Ano: 2024

Secretário-geral da ONU pede pausa humanitária para vacinação contra poliomielite em Gaza

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, pediu nesta sexta-feira (16) para que as partes envolvidas no massacre em Gaza deem garantias concretas de pausas humanitárias de 7 dias, para que seja realizada uma campanha de vacinação contra a poliomielite.

O genocídio palestino cometido por Israel já matou praticamente 2% da população palestina de Gaza e destruiu infra-estrutura, incluindo o sistema de água e esgoto, tornando a região mais propensa a doenças contagiosas.

Guterres alerta que a prevenção e contenção de propagação da doença na Faixa de Gaza será um esforço coordenado e urgente. “Uma pausa [humanitária] é obrigatória. É impossível conduzir uma campanha de vacinação contra a pólio com ataques por todo o lugar”, disse Guterres. O sistema de saúde do território entrou em colapso com os ataques constantes desde outubro.

Por conta da devastação em Gaza, pelo menos 95% de cobertura vacinal será necessária para reduzir a emergência de propagação do vírus, informou o secretário-geral. Para isso, a campanha deve contar com o transporte de vacinas e refrigeração de equipamentos, entrada segura de especialistas na doença, internet estável e serviços telefônicos durante todas as etapas.

Epidemia em Gaza

Desde julho, o ministro da Saúde de Gaza vem alertando para uma possível epidemia de poliomielite no território palestino, culpando as ofensivas militares contínuas de Israel. Ainda nesta sexta-feira, o ministério palestino confirmou o primeiro caso da doença na região em 25 anos.

O vírus foi detectado na rede de esgoto das cidades de Khan Younis e Deir Al-Balah, segundo o especialista em pólio da Organização Mundial da Saúde (OMS), Hamid Jafari.

A poliomielite é um vírus altamente transmissível através de contato direto com fezes e secreções bucais, que pode invadir o sistema nervoso e causar paralisia. Desde que campanhas contra a doença foram interrompidas desde o conflito em outubro do ano passado, as crianças abaixo de 5 anos de idade, especialmente até os 2 anos, são as mais vulneráveis.

Sem serviços de saúde adequados, a população de Gaza é especialmente vulnerável a surtos da doença, dizem oficiais de saúde e grupos de ajuda humanitária. Dos 40 mil palestinos mortos por Israel desde outubro, mais de 16 mil foram crianças.

A ameaça da doença não está confinada somente a Gaza. Quando o período de chuvas começar, no final do outono, o esgoto contaminado pode ser “empurrado” para um aquífero no qual Israel, Egito e Jordânia retiram sua fonte de água.

*Com Monitor do Oriente Médio e AFP

X, antigo Twitter, convoca reunião de emergência e encerra atividade no Brasil

Funcionários foram comunicados do desligamento após terem sido convocados para reunião de última hora neste sábado.

O X, antigo Twitter, anunciou o encerramento das operações no Brasil. O escritório funcionava no país desde 2012 e, atualmente, tinha cerca de 30 funcionários no país. A empresa chegou a ter mais de 100 trabalhadores no Brasil até ser comprada por Elon Musk, que, em novembro de 2022, fez a primeira demissão em massa.

Os funcionários foram informados do desligamento neste sábado após terem sido convocados para uma reunião no mesmo dia. “Avisaram num all hands (reunião geral) hoje, que foi marcado hoje. Um monte de gente nem viu o invite (convite da reunião)”, disse um funcionário, que prefere não se identificar, ao ICL Notícias. O anúncio foi feito pela CEO da empresa, Linda Yaccarino.

O X justificou a decisão como forma de proteção da equipe. “Falaram que estão ameaçando prender nosso time jurídico, então, para proteger a gente, vão fechar [o escritório]”, contou a fonte ouvida pelo ICL Notícias.

Após a reunião, o X afirmou em nota que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes “optou por ameaçar nossa equipe no Brasil em vez de respeitar a lei ou o devido processo legal.”. A empresa divulgou uma ordem sigilosa de Moraes que prevê prisão por descumprimento de ordem judicial a representantes do X.

