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Mundo

Imprensa internacional destaca a fala de Lula: É preciso que haja humanidade na insanidade da guerra

The Guardian destaca no título: “Lula pede o fim da “insanidade da guerra” quando latino-americanos são mortos em ataque do Hamas”. E, no texto: o presidente brasileiro pede ajuda humanitária para proteger cidadãos israelenses e palestinos, enquanto latino-americanos também são feitos reféns e clama pelo fim da “insanidade da guerra”, já que mais de uma dúzia de latino-americanos foram mortos durante o ataque do Hamas, e cidadãos do Brasil e da Argentina foram feitos reféns na Faixa de Gaza. Na manhã desta quarta-feira, relatórios do governo e da mídia latino-americanos confirmaram a morte de sete argentinos, dois brasileiros, dois peruanos, um colombiano e um paraguaio. Pelo menos 15 argentinos, três peruanos, dois mexicanos e um brasileiro continuam desaparecidos.

A agência Reuters também noticia a declaração em nota do presidente do Lula, que pediu nesta quarta-feira um cessar-fogo e uma “intervenção humanitária internacional” no conflito entre Israel e os territórios palestinos ocupados para que as violações dos direitos humanos possam ser encerradas. “Uma intervenção humanitária internacional é urgentemente necessária”, escreveu Lula no Twitter. “Um cessar-fogo é urgentemente necessário em defesa das crianças israelenses e palestinas.” Lula disse que o grupo militante islâmico Hamas deve libertar as crianças israelenses “sequestradas de suas famílias”, ao mesmo tempo em que pede a Israel que pare com os bombardeios para permitir que as crianças palestinas e suas mães saiam da Faixa de Gaza e cruzem a fronteira com o Egito. O líder esquerdista acrescentou que o Brasil, que atualmente ocupa a presidência do Conselho de Segurança da ONU, uniria esforços para levar o conflito a um fim imediato e definitivo.

No site Brazilian Report, informação publicada nesta quarta, mas divulgada na véspera, de que um porta-voz do exército israelense disse que cidadãos brasileiros estão entre os reféns do Hamas em Gaza. “Esse não é um desafio apenas israelense”, disse o tenente-coronel Jonathan Conricus em uma mensagem de vídeo publicada pelas Forças de Defesa de Israel. “Temos americanos, britânicos, franceses, alemães, italianos, brasileiros, argentinos, ucranianos e muitos outros países… Essas são as pessoas, os civis, que o Hamas arrastou para Gaza e agora mantém em cativeiro.” Em uma coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, Carlos Sérgio Duarte, secretário do Ministério das Relações Exteriores para a África e o Oriente Médio, disse que o Brasil está tentando verificar a informação. O Ministério das Relações Exteriores confirmou a morte de duas brasileiras em Israel – Ranani Glazer e Bruna Valeanu, ambas de 24 anos. As duas estavam participando do festival de música invadido por militantes do Hamas no sábado. Em uma mensagem de vídeo compartilhada no início desta manhã, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que conversou com seu homólogo egípcio, Sameh Shoukry, sobre como ajudar a levar um ônibus com cidadãos brasileiros e seus parentes em Gaza através da fronteira egípcia. “Estou contando com o apoio do Egito nesse sentido”, disse Vieira. O ônibus deve transportar 30 pessoas, entre brasileiros e parentes próximos.

O jornal colombiano El Tiempo traz reportagem sobre a repercussão na mídia israelense das declarações do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e as do presidente Lula sobre o conflito Israel-Hamas. Petro pediu para “permitir a existência de dois estados e duas nações livres e soberanas” por meio de uma mesa de negociações de paz. “O presidente da Colômbia compara o exército israelense aos nazistas e manifestantes queimam a bandeira na embaixada”, foi a manchete do Times of Israel, em uma matéria que detalhava cada um dos tweets do presidente. Por outro lado, destacaram a declaração do presidente Lula dizendo que se tratava de “solidariedade brasileira”. “Ao contrário de Petro, o presidente brasileiro Lula, que tem sido altamente crítico em relação a Israel, expressou solidariedade às vítimas israelenses no sábado, mas, o que é mais importante, não mencionou o Hamas”, comentou o Times of Israel. Além disso, o jornal destacou o ato de projetar a bandeira de Israel na parte externa do edifício do Congresso brasileiro.

