala de Bolsonaro, ele foi bastante explícito nos seus últimos horizontes para tentar reverter um quadro irreversível que o levará à condenação e à prisão.

Bolsonaro, até por instinto animal, percebe que está cada dia embrenhado no mato e, com cada vez menos cachorros para lhe defender, sem saber que horas a onça beberá água.

Bolsonaro tem plena convicção de que a ampulheta virou e seus dias de liberdade estão contados número a número, e não tem intermediário que consiga desrespeitar a própria lei da gravidade.

Bolsonaro vai ao chão, hoje ou amanhã, com a mesma dinâmica de uma jaca mole quando despenca e se despedaça. Portanto não há exotismo metódico que mude a sinopse de sua tragédia grega.

Não dá para improvisar em ópera, tudo tem que funcionar de acordo com a partitura. Aí sim, são as tais quatro linhas que ele tanto proferiu para cometer seus crimes de traição à pátria, à constituição e à  democracia.

Seria ingenuidade, portanto, imaginar que o movimento orquestrado de ataque a Lula, não refletisse com exatidão a decadência política e a própria prisão de Bolsonaro.

Por que a paulista no domingo virou um hospício a céu aberto?

Algumas coisas básicas precisam ser ditas sobre aquele ornitorrinco tropical visto na Paulista no último domingo.

A primeira coisa é observar que Bolsonaro foi pego no contrapé pela Polícia Federal na obtenção do vídeo do seu discurso em que ele confessa, de todas as formas, que é sim o idealizador e comandante da tropa golpista que já operava antes mesmo do resultado da eleição de 2022, em que foi derrotado por Lula, tornando-se o primeiro presidente da redemocratização não se reeleger, enquanto Lula se tornou o primeiro presidente a vencer três últimas eleições presidenciais que disputou.

Por isso, Bolsonaro correu para, junto com Malafaia, que deve ter motivos bem graves para se enfiar nessa roubada que pode lhe custar um puxadinho na Papuda, ao lado de Bolsonaro.

Bolsonaro, certamente, teve informação que, nacionalmente, sua musculatura política sofreu um pesado catabolismo, mais do que o normal para quem perde o poder.

Então, para não correr o risco de um fiasco ainda maior, foi para a TV e convocou seus discípulos a irem à manifestação da Paulista para concentrar o máximo de pessoas em um único lugar, porque sabia que, se fosse no país inteiro, a imagem de fracasso seria ainda maior.

Por isso, Bolsonaro pediu para que não fizessem manifestações fora de São Paulo, o que é uma coisa inédita.

Ou seja, o que estava na Paulista não era representação de São Paulo, mas do bolsonarismo nacional, o que faz om que qualquer análise contemple um leque efetivamente representativo dentro do território nacional.

O primeiro dado que chega é que, ao contrário do que o senso comum dos preguiçosos analistas da mídia, é que os católicos eram a franca maioria dos que ali estavam.

43% eram católicos; 29% evangélicos; 10% espírita ou kardecista.

Isso, em parte, explica a reação muxoxa do inadvertido discurso evangélico de Michelle, que fez uma espécie de discurso alemão para a imensa maioria de franceses.

A construção ideológica desses manifestantes da Paulista, que passa de 60 anos em média, foi feita durante os 21 anos de ditadura, assim como Bolsonaro e seus generais de bolso. Por isso defendem um verme que fez tanto mal a eles, sobretudo na pandemia. Ali, a maioria é do grupo de risco que mais morreu por covid.

Esses são alguns dos motivos que fizeram com que a emenda de Bolsonaro saísse pior do que o soneto,  confessando de boca própria que é um dos redatores da minuta golpista.

 

Defesa de Bolsonaro recorre e quer que plenário do STF julgue afastamento de Moraes no caso da trama golpista

Advogados do ex-presidente sustentam que ministro se coloca no papel de vítima e de julgador.

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) apresentou nesta terça-feira (27) um recurso à decisão do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, que rejeitou afastar o ministro Alexandre de Moraes da relatoria de investigações relacionadas aos atos antidemocráticos.

