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Vídeo: Hamas divulga libertação de refém israelense capturada com 2 filhos

O grupo palestino Hamas divulgou, na noite desta quarta-feira (11, quinta-feira, 12, em Gaza), um vídeo do que parece ser a libertação de uma mulher israelense que foi capturada e levada para Gaza como refém, junto com dois filhos, na incursão em território israelense do último sábado (7).

A informação foi dada pela rede Al Jazeera, que recebeu um vídeo do grupo, mostrando o que seria o momento da libertação, e confirmou a autenticidade das imagens. O vídeo mostra a mulher caminhando em direção aos filhos e depois indo em direção a militares israelenses (veja ao final da reportagem).

Segundo a emissora, não há informação sobre o momento que a refém foi liberada, e autoridades israelenses ainda não comentaram o caso.

 

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BBC desmente Biden: Casa Branca afirma que presidente não viu fotos de crianças israelenses mortas

Se a Casa Branca afirmou para a BBC que Biden não viu fotos de bebês supostamente decaptados pelo Hamas, e que somente repetiu informações do governo de Israel, fica mais fácil afirmar que Biden comprou a mentira dos sionistas, como se verdade fosse, desmoralizando-se como porta-voz da máquina de propaganda de Israel.

A verdade jantou um Biden fantasiado de indignado por, segundo ele, ter visto fotos decapitadas pelo Hamas.

Pois bem,  BBC desmascara a trapalhada de Biden e afirma que recebeu a informação da Casa Branca de que Biden não viu fotos coisa nenhuma, somente reproduziu a sujeira dos criminosos de guerra de Israel, como segue a matéria abaixo:

BBC – *O texto a seguir contém detalhes que podem ser considerados perturbadores

A Casa Branca negou que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tenha visto fotos de “terroristas decapitando crianças”, como o democrata havia afirmado mais cedo, na tarde de quarta-feira (11/10).

Procurada pela BBC, a Casa Branca afirmou que Biden não viu as imagens.

“Ele estava se referindo a relatos vindos de Israel”, afirmou a presidência.

Após um evento com líderes da comunidade judaica em Washington, Biden afirmou em discurso que teria visto imagens de crianças israelenses mortas durante os ataques do grupo extremista palestino Hamas no sábado (07/10).

“Eu nunca achei que eu veria, que teria confirmado, fotos de terroristas decapitando crianças”, disse o presidente americano.

Relatos de que haveria fotos assim circularam nas mídias sociais, mas a veracidade delas não foi confirmada pelas Forças de Defesa de Israel.

O correspondente da BBC na América do Norte, Anthony Zurcher, afirma que “Joe Biden, tal como o seu antecessor [Donald Trump], tem por vezes a tendência de sair do roteiro”.

“Com isso, sua equipe precisa se esforçar para esclarecer ou retratar essas falas”, lembra Zurcher.

Para o correspondente, o debate sobre a veracidade da afirmação acabou desviando o foco da mensagem de Biden — a de que ele condena o ataque do Hamas e apoia totalmente Israel.

“Crianças assassinadas são uma tragédia dolorosa, não importa como foram mortas. Mas as observações de Biden complicam as coisas para os EUA, que procuram ajudar e apoiar Israel”, analisa.

“À medida que o nevoeiro da guerra continua a girar em torno deste novo conflito, qualquer retrocesso ou confusão corre o risco de ajudar aqueles que tentam semear desinformação e lança dúvidas sobre acontecimentos e atrocidades que são comprovadamente verdadeiros”, avalia Zurcher.

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Viúva do célebre pensador palestino Edward Said condena violência do Hamas e de Israel; ela participa de evento em São Paulo nesta terça (10)

Viúva do célebre pensador palestino Edward Said condena violência do Hamas e de Israel; ela participa de evento em São Paulo nesta terça (10).

Em meio aos ataques recentes em Israel e na Faixa de Gaza, faz falta a voz do intelectual palestino Edward Said (1935-2003). Sua obra descreve, entre outras coisas, a relação que existe entre a desumanização e a violência. É uma ideia que volta à tona diante dos atentados contra israelenses e também dos bombardeios contra palestinos.

Por coincidência, Mariam Said, a viúva do pensador, está em São Paulo para falar sobre ele. É uma das convidadas do seminário “O Legado Intelectual de Edward Said”, realizado pelo Sesc em parceria com a Unifesp. O evento, gratuito, começa na terça-feira (10). É preciso se inscrever pela internet.

