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As mulheres serão responsáveis pela derrota de Bolsonaro na eleição

A popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PL) naufraga. Isso não é novidade. Mas uma pesquisa divulgada recentemente deixa claro: a porcentagem da população insatisfeita com o governo e que não pretende voltar em Bolsonaro de jeito nenhum é maior entre as mulheres do que entre os homens.

Os dados são do levantamento PoderData, do site Poder360. Segundo o estudo, apenas 17% das mulheres pretendem reeleger o atual presidente. No caso dos homens, a intenção de voto em Bolsonaro é de 41% e, entre eleitores masculinos, ele fica em primeiro lugar.

Resumindo: se só homens votassem, Bolsonaro teria chances muito grandes de ganhar. Já se fossem só mulheres, seria melhor ele nem concorrer.

Por que a diferença é tão marcante?

Bem, Bolsonaro sempre foi rejeitado por boa parte do eleitorado feminino. Vamos lembrar que o maior movimento contra sua eleição foi o Ele Não, organizado por mulheres do Brasil inteiro e que reuniu milhares de pessoas em diversas capitais.

Essas mulheres protestaram porque, entre outras coisas, Bolsonaro sempre demonstrou desprezo pelas causas femininas e disse frases do estilo “você não merece ser estuprada” (para a deputada Maria do Rosário).

Quatro anos depois, a situação é muito pior. Quase 28 milhões de brasileiros estão abaixo da linha da pobreza, de acordo com levantamento da FGV Social. E, no mapa da desgraça brasileira, as mulheres perderam mais.

De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego entre as mulheres chegou a 17,9% no primeiro trimestre de 2021. No caso dos homens, o número foi de 12,2%. A fome e a insegurança alimentar (quando a pessoa não sabe se terá comida no dia seguinte, por exemplo) também são maiores nos lares chefiados por população feminina.

Como se não bastasse todas essas perdas e essa luta diária pela sobrevivência, são as mulheres que ainda se responsabilizam por cuidados com a escola dos filhos, vacinação, cuidam quando eles ficam doentes. Como elas aprovariam um presidente que dificulta que seus filhos tenham acesso à vacina e que se nega, ele mesmo, a tomá-la?

Mas o presidente foi além e disse, semana passada, sobre a morte de crianças por coronavírus: “Algumas morreram? Sim, morreram. Lamento profundamente, tá? Mas é um número insignificante e tem que se levar em conta se ela tinha outras comorbidades também.”

Mulheres são as principais cuidadoras de crianças, sejam mães, tias, avós. Qual delas aceitaria uma frase dessa?

Além de cuidarmos de crianças, também somos as principais responsáveis pelos cuidados com os idosos e os doentes.

Imagina o que foi para alguém que cuidava de um parente com coronavírus ouvir o presidente falar, no início da pandemia, em abril de 2020, sobre o aumento do número de mortos por coronavírus: “E daí? Não sou coveiro!”

Razões para esse desprezo por Bolsonaro não faltam. Inclusive porque ele sempre nos desprezou.

*Nina Lemos/Uol

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Por Celeste Silveira

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