*Forum21

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Política

Insanidade: Separatistas aplaudem falas de Zema sobre frente Sul-Sudeste

Em redes sociais, separatistas compartilham imagens de mapas dividindo o país em dois e apoiam falas do governador mineiro.

A criação de uma frente política em defesa do “protagonismo” de Estados do Sul e do Sudeste, recém-anunciada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tem sido defendida por grupos que pregam uma separação definitiva entre Sul e Norte do Brasil, segundo a Folha.

Em entrevista do jornal O Estado de S. Paulo no domingo (6), o governador mineiro anunciou o novo Cossud (Consórcio Sul-Sudeste) e comparou o país a um produtor rural que dá “tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito”.

As primeiras seriam Estados do Norte e Nordeste, enquanto as últimas seriam Estados do Sul e Sudeste.

As falas, que tiveram forte reação em Brasília, também rendem debate intenso nas redes sociais.

Pelo Twitter, um mapa do Brasil com as palavras “muro já” separando Estados ao Sul e ao Norte junto à frase “força Zema, apoiamos você” foi curtido e compartilhado quase 10 mil vezes.

“Já passou da hora de pensarmos na possibilidade de independência dos Estados do Sul e Sudeste. Chega de pagar a conta de Estados que não querem nada a não ser sugar até a última gota de sangue de quem trabalha e produz”, reagiu o perfil de um grupo separatista paulista no Facebook, junto a um link para a entrevista do governador de Minas Gerais.

A Constituição brasileira não permite a independência de Estados da Federação.

Questionado pela reportagem sobre o apoio de movimentos separatistas às falas do Zema, o governo de Minas Gerais encaminhou link para um tuíte em que o governador afirma que “a união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões” (veja mais abaixo).

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Política

Lula homenageia o reitor Cancellier: ‘Nunca mais essa insanidade’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início de seu discurso ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, prestou uma homenagem ao reitor Luiz Carlos Cancellier, que se suicidou após ser alvo, em 2017, de uma ação injusta da Lava Jato sobre supostos desvios na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O trabalho da PF na ocasião foi alvo de críticas, e Cancellier cometeu suicídio 15 dias após ser preso. Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) afirmou ser “improcedente” a representação da Lava Jato.

“Sempre que a gente puder temos que lembrar das pessoas que foram vítimas do arbítrio para que essa insanidade nunca mais aconteça no nosso país”, disse o presidente Lula, nesta quarta-feira (12). O presidente Lula também foi alvo da Lava Jato, tendo sido preso injustamente por 580 dias. O ex-juiz suspeito da Lava Jato, Sergio Moro, foi declarado parcial e suspeito pelo STF e o ex-procurador Deltan Dallagnol teve o seu mandato de deputado federal cassado este ano pelo TSE.

A operação que levou à morte de Cancellier foi conduzida pela delegada federal Erika Marena, que não apenas prendeu o reitor, mas também deteve outros seis funcionários da universidade e 23 indivíduos indiciados por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato.

O presidente Lula discursou na solenidade de entrega da Ordem Nacional do Mérito Científico e de reinstalação do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. Também assina decreto que convoca a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, prevista para o primeiro semestre de 2024. O evento acontece no Palácio do Planalto, em Brasília/DF

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Opinião

Brasil, indignai-vos!

Chora a nossa pátria mãe gentil. Choram Marias e Clarices, mas também Julianas, Carolinas, Ruths, Danielas, Patrícias, Estelas, Anas e Milcas. Choram ainda Josés, Pedros, Joãos e tantos outros.

Primeiro foram os hospitais públicos que declararam que não tinham mais vagas. Depois, foram os hospitais privados. E, por último, foram os cemitérios que suspenderam os enterros por falta de valas. Desesperada pela falta de acesso à saúde, a elite brasileira descobriu como vivem…os brasileiros.

Nos últimos dias, o Brasil somou mais mortes que o total das vítimas do desembarque aliado da Normandia. E, diante de um estado fracassado, nenhum ato solene, nenhuma medalha, nenhuma declaração de reconhecimento e muito menos ações para compensar as perdas foram consideradas.

