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Política

Heleno diz que Duda Salabert é mentirosa e chama deputada de “senhor”

O ex-GSI de Bolsonaro se irritou após a parlamentar falar sobre atuação do general em missão no Haiti e disse que colocaria a deputada na justiça por conta de “afirmativas mentirosas”

O general Augusto Heleno Ribeiro Pereira chamou a deputada Duda Salabert (PDT-MG) de “senhor” durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, nesta terça-feira (26/9). Depois de perder a paciência diante de pergunta da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) se exaltou após a deputada citar a atuação do militar em missão no Haiti, diz o Correio Braziliense.

Durante o tempo de fala como oradora na CPMI, Duda citou alguns pontos do currículo do general e disse que a operação Punho de Ferro, no Haiti, coordenada por Heleno, “resultou no massacre de diversas crianças e mulheres”. Nesse momento, o ex-ministro interrompeu a deputada e garantiu que “essa afirmativa é mentirosa”.

“Essa é uma afirmativa mentirosa. Se eu quiser, eu vou para justiça, processo o senhor e boto o senhor na cadeia”, declarou. No mesmo instante, Duda corrigiu o general: “é senhora”. “É senhora, não é senhor não”, reforçou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

“A Câmara dos Deputados não é um quartel”
Em seguida, a Comissão entrou em recesso e, ao retornar, o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), concedeu mais cinco minutos de fala para Duda. “O general Augusto Heleno, quando eu entrei na sala, me pediu desculpas por ter me tratado no masculino”, esclareceu a deputada.

“A gente se exaltou, eu citei a operação Punho de Ferro no Haiti, o general disse que iria me processar e eu seria presa. Eu não tenho medo de nenhum general e não tem essa de declarar ordem de prisão ou que vai mandar prender. A Câmara dos Deputados e o Congresso Nacional não são um quartel que o general pode mandar prender quem bem entender. Aqui nós estamos no contexto de democracia e não de ditadura, a qual o senhor ajudou a construir em 1964”, finalizou Duda.

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Política

CPMI investiga fornecedor de armas do governo Bolsonaro e descobre elo com garimpeiro

A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro vai investigar fornecedor de armas para o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O colegiado vai mirar em um dos principais vendedores de armas e coletes de marcas estrangeiras para a gestão, Franco Giaffone, que venceu licitações que somam cerca de R$ 331 milhões. A informação é do Estadão.

O sucesso de Giaffone em contratações públicas colocou o empresário na mira do colegiado. Ele chamou atenção por vendas para o Ministério da Justiça e para a Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o mandato de Bolsonaro.

A compra dos itens fabricados no exterior só foi possível por conta das medidas do ex-mandatário, que flexibilizaram a importação de produtos do tipo. A CPMI acredita que o mapeamento dos elos do fornecedor é fundamental para esclarecer informações sobre outros alvos.

Giaffone é representante da austríaca Glock, que fabrica pistolas; da indiana MKU, fabricante de coletes; e da americana Axon, de armas de choque. Ele foi um dos principais nomes no mercado durante o governo Bolsonaro e um dos mais beneficiados pela abertura promovida pelo ex-presidente.

O colegiado pediu ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que forneça relatórios sobre suas movimentações bancárias. O documento produzido pelo órgão aponta transações suspeitas, como negócios com Edimar Pereira da Silva, ex-vereador de Curionópolis (PA) que tem histórico de atividade garimpeira no sudeste do Pará.

Entre agosto de 2021 e julho de 2022, Edimar transferiu R$ 120 mil para Giaffone. No mesmo período, ele movimentou R$ 40 milhões entre depósitos, saques e transferências. O ex-vereador foi preso por suspeitas de envolvimento em esquema de roubo de combustível e extração ilegal.

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Política

Relatora da CPMI do 8 de janeiro, Eliziane Gama pede quebra do sigilo telefônico de Valdemar Costa Neto

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, apresentou requerimento para a quebra do sigilo telefônico de Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Eliziane alega que Valdemar teria participado de uma reunião com o hacker Walter Delgatti Neto “de maneira pouco republicana”. Durante seu depoimento à CPMI na última quinta-feira (18), Delgatti afirmou ter participado de um encontro com Jair Bolsonaro (PL) e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), no qual Valdemar Costa Neto estava presente, diz o 247.