Segundo a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, os advogados afirmam que Moraes está se colocando como vítima e, simultaneamente, como julgador ao relatar as investigações ligadas à Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal neste mês.

Segundo mensagens obtidas pelos investigadores, Bolsonaro teria atuado na edição de uma minuta de decreto que previa a prisão de Moraes e a anulação da eleição presidencial de 2022. A apuração mostra também que o ministro foi monitorado pelo grupo que planejava a trama golpista.

Na semana passada, o presidente do Supremo rejeitou 192 pedidos apresentados por réus e pelo ex-presidente que pediam a suspeição ou o impedimento de Moraes da relatoria das ações penais.

Barroso afirmou que não foi demonstrada de forma clara, objetiva e específica, “o interesse direto no feito por parte do ministro alegadamente impedido”. “Para essa finalidade, não são suficientes as alegações genéricas e subjetivas, destituídas de embasamento jurídico”, disse o magistrado.

A defesa de Bolsonaro, agora, pede que a demanda seja analisada pelo plenário do STF.

“O fato de que o Ministro Relator se enxerga como vítima direta dos atos investigados claramente geram o risco de parcialidade no processamento e julgamento do feito”, afirmam os advogados do ex-presidente no recurso apresentado.

“Não se ignora e nem poderia se ignorar o notório saber jurídico do il. [ilustre] ministro Alexandre de Moraes, sendo um jurista academicamente qualificado e experiente, contudo é inescapável que, como todo ser humano, possa ser influenciado em seu íntimo, comprometendo a imparcialidade necessária para desempenhar suas funções”, seguem.

O agravo regimental que pede que o caso seja levado ao plenário é assinado pelos advogados Paulo Amador da Cunha Bueno, Fabio Wajngarten, Daniel Bettamio Tesser, Saulo Lopes Segall, Thais De Vasconcelos Guimarães e Clayton Edson Soares.

É desespero que chama.

Pão de ração animal e tâmaras enroladas em gaze: o que crianças comem em Gaza

Depois de sobreviverem com pães amargos feitos de ração animal em vez de farinha adequada, três jovens irmãos que deixaram sua casa na Cidade de Gaza para uma tenda mais ao sul estavam se alimentando de um pote de halawa, uma pasta doce.

Seraj Shehada, de 8 anos, e seus irmãos Ismail, de 9 anos, e Saad, de 11 anos, disseram que fugiram em segredo para se refugiar com a tia em sua tenda em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, porque não havia nada para comer na Cidade de Gaza. Eles perderam a mãe e tias nos ataques.

“Quando estávamos na Cidade de Gaza, não comíamos nada. Comíamos a cada dois dias”, relatou Seraj Shehada, falando enquanto os três meninos comiam o halawa direto da vasilha, com uma colher.

“Comíamos comida de pássaro e de burro, qualquer coisa. Dia após dia, não essa comida”, comentou, referindo-se aos pães feitos de grãos e sementes destinados ao consumo animal.

A escassez de alimentos tem sido um problema em todo o território palestino desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro, mas é particularmente grave no norte de Gaza, onde as entregas de ajuda humanitária têm sido mais raras há mais tempo.

Alguns dos poucos caminhões de ajuda que chegaram ao norte foram cercados por multidões desesperadas e famintas, enquanto os trabalhadores humanitários relataram terem visto pessoas magras e visivelmente famintas, com olhos encovados, segundo a CNN.

Na região central da Faixa de Gaza, a situação é um pouco melhor, mas ainda está longe de ser fácil.

No campo de refugiados de Al-Nuseirat, ao norte de Deir al-Balah, Warda Mattar, uma mãe deslocada que se abrigou em uma escola com seu bebê de dois meses, estava dando a ele uma tâmara enrolada em gaze para chupar, por falta de leite.

“Meu filho deveria tomar leite quando recém-nascido, seja leite natural ou leite em pó, mas não consegui dar leite a ele, porque não há leite em Gaza”, afirmou Mattar.

“Recorri a tâmaras para manter meu filho quieto”, adicionou.

