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Marielle: delegado acusado de travar caso citou filho de Bolsonaro

Delegado acusado pela PF de atrapalhar investigação do caso Marielle revelou suposto namoro de filho de Bolsonaro com filha de Ronnie Lessa.

Um dos alvos da Polícia Federal na recente operação do caso Marielle Franco (PSol), o delegado Giniton Lajes foi o responsável por trazer à tona, em 2019, um suposto namoro de um dos filhos de Jair Bolsonaro com a filha de Ronnie Lessa, acusado de ter executado a vereadora.

Giniton é apontado, no relatório da PF que embasou a decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, como nome indicado pelo então chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, para “dirigir” as investigações “de forma a não revelar os mandantes do crime”.

Em 2019, Giniton disse à imprensa que um dos filhos de Bolsonaro teria namorado a filha de Ronnie Lessa. Na entrevista, entretanto, o delegado afirmou que o fato “não tinha importância” no momento e que “seria enfrentado num momento oportuno”, diz  Igor Gadelha, Metrópoles.

“Isso tem (o suposto relacionamento entre o filho de Bolsonaro e a filha de Lessa), mas isso, para nós, hoje, não importou na motivação delitiva. Isso vai ser enfrentado num momento oportuno. Não é importante para esse momento”, disse Lages, em entrevista no dia 12 de março de 2019.

Posteriormente, foi revelado que Jair Renan, filho 04 do ex-presidente, foi quem namorou a filha de Lessa. Jair Renan, porém, não foi citado em nenhum momento nas investigações pela PF. O único filho de Bolsonaro citado no relatório foi o senador Flávio Bolsonaro, como noticiou a coluna.

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Além da questão fundiária, execução de Marielle pode ser vingança por CPI das Milícias

O jornalista e escritor Sérgio Ramalho comenta que, desde 2012, Rivaldo Barbosa consolava famílias de vítimas de crimes que nunca seriam resolvidos.

Após a prisão do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, acusado de ter planejado a execução da vereadora do PSol, a família de Marielle Franco se surpreendeu com a participação de Barbosa no crime, uma vez que ele consolou publicamente os entes das vítimas.

No entanto, não foi a primeira vez que o ex-chefe da Polícia fez cena. Em Decaído, Ramalho conta que em 2012 o policial foi responsável pelas investigações da morte de Marcone Sacramento, ritmista da escola de samba Imperatriz Leopoldinense. O ritmista foi morto após conflito com Luiz Pacheco Drumond, patrono da escola e bicheiro.

“Quando ele foi executado, o Rivaldo foi para lá e consolou a família. Foi muito parecido como ele fez com o caso da Marielle, que ele aparece em imagens consolando a mãe e o pais de Marielle, a irmã e a mulher. Então, ele também foi naquela situação lá consolar a mãe do Marconi. As investigações começaram a apontar obviamente como possível mandante suspeito o Luiz Drummond, por conta desse entrevero que ele havia tido com o mestre Marcone. Entre as pessoas suspeitas de participar efetivamente da execução estava o capitão Adriano da Nóbrega”, comenta o autor.

As investigações, no entanto, não deram em nada, assim como diversos outros casos suspeitos que, há anos, estão sem resolução.

Sendo assim, advogados de casos ainda não resolvidos devem pedir a reabertura dos processos, como a morte de Claudia Ferreira Silva, vítima de um tiro no pescoço. Dez anos depois do crime que chocou o país, os policiais militares apontados como suspeitos por matar e arrastar a auxiliar de serviços gerais na Zona Norte do Rio foram inocentados pelo juiz Alexandre Abrahão Teixeira, do 3º Tribunal do Júri.

“A gente já descobriu que alguns inquéritos que têm algum tipo de relação com esses grupos de matadores no qual também o Ronnie Lessa integrava ficaram sem nenhum resultado. Alguns, inclusive, desapareceram peças de provas do inquérito”, continua o escritor.