A relatora deseja obter acesso a informações desde o ano de 2022. O requerimento solicita a quebra do sigilo de ligações telefônicas, a obtenção de cópias do conteúdo de conversas do WhatsApp armazenadas no Google Drive, cópias de e-mails, fotos, áudios e vídeos trocados, bem como o histórico de localização e atividades de busca na internet. O UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa de Valdemar Costa Neto, que não respondeu.

Segundo relatos, Bolsonaro teria solicitado ao hacker que comparecesse ao Ministério da Defesa para discutir questões relacionadas às urnas eletrônicas. Delgatti mencionou que o ex-mandatário o convidou para se encontrar com um técnico nas dependências do ministério, a fim de abordar possíveis fragilidades no sistema eleitoral brasileiro. Esse encontro teria ocorrido no ano anterior à campanha presidencial.

Após a solicitação de Bolsonaro, o advogado de Delgatti relatou que seu cliente se encontrou com um ex-ministro e um coronel do Exército. Os encontros com Paulo Sérgio Nogueira, ex-chefe da Defesa, e o coronel Eduardo Gomes da Silva foram descritos por Ariovaldo Moreira em uma entrevista à GloboNews. Paulo Sérgio Nogueira nega ter tido tal reunião. O Ministro da Defesa, José Múcio, solicitou à Polícia Federal a lista dos militares que se reuniram com Delgatti no Ministério da Defesa. Esse pedido foi formalizado em um ofício enviado à PF na última sexta-feira (18).

Relatos também sugerem que Bolsonaro teria oferecido um indulto ao hacker como forma de persuadi-lo a comparecer ao Ministério da Defesa. Conforme o depoimento de Delgatti, essa promessa visava convencê-lo a cooperar. Na época, o hacker afirmou estar desempregado, o que o levou a considerar a proposta. Delgatti afirmou que um plano foi elaborado para minar a credibilidade das urnas eletrônicas. Ele mencionou a criação de um código-fonte próprio, em vez de utilizar o código do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o objetivo de enganar o público, mostrando que supostamente seria possível pressionar um voto e obter a computação de outro pela urna. Para executar esse plano, o hacker utilizaria uma urna eletrônica emprestada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e instalaria um aplicativo desenvolvido por ele.

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Opinião

Mauro Cid, a árvore e os frutos

Florestan Fernandes Jr.

A imagem de um militar fardado, depondo na CPMI que investiga atos que visavam a abolição violenta da democracia, diz muito. O militar da cena é o tenente-coronel Mauro Cid, ex-“faz-tudo” de Jair Bolsonaro, cujo envolvimento pessoal na intentona golpista se reforça a cada dia.

O uso da farda para comparecer à CPMI não é aleatório, não é um detalhe periférico. Explico: somos seres imagéticos, nossa percepção é fortemente influenciada por imagens e símbolos. A farda militar se reveste de um simbolismo, que pretende comunicar os valores de cada uma das forças. No caso do Exército, a farda militar pretende comunicar: patriotismo e civismo, além de verdade, honra e dignidade. Tanto é assim, que o próprio Código Penal Militar prevê como crime o uso indevido de uniforme, distintivo ou insígnia militar (artigo 172).

Mauro Cid, como sabemos, está preso desde o dia 03 de maio, por conta de sua participação em um esquema de fraudes de cartões de vacinação. Seu comparecimento com a farda e paramentos militares foi orientado pelo Exército. Se o uso da farda tem a função simbólica, aqui foi a confirmação e o reconhecimento, do próprio Exército, de sua participação no plano golpista. O silêncio constrangedor, desrespeitoso e ilegal de Cid arrasta os militares para um abismo ainda mais profundo.

Outros militares já depuseram em CPI, mas não me lembro de vê-los usando farda. Nem mesmo o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde na época da pandemia da Covid, teve o desplante de ir fardado à Comissão Parlamentar de Inquérito, quando ali depôs.