X: trabalhadores
Os trabalhadores ainda não foram informados sobre a indenização a que terão direito. O RH da empresa disse que conversará individualmente com cada um deles nos próximos dias. Os acessos ao sistema interno já estão sendo revogados.

“Silvio Santos foi a maior personalidade da história da TV brasileira”, diz Lula

Silvio Santos morreu neste sábado (17), aos 93 anos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou suas redes sociais neste sábado (17) para lamentar a morte do comunicador Silvio Santos e ressaltar o seu legado para o Brasil.

Silvio Santos morreu neste sábado (17), aos 93 anos. Em 18 de julho de 2024, o comunicador foi internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, para se recuperar de H1N1. Teve alta dois dias depois. Em 1º de agosto do mesmo ano, voltou a ser hospitalizado, segundo a assessoria de imprensa da emissora, para passar por exames de imagem.

Leia a íntegra do comunicado:

Sílvio Santos foi a maior personalidade da história da televisão brasileira, e um dos grandes comunicadores do país.

Carioca, filho de imigrantes, Senor Abravanel, seu nome de batismo, foi um empreendedor que iniciou sua vida como vendedor ambulante e construiu uma grande rede de TV e empresas dos mais diversos setores: financeiro, industrial e de comércio. Mas será sempre lembrado como Sílvio Santos, o rosto e a voz dos domingos de milhões de brasileiros e brasileiras, querido pelas suas “colegas de trabalho”, como carinhosamente chamava as telespectadoras.

Com seu talento e carisma lançou e deu apoio a muitos talentos da televisão, do humor e do jornalismo. Era uma das pessoas mais conhecidas e queridas do nosso país. Ao longo dos anos, nos encontramos em programas de TV, reuniões e conversas, sempre com respeito e carinho. A sua partida deixa um vazio na televisão dos brasileiros e marca o fim de uma era na comunicação do país.

Meus sentimentos e solidariedade para sua esposa, suas seis filhas, todos os familiares, amigos, trabalhadores de suas empresas e fãs pelo Brasil.

Governo Lula busca conciliação sobre emendas com Congresso e quer adiar regras impostas por STF

Técnicos veem dificuldade de cumprir todas as novas normas relativas a ‘emendas Pix’; Lula ainda dará aval a solução.

Com a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de suspender a execução de emendas parlamentares impositivas até que haja maior transparência, integrantes do governo Lula (PT) trabalham em uma contraproposta que atenue a crise entres os Poderes.

Técnicos propõem que só valha a partir de 2025 parte das regras a serem aplicadas, por determinação do ministro Flávio Dino, às chamadas “emendas Pix”. Esse tipo de emenda tem baixa transparência, pois não é necessário apontar para qual área ou projeto será destinada a verba, aplicada direta no caixa das prefeituras.

A apresentação dessa contraproposta ainda depende do aval do presidente Lula. As sugestões devem ser apresentadas em reunião ministerial na segunda-feira (19).

A ideia de integrantes do governo é construir uma alternativa para ser apresentada quando Dino criar uma comissão de conciliação para discutir a implementação das novas regras —o que ainda não ocorreu.

Nas últimas semanas, Dino proferiu decisões suspendendo a execução de emendas parlamentares. O Congresso chegou a recorrer da decisão liminar e argumentou que não seria possível dar maior transparência aos recursos, mas a tentativa não prosperou. Na sexta-feira (16), o entendimento de Dino foi acompanhado por toda a corte.

As emendas são uma forma pela qual deputados e senadores conseguem enviar dinheiro para obras e projetos em suas bases eleitorais e, com isso, ampliar seu capital político. A prioridade do Congresso, porém, é atender seus redutos eleitorais, não as localidades de maior demanda no país. A aplicação desses recursos também já foi alvo de diversas denúncias de irregularidades.

Dentro do governo, o argumento usado por auxiliares do presidente é o de que, uma vez que já há recursos direcionados, algumas das normas estipuladas pelo magistrado são de difícil implementação este ano.