Todos estes casos indicam, na avaliação de Ramalho, que Rivaldo Barbosa já atuava mais em função de acobertar criminosos do que efetivamente cumprir o ofício de elucidar a morte de civis e encaminhar os casos para o Ministério Público e para a Justiça.

Vingança

Ainda que a grilagem de terras seja uma das práticas atuais mais rentáveis das milícias do Rio de Janeiro, que hoje tem braços no Legislativo e no Judiciário. Tanto é que o entrevistado cita as constantes promoções de Rivaldo Barbosa na Polícia Civil.

Além da questão fundiária, outro motivo que pode ter levado à execução de Marielle Franco e, consequentemente, seu motorista Anderson Gomes, foram os trabalhos da vereadora ao lado de Marcelo Freixo (PSol) na CPI das Milícias.

“O relatório final da CPI das Milícias em 2008 apresenta nomes de pessoas que acabaram sendo indiciadas no relatório final e que acabaram se tornando alvos de investigações. Muitos caíram do céu ao inferno. Ali, por exemplo, tinha o Cristiano Girão, que era um vereador que acabou deixando perdendo o mandato, foi preso por conta dessa relação com milícia e foi condenado”, aponta o jornalista.

Ainda em 2008, o relatório já apontava suspeitas da ligação dos irmãos Brazão com grupos paramilitares. “Eu ainda acho que tem peças soltas nesse quebra cabeça. Como Lewandovski falou, a investigação se encerra aqui, mas isso não significa que ela não possa ser reaberta com outras informações. Acredito que isso ainda está sendo trabalhado porque essa teia ela é um pouco mais ampla do que estamos vendo agora”, acredita.

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Flávio Bolsonaro aparece em inquérito de Marielle, em vídeo que o acusa de envolvimento com milícias

Marielle endossava as críticas de Freixo à família Bolsonaro, por envolvimento com milícias do Rio, às vésperas do planejamento de sua morte.

O nome de Flávio Bolsonaro consta no inquérito da Polícia Federal sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. No documento, o nome de Flávio aparece em vídeo do deputado Marcelo Freixo (PSOL), no qual associava o filho mais velho do ex-presidente ao armamento e às milícias do Rio de Janeiro. O vídeo foi compartilhado por Marielle, que endossava as críticas à família Bolsonaro.

O que diz o inquérito da PF
Ao trazer um amplo histórico das razões para o crime, a PF elenca a “animosidade entre os Brazão e o PSOL” em tópico próprio do relatório para as razões dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão em mandar matar a vereadora.

Mas no item 12.2.3, os investigadores levantam pesquisas de confrontos entre o PSOL e a vereadora Marielle Franco contra os interesses dos mandatários do crime, entre eles a criação da CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e a nomeação de Domingos Brazão, pelo Plenário da Alerj, ao TCU do Rio de Janeiro.

Neste último episódio, a PF aponta que a nomeação foi questionada pela oposição, o PSOL, “sob a alegação de não ter sido observado o rito procedimental previsto em lei, bem como em razão de sua incapacidade para exercício do cargo, que supostamente deveria ser ocupado por um servidor de carreira”.

Segundo a PF, às vésperas do início do plano de seu assassinato, no dia 26 de outubro de 2017, Marielle compartilhou uma postagem em suas redes sociais, no qual o deputado estadual Marcelo Freixo acusa Flávio Bolsonaro por votar a favor de Domingos Brazão ao TCE-RJ.

Vídeo não era sobre Brazão, mas sobre milícias
O GGN buscou o vídeo e, apesar de trazer a denúncia de Freixo contra a nomeação de Domingos Brazão, o tema principal era outro: o projeto de desarmamento, tema também sensível às milícias do Rio de Janeiro.

Enquanto Marielle denunciava, em seu comentário, a tentativa de derrubada do projeto de desarmamento, no vídeo, Freixo atacava diretamente Flávio Bolsonaro, não somente por votar contra o projeto de desarmamento, como por ter aprovado a nomeação de Brazão e por defender as milícias.