Um pão pequeno a cada dois dias
Na tenda em Deir al-Balah, os três irmãos disseram que perderam a mãe, outro irmão e várias tias na guerra. Eles ficaram com o pai e a avó, e quase nada para comer além de pães feitos de ração animal, observou o irmão mais velho, Saad Shehada.

“Era amargo. Não queríamos comer. Éramos forçados a comê-lo, um pão pequeno a cada dois dias”, disse ele, acrescentando que bebiam água salgada e ficavam doentes, e não havia como lavar a si mesmos ou suas roupas.

“Viemos secretamente para Deir al-Balah. Não contamos ao nosso pai”, destacou.

A tia dos meninos, Eman Shehada, estava cuidando deles da melhor forma possível. Com gravidez adiantada, ela disse que perdeu o marido na guerra e ficou sozinha com a filha, uma criança pequena.

“Não estou recebendo nutrição necessária, por isso me sinto cansada e tonta”, pontuou.

Ela não tem dinheiro nem para comprar um quilo de batatas.

“Não sei como administrar nossas coisas com essas três crianças, minha filha, e estou grávida, posso dar à luz a qualquer momento”, ponderou.

Guerra deixa destruição
A guerra foi desencadeada após um ataque de integrantes do Hamas que saíram de Gaza e atacaram o sul de Israel em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e fazendo 253 reféns, de acordo com Israel.

Jurando destruir o Hamas, Israel respondeu com ataques aéreos e terrestres ao território costeiro densamente povoado, que matou mais de 29.700 pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

A guerra deslocou a maior parte dos 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza e causou fome e doenças generalizadas.

Após ato pró-Bolsonaro, Moraes frisa que é preciso “fortalecer a democracia”: “não podemos baixar a guarda, dar uma de Bambam contra Popó”

Defensor da regulamentação das redes sociais, para coibir as fake news (uma das táticas da extrema direita), Moraes afirmou que a sociedade brasileira não pode “cair no discurso fácil” de que isso representa um ataque à liberdade de expressão.

Em sua palestra de inauguração do ano letivo na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da USP, o ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apresentou um panorama sobre os ataques que a democracia vem sofrendo em várias partes do mundo, promovidos por grupos extremistas. Por isso, frisou, não é hora de “baixar a guarda” porque é necessário defender a democracia.

Defensor da regulamentação das redes sociais, para coibir as fake news (uma das táticas da extrema direita), Moraes afirmou que a sociedade brasileira não pode “cair no discurso fácil” de que isso representa um ataque à liberdade de expressão.

Segundo Moraes, os extremistas em todo o mundo tem a mesma estratégia de atacar o Poder Judiciário e a imprensa, o que, na suas palavras, faz parte do “manual do ditador”.

“Em alguns países, os extremistas quando chegam ao poder atacam os pilares da democracia. (…) A imprensa livre – emparelhando as notícias verdadeiras com as fraudulentas, colocam em dúvida a credibilidade do sistema eleitoral e, agora, não podem deixar aqueles que tem o papel de garantir o Estado Democrático de Direito, não podem deixar que eles tenham independência. Isso foi feito em todos os países onde esse mecanismo de extremismo surgiu”, disse Moraes.

“E foi o que foi feito no Brasil: um ataque frontal. E em outros países onde o Judiciário também resistiu. Por que no Brasil isso foi mais sentido? (…) Porque no Brasil existe a Justiça Eleitoral. Então, ao mesmo tempo o ataque ao segundo pilar da Democracia, os instrumentos que levam à Democracia – o voto – e o terceiro pilar – a independência do Judiciário, no Brasil, isso se misturou. Porque é o Poder Judiciário, por meio da Justiça Eleitoral, que organiza, realiza, administra e julga as eleições. Então, o inimigo do segundo e do terceiro pilares que levam à Democracia para o populismo extremista, no Brasil, eram o mesmo. E os canhões foram direcionados para isso”, declarou.

“Nós não podemos nos enganar. Nós não podemos baixar a guarda… Não podemos dar um de [Kleber] Bambam contra o Popó – que durou 36 segundos. Nós temos que ficar alertas e fortalecer a democracia. Fortalecer as instituições e regulamentar o que precisa ser regulamentado”, completou.

