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CPMI investiga fornecedor de armas do governo Bolsonaro e descobre elo com garimpeiro

A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro vai investigar fornecedor de armas para o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O colegiado vai mirar em um dos principais vendedores de armas e coletes de marcas estrangeiras para a gestão, Franco Giaffone, que venceu licitações que somam cerca de R$ 331 milhões. A informação é do Estadão.

O sucesso de Giaffone em contratações públicas colocou o empresário na mira do colegiado. Ele chamou atenção por vendas para o Ministério da Justiça e para a Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o mandato de Bolsonaro.

A compra dos itens fabricados no exterior só foi possível por conta das medidas do ex-mandatário, que flexibilizaram a importação de produtos do tipo. A CPMI acredita que o mapeamento dos elos do fornecedor é fundamental para esclarecer informações sobre outros alvos.

Giaffone é representante da austríaca Glock, que fabrica pistolas; da indiana MKU, fabricante de coletes; e da americana Axon, de armas de choque. Ele foi um dos principais nomes no mercado durante o governo Bolsonaro e um dos mais beneficiados pela abertura promovida pelo ex-presidente.

O colegiado pediu ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que forneça relatórios sobre suas movimentações bancárias. O documento produzido pelo órgão aponta transações suspeitas, como negócios com Edimar Pereira da Silva, ex-vereador de Curionópolis (PA) que tem histórico de atividade garimpeira no sudeste do Pará.

Entre agosto de 2021 e julho de 2022, Edimar transferiu R$ 120 mil para Giaffone. No mesmo período, ele movimentou R$ 40 milhões entre depósitos, saques e transferências. O ex-vereador foi preso por suspeitas de envolvimento em esquema de roubo de combustível e extração ilegal.

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Garimpeiro acusado de crimes ambientais vai dar palestra sobre Amazônia em instituto bolsonarista

O Instituto General Villas Bôas, que se tornou um think tank informal do bolsonarismo, convidou dois representantes de garimpeiros para palestrar sobre mineração e “extrativismo sustentável” num simpósio virtual sobre “saúde e tecnologia como ferramentas de desenvolvimento na Amazônia”, informa a coluna de Malu Gaspar, O Globo.

Os palestrantes são o ex-deputado Antonio da Justa Feijão, que responde a processos por dez crimes, entre eles organização criminosa, usurpação de bens da União, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva, em decorrência de uma operação da Polícia Federal chamada Garimpeiros da Propina, e Marcelo Norkey, que se apresenta como “garimpeiro e conselheiro de unidades de conservação no Pará”.

as redes sociais, Norkey costuma ironizar movimentos como o dos sem-terra e replicar publicações do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e do presidente Bolsonaro.

Os dois discutirão no próximo dia 5 de julho a mineração na floresta em webinar com a presença de Villas Bôas, que já foi comandante do Exército e assessor especial do presidente da República.

A palestra de Feijão é intitulada “Mineração na Amazônia e os inimigos invisíveis”. A de Norkey, “A Amazônia que os satélites não conseguem ver: o extrativismo mineral sustentável, um sonho possível”. A sessão será mediada pelo jornalista Alexandre Garcia.

O evento ocorre em meio à comoção pelo assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira na Amazônia.

Pereira foi exonerado do cargo de coordenador da área de índios isolados e de recente contato da Funai após coordenar uma operação bem-sucedida contra o garimpo no Javari, em 2019, e desde então trabalhava para a Unijava, organização de defesa dos povos indígenas.

Ex-deputado federal pelo Amapá, Feijão foi chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), atual Agência Nacional de Mineração (ANM) do governo federal. Segundo a acusação do MPF, Feijão chefiava uma organização criminosa que recebia propinas de mineradores em troca de anuência a atividades ilegais de garimpos no Amapá entre 2012 e 2018, nas gestões Dilma Rousseff e Michel Temer.

Os valores variavam de R$ 10 mil a R$ 100 mil, sem contar a fatia de 30% sobre a produção bruta do garimpo ilícito, cujas cifras eram milionárias. Ironicamente, ele está escalado para discutir a “mineração na Amazônia e seus inimigos invisíveis”.

Sua prisão preventiva foi revogada em primeira instância em julho de 2018, mas o ex-deputado continua respondendo pelos dez crimes apontados pelo MPF, que juntos ultrapassam 70 anos de detenção e multa.

Já Marcelo Norkey, que discutirá o “sonho possível” de um “extrativismo mineral sustentável” na “Amazônia que os satélites não conseguem ver”, foi condenado duas vezes pelo Ministério do Meio Ambiente a pagar multas por infrações ambientais em Altamira (PA). As infrações contra a flora e o controle ambiental somam quase R$ 800 mil.

A Finama, entidade fundada por Feijão em 1993 e a qual o ex-deputado e Norkey estão ligados, funciona como uma entidade de fachada em defesa dos interesses de garimpeiros em Brasília. Com sede em Macapá, mas sem site oficial, a fundação já foi representada por ambos em audiências públicas sobre mineração na Amazônia na Câmara dos Deputados.

As palestras de Feijão e Norkey farão parte de uma série de painéis que começam a partir do dia 28 com expoentes da base de Jair Bolsonaro, incluindo o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL-SP) e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que presidiu a Comissão de Meio Ambiente da Casa.

Segundo o site do instituto, os eventos fazem parte da celebração do bicentenário da independência do Brasil.

A equipe do blog questionou a entidade a respeito dos crimes e infrações atribuídos pelo Ministério do Meio Ambiente e o MPF aos convidados para o webinar, mas não recebeu retorno até o fechamento da reportagem.

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