*GGN

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Opinião

O caso Marielle não acabou, Na verdade ele está apenas começando

Há muito mais mistério entre a morte de Marielle e o condomínio Vivendas da Barra do que supõe nossa vã filosofia.

Ronnie Lessa, que morava a 50 passos da casa de Bolsonaro, assassinou Marielle. Mesmo Bolsonaro dizendo não saber quem era, teve dezenas de ligações de Lessa para sua casa. Lessa era proprietário de 117 fuzis, crime que Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, tinha obrigação de escaramuçar, nunca deu pio sobre isso.

Mas a coisa não para aí, mesmo dizendo que não conhecia Ronnie Lessa, Bolsonaro, segundo Lessa, foi quem doou uma perna mecânica para ele.

Só neste trecho aqui, dá para se ter uma ideia de que as investigações sobre o caso Marielle, terão que avançar, pelas circunstâncias que vão se dando e o surgimento de novos personagens, como é o caso do delegado Rivaldo Barbosa, Malafaia e Braga Netto.

A PF investigará a nomeação de Rivaldo Barbosa para chefiar Polícia do Rio na véspera da morte de Marielle. A nomeação foi contraindicada pela área de inteligência em 2018, mas bancada por Braga Netto, interventor na segurança do Rio. Barbosa e irmãos Brazão foram presos ontem.

Acusada de servir de preposto da milícia, a igreja de Malafaia foi denunciada por fazer pagamentos a milicianos. Já Malafaia fez uma defesa enviesada de sua igreja, dizendo que, em cada uma delas, existem muitos seguranças que são policiais e. se são milicianos, a igreja não tem nada a ver com isso, que é problema deles, praticamente admitindo que a denúncia procede.

O fato é que milícia, tráfico de armas e drogas, charlatanismo religioso, tudo isso junto e misturado tem nome: bolsonarismo.

Ou seja, tem muita água para rolar debaixo dessa ponte.

As recentes prisões e a retirada do sigilo sobre documentos importantes do caso Marielle indicam que a coisa é bem mais profunda e sobretudo mais complexa.

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Política

Anielle diz que delegado preso prometia à família solucionar morte de Marielle: ‘É uma surpresa, um choque’

Ministra de Igualdade Racial afirma que delegado Rivaldo Barbosa dizia à família que resolver o crime de Marielle “era questão de honra”

Irmã de Marielle Franco, a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco afirmou que a família está “em choque” com a prisão delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio e teria atuado para proteger os mandantes do crime. De acordo com a ministra, Marielle confiava no delegado e ele prometia à família que resolver o crime “era questão de honra”.

A ministra também afirmou estar surpresa com o apontamento do nome do delegado Giniton Lages, que ficou à frente do caso Marielle na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) logo no início das investigações. Lages é um dos alvos de mandados de busca e apreensão na manhã deste domingo.

— É difícil, foi uma surpresa, um choque. A maior surpresa do dia é o Rivaldo e busca e apreensão do Giniton Lage. Rivaldo é uma pessoa que a Mari confiava, que falava para minha mãe: “eu vou resolver, é uma questão de honra resolver esse crime”. Ele é nomeado em 13 de março, a gente está em choque, está com raiva, mas eu acho que mais do que nunca é preciso acompanhar esse crime, garantir que as prisões aconteçam e eles respondam pelos seus atos _disse Anielle ao GLOBO.

A Polícia Federal prendeu preventivamente na manhã deste domingo três suspeitos na investigação que apura a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes. O deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Domingos Brazão são suspeitos de serem mandantes do crime, enquanto o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio, teria atuado para protegê-los. Os três negam a acusação. Segundo investigadores, havia potencial risco de fuga e era necessário surpreender os envolvidos no caso.