A justificativa para “liberar a farda” para Mauro Cid, é que o ex-ajudante de ordens exercia função militar. Ou seja, para o Exército, estaria também no exercício da função militar quando tramou um golpe, fraudou o sistema de saúde e trabalhou fortemente para desviar as “joias das arábias”. Não há outra conclusão, senão esta.

No caso de CID, pode ser que o uso da farda tenha acontecido por pressão do pai dele, o general Mauro César Lorena Cid. O general foi contemporâneo de Bolsonaro nas turmas de cadetes da AMAN, no auge da ditadura militar no governo do general Garrastazu Médici. Os dois eram “chapas”, filhotes do mesmo ninho e, certamente, comungam até hoje das mesmas visões e crenças políticas.

O fato é que ao entrar fardado na CPMI, Cid foi desrespeitoso não só com os parlamentares, mas com os eleitores. Ali estava um brasileiro como todos nós (ou pelo menos deveria ser), respondendo como civil, servidor público lotado em um órgão de governo.

A farda serviu para tentar intimidar e afrontar os parlamentares, para deixar claro que, acima do cidadão, estava a instituição que ele representava e de cujas cores se cobria e que, como visto, o protege do próprio Estado democrático de direito, que agora busca punir quem o tentou destruir. Uma espécie de “ninguém solta a mão de ninguém” na esfera golpista.

Quando Cid, em suas considerações iniciais, declarou que a sua escolha para a ajudância de ordens não foi política, não foi determinada por Bolsonaro, jogou estrategicamente a responsabilidade de sua nomeação na conta do Exército. O mesmo Exército que agora escancarada e escandalosamente o protege, proporcionando “prisão- SPA”, quase hotel, no quartel general de Brasília. Local onde está livre de restrições, podendo receber e conversar com dezenas de visitas, segundo apurado, 73 pessoas. Entre os convivas, estavam o ex-comandante do Exército, Júlio Cesar de Arruda, o coronel Jean Lawand e o tenente Osmar Crivelatti, o oficial que teria sido designado por Cid para buscar em São Paulo as joias enviadas para Bolsonaro pelo governo da Arábia Saudita. Ou seja, uma prisão-SPA-escritório, custeada pelo erário.

Na CPMI, Cid não perdeu a oportunidade de golpear as instituições. Desvirtuou e subverteu o habeas-corpus que lhe foi concedido pela Ministra Carmem Lúcia, do STF, que o autorizava a não responder perguntas que pudessem lhe autoincriminar – que é um direito constitucional. Cid, invocando a decisão, deixou de responder até a própria idade, em uma clara afronta ao STF e ao Parlamento.

O comportamento covarde e afrontoso do ex-ajudante de ordens não surpreende. O que se esperar de alguém que está sendo investigado por participação em uma série de ilegalidades, desde a fraude de documentos, crimes patrimoniais (caso das joias das arábias), até a abolição violenta do estado democrático de direito? Poderia vir algo além do desrespeito, da desonra, partindo de quem despreza as instituições, de quem mostrou desconhecer a civilidade e o patriotismo, de quem não honra os valores da Força que serve? Como diz a sempre certa sabedoria popular, “pelo fruto se conhece a árvore”.

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Política

Assista ao vivo: o depoimento do coronel Mauro Cid na CPMI dos atos golpistas

Ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, coronel Mauro Cid, presta depoimento à CPMI dos atos golpistas.

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Justiça

CPMI dos atos golpistas quebra sigilo dos telefones de Bolsonaro e Anderson Torres

Parlamentares que integram a CPI mista dos atos golpistas de 8 de janeiro aprovaram a quebra do sigilo do celular de Jair Bolsonaro, seu ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros dois assessores. As informações são do jornal O Globo.

A comissão também decidiu que convocará personagens centrais para investigar os ataques terroristas às sedes dos Três Poderes, incluindo Torres e Cid. As convocações dos generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, ex-ministros de Bolsonaro, também foram aprovadas. Além disso, os deputados e senadores aprovaram solicitações para convocar o terrorista bolsonarista George Washington de Oliveira, que foi preso após uma tentativa de atentado com tanques de combustível próximo ao aeroporto internacional de Brasília, em dezembro.

