Facada, choro e erisipela, o que é farsa e o que é balela

No festival de mau gosto e vitimização, Carlos Bolsonaro que, segundo Bebianno, foi quem armou o circo tosco da facada sem sangue, sem faca e sem corte, em Juiz de Fora.

O espetáculo público, agora, depois que a farsa da facada está pra lá de puída, foi uma foto de uma erisipela em uma perna supostamente de Bolsonaro, postada nas redes por Carluxo.

Certamente, o diretor desses terrores trash de Carluxo, deve ter mandado seu ator principal, encenar choro em público, como aconteceu hoje num evento militar.

No mais recente episódio desse tipo na AMAN, Bolsonaro não chorou, não riu e nem cumprimentou os cadetes formandos, ou seja, a cabeça dele nem lá estava, o que desagradou o comando militar.

A verdade é que qualquer pessoa sensata não acredita em nada que venha de Bolsonaro, motivos não faltam, ainda mais um sujeito que não derramou uma lágrima pelas quase 700 mil vítimas fatais da covid, não visitou um hospital nem mesmo para levar uma palavra de conforto aos doentes, nada.

Bolsonaro agiu da maneira mais criminosa em que um chefe de Estado pode agir numa crise sanitária grave, fazendo questão de atrasar o máximo a compra de vacinas, estimular pessoalmente aglomerações e criminalizar o uso de máscaras e qualquer isolamento social.

Durante a pandemia de covid, Bolsonaro andou de braços dados com o coronavírus e de costas para a população brasileira.

Agora, temos que assistir às cenas patéticas de um capitão chorão, cagão, que faz pensar se está chorando assim por conta de uma derrota ou por medo de ser preso por seus crimes. Imagina um soldado desse numa frente de batalha, como sua calça não estaria toda borrada e em algum lugar onde pudesse se esconder, encolher-se e morrendo de medo.

Para quem cantou valentia, para quem desprezou e fez chacota com o sofrimento e a morte alheios, essas cenas todas juntas protagonizadas pelo clã Bolsonaro, provoca ânsia de vômito e ficamos sem saber se é mais uma farsa ou mais uma balela vinda desse desclassificado.

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Sobre João Gilberto e o povo brasileiro

O comentário fundamental de tantos que eu li sobre João Gilberto, num festival de paspalhices conceituais, não veio, não foi colocado na cena. Muito se falou do imponderável, mas nada se falou do essencial, daquilo que traduz a alma de um artista. No caso de João Gilberto, a essência de sua batida, de sua harmonia e de toda a estética que o cercava era pelo simples fato de ser um brasileiro e, como tal, captar do cosmos nativo aquilo que era precisou para consagrar sua obra.

No Brasil, sobretudo depois de 1960, exalta-se demais coisas importantes, mas sem qualquer importância na obra de um artista, como é o caso do jazz. Isso é uma espécie de grilagem cultural. Um artista do peso de João Gilberto seria inadmissível se não fosse essencialmente brasileiro, porque este é o fato indivisível, a obra e o meio. O artista retira o novo do que o povo concebe como novo. Não tem como um artista exilar-se do seu meio, pois, sem ele, um conjunto de qualidades e expressões cria-lhe uma alma de pedra, sem lhe dar o verdadeiro mérito que é carregar consigo a força misteriosa de um observador que traduz em sua arte o sentido criativo do seu povo.

Então, fere-se com redondilhas retóricas o caráter essencial de uma cultura. João Gilberto empregou em sua obra toda a escala melódica que caracteriza a obra brasileira. Na realidade, João Gilberto representa a verdadeira vitória daquilo que dá a tônica da música brasileira, não importando ser bossa nova, samba, choro, frevo e tantas linguagens musicais deste Brasil macunaímico que não se impõe por uma característica, mas por uma livre e aguda emancipação de qualquer caráter definitivo.

Há na essência da obra de João Gilberto os terreiros, as bandas de coreto, as orquestras, o maior e mais completo conjunto de sons de geografia genérica. Não interessa se o João Gilberto era baiano, carioca, capixaba, gaúcho e etc., isso é uma leitura que, ao invés de buscar a razão da riqueza de sua obra, busca nomenclaturas.

Ora, em João há a batida do coco, da chula raiada, do partido alto, do jongo, do congo, maracatu, do tambor de mina, de crioula, enfim, há tudo o que está na essência do Choro, naqueles vários formatos de samba que traduzem a natureza de nossa música com um estupendo caráter libertário.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas