Ano: 2024

Gaza está ‘inabitável’, e ONU não consegue determinar escala exata do ‘desastre’

Morte de observadores internacionais e jornalistas após ataques israelenses dificulta documentação de danos no território palestino, diz diretora de órgão que investiga vítimas de conflitos armados.

Gaza está agora “inabitável”, de acordo com o Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas. Desde 7 de outubro, o enclave tem sido alvo de bombardeios incessantes e indiscriminados. Sem acesso, os observadores internacionais ainda estão lutando para determinar a escala exata do desastre.

Em novembro passado, o relator especial da ONU para a moradia, Balakrishnan Rajagopal, estimou que “45% das unidades habitacionais em Gaza haviam sido destruídas ou danificadas pelo ataque israelense”. Em dezembro, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borell, descreveu uma situação “apocalíptica” em Gaza. Segundo ele, o nível de destruição era igual ou até maior do que o da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

Com o passar dos meses, os bombardeios continuaram do norte ao sul da Faixa de Gaza. No local, há cada vez menos observadores internacionais, o que torna cada vez mais difícil entender a situação. “Muitos jornalistas morreram e outros foram embora. Temos cada vez menos imagens e dados para analisar os tiros e bombardeios”, lamenta Emily Tripp, diretora da Airwars. A ONG investiga vítimas civis de conflitos armados. “Quando você mata as pessoas que documentam e testemunham os danos causados por cada ataque, você também impede a possibilidade de fazer um balanço e identificar os criminosos”, afirma.

A Airwars está acostumada a coletar todas as imagens e informações possíveis para cada incidente que detecta. “Há também muitas organizações parceiras que não conseguem mais se comunicar com suas equipes em campo. Portanto, elas não podem nos ajudar a verificar os fatos e a análise é, portanto, muito complexa”, sublinha Tripp.

Emily Tripp, no entanto, faz uma comparação. “Após a batalha por Raqqa [a principal cidade síria recapturada do grupo Estado Islâmico, em 2017], a ONU declarou que 80% da cidade era inabitável. A campanha aérea liderada pelos Estados Unidos e seus aliados durou seis meses. Já sabemos que as forças israelenses usaram mais munições e com maior frequência e maior grau de imprecisão em três meses em Gaza do que a coalizão internacional usou em seis meses em Raqqa”, comparou.

O Ministério da Saúde do Hamas já contabilizou mais de 26.700 mortos e 65.000 feridos desde o início da operação militar. “Além do impacto humano, estamos testemunhando a destruição de uma sociedade inteira”, diz a especialista. “Escolas, encanamentos de água, mesquitas… tudo foi destruído. Tudo está destruído”, afirmou.

Todos os especialistas chegam à mesma conclusão: em suas carreiras, eles nunca viram uma guerra de tamanha intensidade. “Todas as principais infraestruturas foram afetadas, tornando a vida extremamente difícil, se não impossível, em certas partes de Gaza”, explica Christina Wille, diretora da Insecurity Insight. Essa associação sediada na Suíça analisa o impacto da violência sobre a população civil em termos de segurança alimentar, saúde e educação. “Em algumas áreas, mesmo que você encontre comida, não conseguirá cozinhá-la porque não há água”.

Milhares de feridos, não há mais hospitais

Da mesma forma, a falta de água, combustível, eletricidade e, neste caso, de medicamentos, está afetando o funcionamento dos hospitais. Como você pode operar sem equipamento, sem luz?”, pergunta Wille. Sem eletricidade, também não há incubadora para bebês prematuros. “Se um médico não pode lavar as mãos, há sérios problemas de saúde. Há consequências em cascata”, diz.

Os hospitais também foram afetados pelos bombardeios. Alguns diretamente”, lamenta Christina Wille, “outros indiretamente, por meio de explosões nos arredores”. Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que havia organizado uma missão de alto risco para reabastecer o hospital Al-Shifa, no norte de Gaza. O hospital, que costumava ser o principal hospital da Cidade de Gaza, não tem mais uma maternidade ou serviços pediátricos. O principal gerador de oxigênio do hospital foi destruído.