O governo já empenhou R$ 7,6 bilhões dos R$ 8,2 bilhões de verbas, no modelo vigente, disponíveis em 2024. Desse total, pagou R$ 4,4 bilhões, restando, assim, R$ 3,8 bi a liberar este ano. Este montante só poderá ser liberado a partir do fim das eleições municipais, em outubro.

Outro argumento em favor dessa postergação é o de que não haveria tempo hábil para atendimento de uma exigência do STF: a análise de cerca de 10 mil planos de trabalho de projetos herdados do governo passado e implementados pelas regras em vigor, sem transparência. Na avaliação de técnicos, essa tarefa exigiria cerca de 90 dias.

Além disso, há o temor de paralisação de obras que ainda não tenham sido iniciadas, mas cujos projetos e estudos para execução estejam em curso. Em sua decisão, Dino determinou a continuidade das ações em andamento.

Embora o presidente venha criticando publicamente o modelo de liberação de emendas em vigor, uma ala do governo tem recomendado cautela. O objetivo é não reforçar uma interpretação de que Lula tenha incentivado Dino a suspender a execução do Orçamento.

Lula afirmou, na sexta, que os parlamentares estão viciados no modelo. Ele havia chamado de “loucura” o volume de recursos nas mãos do Congresso, na quinta-feira (15).

Como a Folha mostrou, a cúpula do Congresso já vê uma suposta interferência de representantes do governo nas decisões de Dino, e articula um pacote de medidas mirando os dois Poderes.

Na sexta, mesmo dia em que o STF formou maioria para acompanhar o entendimento de Dino, o presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), deu encaminhamento a duas PECs (propostas de emenda à Constituição) que miram a atuação da corte.

Uma delas limita as decisões individuais de ministros do STF —texto já aprovado no Senado em 2023 e que estava parado na Câmara. A outra PEC permite que as decisões da Corte possam ser derrubadas pelo Congresso.

Parte do governo compartilha do receio de um revide do Congresso em votações de interesse do Planalto, mesmo que o governo não tenha interferido. E que, por isso, deve atuar para amenizar a crise.

Na quinta-feira, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) afirmou à Folha que o governo busca uma solução em conjunto com o Congresso para as emendas parlamentares num esforço para minimizar atritos com o Legislativo.

O governo também atuou para postergar a implementação de regras definidas por Dino em relação a verbas cobiçadas pelos parlamentares, como as emendas de comissão e o resto a pagar das emendas de relator.

Em petição enviada ao magistrado do Supremo com pedido de esclarecimento, a AGU (Advocacia Geral da União) pediu que os recursos empenhados até agora relativos a estas duas modalidades de emenda sejam liberados —Dino havia mandado suspendê-los até que novas regras fossem aplicadas.

A justificativa é que os parlamentares enviaram os pedidos anteriores com base nas normas vigentes até então, guiadas por decisão anterior do STF, e que seria de difícil execução alterá-las agora porque o próprio Congresso já informou não ter as informações pedidas por Dino.

Na prática, o governo quer aplicar as novas diretrizes de transparência a partir do próximo ciclo de execução das emendas de comissão. Ainda restam cerca de R$ 5 bilhões dessa modalidade a serem aplicados neste ano.

Os recursos de comissão são enviados aos ministérios para serem encaminhados aos municípios pelos presidentes de colegiados temáticos no Congresso. Dino determinou que fique claro qual parlamentar pediu o envio de determinado recurso e qual seria a finalidade dele.

O Congresso argumenta que o remetente do dinheiro já está definido –sob pretexto, de que são as próprias comissões. O ministro do STF, por sua vez, entende que a destinação desse dinheiro é fruto de uma negociação entre parlamentares e quer a identificação do autor original.

Como mostrou a Folha, a Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara distribui verba bilionária de emendas conforme orientações repassadas por uma assessora de confiança do Lira, e com destino desconhecido por membros do próprio colegiado.

