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Mensagens mostram intimidade entre Anielle e Almeida até novembro de 2023

Pivôs de um escândalo de assédio sexual, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, trocavam mensagens em tom informal, a ponto de se tratarem pelos apelidos de “Preta” e “Preto”. Mesmo depois da reunião em maio de 2023, em que Anielle teria sido assediada por Almeida, de acordo com o colunista Igor Gadelha, os dois seguiram trocando mensagens com intimidade. Mas um distanciamento entre eles aconteceu em novembro do ano passado.

O Meio teve acesso a um arquivo de WhatsApp que mostra os diálogos trocados entre os dois desde o dia 10 de novembro de 2022, ainda no período da transição do governo Lula, até 24 de março deste ano. A veracidade e a integridade desse arquivo foram confirmadas por um interlocutor do governo.

O Meio procurou Anielle e Silvio Almeida para ouvir suas versões sobre as mensagens e, assim que obtiver alguma resposta, atualizará este texto.

Almeida é acusado pela organização Me Too Brasil por supostos episódios de assédio sexual, de acordo com reportagem publicada pela coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles. Uma das vítimas de assédio seria a ministra Anielle.

A informalidade entre os dois fica evidente até agosto do ano passado. Em mensagem enviada na manhã de 28 de agosto de 2023, o ministro diz o seguinte para Anielle: “Bom dia! Três coisas: 1. Quero reafirmar tudo o que disse ontem a você. Quero ser seu parceiro, a pessoa em que você pode confiar. Eu não estava bêbado quando conversamos ontem no avião do PR…rsrs 2. Reafirmo que só temos a ganhar nos unindo e, mais do que isso, demonstrando essa unidade em palavras e ações. 3. E reafirmo o que disse por último: acho você uma mulher extraordinária, Anielle Franco”. A resposta da ministra veio em seguida, com um “Bom dia”, seguido de “Minha admiração por você é imensa. A última coisa que eu quero é que a gente se dê mal. Sei que a gente pode não ter começado tão bem, mas eu acredito de verdade, que a gente pode mudar daqui pra gente. Reafirmo tb o nosso combinado. Vou chegar já já no gabinete e vou ver a agenda como tá e te falo”.

Em 2 de setembro, ao se despedir de Almeida, a ministra escreveu: “Bom fds pra vcs. Não esquece de mim semana que vem. Bjo!” A resposta do colega foi calorosa: “Nunca vou esquecer porque para mim este nosso papo é um dos mais importantes que eu tenho que fazer. Tanto em nível político, quanto em nível pessoal.”

Em seguida, Anielle enviou uma imagem ao colega de Esplanada e recebeu de Almeida a resposta: “Somos lindos, Anielle! E esse seu vestido é deslumbrante.” Essa conversa ocorreu no dia 3 de setembro de 2023, na véspera de Anielle defender que Lula nomeasse uma mulher negra para a vaga que aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) pela aposentadoria da ministra Rosa Weber.

Na época, o elogio foi bem recebido pela ministra. Ela respondeu: “Ficou mto foda né !?” “Bora pensar num textinho pra subir juntos!? Pode ser amanhã kkkkk só queria te enviar mesmo”. E Almeida concordou: “Vamos! Tô muito animado com a possibilidade da gente acertar tudo esta semana”.

Anielle, por sua vez, responde a Almeida: “Algo leve. Tipo. Lindos, negros, competentes e ainda ministros kkkkkk”, o que arranca risadas de Almeida. “Tem que ser algo leve, mas que ao mesmo tempo ressalte nossa aliança pessoal e política. Vou pensar em algo”, respondeu ele.

As mensagens demonstram ainda que Anielle passou um longo período sem falar com Silvio por esse canal. Mais precisamente, de 21 de novembro de 2023 a 24 de março de 2024. Neste dia, vieram a público as revelações do inquérito da Polícia Federal sobre o assassinato da vereadora Marielle, irmã de Anielle. Depois de duas ligações de Silvio não atendidas, o ministro escreveu uma mensagem à colega: “Querida Anielle: Venho prestar minha solidariedade a vc neste momento de esclarecimentos, mas também de reviver a dor intensificada pela comprovação da absurda falência do estado com requintes de crueldade para com a sua família. Preciso lhe informar que a gestão do programa de proteção em nível federal identificou que medidas de proteção executadas pelo programa estadual são insuficientes para proteção da sua família e de Monica Benício neste momento, pois estão sem escolta federal que se considera recomendável nas atuais circunstâncias. Já entramos em contato com o MJ para solicitar essas medidas, obviamente sob sua consulta e avaliação. Estou a sua disposição para o que for necessário. Forte abraço”.

Anielle retorna em uma ligação de 50 segundos. Os dois trocam mais duas mensagens sobre um ofício ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para estender a proteção à família. Anielle, formalmente, responde: “Obgd”. E esse é o fim do arquivo.

*Luciana Lima/Meio

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Anielle diz que delegado preso prometia à família solucionar morte de Marielle: ‘É uma surpresa, um choque’

Ministra de Igualdade Racial afirma que delegado Rivaldo Barbosa dizia à família que resolver o crime de Marielle “era questão de honra”

Irmã de Marielle Franco, a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco afirmou que a família está “em choque” com a prisão delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio e teria atuado para proteger os mandantes do crime. De acordo com a ministra, Marielle confiava no delegado e ele prometia à família que resolver o crime “era questão de honra”.