“Ele era um humanista”, diz Mariam à Folha. “Queria que o conflito fosse solucionado de uma maneira humana, acreditava na necessidade de as partes se sentarem para negociar em pé de igualdade.”

Ela condena a violência da facção Hamas e diz que, na história, essa tática não funcionou para os palestinos. “Se você se lembrar dos anos 1960, quando os palestinos sequestraram todos aqueles aviões, era uma ideia parecida. No fim, não rompeu nenhuma barreira.”

Condena também a resposta israelense. O governo de Binyamin Netanyahu fechou o cerco contra Gaza e deve intensificar os bombardeios. “É horrível, desumano e inaceitável.” Segundo ela, o mundo só aceita que isso aconteça porque não vê os palestinos como humanos.

Said é uma das principais referências para o estudo do Oriente Médio. Seu livro “Orientalismo”, de 1978, inclui uma poderosa crítica à maneira com que o mundo fala sobre árabes e muçulmanos. Said denuncia, por exemplo, o uso de estereótipos —como o das odaliscas e dos terroristas.

Além de Mariam, diversos intelectuais de renome participam do seminário em São Paulo. Na quarta-feira (11) falam o professor brasileiro Michel Sleiman e o historiador libanês Fawwaz Traboulsi.

Como a senhora está interpretando as notícias de Gaza?
É inacreditável. Mas, se você parar para pensar por um minuto, não vai culpar os agressores. A cada dois anos Gaza é bombardeada. Ninguém se importa com as pessoas de lá. Israel criou uma situação terrível com o cerco. Os palestinos chegaram ao seu limite.

A senhora está no Brasil para falar de Said. O que ele diria hoje?
Ele era um humanista. Queria que o conflito fosse solucionado de uma maneira humana, acreditava na necessidade de as partes se sentarem para negociar em pé de igualdade. Mas, quando visitamos a Palestina em 1992, percebemos que já não havia mais como ter uma solução de dois Estados. Hoje, talvez não haja chance nem para a solução de um Estado.

A senhora se surpreendeu com os ataques do Hamas no sábado (7)?
Se você tivesse me perguntado dois dias atrás, eu teria dito que era impossível. Não há saída da Faixa de Gaza pela terra, pelo mar e pelo ar. Eles estavam sufocados, não tinham como sair. Mas conseguiram sair.

Há um debate intenso sobre a legitimidade da violência nessa situação.
Jornalistas —na TV, no jornal, no rádio— chamam os palestinos de “terroristas” antes de dizer qualquer coisa. Com isso, com essa palavra, já deixam claro quem são os bandidos, os vilões. Já não pensam que os moradores de Gaza são como qualquer outra pessoa no mundo. Eles têm sentimentos, famílias, vidas. Estão pagando o preço por esse conflito.

A senhora condena a violência do Hamas?
Eu sou totalmente contra a violência. Na maior parte dos casos, a violência não funciona. Não funcionou para os palestinos. Se você se lembrar dos anos 1960, quando os palestinos sequestraram todos aqueles aviões, era uma ideia parecida. No fim, não rompeu nenhuma barreira.

Israel tem fechado o cerco em Gaza, dizendo que tem direito de agir.
É horrível, desumano e inaceitável. Os palestinos são humanos e têm que ser tratados como tal. Não importa a razão. Estão bombardeando civis. Isso não seria aceitável em nenhum outro lugar —apenas na Palestina.

Seu marido falava bastante sobre a desumanização dos palestinos…
Exato. É isso que está acontecendo.

O que vai acontecer nos próximos dias e semanas em Gaza e Israel?
Não aguento mais ver as crianças de Gaza sofrerem. Essa situação é perigosa, também, porque não sabemos como os outros atores regionais vão agir. Sim, os israelenses têm o direito de se defender. Sim, os judeus sofreram muito na Europa. Mas, como Edward costumava dizer, os palestinos são vítimas de vítimas. Precisamos ao menos reconhecer isso.

Com tudo o que está acontecendo, há perspectiva próxima de paz?
Está mais difícil. Muito mais difícil.

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Manipulações midiáticas sobre a geopolítica palestina, por Francisco Fernandes Ladeira

O não familiarizado com a geopolítica palestina, impressão é que Israel foi “vítima” de um “ataque gratuito” dos “terroristas do Hamas”.