No ato da Avenida Paulista, nesse domingo (25), o pastor Silas Malafaia contrariou a promessa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que não queria ataque a instituições e pessoas, e criticou Moraes e o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso.

Malafaia fez as declarações do carro de som em que Bolsonaro estava.

O pastor iniciou seu discurso dizendo que não iria atacar o STF, mas citou 16 vezes Moraes e 1 vez Barroso.

“O pastor afirmou ainda que Moraes disse que a extrema-direita tem que ser combatida na América Latina. E completou: “Como ministro do STF tem lado? Ele não tem que combater nem extrema-direita nem extrema esquerda. Ele é guardião da Constituição”.

Também disse que “o presidente do STF, ministro Barroso disse “nós derrotamos o bolsonarismo. Isso é uma vergonha, é uma afronta ao povo. Eu quero dizer: sabe quem é o supremo poder dessa nação? O povo. Todos nós temos que nos submeter ao povo”.

Manifestação na Paulista foi um retumbante fracasso, isso tem que ser dito com todas as letras

A maior quantidade de pessoas que Bolsonaro conseguiu levar à Paulista, foi no 7 de setembro de 2021, que foi contabilizado oficialmente como 125 mil pessoas.

Quando se compara as imagens aéreas dessa manifestação, que foi a maior, com a deste domingo, que foi menor do que a de 2022 que, segundo fontes oficiais, deu 35 mil pessoas, pode-se afirmar com a mão na consciência, sem medo de errar, que não há malabarismo artístico capaz de mudar a fisionomia do fracasso, nem utilizando todos os clichês de um romancismo bolsonarista.

Não é uma interpretação teórica da força política de Bolsonaro na atualidade, mas, se comparar o número de manifestantes deste domingo, 25, com o passado recente do bolsonarismo, que sonhava em dar golpes sobre golpes, num grande plano para se eternizar no poder, é possível, com um mínimo de boa vontade, estabelecer uma medida diametralmente oposta ao Bolsonaro, dentro e fora do poder.

Não se trata de uma equação complexa, convenhamos. O poder deu a Bolsonaro a possibilidade de fazer acordo com o inferno, que só funciona na base da propina, do orçamento secreto e de todas as modulações de picaretagens das quais ele lançou mão, via cofres públicos, para tentar se reeleger, mas fracassou.

Não é sem motivos que Bolsonaro, na Paulista, apareceu não só pouco inspirado para seu próprio público, como também acabou resultando numa espécie de “autogolpe”, já que deu com a língua nos dentes, confessando alto e em bom som, que sim havia uma relação íntima entre a minuta do golpe e o próprio, na busca por uma saída golpista para sua derrota.

Então, não há outra forma de sintetizar o que se viu neste domingo na Paulista, que não seja a palavra fracasso não assumido pelos fracassados, assim como a derrota nas urnas, não assumida pelos derrotados.

Diferente disso, o drama de Bolsonaro piorou, ficou mais explícito, lógico, rumo a um desfecho dramático no sentido da condenação e prisão.

PF vê “admissão de culpa” de Bolsonaro em discurso na Avenida Paulista

A Polícia Federal (PF) vai incorporar o discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) às investigações sobre a suposta tentativa de golpe.

A Polícia Federal (PF) vai incorporar o discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o ato com apoiadores na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (25/2), às investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.

Fontes confirmaram ao Metrópoles que há indícios de “admissão de culpa” nas falas de Bolsonaro. O discurso do ex-presidente será transcrito e inserido nos autos da “narrativa golpista”.

Para milhares de apoiadores, Bolsonaro se defendeu das acusações de suposta tentativa de golpe de Estado e adotou postura mais amena ao criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) e os seus ministros, diz o Metrópoles.

Na Paulista, o ex-presidente afirmou que busca a pacificação do país e pediu a anistia dos criminosos presos pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

“Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração. Nada disso foi feito no Brasil. Por que continuam me acusando de golpe? Porque tem uma minuta de decreto de estado de defesa”, disse. “Golpe usando a Constituição? Deixo claro que estado de sítio começa com presidente convocando conselho da República. Isso foi feito? Não”, completou Bolsonaro.