Categorias
Política

Mensagens revelam que Bolsonaro se recusou a desmobilizar golpistas do 8/1

O ex-presidente Jair Bolsonaro se recusou a fazer um pronunciamento público e tentar impedir a invasão à Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, mesmo com apelos de aliados. Diálogos obtidos pela Polícia Federal mostram que o ex-comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo e o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid tentaram convencê-lo a se manifestar sobre o caso.

Segundo o UOL, Figueiredo mandou uma mensagem a Cid às 16h56 do dia 8 de janeiro daquele ano pedindo para que Cid convencesse Bolsonaro a tentar parar os golpistas. “Estupidez sem tamanho. O presidente Bolsonaro precisa se manifestar contra isso AGORA. Pelo amor de Deus. Eu estou no ar na Jovem Pan”, escreveu na ocasião.

O então comentarista da Jovem Pan queria uma declaração pública e sugeriu exibir a fala na rádio para desmobilizar os invasores, temendo consequências da invasão para bolsonaristas. O ex-presidente estava nos Estados Unidos na data: ele deixou o Brasil em 30 de dezembro para não passar a faixa presidencial a Lula, eleito em 2022, no dia 1º de janeiro.

Cid respondeu que havia conversado com Bolsonaro sobre o tema, mas que ele não queria se pronunciar. Na sequência, o tenente-coronel sinalizou que apoiava a invasão, alegando que “o povo não aguenta mais tanta arbitrariedade”.

Figueiredo, que foi indiciado pela trama golpista, reclamou do ataque e afirmou que Bolsonaro iria “se foder” pelo episódio: “Vai ter gente morta e vão botar na conta dele, assim como a polícia do Capitólio ajudou no 6 de janeiro. Cara, esses fdps acabaram de destruir a direita brasileira”, escreveu.

O então comentarista já sinalizava que o ex-presidente poderia ser preso. “Precisa condenar isso urgente, cara. O Trump se fodeu porque demorou um pouco a fazê-lo”, acrescentou. De acordo com o DCM, Bolsonaro só se manifestou sobre o tema às 21h17 daquele dia, depois das depredações.

Após a divulgação do diálogo, Figueiredo confirmou o teor da conversa com Cid e disse que o ataque foi “uma armadilha na qual alguns caíram de forma estúpida”. “O presidente Bolsonaro, felizmente, ouviu o meu conselho e reviu sua posição, condenando os atos em seguida”, afirmou.

Leia o diálogo na íntegra:

Por Celeste Silveira

Produtora cultural

Comente