Nas coberturas internacionais da grande imprensa brasileira, a linha editorial predominante sempre será aquela que esteja em acordo com os interesses das agendas externas das potências imperialistas. Não há exceção.

Nesse sentido, para tentar atrair a adesão do público, os discursos geopolíticos da mídia recorrem a determinados atalhos cognitivos (recursos linguísticos para tornar inteligível para o cidadão comum a caótica configuração das relações internacionais) e utilizam estratégias de manipulação como enquadramentos, fragmentação dos fatos, ocultação de condicionantes históricos e escolha de certas fontes em detrimento de outras.

No último sábado (7/10), a manchete dos noticiários internacionais dos principais veículos de comunicação do país (com poucas variações) foi a seguinte: “Ataque do grupo terrorista palestino Hamas surpreende Israel”.

Para o leitor/telespectador/ouvinte que não está familiarizado com a geopolítica palestina, a impressão é a de que o Estado de Israel foi “vítima” de um “ataque gratuito” dos “terroristas do Hamas”.

No entanto, se trata de pura manipulação midiática.

Conforme afirmou o professor Reginaldo Nasser, em entrevista à Fórum, o rótulo de “terrorista” ao Hamas é completamente inadequado, haja vista que o grupo, atualmente, é uma organização política que, na verdade, deflagrou uma operação militar contra o cerco ao seu território (Faixa de Gaza). Ou seja, não houve um “ataque à Israel”, mas uma “reação legítima” à ocupação israelense exercida sobre o território que pertencente, por direito, ao povo palestino.

Mas as manipulações midiáticas não pararam por aí. Como já bem apontou Perseu Abramo, uma das principais estratégias de manipulação da grande imprensa brasileira é o chamado “padrão de ocultação”, que se refere à ausência e à presença dos fatos reais na produção jornalística. Não se trata, evidentemente, de fruto do desconhecimento, e nem mesmo de mera omissão diante do real. É, ao contrário, um deliberado silêncio militante sobre a realidade.

Desse modo, é ocultado nos noticiários a informação de que Gaza – cercada por terra, mar e ar pelo Estado de Israel – apresenta uma das piores situações humanitárias no mundo (onde a insegurança alimentar é extremamente alta, chegando a 75-80% e, ainda por cima, há um controle rigoroso sobre a entrada de alimentos).

Além disso, é importante lembrar do silêncio midiático sobre a recente onda de ações do governo de extrema direita de Benjamin Netanyahu contra os palestinos, sobretudo em locais sagrados para o Islã, como a Mesquita de Al-Aqsa. Trata-se do motivo alegado pelo Hamas para a ofensiva contra Israel. Qualquer jornalismo minimamente plural, que ouve os dois lados de um conflito, teria mencionado esta questão.

Consequentemente, na grande mídia, as investidas do grupo palestino contra o Estado Sionista não tiveram causas; somente consequências. Desse modo, ocultando os fatos citados acima, é possível construir a narrativa de “ataque terrorista surpresa contra Israel”.

Mas não basta rotular o Hamas como “terrorista” e Israel como “vítima”, constituindo o atalho cognitivo maniqueísta de dividir o mundo entre “bem” e o “mal”. É preciso gerar aquilo que o linguista francês, especialista em Análise do Discurso, Patrick Charaudeau, chama de “efeito patêmico”, cujo objetivo é o engajamento/envolvimento da instância da recepção, por meio de performance no mundo dos afetos, despertando no público sentimentos como ódio, compaixão, tristeza e/ou solidariedade.

Assim, são incessantemente mostradas imagens das vítimas israelenses dos “ataques do Hamas”. As perdas do outro lado, diga-se de passagem, em número muito maior, são estrategicamente negligenciadas. Não por acaso, as reportagens em Israel privilegiam as perdas humanas; enquanto as notícias sobre Gaza enfatizam as perdas materiais.

Também nessa linha, é construído o discurso de que o exército de Israel visa somente “instalações militares” e o Hamas “ataca, sobretudo, a população civil; logo, é terrorismo”.

*GGN

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Hamas ameaça transmitir a execução de reféns israelenses se bombardeios em Gaza continuarem

Porta-voz do grupo extremista, Abu Obeida, disse responsabiliza Israel pela decisão de matar os cativos.

