O humorista deu banana a jornalistas bananas que fazem plantão na porta de Bolsonaro. Isso não é crime, é castigo para quem se submete à humilhação diária a mando dos chefes de redações.
O que consta até agora é que o humorista estava ali defendendo um qualquer pela dura sobrevivência diária de um artista em um país onde a cultura institucional é tutelada pelo mercado ou pelo Estado colonial quatrocentão. É somente mais um de uma legião de precarizados, palavra que anda na moda, mas que sempre foi sinônimo de artista brasileiro.
O fato é que o humorista, pelo que consta, não é miliciano, não tem relações promíscuas com o miliciano Queiroz, não deu medalhas a assassinos de aluguel, não chamou miliciano de herói, sua esposa não recebeu cheque de rachadinha, seus filhos não são delinquentes e, muito menos, mora num condomínio na Barra da Tijuca e tem vizinho de porta do assassino de Marielle. Estava ali apenas para fazer um brincadeira humilhante com quem se humilha por uma fala imbecil do maior imbecil do país.
O artista foi contratado para isso e, certamente, já com uma censura a tiracolo ou poderia representar melhor o palhaço do Planalto se fingisse uma facada, se aparecesse vestido de fantasma carregado de laranjas, explicando que o depósito na conta da esposa de um esquema de corrupção era um empréstimo que um miliciano pagou. Isso, certamente, geraria uma gargalhada de horas no público presente, porque todos ririam não de quem produziu na vida real os fatos, mas de quem acreditou no vigarista do baixo clero do Congresso que passou três décadas mamando nas tetas do Estado e brigando por ampliação dos privilégios como deputado, além de ter parido mais três parasitas para formar um clã no legislativo e trazer para dentro do corpo do Estado todo o tipo de contravenção de pistoleiro, rachadeiros, bicheiros e milicianos.
Assim, o que se pode dizer, sem medo de errar, é que, se o humorista fosse o presidente, com certeza o país não estaria nessa merda em que o povo empobrece a cada dia, enquanto banqueiros e milicianos não param de crescer e bater recordes de lucros. E nessa aba, militares de alta patente e togados de mercado ampliam ainda mais a mamata nas tetas do Estado.
Resultado, pibeco de 1,1 e dólar a R$ 4, 61, por enquanto.
*Carlos Henrique Machado Freitas