Anielle afirmou que Rivaldo foi a primeira pessoa que a família procurou, após a execução de Marielle, e que o delegado Giniton Lages era recebido na casa da família durante as investigações:

— Rivaldo é a grande surpresa. Ele foi uma das primeiras pessoas que a gente procurou, minha, mãe, meu pai. O Giniton era pessoa que minha mãe fez café, foi nosso primeiro contato, era quem estava à frente. Dizer que estamos aliviados é muito forte, mas traz sensação que está no caminho, dá importância que foi seguir lutando e batalhando para que se chegue num lugar concreto.

A ministra conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por telefone na manhã deste domingo e com a primeira-dama, Janja da Silva.

— Responder quem mandou matar minha irmã e por que. é dar uma resposta à narrativa imposta sobre nós de mentira, fake news e ódio. E com envolvidos de pessoas que deveriam estar contribuindo e melhorando a vida do povo — disse. — Vou repetir algumas vezes da importância da gente estar num governo progressista e democrático, num governo que dá resposta. Antes eles zombavam da morte da Mari. Recebi hoje ligação do presidente dando força para família, do comprometimento da Polícia Federal. Isso faz diferença. A gente está brigando pela democracia. Estamos próximos, mas ainda sabemos que falta coisa, mas é importante dizer que isso tá acontecendo nesse governo — afirmou a ministra.

Ao todo, estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A operação Murder Inc. acontece menos de uma semana após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada firmada por Ronnie Lessa, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República. O ex-policial militar foi preso em março de 2019 pela participação nas mortes e, na delação do também ex-policial militar Élcio de Queiroz, é apontado como autor dos disparos que mataram a vereadora e o motorista. Ele foi expulso da corporação e condenado, em 2021, a quatro anos e meio de prisão pela ocultação das armas que teriam sido usadas no crime.

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Política

Caso Marielle: Rivaldo Barbosa virou chefe da PCRJ na véspera do crime

Rivaldo Barbosa é um dos três presos pela PF neste domingo por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco.

O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) Rivaldo Barbosa, preso na manhã deste domingo (24/3) sob a suspeita de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assumiu a chefia da corporação em 13 de março de 2018, véspera das execuções.

A suspeita é que Rivaldo Barbosa teria combinado com Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), antes do crime, que garantiria a impunidade.

Além do delegado, a Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) prenderam Domingos Brazão e o irmão dele, o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ).

Prisões
Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), todos na cidade do Rio de Janeiro.

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Investigação

Caso Marielle: mandante da morte de vereadora teria foro privilegiado

Delação do atirador Ronnie Lessa, que está preso, só pode ser homologada pelo STJ, o que indica que a pessoa que mandou executar parlamentar teria cargo público.

O acordo de delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos contra a vereadora Marielle Franco (PSOL), não ocorreu do dia para a noite. Desde que a Polícia Federal assumiu o caso, em fevereiro do ano passado, os termos para que Lessa aceitasse revelar o mandante do crime já estavam em andamento. No fim de 2023, o ex-PM decidiu assinar o acordo de colaboração premiada. Como a delação está no Superior Tribunal de Justiça (STJ), isso indica que quem mandou executar a parlamentar tem foro por prerrogativa de função.

Faltando menos de dois meses para o crime completar seis anos, no dia 14 de março, a delação de Lessa, conforme publicado pelo blog do colunista Lauro Jardim, pode fazer com que o caso, enfim, seja concluído. Para que isso ocorra, as informações prestadas pelo ex-PM devem ser confirmadas pelos agentes federais do Grupo Especial de Investigações Sensíveis (Gise), grupo especializado na elucidação de casos complexos como a execução de Marielle e do motorista Anderson Gomes, ocorrido no Estácio, Zona Central do Rio. Os investigadores têm que comprovar que as informações passadas pelo delator são verdadeiras, diz O Globo.

