O tenente-coronel da reserva Hélcio Bruno de Almeida, que é ouvido hoje na CPI da Covid, já intermediou ao menos três negociações envolvendo milhões de dólares no Ministério da Defesa.
Especialista e “consultor de Defesa e Segurança”, segundo seu currículo Lattes atualizado até o dia 29 de junho de 2020, Hélcio se apresenta nas redes sociais como representante sênior da empresa Suntech Soluções de Inteligência, adquirida pela companhia israelense Verint Systems.
Nos contratos junto ao Exército, Hélcio Bruno teria atuado como facilitador da empresa junto à área militar. O lobby feito pelo militar da reserva teria rendido contratos milionários da Verint junto ao Ministério da Defesa nos últimos anos. O Exército, porém, nega que ele tenha atuado como lobista (leia mais abaixo).
Contratos
Em 8 de outubro de 2018 é publicado no Diário Oficial da União um “extrato de inexigibilidade de licitação” de um contrato no valor global de mais de US$ 11,9 milhões.
A quantia desembolsada serviria para que o Exército Brasileiro adquirisse uma solução integrada “para a ampliação e atualização de sistemas de hardware e software da plataforma Verint”. A manutenção contratada é feita pela mesma empresa por se tratar de tecnologia de ponta e com programas exclusivos da companhia.
O documento, assinado pelo então chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia, Edson Pujol, e pelo então comandante da Força, Eduardo Villas Bôas, apresenta como justificativa a “necessidade de atualização do sistema e inviabilidade de competição entre fornecedores para a aquisição”. Posteriormente, Edson Pujol se tornou comandante do Exército.
Dois meses antes, o Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército havia feito um acordo de compensação com a Verint que contemplava “16 projetos de compensação” concordados no ano anterior. O valor desembolsado foi de US$ 10,5 milhões e o pagamento ocorreu por meio da CEBW (Comissão do Exército Brasileiro em Washington).
A soma de dois dos três contratos que basearam o acordo de compensação, contudo, totaliza US$ 8 milhões. A reportagem não teve acesso ao valor do último contrato citado.
Já em 2020, um outro aditivo também teria contado com a influência de Hélcio Bruno. Assinado pelo então comandante de Comunicações e Guerra Eletrônica, Carlos Alberto Dahmer, três projetos de compensação firmados em 2019 custaram à União quase US$ 10,8 milhões.
Procurado, o Centro de Comunicação Social do Exército disse que Hélcio Bruno “não intermediou nem atuou de qualquer forma como representante das empresas citadas”.
“Cabe destacar que o Exército Brasileiro conduz os seus processos de compra cumprindo rigorosamente os princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência”, afirmou em comunicado.
*Lucas Valença/Uol
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