Carina Vitral encontra Papa Francisco na Itália, no Evento Economia de Francisco
Neste sábado, 24-09, a economista e candidata a deputada estadual pelo PCdoB-SP, Carina Vitral, esteve com o Papa Francisco durante o evento global Economia de Francisco, que reuniu jovens em Assis, interior da Itália, de 22 a 24 de setembro, para repensar a função da economia na sociedade e formular uma nova agenda econômica mundial.
Ao Portal Vermelho, Carina disse que “estar com o Papa foi um momento muito especial. Ele é um ser humano que de longe sentimos sua energia, sua espiritualidade e sua fé na mudança e na transformação do mundo. Ele falou para milhares de jovens, inspirando e incentivando a coragem e a transformação para construirmos uma sociedade e uma economia que não destrói o ambiente e o próximo. O Papa Francisco é uma pessoa necessária para esse momento político que vivemos no mundo”.
Durante o evento, Carina vestia a camiseta do Lula presidente e da primeira fila da plateia acenou para o Papa Francisco, que acenou para ela subir subir ao palco e tirarem uma foto.
Ele viu a camiseta do Lula, meu sorriso e fez um positivo e me chamou. Fizemos a foto. Essa é a força do Lula e do que ele representa, uma mudança que tem o povo no centro de suas preocupações.”
Sobre o encontro
Carina Vitral compõe a delegação de 100 jovens brasileiros escolhidos para o Encontro da Economia de Francisco que é o resultado de uma convocação feita pelo Papa, em 1º de maio de 2019, a jovens economistas e lideranças juvenis de todo o mundo para pensar “uma economia diferente, que faz vida e não mata, que inclui e não exclui, que humaniza e não desumaniza, que cuida da criação e não a despoja”, uma nova agenda capaz de “realmar” a
economia global.
Inicialmente agendado para março de 2020, o encontro foi suspenso devido à pandemia da Covid-19 e remarcado para este mês.
O nome do evento se deve ao frade São Francisco de Assis, que, jovem, desprezou bens materiais para abraçar a igualdade e a natureza, em busca de se enriquecer espiritualmente.
No Brasil, adotou-se o nome Economia de Francisco e Clara, em homenagem à santa que também nasceu em Assis e dedicou-se à caridade e ao respeito para com os pequenos.
Formada no curso de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Carina também representa a instituição acadêmica – como ex-aluna – no evento que reúne mil participantes de 120 países dos cinco continentes.
A programação contou com debates, colóquios, oficinas temáticas, incubadora para projetos, sessões de networking, mostras culturais, laboratórios artísticos, apresentação de livros e outras atividades que retratam a diversidade dos países presentes.
Os jovens de Assis se reúnem em 12 “aldeias” ou “vilas” temáticas que dão seguimento às discussões virtuais nas quais trabalharam durante os dois anos de pandemia, entre elas Finanças e Humanidade; Agricultura e Justiça; Energia e Pobreza; Economia e Mulher; e Trabalho e Cuidado, sendo essas as duas escolhidas por Carina, por serem o foco de sua atenção na militância feminista e na candidatura a deputada estadual para a eleição de 2 de outubro.
Ela, que foi presidente da União Nacional dos Estudantes e da União da Juventude Socialista e hoje faz parte da União Brasileira de Mulheres, dedica seus estudos e sua atuação política à temática da economia do cuidado e à inserção das mulheres na economia brasileira.
“Luto pelo protagonismo feminino, para reorganizar o papel da mulher na economia, por igualdade salarial e por remuneração para o trabalho do cuidado”.
Carina se refere à constatação de que mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas diárias ao trabalho de cuidado não remunerado – que resulta numa contribuição de pelo menos 10,8 trilhões de dólares por ano à economia global.
Conforme relatório da Oxfam, a população feminina responde por mais de três quartos do cuidado não remunerado feito no mundo, e representa dois terços da força de trabalho em atividades de cuidado remuneradas. No Brasil,
85% dos afazeres domésticos (trabalho informal) são feitos por mulheres, com dedicação diária de até 6 horas.
“Esse trabalho de cuidado não é amor, é trabalho invisível não pago ou mal pago, quase sempre feito por mulheres pobres e que perpetua a desigualdade econômica e de gênero. As mulheres e meninas que assumem o trabalho de cuidado têm pouco tempo para si mesmas e mal conseguem ter vida social ou política”, e por isso a política precisa servir para propor “mudança real, concreta e possível na vida dessa parcela da população”.
O sociólogo da PUC Minas Eduardo Brasileiro, coordenador da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara, diz que o papa convida jovens do mundo inteiro para criar um corpo cada vez maior na sociedade em torno da necessidade de mudança.
“Ou mudamos ou morremos todos, e teremos de ir à raiz do problema, qual seja o modelo econômico que só
beneficia os mais ricos, uma política coordenada por elites agrárias e da alta sociedade do consumo.”
Ele realça que o chamado do líder da Igreja Católica é: “não deixem que lhes roubem a comunidade”, apontando que “o caminho para a construção de um novo pacto social, ecológico, econômico e educativo passa por uma experiência comunitária de economia para os bens comuns, de economias para os territórios, para o desenvolvimento sustentável, para uma nova arquitetura econômica”.