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‘Estratégia é vitimizar os ricos do agro e ludibriar os pobres’, diz Roncaglia sobre Gusttavo Lima

Economista desmentiu falas do cantor – que se lançou à Presidência – sobre carga tributária do agro e poder de compra dos mais pobres.

O cantor sertanejo Gusttavo Lima anunciou sua intenção de disputar a Presidência da República em 2026, em entrevista ao portal Metrópoles. Conhecido por apoiar Jair Bolsonaro (PL), ele afirmou que quer “desburocratizar o país” e unir os brasileiros. Em meio ao anúncio, o cantor gerou polêmica ao afirmar que “os pobres estão sem poder de compra” e que o agronegócio “não aguenta mais pagar impostos”.

A declaração de Lima foi desmentida pelo economista e diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), André Roncaglia, que usou a rede X (antigo Twitter) para rebater as falas do sertanejo. Roncaglia chamou o anúncio de candidatura de “balão de ensaio” e disse que a estratégia da direita é “vitimizar os ricos do agro, beneficiados com privilégios fiscais, e ludibriar os pobres com uma agenda que agrava a penúria destes”.

Crescimento da renda no governo Lula – Roncaglia apresentou dados que contradizem a fala de Gusttavo Lima sobre a perda de poder de compra dos mais pobres. Segundo ele, no governo de Jair Bolsonaro, os mais pobres enfrentaram perda de renda real em 11 dos 16 trimestres analisados, enquanto no governo Lula, a perda ocorreu em apenas um dos sete trimestres até o momento.

“A massa salarial está crescendo fortemente com base no aumento do emprego formal e em políticas sociais reforçadas, além de uma política industrial mais efetiva”, destacou o economista, mencionando ainda o papel do BNDES e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) na retomada dos investimentos.

Tributação do agro – Outro ponto refutado por Roncaglia foi a afirmação de Gusttavo Lima de que o agronegócio não suporta mais a carga tributária. O economista explicou que a agropecuária, em especial, paga muito pouco imposto no Brasil e foi beneficiada com alíquotas especiais na reforma tributária. Se há uma parte sobretributada, é a indústria, não o agro, afirmou.

Desafios à frente – Embora reconheça os avanços no governo Lula, Roncaglia pontuou que ainda há desafios, como controlar a inflação, conter gastos excessivos e ampliar os investimentos públicos sem comprometer a qualidade e o acesso às políticas sociais. Ele defendeu uma maior tributação sobre os mais ricos para garantir equilíbrio fiscal e sustentar a agenda de desenvolvimento.

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As falas de Gusttavo Lima, na imagem, permitem-nos expor alguns dados dos governos Lula 3 e Bolsonaro, como contexto. A estratégia é padrão: vitimiza os ricos do agro, beneficiados com privilégios fiscais e ludibria os pobres, com uma agenda que agrava a penúria destes. (André Roncáglia)

Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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