No entanto, outros personagens tiveram seus requerimentos rejeitados. O general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e o ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, que estava no comando da agência em 8 de janeiro, não serão convocados. A oposição pretendia chamá-los para emplacar a tese fantasiosa de que o governo Lula se omitiu.

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Pacheco dá início à criação da CPMI e pede indicação dos 32 membros

O presidente do Congresso leu pedido de abertura da comissão de inquérito sobre o 8 de janeiro no início de sessão conjunta com deputados e senadores

Comissão será formada por 16 deputados e 16 senadores titulares e terá até seis meses de duração. Governo era contra, mas não conseguiu barrar criação do colegiado, diz o G1.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), leu nesta quarta-feira (26) o pedido de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar os atos golpistas de 8 de janeiro.

Na prática, com a leitura do requerimento na sessão do Congresso, a CPI mista dos Atos Golpistas está criada, faltando apenas a publicação do ato no “Diário Oficial da União”.

O colegiado do Congresso, proposto por parlamentares de oposição, será formado por 16 deputados e 16 senadores titulares e terá duração de até seis meses.

Durante os atos golpistas, bolsonaristas radicais invadiram os prédios do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) e destruíram móveis, equipamentos de trabalho e vidraças, além de danificar diversas obras de arte.

Desde então, diversos vândalos foram presos, denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e até já se tornaram réus – ou seja, vão responder a ações penais na Justiça e podem ser condenados ou absolvidos.

Leitura do requerimento

A leitura do requerimento aconteceu em sessão do Congresso Nacional, da qual participaram deputados e senadores.

O pedido de criação do colegiado é de autoria do deputado bolsonarista André Fernandes (PL-CE), que é investigado no STF por suposto envolvimento nos atos golpistas.

Inicialmente, o governo Lula se manifestava publicamente contra a criação da CPI. O discurso mudou depois que o general Gonçalves Dias foi demitido do cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência.

Imagens divulgadas na semana passada mostram que Dias esteve no Palácio no dia dos ataques golpistas e circulou entre invasores. Com a repercussão do caso, o governo viu que não conseguiria mais barrar a criação da CPI mista.

O colunista do g1 Valdo Cruz informou, no entanto, que uma parte da oposição já se arrepende de ter defendido a criação da comissão. E que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teme ser um dos principais alvos da CPI mista, o que o fez pedir a escalação de seus filhos para a comissão – o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Próximos passos

Entre as próximas etapas estão a indicação dos integrantes pelos líderes partidários e a instalação da comissão, para que as reuniões possam acontecer.

Os trabalhos de CPIs podem durar 90 dias, prorrogáveis por mais 90 dias – isto é, a comissão pode durar até seis meses.

Partidos da base aliada do governo e da oposição poderão fazer indicações, conforme o tamanho dos blocos.

A disputa geralmente se dá em torno da presidência da CPI e da relatoria. Os nomes ainda deverão ser definidos.

A CPI pode aprovar a quebra de sigilos de investigados e pedir, ao final dos trabalhos, o indiciamento desses investigados.

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Opinião

CPMI e Anderson Torres aumentam chances de Bolsonaro parar na cadeia

Chico Alves*

Durante os quatro anos que passou na Presidência, Jair Bolsonaro cometeu uma extensa coleção de barbaridades que já o teria encaminhado para o xilindró, não fosse o Brasil um país tão afeito à conciliação.

Campanha contra a vacinação em plena pandemia de covid-19, abandono de indígenas a uma condição crítica de saúde, apoio a bandidos que desmatam a Amazônia, uso do cargo para tentar descredibilizar o processo eleitoral, além do incentivo e coordenação do golpismo são apenas alguns itens dessa antologia de crimes.

Terminado o mandato de Bolsonaro, a apuração de suas infâmias ficou a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF) e da PolíciaFederal, que fazem um trabalho lento e discreto, que somente em momentos cruciais chega ao conhecimento da imprensa.

