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Um dia após banqueiros execrarem qualquer tentativa de golpe de Bolsonaro, grande mídia faz o mesmo

Estilo de um, fisionomia de outro. Esse é o produto conjugado de banqueiros e barões da mídia e, se num determinado momento, os banqueiros tratam determinados temas de forma franca, o estilo adotado adquire caráter siamês na grande mídia.

Ou seja, os olhos dos banqueiros são os olhos da nossa mídia, o nariz, a boca e as orelhas dos banqueiros se confundem com a sua outra metade, a dos barões da mídia. Nada é feito com sutilezas, ao contrário, é flagrante que a fisionomia da mídia brasileira é definida a partir de uma máscara desenhada pelos banqueiros.

É disso que são feitas as manchetes nesse país, redigidas pelas leis eternas da agiotagem, resultante de uma personalidade oligárquica que esculpe uma classe dominante impregnada de herança escravocrata.

Os sensibilíssimos banqueiros sopraram um diapasão contra o golpismo de Bolsonaro, possivelmente, ecoando o tom de Biden, o opositor de Trump, a quem Bolsonaro não cansou de atacar e até ameaçar com pólvora, após sua vitória no último pleito presidencial nos EUA.

Como se diz por aí, a partir de então, Biden pegou ranço do fascista tropical e segue, passo a passo, dando avisos de que não está preocupado em cuidar e proteger a democracia brasileira, mas de varrer um aliado de Trump no Brasil.

Com um pragmatismo contagioso, Biden prefere promover uma lavagem política de crostas do trumpismo na América Latina para que isso não traga qualquer sentimento de uma possível revanche dos republicanos que poderia assumir um caráter perigoso, no momento em que os resultados em popularidade de Biden adquirem um caráter dramático.

Como Bolsonaro, impregnado de bestialidade inspirada em Trump é, provavelmente a maior caricatura do tosco americano no planeta, para Biden é importante que a semente não crie barba em terreno alagadiço que obtenha forma adaptada a um novo ambiente sul americano que, no caso do Brasil, transforme-se em chave.

Daí, antes mesmo de deixar o bigode crescer, Biden já mandou missionários para o Brasil para dizer que não tolerará que o espelho de Trump em terras nativas, de forma deliberada, em solo tropical, busque uma solução aventureira em caso de derrota que, com certeza, virá.

Coincidência ou não, quatro dos maiores banqueiros do Brasil resolveram repudiar o golpe e soprar o enxofre que Bolsonaro exala para que seja afastada qualquer excentricidade golpista a que Bolsonaro e seus generais do governo possam imaginar e querer pilhar as Forças Armadas a esse tipo de fórmula que quer criar uma “democracia” na base da pancada.

Hoje, a estética oficial da mídia é fruto de um coeficiente temperado pelos banqueiros brasileiros a partir de uma sugestão norte-americana.

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Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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