Bilionários puseram intensa pressão sobre a Casa Branca
O presidente Donald Trump, sob intensa pressão dos mercados e dos bilionários que o apoiam, suspendeu por 90 dias o tarifaço que impôs aos parceiros comerciais dos Estados Unidos — menos à China.
De acordo com a Casa Branca, o tarifaço foi reduzido a 10% — ou seja, nada muda para as exportações do Brasil, taxadas com este valor na semana passada.
O anúncio foi feito através da rede social Truth Social e confirmado em seguida pelo secretário do Tesouro Scott Bessent.
Trump estava sob intensa pressão dos bilionários de Wall Street, inclusive de seu aliado Elon Musk.
Na mesma postagem, Trump informou que estava aumentando as tarifas sobre as importações da China para 125%, uma vez que Beijing retaliou e a partir de amanhã cobrará 84% em tarifas dos EUA.
Imediatamente, os mercados dispararam, com altas de mais de 7% nos Estados Unidos.
Vendendo como vitória
Nas últimas horas, havia sinais crescentes de deterioração dos índices econômicos, com forte oscilação dos papéis do Tesouro dos EUA, considerados o porto mais seguro pelos investidores.
De acordo com o diário New York Times, investidores estavam deixando os papéis do Tesouro em direção ao ouro e papéis da Alemanha.
Ou seja, o tarifaço de Trump ameaçava o papel central dos EUA no sistema econômico internacional.
Além disso, o presidente estava pressionado por executivos de empresas que perderam bilhões em valor nas bolsas desde que ele anunciou o tarifaço.
No caso da Apple, foram cerca de 20% em apenas três dias, ou mais de U$ 600 bilhões.
De acordo com o secretário do Tesouro, os EUA usarão a pausa de 90 dias para negociar individualmente com os países.
Donald Trump vendeu o tarifaço como uma necessidade para fortalecer o Tesouro dos EUA e trazer de volta a indústria ao país.
A China como “malvada”
Porém, a Casa Branca recebeu alertas de poderosos aliados de que o tarifaço poderia causar inflação, recessão e colapso do comércio internacional.
Quem paga as tarifas são os importadores dos EUA, que provavelmente repassariam as tarifas aos consumidores, com aumento generalizado de preços.
Aliados de Trump rapidamente passaram a dizer que este sempre foi o plano “genial” de Trump: causar comoção nos mercados para ganhar poder de negociação com aliados.
O secretário do Tesouro Bessent, na entrevista em que confirmou o anúncio, pintou a China como o “ator malvado” do imbroglio, por ter retaliado contra os Estados Unidos.
Porém, até agora esta tem sido uma crise econômica totalmente Made in USA.
*Luiz Carlos Azenha/Forum