Reinaldo Azevedo – Flávio Dino, futuro ministro da Justiça, faz a coisa certa e desiste de nomear o lavajatista Edmar Camata para a direção da Polícia Rodoviária Federal. Em texto publicado nesta página, classifiquei a escolha de “inaceitável”. O novo indicado para o cargo é Antônio Fernando Oliveira.
Ao anunciar a substituição, o futuro ministro afirmou:
“Tivemos uma polêmica e achamos mais adequado essa substituição. Levamos em conta menos as visões pretéritas e mais o presente e o futuro. Mas nós precisamos, ao olhar o futuro, examinar se aquele líder tem condições políticas de conduzir a sua atribuição. Então, realmente, não se trata de um julgamento de condições pretéritas de quem quer que seja, mas sim de avaliação quanto à existência de condições políticas para liderar”.
Ok. Dino tem de dizer alguma coisa, que seja isso. Ainda que não faça muito sentido. Considerando que não se conhece o futuro de Camata, mas se sabe bastante sobre seu passado e seu presente, são estes a tornar seu nome inviável, não, por óbvio, aquilo que ele ainda fará e que está no terreno do desconhecido. É o que já se sabe que o inabilita para a função, não o que se saberia, certo?
Insisto no ponto: ser um “lavajatista” não é escolha equivalente a, por exemplo, muitas das correntes em que se dividem juristas ou mesmo estudiosos de políticas de segurança pública, não é?
O lavajatismo ousou erigir uma quase-teoria de assalto ao estado de direito. Ser um “antilavajatista” não corresponde a estar num dos chamados “lugares do debate”. É o único lugar possível, que corresponde a estar afinado com as garantias fundamentais. E, aí sim, as posições são as mais diversas.
O que não se aceita é que, num governo democrático, um destacamento de policiais, procuradores e prosélitos ousem criar uma espécie de ente de razão que se imponha sobre a Constituição e as leis. Isso está nos custando muito caro. Indicar foi um erro. Recuar, um acerto.
*Uol
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