O Hamas, que lançou uma ofensiva-relâmpago contra Israel no sábado, ameaçou nesta segunda-feira matar reféns caso o Estado judeu continue com os bombardeiros contra a Faixa de Gaza. O grupo extremista armado acrescentou que pretende transmitir as execuções, diz O Globo.

“Qualquer ataque a civis inocentes sem aviso prévio será enfrentada infelizmente com a execução de um dos reféns sob nossa custódia, e seremos forçados a transmitir esta execução”, disse Abu Obeida, porta-voz do Hamas.

“Lamentamos esta decisão, mas consideramos que o inimigo sionista (Israel) e a sua liderança tem responsabilidade por isto”, afirmou Obeida, de acordo com a rede de televisão Al Jazeera.

Conflito armado
Dezenas de pessoas desaparecidas podem ter sido capturadas em Israel por integrantes do Hamas no último fim de semana. Agora, de acordo com a mídia local, as vítimas estão sendo mantidas em diferentes locais da Faixa de Gaza, e o governo israelense tem se mobilizado para estabelecer o número exato de reféns.

Porta-voz internacional do exército, Richard Hecht disse à CNN que “dezenas” de pessoas foram capturadas. Ele ressaltou que a situação era “complexa”, e que “civis, crianças e avós” estavam entre os desaparecidos. Além dos israelenses, porém, pessoas de outras nacionalidades também estão entre os sequestrados.

— O vídeo parece muito ruim, mas ainda tenho esperança. Espero que ela ainda esteja viva em algum lugar. Não temos mais nada pelo que esperar. Estamos tentando acreditar — destacou Ricarda, que também divulgou um vídeo nas redes sociais para apelar por informações sobre Shani.

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Após anos de cerco à Faixa de Gaza, ataque palestino contra Israel não foi inesperado

Diogo Bercito*

Mais de 2 milhões de pessoas no território não têm liberdade de movimento nem acesso a itens básicos.

Não dá para dizer que os ataques do Hamas ao sul de Israel neste sábado (7) foram inesperados. Palestinos têm dito há anos que a situação na Faixa de Gaza era insustentável, que um dia ia explodir —como explodiu.

Hamas e Israel vão travar um embate físico, de tanques e foguetes, mas vão se enfrentar também na arena pública nos próximos dias. Vão tentar convencer o mundo da justiça e da legalidade das suas ações. Nosso desafio é enxergar através da névoa da guerra. A perspectiva histórica ajuda nessas horas.

A Faixa de Gaza abriga diversas comunidades palestinas expulsas de suas terras em 1948, data da criação do Estado de Israel e do embate com seus vizinhos árabes. Herdaram um trauma. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou a faixa. Manteve colônias ali até a sua retirada unilateral em 2005. O território foi tomado em seguida pela facção radical Hamas, que controla Gaza desde então.

O Hamas governa Gaza de maneira autoritária e impõe costumes conservadores à população. Sua liderança se descreve como uma força de resistência. Está em constante atrito com a facção rival, o Fatah, que administra a Cisjordânia. Os laços do Hamas com o eixo iraniano preocupam Israel, em especial.

Com a justificativa de sua segurança, Israel mantém um bloqueio terrestre, aéreo e naval à faixa. É uma forma de ocupação indireta. Palestinos dizem, portanto, que vivem na maior prisão a céu aberto do mundo. São mais de 2 milhões de pessoas instaladas em um território de 365 quilômetros quadrados –um quarto da área do município de São Paulo. Uma das maiores densidades populacionais do mundo.

Moradores de Gaza não têm liberdade de movimento nem acesso garantido a coisas como eletricidade, água potável, remédios e material de construção. Governada por um grupo extremista, uma geração de jovens cresceu odiando as pessoas do outro lado do muro. O Hamas lançou nos últimos anos saraivadas de foguetes contra civis israelenses na fronteira. Israel respondeu com bombardeios, debilitando a infraestrutura local.

Na guerra de 2014, que eu cobri para esta Folha, vi em Gaza algumas cenas mais desoladoras da minha carreira. Entre elas, prédios residenciais transformados em crateras, destruindo famílias inteiras. Entre disparos israelenses vindos da terra, do ar e do mar, palestinos não tinham para onde fugir. É o tipo de memória que persiste por ali e que é instrumentalizada pelo Hamas em dias como hoje.

