Contrato é suspeito de superfaturamento; sem manutenção, armadilha virou criadouro de mosquito para dengue.
A Prefeitura de São Paulo comprou armadilhas contra o mosquito da dengue com indícios de superfaturamento de uma empresa do diretor da associação presidida pelo próprio prefeito Ricardo Nunes (MDB). Apuração da Agência Pública descobriu que a Biovec Comércio de Saneantes, que vendeu as armadilhas, é de Marco Antônio Manzano Bertussi — ele e o prefeito são fundadores da Associação Brasileira das Empresas de Tratamento Fitossanitário e Quarentenário (Abrafit).
A licitação é investigada pelo Ministério Público de São Paulo por suspeita de superfaturamento — cada unidade foi adquirida por R$ 400, mas custaria apenas R$ 10 se fosse feita pela Fiocruz, segundo mostrou reportagem da Folha de S. Paulo.
Marco Antônio Manzano Bertussi e Nunes têm uma história antiga, que remonta ao passado do prefeito como empresário do ramo de controle de pragas urbanas. Eles fundaram a Abrafit em 2005, que continua ativa até hoje.
A Pública teve acesso à certidão de inteiro teor da constituição da associação, que foi registrada em um cartório de Santos, no litoral paulista. Em seu estatuto, consta que Marco Bertussi era o presidente da entidade e Ricardo Nunes o seu diretor-executivo. Dois anos depois, em 2007, uma nova diretoria foi eleita e os cargos se inverteram: Nunes passou a ser presidente e Bertussi se tornou diretor.