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60 anos do golpe: Brasil não fez acerto de contas e vive com legados da ditadura

A transição da ditadura civil-militar para a Nova República na década de 90 poderia ter sido um período de revisão do autoritarismo encrustado na sociedade brasileira desde a sua formação. No entanto, os traços autoritários, exacerbados ao longo da ditadura, são legados que o país carrega até hoje.

Por trás da vigência desses traços, estão uma sociedade e seguidos governos que se recusam a fazer um acerto de contas com o passado. Recentemente, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que não pode “ficar remoendo sempre” o passado ditatorial, quando questionado sobre o cancelamento da cerimônia de aniversário de 60 anos do golpe de 1964, planejada para o dia 1º de abril deste ano.

“O que eu não posso é não saber tocar a história para frente, ficar remoendo sempre, ou seja, é uma parte da história do Brasil que a gente ainda não tem todas as informações, porque tem gente desaparecida ainda, porque tem gente que pode se apurar. Mas eu, sinceramente, eu não vou ficar remoendo e eu vou tentar tocar esse país para frente”, disse em entrevista ao programa É Notícia, da RedeTV!.

Ivo Lebauspin, que foi preso e torturado durante a ditadura, afirma que “é um erro não trabalhar a memória da ditadura”. “Há uma narrativa de que é melhor se reconciliar com o passado e esquecer o que aconteceu. Isso é impossível sem saber o que efetivamente aconteceu”, afirmou o sociólogo.

“Algumas pessoas acham que para se avançar no plano político é preciso varrer essas coisas para baixo dos tapetes, por uma pedra em cima desse passado, ir em frente e fazer acordos. Isso já foi feito. Isso vem sendo feito há anos. Desde o fim da ditadura militar não se analisa a ditadura militar, não se julga, não se faz nada”, defende.

Lebauspin associa, por exemplo, a presença militar na tentativa de golpe para manter Jair Bolsonaro na Presidência como um resquício da intervenção militar. “Tem tudo a ver com a não memória da ditadura e o não julgamento. Na Alemanha se faz um esforço monumental para lembrar sempre tudo que aconteceu. Tem museus do Holocausto em várias partes, e as pessoas sabem o que aconteceu. Houve julgamento, os fatos foram analisados e julgados. Aqui não houve isso.”

Na mesma linha, o professor do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), Daniel Aarão Reis Filho, afirma que lembra de “líderes de partidos progressistas, como Tancredo Neves em 1985, conclamando as pessoas a não olharem para o espelho retrovisor, mas a olhar para frente e não ficar remoendo as feridas”. Isso mostra que o Brasil “dedicou pouca atenção para refletir sobre a estrutura de Estado montado durante a ditadura e suas políticas”.

Forças Armadas
Com isso traços autoritários não só do período da ditadura militar, mas de outros governos, como do Estado Novo de Getúlio Vargas e do período escravocrata, continuam presentes na sociedade brasileira. Entre esses legados, o professor elenca a autonomia das Forças Armadas. “São um verdadeiro Estado dentro do Estado. Elas têm uma estrutura educacional própria e uma justiça específica. Isso permitiu que as Forças Armadas cultivassem ideologias cada vez mais anacrônicas, mas muito vigentes dentro das Forças Armadas.”

O professor explica que somente a partir do governo de Dilma Rousseff — e ainda timidamente — foram feitos esforços para revisar essa estrutura militar, principalmente com a criação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em 18 de novembro de 2011. Ainda assim, Aarão afirma que “houve uma espécie de pacto: a gente não mexe com vocês, vocês não mexem com a gente. Esse pacto na esperança ilusória de que, com o tempo, as feridas iriam ser sanadas”.

Um ano depois do encerramento da comissão, ocorrido em 2014, o pesquisador e integrante da CNV, Lucas Figueiredo, afirmou que o relatório final com 4.328 páginas ficou “muito fraco”.

“O pai da criança é o Tancredo (Neves), que fala abertamente que não vai investigar. (José) Sarney entrou vendido porque era muito fraco, ele se escorava nos militares. Depois Collor e Itamar fazem vistas grossas. FHC e Lula colocam a União para combater a abertura dos arquivos na Justiça, que é uma postura mais grave. E você tem a Dilma, que é de uma passividade absoluta, porque as Forças Armadas mentiram descaradamente para ela durante a CNV e ela não fez nada”, disse em entrevista à BBC na época.

Essa passividade dos seguidos governos se somou à articulação da extrema direita dentro dos quartéis, que foi ganhando terreno principalmente a partir da ditadura militar. O professor Daniel Aarão Reis Filho afirma a tendência de extrema direita entre os militares “é muito forte”. “Nada nos diz que essa tendência está neutralizada.”

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Morre Maradona

Diego Armando Maradona, o gênio da bola que alegrou a vida de argentinos e de quem gosta de futebol, morreu nesta quarta-feira (25/11), aos 60 anos. E aos brasileiros agora resta a lembrança eterna da rivalidade do craque com o Pelé. Veja comparações na carreira entre os dois maiores nomes do futebol mundial:

Copas do Mundo

Pelé conquistou três Mundiais com a camisa do Brasil. O Rei levantou os canecos em 1958, 1962 e 1970. Além de ser fundamental na conquista das três taças, Pelé tinha uma trupe de craques que o ajudaram: nomes como Garrincha, Jairzinho, Tostão e Rivelino auxiliaram o Rei a colocar três estrelas na camisa canarinho.

Já os argentinos defendem que Maradona conquistou praticamente sozinho a Copa de 1986 no México. O camisa 10 enfileirou gigantes do futebol na campanha quase perfeita de seis vitórias em sete jogos e elevou o nome da Argentina no cenário mundial.

Clubes

Pelé defendeu apenas dois times na carreira: o Santos e o Cosmos FC, momentos antes de se aposentar. O Rei foi campeão brasileiro, da Libertadores, além de inúmeros títulos com a camisa do time brasileiro.

Maradona defendeu Boca Juniors, Barcelona, Napoli, Newell’s Old Boys e encerrou a carreira no Boca. Ao longo da carreira, Maradona conquistou um campeonato argentino com o Boca. Conquistou títulos com na Espanha, com o Barcelona, como Copa do Rei e o campeonato espanhol em 1983. Com o Napoli ganhou duas vezes o campeonato italiano, em em 1986 e 1989.

 

*Com informações do Metrópoles

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