Nesta sexta, a AGU encaminhou a ministérios orientação para que se cumpra a determinação de Dino em outra ação, sobre as emendas impositivas. A pasta ressalva que só não deve ser interrompida a liberação dessas verbas relacionadas a obras que já tenham sido iniciadas ou em caso de calamidade pública.

Tarcísio fala em “ser muito duro” e “punir” Moraes após nova farsa contra o ministro

Governador de SP apoia investigação isolada da Corregedoria da Polícia Civil contra Alexandre de Moraes.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, defendeu nesta sexta-feira (16) a investigação isolada da Corregedoria da Polícia Civil para apurar um suposto vazamento de informações ligadas à segurança do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A defesa de Tarcísio pela apuração isolada ocorre enquanto aliados bolsonaristas e a Folha de São Paulo intensificam ataques contra o magistrado, incluindo pedidos de impeachment e anistia para crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado. A posição do governador, ex-ministro do governo Bolsonaro, alinha-se à estratégia bolsonarista de minar a imagem de Moraes, que tem sido alvo de falsas alegações de conduta inadequada.

Durante uma coletiva em São José do Rio Preto, Tarcísio afirmou: “É o que tem que ser feito. Há uma notícia de vazamento de informação privilegiada de acesso ao sistema e acesso não autorizado ou não oficial. E o que tem que ser feito é abrir investigação, apurar, verificar as responsabilidades e aplicar as penas devidas. Ser muito duro na aplicação de penalidade a quem infringiu normas de conduta”.

O vazamento, segundo o jornal, envolve a obtenção informal de dados pela equipe de segurança de Moraes para proteger o ministro e sua família de ameaças bolsonaristas, o que teria levado ao acesso supostamente indevido a sistemas de segurança pública de São Paulo.

Apesar da defesa de Tarcísio por essa investigação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já arquivou acusações mais amplas contra Moraes, que haviam sido baseadas nas reportagens fraudulentas de Glenn Greenwald. A PGR considerou que as ações de Moraes estavam dentro dos limites legais, relacionadas à segurança institucional e à proteção de sua família. Tarcísio, no entanto, segue apoiando uma apuração que parece isolada, enquanto a base bolsonarista continua pressionando por ações que têm pouca perspectiva de avanço.

Banho de água gelada nos fascistas: Prévia do PIB sobe bem acima do esperado e assusta economistas

Em relação a junho de 2023, o indicador que é considerado uma prévia do desempenho do PIB brasileiro mostrou alta de 3,2%.

Infomoney – O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) cresceu 1,40% em junho, após registrar alta de 0,25% em maio, informou nesta sexta-feira (16) o Banco Central do Brasil.

O dado veio bem acima do consenso LSEG de analistas, que esperavam uma alta de 0,50% no mês.

Em relação a junho de 2023, o indicador que é considerado uma prévia do desempenho do produto interno bruto (PIB) brasileiro mostrou alta de 3,2%.

Em 12 meses, o índice tem avanço de 1,6% e, no ano, a expansão é de 2,1%.

No trimestre encerrado em junho, o índice de atividade teve alta de 1,1% em relação ao trimestre anterior. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, houve crescimento de 2,8%.

Por que as coisas contra Bolsonaro não caminham na PGR?

Os velhos processos contra Bolsonaro, que não são poucos, não andam na PGR, em pleno governo Lula.

Essa é a principal causa, segundo especialistas, que alimenta a impunidade e, consequentemente, os ataques da bolsonarada contra o sistema de justiça, mais precisamente o STF, mas sobretudo Moraes.

Circunstâncias assim são favoráveis ao criminoso, elas funcionam como redutor da gravidade, produzindo uma espécie de escala em que os crimes de Bolsonaro são colocados como algo de pouca monta, quando, na verdade, até até ato terrorista para explodir caminhão de combustível no aeroporto de Brasília, estava na planilha da cúpula golpista, que tinha Bolsonaro como mentor e líder.

Lógico, os bolsonaristas querem vender esses bandidos para a opinião pública como pulga magra, que estão sendo levados ao Supremo como mera perseguição política.