A ministra também afirmou estar surpresa com o apontamento do nome do delegado Giniton Lages, que ficou à frente do caso Marielle na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) logo no início das investigações. Lages é um dos alvos de mandados de busca e apreensão na manhã deste domingo.

— É difícil, foi uma surpresa, um choque. A maior surpresa do dia é o Rivaldo e busca e apreensão do Giniton Lage. Rivaldo é uma pessoa que a Mari confiava, que falava para minha mãe: “eu vou resolver, é uma questão de honra resolver esse crime”. Ele é nomeado em 13 de março, a gente está em choque, está com raiva, mas eu acho que mais do que nunca é preciso acompanhar esse crime, garantir que as prisões aconteçam e eles respondam pelos seus atos _disse Anielle ao GLOBO.

A Polícia Federal prendeu preventivamente na manhã deste domingo três suspeitos na investigação que apura a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes. O deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Domingos Brazão são suspeitos de serem mandantes do crime, enquanto o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio, teria atuado para protegê-los. Os três negam a acusação. Segundo investigadores, havia potencial risco de fuga e era necessário surpreender os envolvidos no caso.

Anielle afirmou que Rivaldo foi a primeira pessoa que a família procurou, após a execução de Marielle, e que o delegado Giniton Lages era recebido na casa da família durante as investigações:

— Rivaldo é a grande surpresa. Ele foi uma das primeiras pessoas que a gente procurou, minha, mãe, meu pai. O Giniton era pessoa que minha mãe fez café, foi nosso primeiro contato, era quem estava à frente. Dizer que estamos aliviados é muito forte, mas traz sensação que está no caminho, dá importância que foi seguir lutando e batalhando para que se chegue num lugar concreto.

A ministra conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por telefone na manhã deste domingo e com a primeira-dama, Janja da Silva.

— Responder quem mandou matar minha irmã e por que. é dar uma resposta à narrativa imposta sobre nós de mentira, fake news e ódio. E com envolvidos de pessoas que deveriam estar contribuindo e melhorando a vida do povo — disse. — Vou repetir algumas vezes da importância da gente estar num governo progressista e democrático, num governo que dá resposta. Antes eles zombavam da morte da Mari. Recebi hoje ligação do presidente dando força para família, do comprometimento da Polícia Federal. Isso faz diferença. A gente está brigando pela democracia. Estamos próximos, mas ainda sabemos que falta coisa, mas é importante dizer que isso tá acontecendo nesse governo — afirmou a ministra.

Ao todo, estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A operação Murder Inc. acontece menos de uma semana após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada firmada por Ronnie Lessa, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República. O ex-policial militar foi preso em março de 2019 pela participação nas mortes e, na delação do também ex-policial militar Élcio de Queiroz, é apontado como autor dos disparos que mataram a vereadora e o motorista. Ele foi expulso da corporação e condenado, em 2021, a quatro anos e meio de prisão pela ocultação das armas que teriam sido usadas no crime.

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Vídeo: Anielle Franco se emociona ao falar das revelações do caso Marielle: ‘Por que a minha irmã?’

Ministra da Igualdade Racial falou à GloboNews sobre a nova fase das investigações do assassinato da irmã e do motorista Anderson Gomes.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, falou nesta segunda-feira (24), em entrevista à GloboNews, sobre as novas revelações do assassinato da sua irmã, a vereadora Marielle Franco.

Emocionada, Anielle lembrou que o aniversário de Marielle está chegando e que a volta do assunto mexeu com ela.

“Uma mistura de sentimentos. Eu achei que fosse estar tranquila para essa entrevista, mas não estou. A gente tem trabalhado muito, pois estamos em uma semana importante, que seria o aniversário da Mari e receber essa notícia mexe com a gente e estou em um turbilhão de sentimentos”, disse.

A ministra diz que as novas revelações do caso representam um passo importante no assunto, mas que não tem o sentimento de que o caso esteja encerrado.”A gente tem o sentimento de que a gente não pode parar de lutar e, enquanto família, espero que a gente dê alguns passos em principalmente entender por que a minha irmã? E quando a gente não sabe essa resposta, quer dizer que qualquer mulher negra hoje que esteja no poder, ou que coloque o seu corpo nesse lugar de luta, também podem vir a ser uma vítima dessa violência política”, disse, aos prantos.

Novos desdobramentos
O ex-PM Élcio de Queiroz firmou delação premiada com a Polícia Federal (PF) e com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Ele deu detalhes do atentado contra a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.

O promotor de Justiça Fábio Corrêa falou que a delação premiada de Élcio Queiroz, revelada durante a Operação Élpis, foi um grande avanço na investigação do Caso Marielle.

“Um pacto de silêncio foi rompido. Estamos buscando e oferencendo repostas de um crime emblemático”, disse durante coletiva no Rio.

Esta é a primeira operação desde o início de 2023, quando a PF assumiu a investigação dos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.

“Conseguimos determinar com lastro firme como foi o dia 14 de março. Essa é uma fase do trabalho e conseguimos cariar provas importantes. Conseguimos, como muita consistência, estabelecer a mecânica do crime”, disse o superintendente da PF, Leandro Almada.

Almada reforçou a importância da colaboração de Élcio.

“Nessa primeira parte, e terão outras, o mais importante foi a colaboração. Evidentemente, não veio do acaso. Foi um muito trabalho de revisão, de provas, para tentarmos a linha e a estratégia de delação. Essa delação foi corroborada e a corroboração se mostrou em vários momentos de acordo. Ela foi confirmada de forma taxativa.”

*Com G1

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