De acordo com a OMS, apenas sete dos 24 hospitais no norte de Gaza continuam abertos. Eles estão funcionando apenas parcialmente. O mesmo se aplica ao sul de Gaza, onde apenas sete dos 12 hospitais estão parcialmente operacionais, segundo a agência da ONU.

“Com o Hospital Nasser e o Hospital Europeu em Gaza não funcionando mais, praticamente não há mais sistema de saúde em Gaza”, diz Guillemette Thomas, coordenadora médica da ONG Médicos Sem Fronteiras na Palestina.

*Oriane Verdier/Opera Mundi

Como Angra dos Reis tornou-se o bunker do crime sob controle dos Bolsonaro

Casa em Angra, alvo da operação da PF, não é coincidência. Relembre como a cidade foi usada pelo clã para projetos e milícias.

“É Central o fator Angra dos Reis para entender o projeto Bolsonaro. O fato de ele ter uma casa lá apenas completa um cenário que a gente vem traçando já há alguns anos”, resumiu Luis Nassif.

A Operação da Polícia Federal nesta segunda (29) mirou filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro, em uma série de buscas e apreensões, uma das principais em uma casa da família em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, aonde Jair, Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro se encontravam até a manhã de hoje.

Reportagens do GGN desde 2019 vêm mostrando como a cidade se tornou alvo da entrada do crime organizado e milícias, sob o controle dos Bolsonaro. Relembre:

Angra dos Reis tornando-se o bunker do crime
Reportagem de fevereiro de 2020 de Luis Nassif, no GGN, revelava o interesse do então governo de Jair Bolsonaro de legalizar os cassinos junto a resorts, em uma das séries de tentativas de desregulamentações do então mandatário para a entrada no país de financiadores da ultradireita junto a mercados do crime, como é o caso dos cassinos.

A principal região de interesse dos Bolsonaro para a criação desse modelo de resorts com cassinos era Angra dos Reis. Ainda em 2019, o ex-mandatário já indicava seus planos de transformar Angra em uma “Cancun brasileira”, com negociações posteriores do clã com os Emirados Árabes, chegando a angariar recursos do país para o projeto.

*GGN

 

PF apura paradeiro de jetski de pescaria de Bolsonaro e Carlos

Suspeita que tem sido investigada é se a embarcação poderia ter sido usada para ocultar provas.

A Polícia Federal apura o paradeiro de um jetski que teria participado da pescaria da família de Jair Bolsonaro na manhã da operação de busca e apreensão contra o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos – RJ).

Na manhã de segunda-feira (29), o ex-presidente saiu com os filhos para uma pescaria em Angra dos Reis. E, ao retornar, agentes da força policial apreenderam celulares do vereador.

A Polícia Federal teve a informação de que um jetski, de que estava com a família, não retornou. A suspeita que tem sido investigada é se a embarcação poderia ter sido usada para ocultar provas.

A defesa do vereador nega irregularidades e afirma que ele está à disposição para prestar depoimento assim que tiver acesso aos detalhes da investigação.

Procurado pela CNN, o entorno da família informou que o jetski não retornou porque é de um amigo e foi deslocado para a sua casa, não havendo irregularidade.

O vereador foi alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal em investigação sobre a chamada “Abin Paralela”.

Justiça condena Luciano Hang, dono da Havan, a pagar R$ 85 milhões por ter coagido funcionários a votar em Bolsonaro

Hang teria ameaçado fechar lojas e demitir funcionários caso o adversário de Bolsonaro, Fernando Haddad (PT), vencesse a disputa.

A Justiça do Trabalho de Florianópolis condenou as lojas Havan e seu dono, Luciano Hang, a pagarem uma indenização de R$ 85 milhões por coagirem seus funcionários a votarem no candidato Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2018. A decisão, que ainda cabe recurso, foi proferida pelo juiz Carlos Alberto Pereira de Castro, da 7ª Vara do Trabalho.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) ajuizou uma ação civil pública contra os réus, alegando que eles promoveram campanhas políticas favoráveis a Bolsonaro, com a participação obrigatória dos empregados em “atos cívicos” na empresa. Além disso, Hang teria ameaçado fechar lojas e demitir funcionários caso o adversário de Bolsonaro, Fernando Haddad (PT), vencesse a disputa. Os trabalhadores também foram obrigados a responder enquetes internas sobre suas intenções de voto, sendo que a preferência do empresário já era conhecida.