A família Bolsonaro, que forma o clã já conhecido até no exterior, é algo totalmente inédito na história do Brasil, nunca se viu uma quadrilha inteira cometer crimes comuns e controlar, de forma tão hostil, as instituições da República.

Até aqui, os Bolsonaro estão somente pagando uma caixinha aqui, outra acolá e pronto. Qualquer vaquinha, via pix, resolve isso e ainda lucram com a sobra da barbárie.

A razão disso é somente uma, impunidade. Esse é um assunto que formiga também na sociedade que, pelo conjunto da obra, o povo brasileiro acha que o clã inteiro já deveria estar na cadeia há muito tempo cumprindo uma elevada pena, mas o olho sonolento da Procuradoria Geral da República parece não enxergar isso.

Bolsonaro dobra a aposta e confirma presença em ato pelo impeachment de Alexandre de Moraes

Jair Bolsonaro é alvo de inquéritos relatados pelo ministro do STF.

Jair Bolsonaro (PL) confirmou sua participação na manifestação pró-impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que será realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, no próximo dia 7 de setembro. A informação foi dada por Bolsonaro ao jornalista Igor Gadelha, do portal Metrópoles.

A manifestação está sendo organizada pelo pastor-empresário Silas Malafaia e terá como pauta oficial a suposta defesa do “Estado Democrático de Direito”. Contudo, Malafaia e outros aliados de Bolsonaro, como o senador Magno Malta (PL-ES) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), prometem fazer discursos contundentes contra Moraes durante o evento.

Malafaia já havia antecipado que esperava a presença de Bolsonaro na manifestação, mas acredita que ele não fará um discurso direcionado ao ministro do STF. Isso se deve ao fato de Bolsonaro ser alvo de inquéritos relatados por Moraes, o que pode gerar complicações jurídicas.

De acordo com o pastor, a reserva da Avenida Paulista junto à Prefeitura de São Paulo foi feita há cerca de 10 dias, antes da publicação da reportagem da Folha de S. Paulo que apontou

STF forma maioria e mantém suspensão de emendas impositivas

STF decidiu manter decisão do ministro Flávio Dino. Ele, Mendonça, Fachin, Zanin, Moraes e Toffoli votaram pela suspensão das emendas.

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta sexta-feira (16/8), em sessão no Plenário Virtual, referendar a suspensão do pagamento das emendas impositivas, nas quais estão incluídas as “emendas Pix”.

O plenário virtual formou maioria ncom os votos dos ministros André Mendonça, Edson Fachin, Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, que acompanharam o relator Flávio Dino.

O primeiro a votar foi o ministro Flávio Dino, relator da ação e autor da decisão liminar. Dino se manifestou por manter a cautelar concedida por ele. Na quarta-feira (14/8), o ministro havia suspendido as transferências destes recursos no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7697.

Todos os 11 integrantes da Corte devem apresentar voto até as 23h59 de hoje. No momento, não será apreciado o mérito da questão.

As “emendas Pix” são recursos públicos os quais os parlamentares têm o poder de fazer o encaminhamento para estados e municípios. O impedimento por parte de Dino para a continuidade dos repasses tem como motivo a falta de transparência nestas transações.

Saga da ‘lava jato’ contra Gilmar foi de tentativas de impeachment a monitoramento de falas

Conjur – A fixação dos procuradores da finada “lava jato” com o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, foi desde tentativas de impulsionar, às escuras, seu impeachment — ou o afastamento de processos — até o monitoramento de falas em palestras.

É o que mostram diálogos aos quais a revista eletrônica Consultor Jurídico teve acesso. A compulsão durou todo o período em que há mensagens hackeadas e envolve o uso de associações para soltar notas defendendo a “lava jato” contra falas de Gilmar; a elaboração de comunicados assinados pela assessoria do Ministério Público Federal; e a passagem de lista para processar o ministro por declarações dadas no Plenário do Supremo.

Uma fala de uma procuradora identificada apenas como “Monique” exemplifica a obsessão: “Já está cada vez mais claro que a batalha da Lava Jato passa pela batalha contra GM”, disse ela em 26 de maio de 2017 — os diálogos são reproduzidos nesta reportagem em sua grafia original.