Beneficiado pelo passar do tempo, o ex-presidente e seus apoiadores consideravam cada vez mais remota a possibilidade de que ele fosse preso. Já contabilizavam como certa a pena de inelegibilidade e comemoravam. Afinal, não é nada desprezível a força de Bolsonaro para transferir votos ao candidato que escolher.

Até mesmo o governo Lula estava conformado com esse roteiro.

Após a depredação das sedes dos poderes da República, no dia 8 de janeiro, alguns aliados do petista sugeriram a criação de uma CPI para investigar quem organizou e financiou os golpistas. A ideia não prosperou. A ordem era tratar de política e realizações e deixar com o STF o teor criminal da gestão Bolsonaro.

Nos últimos dias, porém, a trama tomou outro rumo.

A ideia maluca da oposição bolsonarista de criar CPMI para investigar uma suposta omissão do governo nos ataques de 8 de janeiro — na verdade, uma tentativa de inverter a culpa, diante da péssima repercussão que a depredação golpista teve até entre os eleitores da direita —, recebeu o reforço do vídeo divulgado pela CNN Brasil, com imagens internas do Palácio do Planalto no dia da invasão.

As cenas em que o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, aparece perdido entre os golpistas e a estranha cordialidade com que seus funcionários trataram os invasores tiveram efeito explosivo. Com a repercussão, Dias pediu demissão e deixou aos bolsonaristas os argumentos que precisavam para criar uma crise com potencial de abalar o governo.

Porém, a reação dos governistas foi rápida — e acertada.

Passaram a apoiar a criação da CPMI e vão brigar para dominá-la. Se realmente conseguirem, planejam mudar radicalmente o foco imaginado pela oposição: pretendem detalhar todos os movimentos do ex-presidente e seus apoiadores que motivaram os golpistas a invadirem as sedes dos Três Poderes.

Nesse caso, o potencial de catalisar a opinião pública que é característico de uma CPMI como essa seria usado para explorar em detalhes as seguidas agressões de Bolsonaro e seu grupo à democracia, culminando no 8 de janeiro.

Uma conjunção astral fez com que um novo depoimento de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e parceiro do ex-presidente em quase todos os seus gestos contra as instituições democráticas,fosse marcado para segunda-feira (24). Dessa vez, em condições bem mais desfavoráveis que os anteriores. Abatido, deprimido, cada vez mais inconformado com a prisão, Torres cedeu à PF a senha da nuvem do celular que providencialmente havia “perdido” nos Estados Unidos. A expectativa é de que informações comprometedoras para Bolsonaro venham à tona.

O conteúdo a ser revelado e o novo depoimento do ex-ministro bolsonarista poderão dar subsídios ainda mais contundentes à investigação policial. Se o governo conseguir o domínio da CPMI, terá uma rica matéria-prima para destrinchar no Congresso, sob a atenção de grande audiência.

Assim, a possibilidade de Bolsonaro parar na cadeia ficaria bem menos distante. A comoção criada por uma investigação parlamentar pode pavimentar o caminho do ex-presidente até à cela.

Os próximos dias serão decisivos para sabermos se as peças desse quebra-cabeças, que parecia tão favorável à oposição, formaram uma cena em que os bolsonaristas se arrependam profundamente de terem sugerido uma CPMI.

Se é que já não se arrependeram.

*Uol

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Urgente!: Quebra de sigilo liga gabinete de Eduardo Bolsonaro à conta de ataques virtuais

Uma das páginas utilizadas para ataques virtuais e para estimular o ódio contra supostos adversários do presidente Jair Bolsonaro foi criada a partir de um computador localizado na Câmara dos Deputados.

A página, chamada Bolsofeios, também foi registrada a partir de um telefone utilizado pelo secretário parlamentar do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Eduardo Guimarães.

O email do registro da conta da página é “[email protected]”— endereço utilizado pela assessoria do filho do presidente para a compra de passagens e reserva de hotéis, através da cota parlamentar, como mostra a prestação de contas disponível no site da Câmara dos Deputados.

As informações foram enviadas pelo Facebook à CPMI das Fake News no Congresso, a partir de um pedido de quebra de sigilo referente a contas no Instagram feito pela comissão.