O trauma pelo qual passamos exigirá Justiça, um processo de reconstrução da memória e uma investigação. As cicatrizes são profundas.

Mas a história não irá nos poupar quando perguntar: o que faziam aquelas pessoas enquanto o país sepultava diariamente seu futuro?

Nossa geração tem um desafio de grandes proporções. Precisaremos de uma ruptura com o que parece ser um destino intransigente que nos persegue e nos teima em adiar os sonhos.

Mas, para isso, o oxigênio deve ser destinado para a indignação, talvez a mesma que permita que uma flor tenha a audácia de romper um inverno.

Num país historicamente insensível aos corpos estendidos no chão, em viadutos ou em arcos de obras arquitetônicas premiadas, a covid-19 aprofundou a banalização da morte e ganhou novas proporções diante de um governo que adotou uma estratégia deliberada de desvalorizar a vida.

A indignação, se também morrer, pode ser fatal para uma sociedade. Ao longo da história, ela foi o alicerce de mudanças. Hoje, só ela nos resta para entender que, no cemitério Brasil, o enterro é do futuro, justamente num país que jamais sepulta seu passado. Só ela nos mostra que nada disso era inevitável.

A indignação não apenas move a ação. Ela é a mãe da dignidade, palavra essa que foi deliberadamente resgatada para ser usada na Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 para marcar uma ruptura com o horror da morte. Naquele texto, repleto de indignação, estabelecia-se que a dignidade é um direito inalienável.

Na mesma Declaração, pode-se ler o óbvio em uma frase poderosa: todos têm o direito à vida. O poder intransigente nessa sentença não vem da palavra vida. Mas da constatação de que ela um direito de todos.

Em muitos sentidos, depois do horror nazista, aquele texto inaugura uma nova era para o que consideramos como uma vida digna.

Luis Alves e Luiz Antonio Teixeira, ambos da Fiocruz, também apontam como Foucault já descrevia como a era moderna tinha criado uma nova maneira de lidar com a vida e com a morte. Se na Idade Média a autoridade tinha o poder de fazer seus súditos morressem ou deixassem que eles sobrevivessem, a política atual é baseada em outro pilar: governos têm o dever de permitir que cidadãos vivam. A saúde, portanto, é um assunto de estado.

Mas quando não há a defesa da vida, quando a dignidade é abandonada e quando a fronteira da morte é cruzada, o contrato social foi de forma permanente abalado. Quando não há mais espaços nas funerárias, uma sociedade precisa interromper sua procissão de caixões sem rumo para se indignar e romper o sepultamento diário de um projeto de país.

A principal divisão no mundo não é entre esquerda ou direita. Nem entre religiosos e ateus. Mas entre humano ou desumano. E é nessa encruzilhada civilizatória que nossa geração no Brasil se encontra.

Há dez anos, o cientista político Alan Wolfe também já alertava que matar todos os judeus não foi um gesto de loucos. Foi um plano de poder. Expulsar todos que não se parecem com você não é uma questão de insanidade. Mas garantir o domínio eterno de um grupo da sociedade. Aterrorizar pessoas indefesas não é uma doença. Mas forçar o inimigo a desistir. Há, portanto, um método em toda a aparente loucura, concluiria Wolfe.

Os 20 mil mortos nesta semana ou os mais 300 mil em um ano não são resultados de loucuras. Enquanto as autoridades forem acusadas de insanidade estaremos dando provas de que nada entendemos de governo.

Para nós que ficamos, o único monumento que podemos erguer em homenagem aos que partiram é reconstruir o país. E, para isso, resgatar a indignação é o primeiro degrau de um longo caminho.

Só com ela é que, murmurando entre quatro paredes, nas artes, nos hospitais, nas escolas, nas escolhas de atitude, por zoom ou nos berros das manchetes, poderemos devolver a pergunta sobre onde estávamos.

E rebater a quem ajudou a disseminar a escuridão com uma outra ainda mais poderosa: “quando o dia raiar, onde é que vocês vão se esconder?”

*Jamil Chade/Uol

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