Para o MPT, os réus abusaram de sua condição de empregadores para impor sua opinião política sobre os candidatos à Presidência e para condicionar a manutenção dos empregos dos colaboradores, usando métodos humilhantes, vexatórios e ilegais.

Em nota, Luciano Hang criticou a decisão como “descabida e ideológica” e disse que não houve irregularidades comprovadas. Ele afirmou que o juiz não seguiu as provas e agiu por ideologia. Ele se disse vítima de perseguição e de tentativa de criminalização do empresariado.

Crise humanitária: palestinos em Gaza comem grama e bebem água suja para tentar sobreviver em meio aos ataques de Israel

Toda população do enclave — cerca de 2,2 milhões de pessoas — enfrenta o risco iminente de morrer por desnutrição.

A situação humanitária em Gaza atingiu níveis alarmantes desde a ofensiva de Israel na região, em 7 de outubro de 2023, com 2,2 milhões de palestinos — a totalidade da população do enclave — enfrentando o risco iminente de morrer por desnutrição. A ofensiva foi uma resposta a um ataque coordenado pelo grupo militante Hamas contra o território israelense.

Em dezembro, a ONG Human Rights Watch (HRW) acusou o governo israelense de submeter civis à fome como parte da guerra e relatos indicam que as restrições impostas por Israel ao fornecimento de alimentos, água e combustível para o território agravaram ainda mais a crise.

Segundo o jornal O Globo, palestinos em Gaza relataram recorrer à ingestão de grama e água suja para sobreviver, enquanto crianças choram e imploram por comida nas ruas. Os escassos suprimentos ainda encontrados em Gaza são comercializados por mais que o dobro de seu valor original.

A escassez de alimentos também impacta as gestantes, com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) alertando para o aumento do risco de abortos espontâneos, nascimentos prematuros e crianças nascendo abaixo do peso. A situação é especialmente difícil para as 50 mil mulheres grávidas em Gaza.

Hanadi Gamal Saed el-Jamara, mãe de sete filhos, descreve a agonizante realidade de sua família, onde a fome e a sede se tornaram uma ameaça constante. “Estamos morrendo lentamente”, disse ela à CNN. “Acho que é até melhor morrer pelas bombas, pelo menos assim seremos mártires. Mas agora estamos morrendo de fome e sede”, completou. —

A situação é agravada pelo estado de saúde do marido, que sofre de câncer e diabetes. Toda a família também sofre de diarreia e desnutrição.

Os deslocamentos em massa, a destruição de bairros e a perda de vidas tornaram os últimos 100 dias de guerra especialmente difíceis para os habitantes de Gaza. A suspensão do financiamento à UNRWA (agência de assistência humanitária da ONU) por vários países ocidentais piorou a situação ao privar a população de assistência humanitária.

A Unicef alertou para a vulnerabilidade extrema das crianças em Gaza: todas as 350 mil crianças menores de cinco anos enfrentam risco grave de desnutrição. “A organização já havia denunciado que o enclave passou a ser, após a guerra, o lugar ‘mais perigoso do mundo’ para uma criança”, destaca a reportagem. Condições de vida insalubres, falta de eletricidade e a impossibilidade de refrigerar alimentos perecíveis agravam a crise — que não parece ter data para acabar.

 

Após pescaria, um jet ski não voltou à casa do clã Bolsonaro, diz PF

Polícia Federal investiga se embarcação desgarrou da frota para transportar e esconder provas.

Informações colhidas pela Polícia Federal (PF) em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, apontam que uma das três embarcações usadas pelo clã Bolsonaro para supostamente pescar não voltou do mar enquanto os policiais estavam na casa da família, cumprindo um mandado de busca e apreensão contra o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), na manhã de segunda-feira (29/1).

A PF investiga se esse jet ski faltante possa ter sido usado para transportar e esconder, em propriedades de conhecidos na região, provas ou materiais suspeitos que estivessem com Jair e seus filhos.

Segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles, a PF apurou que Carlos, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, assim como amigos e assessores, saíram da residência e entraram em um barco e dois jet skis às 6h40, após a família ter notícias da operação.

Às 8h40, os agentes da PF chegaram ao local, após viajarem de helicóptero da cidade do Rio. Por volta de 9h30, o deputado Eduardo voltou em um dos jet skis, iniciando as tratativas para que Carlos, o único alvo das autoridades, voltasse do mar. Somente às 11h o vereador aparece, após retornar em barco com o ex-presidente Bolsonaro, segundo fontes ligadas ao caso, segundo o Metrópoles.

Almoço relâmpago
Flávio Bolsonaro não voltou na parte da manhã até a região da casa da família, assim como um jet ski. Isso faz a polícia suspeitar que o senador tenha conduzido a embarcação até a casa de conhecidos na região.

O próprio Flávio disse, em entrevistas, que teria ido a um almoço. O Metrópoles tentou contato com o senador, mas, até agora, ele não retornou.

A versão da existência de um almoço supostamente pré-marcado, no entanto, causa estranheza aos investigadores, já que há relatos de que, pouco após a polícia sair do local, o senador retornou ao imóvel.

Advogado da família e ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, por exemplo, afirmou que, quando chegou à casa dos Bolsonaros, por volta de 12h45, Flávio já estava lá.

Operação contra Carlos Bolsonaro deve levar PF a Jair

Investigado por arapongagem, Zero Dois sempre deixou claro que cumpria ordens do pai.

Depois de se eleger presidente, Jair Bolsonaro informou que presentearia o filho Carlos com a Secretaria de Comunicação Social. “O cara é uma fera nas mídias sociais. Tem tudo para dar certo”, justificou. A ideia pegou mal, e o capitão desistiu do ato de nepotismo explícito. O Zero Dois não virou ministro, mas se tornaria uma eminência parda do governo.

Carluxo fabricou crises, derrubou ministros e comandou o famigerado gabinete do ódio. Sem cargo formal em Brasília, ganhou o apelido de vereador federal. O pai preferia chamá-lo de “meu pit bull”. Um cão feroz, sempre a postos para morder a canela dos adversários.

Em março de 2020, o ex-ministro Gustavo Bebianno disse que o Zero Dois queria criar uma “Abin paralela”. Um sistema de informações clandestino, que não deixaria rastros de suas atividades. Agora a Polícia Federal acredita que essa ideia também ficou pelo caminho. Os Bolsonaro acharam mais útil capturar a Abin oficial.

Na decisão que autorizou as buscas desta segunda-feira, o ministro Alexandre de Moraes enumerou provas do “desvirtuamento” da agência no governo passado. Em vez de produzir inteligência para o Estado, a Abin fez arapongagem para o clã. Ajudou a bisbilhotar opositores e obstruir investigações que ameaçavam os filhos do presidente.

A espionagem usou um programa israelense que descobre a localização de pessoas pelo sinal do celular. A ferramenta foi acionada ilegalmente contra congressistas, uma promotora do caso Marielle e ao menos dois ministros do Supremo. A Abin era comandada por Alexandre Ramagem, hoje deputado e pré-candidato a prefeito do Rio. Acima dele estava o general Augusto Heleno, que será ouvido na semana que vem.

Para a PF, Carluxo integrava o “núcleo político” da quadrilha. Como ele nunca fez nada para si mesmo, é provável que os investigadores ainda batam na porta do ex-presidente, que agora se diz vítima de “perseguição implacável”.

No primeiro discurso como vereador, o Zero Dois avisou que não devia obediência à legenda pela qual se elegeu: “Falo não em nome do Partido Progressista, mas em nome do Partido do Papai Bolsonaro”. Vinte e quatro anos depois, só mudou a sigla de fachada.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

Analista de riscos: EUA estão entrando em uma espiral de dívidas sem fim

Nassim Taleb, analista de risco e gestor de fundos, expressou preocupação com o perigoso aumento da dívida nacional nos Estados Unidos, que está gerando divisões políticas em Washington e dificultando a resolução do problema.

“Enquanto o Congresso continuar a ampliar o limite da dívida e a fazer acordos por medo das consequências de tomar a decisão correta, essa estrutura política dentro do sistema político resultará, eventualmente, em uma espiral de dívida. Uma espiral de dívida é como uma espiral sem fim… mortal”, alertou Taleb durante um evento para a Universal Investments nesta terça-feira (30).

Taleb ressaltou seu pessimismo em relação ao sistema político do mundo ocidental como um todo.

Na semana passada, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, mencionou que a dívida nacional dos Estados Unidos, que alcançou a marca inédita de US$ 34 trilhões, é um número assustador, mas gerenciável.

Yellen justificou afirmando que a dívida dos EUA é administrável devido à magnitude de sua “economia enorme”.

Vídeo: Bolsonaro confessa o crime de Carlos, mas diz que o crime não é crime

Bolsonaro confessa crime de Carlos Bolsonaro, ao vivo e a cores na Jovem Pan, sem rodeios, mas disse que o crime de Carluxo não é crime.

Qual é o problema de seu criminoso preferido cometer um crimezinho de espionagem ilegal de autoridades?

Bandido bom, é filho bandido!

Inquérito da PF contra influencer fitness Renato Cariani termina com três indiciados por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro

Além de infuenciador, dois amigos também foram responsabilizados por crimes. Eles respondem em liberdade. Polícia Federal acusa grupo de usar empresa para emitir notas falsas de venda de produtos para multinacionais farmacêuticas, mas desviava insumos para produção de toneladas de cocaína e crack para facção criminosa. Renato nega.

Após dez meses de investigações, a Polícia Federal (PF) de São Paulo concluiu neste mês o inquérito contra o influenciador fitness Renato Cariani por suspeita de desvio de produtos químicos para a produção de toneladas de drogas para o narcotráfico.

O relatório final terminou com o indiciamento dele e de mais dois amigos pelos crimes de tráfico equiparado, associação para tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

A investigação não pediu as prisões dos três investigados. Todos respondem em liberdade. A conclusão da PF foi encaminhada para o Ministério Público Federal (MPF), que poderá ou não denunciar o grupo pelos crimes. Caberá depois à Justiça Federal decidir se o trio deverá ser julgado pelas eventuais acusações. Se forem condenados, eles poderão ser punidos com penas de prisões.

Além de Renato, Fabio Spinola Mota e Roseli Dorth são acusados pela PF de usar uma empresa química para falsificar notas fiscais de vendas de produtos para multinacionais farmacêuticas. Mas os insumos não iam para essas empresas. Eles eram desviados para a fabricação de cocaína e crack. Essas drogas abasteciam uma rede criminosa de tráfico internacional comandada por facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Renato tem mais de 7 milhões de seguidores no Instagram e é sócio com Roseli da Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda. , empresa para venda de produtos químicos em Diadema, Grande São Paulo. Segundo a PF, eles teriam conhecimento e participavam diretamente do esquema criminoso. A investigação informa ter provas do envolvimento deles a partir de interceptações telefônicas feitas com autorização judicial de conversas e trocas de mensagens, segundo o G1.

Fabio é apontado pela investigação como responsável por esquematizar o repasse dos insumos entre a Anidrol e o tráfico. Segundo a PF, ele criou um falso e-mail em nome de um suposto funcionário de uma multinacional para conseguir dar seguimento ao plano criminoso. Antes já tinha sido investigado pela polícia por tráfico de drogas em Minas Gerais e no Paraná.

De acordo com a Polícia Federal, parte do material adquirido legalmente pela Anidrol foi desviada para a produção de entorpecentes entre 2014 e 2021. Para justificar a saída dos produtos, a empresa emitiu cerca de 60 notas fiscais falsas e fez depósitos em nome de “laranjas”, usando irregularmente os nomes da AstraZeneca, LBS Laborasa e outra empresa.

A investigação apontou que em seis anos foram desviadas algo em torno de 12 toneladas de acetona, ácido clorídrico, cloridrato de lidocaína, éter etílico, fenacetina e manitol, substâncias usadas por criminosos para transformar a pasta base de cocaína em pó e em pedras de crack.