‘Precisamos acompanhar e responder tudo’
Na descrição dos procuradores, Gilmar era onipresente, onisciente e onipotente: para eles, tudo o que acontecia em Brasília e fosse visto como ameaça à “lava jato” tinha o dedo do ministro. Até o silêncio de Gilmar era monitorado, às vezes com apreensão.

“Estou muito desconfiado desse silêncio. Acho que isso indica uma articulação”, disse em 23 de maio de 2017 um procurador identificado como “Danilo” no chat “Winter is Coming”. “Com certeza está aprontando na surdina”, disse “Janice”. “Não há dúvida que está aprontando. Algo no STF”, responde “Luiza”.

Naquele dia, a Polícia Federal prendeu os ex-governadores do Distrito Federal José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz. As acusações contra os políticos envolviam delações de diretores da Odebrecht.

Um ano antes, em agosto de 2016, os procuradores já estavam descontentes com declarações do ministro. Em uma conversa no chat “Parceiros/MPF — 10 medidas”, uma promotora identificada como “Luciana” disse que era preciso “acompanhar” as falas do ministro e responder tudo.

“Gilmar resolveu ser, escancaradamente, o porta-voz da estratégia que acabou com as mãos limpas, aniquilando a imagem do MP perante a sociedade. Respostas precisam ser dadas. A sociedade entende que quem cala consente”, afirmou ela.

“A veja me pediu uma entrevista sobre as 10 medidas. A Ascom deu ok. Vocês acham que devo falar algo em relação ao ministro Gilmar”, pergunta “Thamea” aos colegas no mesmo dia. As respostas dizem que não, e que é melhor usar a reação de associações e notas ou manifestações das “entidades da sociedade civil” que apoiam a “lava jato”.

“O que vocês sugerem fazer? Nota da ANPR (Associação Nacional de Procuradores da República)? Abaixo assinado de todos?”, questiona “Thamea”. Ela mesmo responde a indagação momentos depois. “ANPR tem que se manifestar então. Manifestações da sociedade civil acho que também conseguiremos.”

O modus operandi de soltar notas via ANPR para se defender sem se expor era prática comum. Em um diálogo de abril de 2018, o procurador Diogo Castor sugeriu uma manifestação da associação em sua própria defesa. Na ocasião, Gilmar criticou o potencial conflito de interesses na atuação de Diogo.

“Prezados, sobre a fala do Gilmar Mendes em relação a mim, duas opções: 1) emitir nota da ANPR. 2) ignorar. O que acham melhor? Gilmar sempre bate e ninguém faz nada. Por isso ele continua”, diz Diogo. Em seguida, ele afirma que redigiu uma nota para a ANPR.

“Tem que responder. A ausência de resposta pode ser mal interpretada, como se ele, Gilmar, possa ter alguma razão”, disse outro procurador. Januário Paludo concorda: “Acho que vale nota nossa e da ANPR em relação ao que nos toca”.

Os procuradores fofocavam entre si até antes de o ministro alguma qualquer coisa. “Gente, preparem-se, porque eu o vi entrando em um evento no Royal Tulip, sobre perícia”, disse um procurador. “Imagina se ele não vai vociferar…”, respondeu a procuradora “Janice”.

Bretas, o ‘evangélico ponta firme’
As decisões do ministro irritavam os procuradores ainda mais do que as declarações. Em 17 de agosto de 2017, Gilmar derrubou uma decisão do juiz Marcelo Bretas — da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, atualmente afastado do cargo — contra os empresários Jacob Barata Filho e Lélis Teixeira, donos de empresas de ônibus no Rio. Deltan Dallagnol, coordenador da “lava jato”, reagiu prontamente.

“Caros, a decisão do Gilmar é absurda. Acho que vale a pena o MUDE repercutir e se posicionar. E mais, a decisão do GM é contra o Bretas, evangélico ponta firme (pelo que se fala)”, diz Dallagnol.

