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Cotidiano

Tragédia na Caixa: diretor é encontrado morto na sede do banco

Diretoria que ele chefiava tem relação com apuração do escândalo de assédio na cúpula da instituição.

O diretor de Controles Internos e Integridade da Caixa, Sérgio Ricardo Faustino Batista, foi encontrado morto na noite desta terça-feira no edifício-sede do banco, na região central de Brasília.

O caso está sob investigação. Apurações preliminares indicam tratar-se de suicídio.

O corpo foi encontrado na área externa do prédio por vigilantes que estavam de plantão. A ocorrência foi registrada pela Polícia Civil do Distrito Federal. A Polícia Federal foi comunicada.

1A tragédia chama atenção porque a diretoria de Sérgio Faustino Batista tem relação direta com o mais recente escândalo a envolver o banco.

Em reportagem publicada pela coluna, funcionárias da Caixa acusaram o então presidente da instituição, Pedro Guimarães, de assédio sexual. Guimarães caiu após a publicação das denúncias.

A Diretoria de Controles Internos e Integridade, a DECOI, é responsável pelo recebimento e acompanhando de denúncias feitas por funcionários por meio dos canais internos do banco.

Após a eclosão do escândalo, a Caixa admitiu a existência de uma denúncia de assédio apresentada em maio por meio dos canais internos.

Há suspeita de que essa denúncia, antes de ser apurada, tenha sido levada ao conhecimento da cúpula do banco.

O diretor morto tinha 54 anos e seguiu no cargo mesmo após a mudança na presidência da Caixa. Funcionário de carreira, antes ele havia integrado a equipe que assessorava diretamente o gabinete de Pedro Guimarães.

*Com Metrópoles

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Racismo

Empresário rompe contrato milionário após ser chamado de ‘negão’ em reunião; ‘Escapou inconscientemente’, diz autor da ofensa

Juliano Pereira dos Santos, diretor de tecnologia da Proz Educação, encerrou um contrato milionário com a Optat Consulting depois que o representante da empresa Matheus Mason Adorno o chamou de “negão” durante uma reunião por videoconferência.

Além do encerramento do contrato, Juliano entrou com um processo na 5ª Vara Cível da Comarca de Campinas (SP) contra Matheus, com um pedido de indenização por danos morais. A ação foi protocolada na última sexta-feira (24).

A reunião entre as empresas aconteceu em outubro do ano passado para tratar do desenvolvimento de um novo software para a Oracle, multinacional norte-americana de tecnologia, e reuniu representantes das duas companhias credenciadas, a Proz Educação e a Optat Consulting, que fariam a produção do dispositivo.

‘Pô, negão, aí você me f…’

Segundo relato de Juliano ao g1, a reunião era para debater uma série de desacordos e descumprimento de prazos no contrato com a Oracle por parte das duas empresas. Durante um momento da conversa, Matheus afirmou: “Pô, negão, aí você me f…”.

No mesmo momento, o diretor encerrou a videoconferência e decidiu romper o contrato, que teve o apoio dos outros sócios da Proz Educação.

“O sentimento foi de revolta. Isso não pode mais ser tolerado. A decisão foi imediata, durante a reunião, eu falei que o contrato estava rescindido, porque tenho autonomia para isso. Conversei com meus sócios, que entenderam, e isso foi imediatamente acordado. A gente não teve dúvida. Isso fala muito da cultura da empresa, a gente não vai permitir que isso aconteça nem uma, nem duas, nem mil vezes”, pontuou Juliano.

Ação por injúria racial

Juliano também processou a própria Oracle por suposta omissão. Segundo ele, a empresa manteve o contrato com a Optat, mesmo após o caso ter vindo à tona. À época, o diretor também registrou um boletim de ocorrência pela internet por injúria e difamação.

Um dos advogados de Juliano, Diogo de Lima dos Santos, afirmou que a reunião era formal e Juliano e Matheus não tinham intimidade para que o termo usado não fosse de maneira ofensiva. “Parece simples, mas não é fácil você ser negro no Brasil e, depois de já ter muita dificuldade para chegar a um cargo de diretor, ser chamado de ‘negão’ em uma reunião”, disse.