Antes de Lessa, a Polícia Federal já havia obtido a delação de outro ex-PM, Élcio de Queiroz, que admitiu ter dirigir o carro utilizado na emboscada à vereadora. Em seu acordo, Élcio chegou a citar o nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Domingos Brazão como tendo envolvimento na morte de Marielle. Como ele tem foro privilegiado, há uma possibilidade de Lessa ter mencionado o nome de Brazão. A delação está na mesa do ministro Raul Araújo, do STJ.

Brazão já havia sido investigado, antes da delação, pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio e pela própria Polícia Federal, mas nada havia sido efetivamente provado contra ele. A PF, nesse caso, tentou descobrir se a Polícia Civil do Rio foi diligente na apuração da primeira parte do caso Marielle, ação batizada de “investigação da investigação”. Em 2019, um relatório de 600 páginas foi produzido pelo delegado Leandro Almada, atualmente, superintendente da Polícia Federal do Rio.

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Investigação

Por causa da delação à PF, advogado de Ronnie Lessa deve deixar o caso

Diretor-geral da PF prometeu elucidar assassinato de Marielle até março.

A coluna apurou que o escritório que atua na defesa do ex-PM Ronnie Lessa, autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes, deve deixar o caso após o acordo de delação de Lessa com a Polícia Federal (PF).

O ex-PM é representado pelos advogados Bruno Castro e Fernando Santana. O escritório não faz acordos de delação premiada. A existência do acerto em que Lessa se torna delator foi publicada no domingo (21) pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, e foi confirmada pelo portal ICL Notícias.

Após a revelação, a defesa emitiu uma nota informando que foi “pega de surpresa com a notícia divulgada de uma possível delação feita por ele”. Os defensores afirmaram ainda que após contato com membros da família do cliente, foram informados que eles também não sabiam da negociação de um acordo. Até o momento, Lessa alegava inocência nos processos.

Pessoas próximas ao caso veem coincidências no modo como o acordo está tramitando. Quando a delação de Écio de Queiroz, outro réu confesso do crime, veio à tona, a defesa dele, à época, também não tinha acompanhado o acordo.

O acordo do ex-policial militar depende, no entanto, de homologação no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Sob anonimato, uma fonte da PF informou ao ICL Notícias que “a delação de Ronnie Lessa será uma peça importante na investigação, mas há muitas outras”.

No início do mês, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que até março iria solucionar o crime, ou seja, apontar os mandantes. Justamente nesse mês completam-se seis anos do assassinato da vereadora e de seu motorista, ocorrido em 14 de março de 2018.

*Juliana Dal Piva/Uol

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Meta paga multa de R$ 6 milhões por não fornecer à Justiça informações do Facebook sobre investigações do caso Marielle

A Meta – proprietária do Facebook – pagou R$ 6,1 milhões de multa imposta pela Justiça do Rio por descumprimento de decisões judiciais no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

As ordens judiciais datam de 2018, e obrigavam a Meta a fornecer aos investigadores do caso Marielle dados telemáticos de pessoas que visitaram, no Facebook, alguns perfis ou páginas relacionadas à vereadora.

Em 10 de dezembro de 2020, a empresa foi multada em R$ 5 milhões por não cumprir as determinações judiciais. O montante ainda não havia sido pago devido a uma série de recursos e tentativas de acordo.

Em setembro deste ano, a Força Tarefa Marielle Frando-Anderson Gomes, do Ministério Público do Rio, pediu à Justiça a cobrança da multa, sob pena de bloqueio do valor nas contas bancárias da empresa. Corrigido pela inflação desde dezembro de 2020, o valor chegou aos R$ 6.094.092,83 – que foi pago pela Meta, diz o g1.

Segundo o MP, a gigante da internet só respondeu a três ofícios em março 2021, com três anos de atraso e, mesmo assim, a resposta foi “impossibilidade técnica para fornecer os dados.”

Os promotores dizem que ao receber um quarto ofício, inicialmente a Meta afirmou que não armazenava dados dos usuários. Depois, afirmou que só armazenava por 90 dias.