[ x ]

O documento, obtido pelo UOL, mostra que a conta bolso_feios foi feita no IP de um computador localizado dentro na Câmara. Ele foi enviado à comissão depois de um requerimento feito pelo deputado Túlio Gadelha (PDT-PE), com base em denúncias da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP).

Joice já havia dito, em depoimento à CPMI das Fake News, no dia 4 de dezembro, que a página bolsofeios pertencia ao assessor de Eduardo, Eduardo Guimarães. Ela também apresentou um grupo secreto que reunia páginas ligadas ao “gabinete do ódio”, com a presença de Guimarães e o perfil bolsofeios. O grupo organizava um cronograma de ataques a pessoas consideradas inimigas da família.

Túlio Gadelha pediu à empresa mantenedora do Instagram o acesso ao conteúdo de todas as mensagens trocadas no grupo intitulado “Gabinete do Ódio”, desde o período da campanha eleitoral de 2018, com base no depoimento de Joice. A página bolsofeios fazia parte do grupo.

“Conforme tal depoimento, os participantes do grupo “Gabinete do Ódio” não apenas articulavam sistematicamente a divulgação de Fake News no período eleitoral de 2018, mas também elaboram um “cronograma de ataques” para “assassinato de reputações”, o que configura a prática de cyberbullying até a presente data”, afirmou o deputado.

O Bolsofeios contém ataques contra jornalistas, Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e adversários políticos da família. Também há publicações convocando para as manifestações de março a favor do presidente e contra o Congresso e o STF.

Uma delas tem um vídeo com imagens de Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), ministros do STF e diversos políticos sendo comparados com doenças contagiosas.

Outra publicação na página mostra a jornalista da Folha Patrícia Campos Mello, com a legenda de que a repórter “tentou destruir a campanha” de Bolsonaro, o que não é verdade.

Contatado pela reportagem, o próprio gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro confirmou que utiliza o e-mail “[email protected]” de forma oficial, como para atender demandas da imprensa, por exemplo. Procurado, o deputado Eduardo Bolsonaro não se manifestou até a publicação desta reportagem.

 

 

*Constança Rezende/Uol

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Vídeos: Astuta, Dep. Natália Bonavides, prova na CPMI que a campanha de Bolsonaro disparou fake news contra Haddad

Seguem abaixo tuítes da deputada Natália Bonavides (PT-RN) que, com astúcia, deu um nó tático no depoente, Lindolfo Alves, dono da Yacows, empresa de disparos de fake news na campanha de Bolsonaro:

Lindolfo Alves, dono da Yacows, tem que se decidir: Ou afirma que não disparou notícias falsas sobre Haddad ou que não reconhece o conteúdo das mensagens.
Os dois juntos não dá!

Expusemos, num TELÃO, uma FAKE NEWS difundida pela campanha de Bolsonaro. O dono da empresa reconhece que a a foto é da sua empresa, mas diz desconhecer a mensagem presente na foto.

Apresentamos imagens do escritório do Lindolfo e ele reconheceu todas. Acontece que, em uma das fotos, aparece o disparo de Fake News contra Haddad. Há alguma dúvida de que a campanha de Bolsonaro usou disparo em massa para disseminar Fake News?

Expusemos, num TELÃO, uma FAKE NEWS difundida pela campanha de Bolsonaro. O dono da empresa reconhece que a a foto é da sua empresa, mas diz desconhecer a mensagem presente na foto.

Bancada bolsonarista na CPMI das Fake News tremeu quando escutou o nome da empresa AM4. Impediram que Lindolfo Alves, dono da Yacows, respondesse se a am4 foi contratada pela campanha de Bolsonaro. Qual o medo?

Em seu depoimento na semana passada, Hans River, ex-funcionário da Yacows, garantiu que o conteúdo das mensagens era passado por Lindolfo Alves, dono da empresa. Hoje, Lindolfo Alves disse que não participava do processo. Quem está mentindo?

https://twitter.com/natbonavides/status/1230226831325921280?s=20

 

*Da redação