Cada uma das ações, contra Matheus e Oracle, tem valor de indenização de R$ 50 mil. “Se trata de um caso de injúria racial. Não podemos mostrar que o racismo no Brasil vale a pena, que as pessoas podem falar e não vai acontecer nada”, explicou o defensor.

‘Escapou inconscientemente’

Ao g1, Matheus Mason Adorno, que também é presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes da região de Campinas (Abrasel), disse que a palavra “escapou inconscientemente” e que no mesmo momento ele pediu desculpa. Além disso, o empresário ressaltou que ficou surpreso com a demora entre a data da reunião e a entrada do processo na Justiça, e reforçou que o racismo no Brasil deve ser combatido.

“Naquele momento escapou inconscientemente ali a palavra, que foi inadequada sim, mas eu me retratei na hora, e acho que ele mesmo entendeu isso. Ele entendeu que não foi um crime, até porque se fosse um crime o processo deveria ser na esfera criminal e não cível. Eu não tenho interesse nenhum em brigar, mas eu me retratei. Foi uma figura de linguagem. Sou antirracista e acho que o Brasil tem sim um racismo estrutural que precisa ser combatido”, afirmou.

O que dizem as empresas

A Optat Consulting disse, em nota, que o contrato foi rescindido por justa causa após a quebra feita por parte da empresa de Juliano. Além disso, a companhia afirmou que suspendeu Matheus logo após o ocorrido, por meio do programa de compliance. No entanto, testemunhas afirmaram não ter havido o crime e provam que os fatos narrados no processo estão “distorcidos da realidade” e tentam encobrir o real motivo da rescisão de contrato. Veja na íntegra:

Com relação as alegações proferidas pelo Sr. Juliano temos a informar que o contrato foi rescindido pela Optat Consulting por justa causa por quebra de contrato por parte da empresa Proz.

Em relação ao suposto crime de injuria racial alegado pelo Sr. Juliano a Optat Consulting tomou conhecimento do ocorrido na reunião e tomou todas as medidas cabíveis para averiguação dos reais fatos suspendendo de imediato o Sr. Matheus Mason, tudo em conformidade com o programa de Complice da empresa.

Ocorre que, após a averiguação as testemunhas ouvidas disseram não ter havido o suposto crime, bem como provam que os fatos narrados pelo Sr. Juliano estão destorcidos da realidade e na verdade tentam encobrir o real motivo da rescisão do contrato.

A Optat Consulting responderá ao processo para o restabelecimento da verdade dos fatos e ingressará com as medidas judiciais cabíveis.

Lamentamos o ocorrido, vez que a Optat Consulting tem por compromisso promover o tratamento entre as pessoas sem preconceitos e discriminações de qualquer natureza, seja por raça, gênero, orientação sexual, religião, deficiência, classe social, idade ou aparência.

A Oracle informou, também em nota, que ofereceu apoio a Juliano e é contra qualquer tipo de discriminação. Confira:

A Oracle do Brasil Sistemas Ltda. reafirma seu compromisso inegociável com a Diversidade e a Inclusão e contra todas as formas de discriminação. A Oracle prontamente ofereceu apoio à pessoa diretamente atingida pelos fatos descritos e tem lhe oferecido o suporte necessário. Ademais, a Oracle se colocou à disposição para colaborar com as autoridades competentes em quaisquer investigações e, em março de 2022, informou à empresa envolvida nos fatos que descontinuaria a relação contratual.

A Proz Educação informou, em nota, que não tolera qualquer natureza de discriminação e que assim que soube do episódio, tomou a decisão de rescindir o contrato e adotar medidas cabíveis. Confira:

“A Proz não tolera qualquer natureza de discriminação e reitera seu compromisso com o pleno cumprimento da lei e adoção de práticas organizacionais éticas e honestas.

No referido caso, a Proz Educação, assim que recebeu o relato do episódio de preconceito, tomou a de decisão de rescisão do contrato com o prestador de serviço, notificando a organização e tomando as medidas cabíveis.

Apoiamos e apoiaremos sempre nossos colaboradores em qualquer situação de discriminação vivida no ambiente empresarial.”

*Com G1

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