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Na mira da PF, Bolsonaro troca ‘conhecereis a verdade’ por ‘esculacho’

Bolsonaro voltou a chamar, nesta quarta (12), de “esculacho” a ação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal em sua casa em meio a uma investigação sobre fraude em cartões de vacina. Uma grande mudança para quem dizia que o Evangelho de João capítulo 8, versículo 32 (“Conhecerei a verdade, e ela vos libertará”) era seu lema de vida.

“Fazer uma busca e apreensão na minha casa, contra a orientação do Ministério Público, atrás de cartão de vacina, ao meu entender, é um ato de esculacho”, afirmou em entrevista à imprensa após depor sobre uma suposta articulação golpista entre ele, o senador Marcos ‘Coisa de Maluco’ Do Val e o então deputado Daniel ‘Surra de Gato Morto’ Silveira. A operação ocorreu em maio e levou também à prisão do seu ex-faz-tudo, Mauro Cid.

“Não roubei nada, nunca conspirei nada! É para esculachar, gerar constrangimento perante a opinião pública, me desgastar. Se eu não tivesse nenhum capital político, não estariam fazendo tudo isso contra mim”, completou.

Detalhe é que nenhum colega jornalista havia perguntado se ele havia roubado joias dadas pela Arábia Saudita à Presidência da República, tampouco se ele havia conspirado contra a democracia ao fomentar o golpismo entre seus seguidores, o que culminou em rodovias trancadas, carros incendiados, bomba colocada em caminhão de combustível e na depredação das sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro. Ele que levantou a lebre sozinho.

Atos falhos envolvem a emergência de uma palavra ou expressão no discurso, seguida de uma correção ou negação do ocorrido. Isso ocorre porque há uma cadeia de pensamentos, inconsciente, que se encontra suprimida e emerge revelando um fragmento da verdade queremos suprimir a nós mesmos, como já me explicou o psicanalista Christian Dunker, nosso colega no UOL.

Tem um golpistinha dentro de Jair com uma vontade louca de sair, mas que segue contido pelo medo da cadeia. Não à toa, ele tirou o corpo fora no depoimento sobre a articulação golpista entre ele, Do Val e Silveira para fazer uma pegadinha do tipo Ivo Holanda com o ministro Alexandre de Moraes e, com isso, tentar melar a eleição.

Mas se ele não disse nada de comprometedor, e evitou comprometer os outros dois, em seu curto depoimento de 35 minutos, o celular de Marcos Do Val continua falando pelos cotovelos. Além disso, o que dirá Daniel Silveira, preso em Bangu, por atacar o STF? Alguém condenado e sem nada a perder vai ficar em silêncio para proteger quem o esqueceu?

*Leonardo Sakamoto/Uol

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Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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