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Tem 100 países comemorando a fala do Lula, garante professor de política internacional

Em entrevista ao GGN, Dawisson Lopes afirma que a “crise” entre Israel e Brasil não tem a escala que tentam vender na mídia.

A principal notícia do dia foi a repercussão da declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que durante viagem à Etiópia, comparou as ofensivas de Israel à Faixa de Gaza ao holocausto promovido por Adolf Hitler, além de chamar a guerra de genocídio.

Na mídia e no meio político, a repercussão tem sido negativa, uma vez que oportunistas usaram a irritação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que chegou até a convocar o embaixador brasileiro para explicações, para atacar o governo federal e até para pedir um impeachment.

Mas como o GGN mostrou nesta segunda-feira (19), a fala de Lula não só converge com as leis internacionais como espelha princípios civilizatórios previstos na constituição brasileira.

Durante o programa TVGGN 20H, o professor de política internacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dawisson Belém Lopes, reafirmou a necessidade da declaração contundente do presidente, que, aliás, subiu o tom há várias semanas a fim de criticar a insistência de Netanyahu em tentar dizimar o povo palestino. [Assista a íntegra da entrevista abaixo]

A coragem do presidente brasileiro em nomear as atrocidades cometidas por Israel desde 7 de outubro foi um golpe certeiro para capturar a atenção das pessoas mundo afora. “Tem 100 países comemorando a fala do Lula“, garante Lopes.

No cenário global, a imagem de Netanyahu e de Israel não é positiva, não apenas entre os países da América do Sul, tendo em vista as diversas manifestações realizadas na Europa em apoio ao povo palestino.

Até porque, enquanto o número de mortos israelenses vitimados pelo Hamas se mantém em torno de mil, o de palestinos beira os 30 mil óbitos. Israel deixou ainda mais de 68 mil pessoas feridas, impôs a restrição de recursos básicos para a população da Faixa de Gaza, como alimentos, remédios, água, energia elétrica e internet, além de mandar que a população rumasse para o sul. Cerca de 90% dos palestinos perderam suas casas.

As tropas israelenses não pouparam sequer os hospitais. No último domingo (18), o segundo maior hospital da Faixa de Gaza deixou de funcionar, depois de um mês de ocupação dos soldados de Netanyahu. E há a expectativa de uma ofensiva contra Rafah, cidade que reúne refugiados.

E não há, até o momento, qualquer indício de que a guerra está próxima do fim, até porque membros do governo israelense já declararam, em diversas ocasiões, que o conflito só acabará junto com o Hamas e que expulsar todos os palestinos para o Egito não seria uma solução ruim, até porque os palestinos já estão acostumados a perder territórios.

Covardia
O professor de relações internacionais afirma que o genocídio só terá fim quando houver uma intervenção resoluta dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, e dos demais países que “mantém o cinturão de proteção” aos israelenses.

Mas, em vez de exigir o fim das atrocidades cometidas majoritariamente contra mulheres e crianças palestinas, os Estados Unidos e alguns países da União Europeia deixaram de oferecer apoio à Faixa de Gaza.

“São esses países que agora viram as costas da forma mais covarde, inclusive tirando recursos, asfixiando financeiramente instituições que cuidam dos refugiados palestinos. A forma como o bloco ocidental sabota as instituições que eles criaram é vexatória“, conclui Dawisson Lopes.

Assista:

*GGN

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Imprensa internacional destaca a fala de Lula: É preciso que haja humanidade na insanidade da guerra

The Guardian destaca no título: “Lula pede o fim da “insanidade da guerra” quando latino-americanos são mortos em ataque do Hamas”. E, no texto: o presidente brasileiro pede ajuda humanitária para proteger cidadãos israelenses e palestinos, enquanto latino-americanos também são feitos reféns e clama pelo fim da “insanidade da guerra”, já que mais de uma dúzia de latino-americanos foram mortos durante o ataque do Hamas, e cidadãos do Brasil e da Argentina foram feitos reféns na Faixa de Gaza. Na manhã desta quarta-feira, relatórios do governo e da mídia latino-americanos confirmaram a morte de sete argentinos, dois brasileiros, dois peruanos, um colombiano e um paraguaio. Pelo menos 15 argentinos, três peruanos, dois mexicanos e um brasileiro continuam desaparecidos.

A agência Reuters também noticia a declaração em nota do presidente do Lula, que pediu nesta quarta-feira um cessar-fogo e uma “intervenção humanitária internacional” no conflito entre Israel e os territórios palestinos ocupados para que as violações dos direitos humanos possam ser encerradas. “Uma intervenção humanitária internacional é urgentemente necessária”, escreveu Lula no Twitter. “Um cessar-fogo é urgentemente necessário em defesa das crianças israelenses e palestinas.” Lula disse que o grupo militante islâmico Hamas deve libertar as crianças israelenses “sequestradas de suas famílias”, ao mesmo tempo em que pede a Israel que pare com os bombardeios para permitir que as crianças palestinas e suas mães saiam da Faixa de Gaza e cruzem a fronteira com o Egito. O líder esquerdista acrescentou que o Brasil, que atualmente ocupa a presidência do Conselho de Segurança da ONU, uniria esforços para levar o conflito a um fim imediato e definitivo.

No site Brazilian Report, informação publicada nesta quarta, mas divulgada na véspera, de que um porta-voz do exército israelense disse que cidadãos brasileiros estão entre os reféns do Hamas em Gaza. “Esse não é um desafio apenas israelense”, disse o tenente-coronel Jonathan Conricus em uma mensagem de vídeo publicada pelas Forças de Defesa de Israel. “Temos americanos, britânicos, franceses, alemães, italianos, brasileiros, argentinos, ucranianos e muitos outros países… Essas são as pessoas, os civis, que o Hamas arrastou para Gaza e agora mantém em cativeiro.” Em uma coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, Carlos Sérgio Duarte, secretário do Ministério das Relações Exteriores para a África e o Oriente Médio, disse que o Brasil está tentando verificar a informação. O Ministério das Relações Exteriores confirmou a morte de duas brasileiras em Israel – Ranani Glazer e Bruna Valeanu, ambas de 24 anos. As duas estavam participando do festival de música invadido por militantes do Hamas no sábado. Em uma mensagem de vídeo compartilhada no início desta manhã, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que conversou com seu homólogo egípcio, Sameh Shoukry, sobre como ajudar a levar um ônibus com cidadãos brasileiros e seus parentes em Gaza através da fronteira egípcia. “Estou contando com o apoio do Egito nesse sentido”, disse Vieira. O ônibus deve transportar 30 pessoas, entre brasileiros e parentes próximos.

O jornal colombiano El Tiempo traz reportagem sobre a repercussão na mídia israelense das declarações do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e as do presidente Lula sobre o conflito Israel-Hamas. Petro pediu para “permitir a existência de dois estados e duas nações livres e soberanas” por meio de uma mesa de negociações de paz. “O presidente da Colômbia compara o exército israelense aos nazistas e manifestantes queimam a bandeira na embaixada”, foi a manchete do Times of Israel, em uma matéria que detalhava cada um dos tweets do presidente. Por outro lado, destacaram a declaração do presidente Lula dizendo que se tratava de “solidariedade brasileira”. “Ao contrário de Petro, o presidente brasileiro Lula, que tem sido altamente crítico em relação a Israel, expressou solidariedade às vítimas israelenses no sábado, mas, o que é mais importante, não mencionou o Hamas”, comentou o Times of Israel. Além disso, o jornal destacou o ato de projetar a bandeira de Israel na parte externa do edifício do Congresso brasileiro.

*Forum21