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A companhia dos Bolsonaro e a reputação de Michelle, se é que tem

O incrível caso das joias contrabandeadas pelo ex-presidente da República.

Era muito tentador. As joias, lindas e caras. Bastaria dar um jeito de driblar a lei para que a riqueza da família aumentasse num único lance em cerca de R$ 16,5 milhões, a preço de hoje.

Sabe quanto custou a mansão de 2,4 mil metros quadrados comprada em Brasília pelo senador Flávio Bolsonaro? R$ 5,97 milhões. Daria para comprar quase três mansões iguais.

E com outra vantagem no caso das joias: não precisaria declará-las, ficando a salvo do pagamento de impostos. Equivalem a dinheiro vivo para saldar possíveis dívidas que não deixam rastro.

Joias são muito usadas para lavagem de dinheiro. Rachadinha também serve para isso: o funcionário, muitas vezes fantasma, é pago com dinheiro público e devolve parte do salário.

De resto, quem ousaria confiscar joias trazidas na mala de um militar ajudante de ordem do almirante Bento Albuquerque, à época ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro?

Eram presentes dados pela ditadura da Arábia Saudita, país produtor de petróleo, quando Bolsonaro esteve por lá em outubro de 2021 – colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes.

As joias foram apreendidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O almirante tentou liberá-las, mas não conseguiu. Na prática, tratava-se de contrabando.

Poderia ter alegado que as joias seriam incorporadas ao patrimônio nacional, de vez que foram dadas ao presidente e à primeira-dama. Mas se tivesse feito isso, o casal ficaria sem elas.

Nos últimos dois meses, houve quatro tentativas de Bolsonaro de reaver as pedras preciosas, envolvendo três ministérios (Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores) e militares.

A última ocorreu quando faltavam apenas três dias para o fim do mandato de Bolsonaro: um funcionário do governo pegou um avião da FAB e desembarcou em Guarulhos para retirar as joias.

A missão fracassou, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. No dia 28 de dezembro, Bolsonaro enviou um ofício à Receita pedindo que os bens fossem destinados à Presidência da República.

Àquela altura, talvez sua intenção fosse “limpar” a história. Uma vez que não recuperara as joias, pelo menos deixaria registrado que elas haviam sido dadas ao Estado brasileiro, não a ele.

A cúpula da Receita empenhou-se em salvar Bolsonaro de um escândalo, mas seus agentes em Guarulhos não concordaram. Eles são empregados do Estado, não de governos. Cumprem a lei.

*Noblat/Metrópoles

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