A insatisfação durou alguns dias. Em 19 de agosto, os procuradores começaram a planejar modos de afastar Gilmar do caso. Uma das maneiras propostas foi pressionar a ministra Cármen Lúcia para que Gilmar fosse declarado impedido.

“Pessoal, a única solução para o Gilmar será a turma aceitar seu impedimento”, disse “Luiza”. O procurador José Robalinho mostra pessimismo: “infelizmente não vai rolar”. Uma pessoa identificada como “Eduardo” diz que a pressão “tem que ser em cima de Cármen Lúcia”.

Outro colega sugere a edição de notas apócrifas. “Essa postura do ministro não merece uma resposta da ANPR, ou já nos acostumamos aos decretos e devaneios do Gilmar?. Acho que é uma boa hora de a ANPR dar uma cutucada no STF, para ajudar a isolar Gilmar”, diz “Hélio”.

Para “cutucar” Gilmar, valia se aliar a qualquer um. Em 25 de agosto, os procuradores comemoraram declarações do então deputado Onyx Lorenzoni contra o ministro.

Onyx, que anos depois admitiria ter feito caixa dois, foi tratado como “paladino”. “Virei fã. Nosso paladino. Toma Gilmar”, disse uma pessoa não identificada na conversa.

‘Precisamos de um estopim’
Os procuradores não ficaram só na tentativa de afastar Gilmar de casos da “lava jato”. Em 12 de abril de 2018, Dallagnol disse que eles deveriam atuar por um pedido de impeachment no Senado. Segundo o chefe da autoapelidada força-tarefa, no entanto, a solicitação deveria ficar em suspenso até que houvesse algum “estopim”.

“Esse Gilmar já passou da linha de limite há muito tempo. É de se pensar se não vamos além e representamos em algum momento ao Senado pelo impeachment. Precisamos, contudo, de um estopim.”

Em 16 de setembro do mesmo ano, o assunto ressurgiu. Na ocasião, os procuradores estavam incomodados com uma decisão de Gilmar mandando soltar Beto Richa, ex-governador do Paraná. A soltura ocorreu dois dias antes do diálogo.

“Dá pra deixar algo pronto. E talvez fazer antes”, disse Dallagnol. “A chance de impeachment do Gilmar é abaixo de zero. A questão é se fazemos a operação ou não. Se fizermos, seremos criticados e o GM vai descer a lenha em nós. Se não fizermos, seremos tachados de omissos”. Na ocasião, eles conversavam sobre uma operação contra o irmão de Richa, que acabaria por ocorrer no final do mês, depois da decisão de Gilmar que soltou o ex-governador.

Lista para processar Gilmar
Em 15 de março de 2019, os procuradores cogitaram processar Gilmar e chegaram a começar uma lista de interessados no processo. Na ocasião, eles estavam irritados com falas do ministro sobre a “lava jato”.

“Na sessão de ontem o ministro Gilmar Mendes ultrapassou todos os limites nas críticas, ofendeu de maneira contundente e por diversas vezes, ao proferir seu voto, os colegas da Lava Jato, o Ministério Público e as tratativas que resultaram na previsão da criação da fundação”, diz Roberson Pozzobon.

Gilmar havia criticado a tentativa de criar um fundo privado de “combate à corrupção” com dinheiro da Petrobras. A própria Procuradoria-Geral da República, em um pedido enviado ao Supremo, conseguiu barrar a criação do fundo.

“Pessoal, precisamos decidir se vamos pra cima do Gilmar com ação cível e criminal”, diz Dallagnol, que puxa o coro pelo processo. Ele sugere de novo uma tentativa de impeachment. O motivo? “Adjetivações” contra a “lava jato”.

“Se queremos o impeachment do GM, é algo que a meu ver contribui nessa direção. Será um repositório de todas as adjetivações que já usou contra nós”, fala Dallagnol.

Em seguida, “Welter” puxa a lista dos que já toparam processar o ministro: “QUEM VAI PROCESSAR O GILMAR MENDES: 1) Januário; 2) Deltan). Vamos resolver essa questão do processo”.