Na decisão que determinou o pagamento da multa em 48 horas, o juiz Gustavo Kalil, da 4ª Vara Criminal da Justiça do Rio, ressaltou que “a insistência em não fornecer os dados ou demorar anos a fazê-lo prejudicou, ao ver do MP, a investigação de dois homicídios consumados, circunstância que era do conhecimento da empresa que, mesmo assim, não colaborou a contento”.

“A empresa detém informações sobre visualizações, consultas, anúncios clicados, dentre outros. Nesse contexto, não é crível que a empresa não tivesse como fornecer dados requisitados por autoridade judicial competente, a pedido do MP, para fins de persecução penal. As ordens têm por base regra constitucional expressa […]. E mais, nunca foram revogadas nem invalidadas, apesar das inúmeras impugnações processuais manejadas pela defesa de Facebook”, acrescentou.

Em nota, a Meta declarou que colabora com as autoridades e cumpre ordens judiciais em conformidade com as leis aplicáveis e capacidade técnica.

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Descobrimos quem é o homem detido no México acusado da morte de Marielle

Bruno Fonseca, Pública – O ex-vereador do Rio de Janeiro e suplente de deputado federal pelo Progressistas (PP) Marcello Moraes Siciliano é o homem que foi detido em Cancún, no México, durante o governo de Jair Bolsonaro. O motivo era que, na época, ele esteve entre os suspeitos de participar da morte de Marielle Franco.

Siciliano chegou a ser apontado como principal suspeito de ter dado a ordem para o assassinato. Porém, a testemunha que o citou à época mudou de ideia e passou a negar que o relato fosse verdadeiro. Questionado pela reportagem, o Ministério Público do Rio de Janeiro disse que as investigações do caso Marielle correm sob sigilo e não informou se Siciliano segue investigado.

A interrupção da viagem no México aconteceu porque Siciliano estava com visto para os Estados Unidos suspenso — justamente pelas suspeitas de envolvimento no assassinato de Marielle. Isso gerou um alerta às autoridades mexicanas, que detiveram o ex-vereador.

A Agência Pública confirmou junto a fontes em Brasília que foi Siciliano o homem parado em 23 de julho de 2019, quando embarcava com sua família rumo às praias de Cancún, no caribe mexicano. A informação sobre o bloqueio havia sido obtida sem o nome dele através da Lei de Acesso à Informação.

A Pública revelou que a situação levou o advogado de Siciliano a acionar o Itamaraty. Um documento do Ministério das Relações Exteriores da época, assinado pela então cônsul-geral do Brasil no México, Wanja Campos da Nóbrega, mostra que o caso foi retransmitido para a Embaixada brasileira mexicana, à do Panamá e ao escritório do Itamaraty no Rio.

Caso Marielle: TJRJ derruba sigilo da denúncia contra ex-bombeiro Suel |  Brasil: Diario de Pernambuco

A Pública procurou Siciliano e o Diretório do Partido Progressistas no Rio de Janeiro, que não responderam até a publicação. A reportagem já havia questionado o Itamaraty sobre a situação no México, mas o ministério também não respondeu.

Uma mão lava a outra; juntas, combinam falsificar documentos
Segundo a investigação da Polícia Federal, Mauro Cid teria falsificado o cartão de vacina da sua esposa, Gabriela Cid, em novembro de 2021. O cartão fake foi emitido em nome da Secretaria de Estado de Saúde do Governo de Goiás. A polícia encontrou a assinatura e um carimbo do médico Farley Vinicius Alencar de Alcântara, sobrinho do sargento Luis Marcos dos Reis.

Agora a casa cai”: parlamentares do PT analisam delação de Mauro Cid |  Partido dos Trabalhadores

O problema: o militar não teria conseguido inserir os dados no sistema Conecte SUS, do Ministério da Saúde. Eles tentaram então fazer essa inserção via Secretaria do Rio de Janeiro, usando dados da Secretaria de Saúde do Município de Duque de Caxias. É aí que Siciliano entra na jogada.

O nome aparece através de outro político do Rio de Janeiro, o capitão reformado do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros, que foi acionado por Cid. Em conversa com Cid, Barros diz que Siciliano ajudou a inserir os dados falsos de vacinação, conforme a apuração policial.

“Quem é esse garoto? Esse garoto, Marcello Siciliano era um vereador do Rio de Janeiro e que foi acusado de ser o mandante da morte da Marielle”, consta no inquérito. “[…] nessa época a polícia pediu a suspensão do visto dele. Pra ele não sair enquanto estava sendo investigado, mas não tem nada, não foi indiciado, não foi nada e ele quer conversar com o cônsul justamente sobre isso”, diz adiante na transcrição policial.

Em outro trecho, Barros se refere ao “amigo”, explicando que ele teve um problema com a embaixada. “Quem resolveu? Este último amigo que eu te fiz o pedido dele aí para a embaixada, ele resolveu. Agora. Já me deu retorno. 100% de baixa. Resolvido, manda pra mim a foto da identidade dela, a frente verso e o CPF”, consta.

Em troca, Cid deveria arranjar um encontro de Siciliano com o cônsul dos Estados Unidos no Brasil. Em determinado ponto da conversa, Barros chega a afirmar que saberia quem seria o responsável pelo assassinato de Marielle. “Eu sei dessa história da Marielle, toda irmão, sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu? Está de bucha nessa parada aí”, diz.

Cid ficou detido desde 3 de maio no Batalhão da Polícia do Exército de Brasília. Foi solto nesta semana após fechar um acordo de delação premiada. A decisão que concedeu liberdade provisória ao militar e homologou a delação premiada foi do ministro do Supremo Alexandre de Moraes.

Além dessa investigação, na qual Cid faria parte de um esquema que teria alterado os certificados de vacinação dele, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e da família de ambos, o militar é suspeito de mais irregularidades e esquemas criminosos que estão sendo investigados pela PF. São eles: o caso da venda ilegal de joias da Presidência; de trama golpista com integrantes do Exército; de fake news sobre vacinação; e de ter ajudado Bolsonaro a compor o discurso que o ex-presidente fez em uma reunião com embaixadores, na qual ele atacou as urnas eletrônicas e colocou em dúvida a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro.

Já Ailton Barros foi preso preventivamente na Operação Venire da Polícia Federal. Antes de ser preso, o capitão reformado do Exército já havia sido investigado por suposto acordo com narcotraficantes e expulso do Exército após uma série de punições disciplinares, que incluíam tentativa de abuso sexual de civis em acampamentos militares, mentiras em depoimentos e humilhação de colegas de menor patente.

Marcello Siciliano defende federalização do caso Marielle após busca e  apreensão em sua casa | Rio de Janeiro | G1

Quem é Marcello Siciliano?
O nome de Siciliano, ex-vereador do Rio de Janeiro pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS) e suplente de deputado federal nas últimas eleições pelo Progressistas, apareceu associado à morte de Marielle em 2018, ano do assassinato da ex-vereadora.

Na época, uma testemunha afirmou às polícias Federal e Civil que o político teria combinado a morte de Marielle junto ao ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, que é acusado de chefiar uma milícia em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. No ano passado, Curicica foi condenado a 25 anos de prisão por ordenar o assassinato de Carlos Alexandre Pereira Maria, o cabeça, líder comunitário da região.

Ainda em 2018, quando a polícia Civil e o Ministério Público do Rio cumpriram mandado de busca e apreensão na casa de Siciliano, o político rebateu as acusações: “Continuo indignado com essa acusação maligna que fizeram a meu respeito. […] Quero que isso se resolva, minha família está sofrendo, tenho certeza que a família da Marielle não merece isso, merece a verdade. A verdade tem que vir à tona”, alegou.

Depois, foi revelado que a denúncia partiu de Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, sargento da PM do Rio. Ele foi preso em 2019 acusado de obstruir as investigações do assassinato de Marielle.