Desconfie, portanto, das análises dizendo que essa guerra é inesperada. O ataque do Hamas pode ter tomado o governo de Israel de surpresa —o que sinaliza um fiasco histórico de inteligência (e também de bom senso). Mas não é um evento inesperado. É um lembrete do risco de manter um status quo injusto, uma lição que vale para outros governos no mundo.

Os palestinos que aparecem nos vídeos cruzando a fronteira e entrando em Israel nunca tinham deixado a faixa de Gaza durante as suas vidas. Celebram uma fuga, também, e não apenas o ataque e os sequestros. Nada disso justifica, que fique claro, a morte de dezenas de civis israelenses. Imagens terríveis circulam neste sábado, registrando a captura e assassinato de inocentes. É preciso condenar os ataques do Hamas de maneira inequívoca, como tantos governos já fizeram, inclusive, sem titubear. É preciso pressionar as partes envolvidas para que interrompam as hostilidades, também.

Mas, na esfera pública, palestinos têm feito perguntas importantes, que não podemos ignorar. Por exemplo, querem saber por que o mundo celebra os ucranianos que resistem aos russos enquanto condena os palestinos de Gaza. Querem saber também por que as pessoas não censuram com tanta veemência o cerco contínuo à Faixa de Gaza. Querem saber, ainda, quem vai lamentar a morte de civis palestinos nos próximos dias, durante os ataques do Exército israelense, que vai tentar compensar seu fracasso com violência. A dúvida, nesse caso, é quem tem direito à humanidade.

*Folha

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Normalização de Israel com árabes é o alvo dos ataques

Jamil Chade*

Ao disparar foguetes em direção ao território israelense, o Hamas tenta mandar um recado claro e definitivo: não existirá qualquer processo de normalização das relações de Israel com o mundo árabe enquanto as reivindicações do movimento não forem atendidas.

Nos últimos meses, um esforço diplomático inédito tem permitido o restabelecimento de relações entre alguns países árabes e Israel. Há poucas semanas, uma delegação de Tel Aviv visitou a Arábia Saudita, algo que poderia ser considerado como impensável há poucos anos. Dias depois, um ministro israelense foi o primeiro representante da cúpula de um governo de Israel a fazer uma viagem oficial aos sauditas.

Já na semana passada, o ministro de Comunicações de Israel, Shlomo Karhi, também viajou para o país árabe e divulgou uma foto no qual ele e outros membros de sua delegação rezavam no quarto de hotel. Em suas mãos, partes da Torá, o livro sagrado hebraico. Os trechos seriam dados para o governo saudita, como parte dos esforços de normalização que, se fosse concretizada, mudaria a lógica e o mapa político da região.

Mas, para uma ala dos palestinos, a normalização da situação de Israel na região está ocorrendo num processo de marginalização de qualquer reivindicação do movimento em Gaza. Na Liga Árabe, o tema palestino não mobiliza mais e a situação desse grupo vive um abandono. Para muitos na região, a ideia de uma paz com o estabelecimento de dois estados é apenas um sonho distante. Na prática, uma ala palestina acusa parte dos árabes de traição.

Internamente, a liderança política palestina, o Fatah, está absolutamente desacreditado e sequer ameaça realizar eleições, por saber que seria o grande derrotado.

Ao disparar mísseis, o Hamas tenta enterrar definitivamente o Fatah, se apresenta para uma nova geração de palestinos inconformados como seus verdadeiros representantes e busca torpedear e bloquear o diálogo entre o mundo árabe e Israel.

O ataque também é um recado indireto dos iranianos aos sauditas de que a aproximação entre Israel e Ryad não é apreciada.

No fundo, o Hamas manda um recado para a região: nada poderá ser feito sem nós.

O problema, segundo diplomatas, é que, ao matar dezenas de civis inocentes, o grupo aprofunda a rejeição internacional e justifica o isolamento político que sofre nas principais capitais do poder.

 

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Casa Branca teria aprovado venda de armas de US$ 735 milhões a Israel em meio a tensões com Hamas

Segundo matéria publicada na Sputnik, governo dos EUA aprovou a venda para Israel de armas guiadas de precisão no valor de US$ 735 milhões (R$ 3,87 bilhões), informou hoje (17) The Washington Post citando fontes no Congresso americano.

De acordo com o jornal, o Congresso foi oficialmente notificado da proposta de venda em 5 de maio, vários dias antes de o movimento palestino Hamas iniciar primeiros ataques de foguetes contra Israel na sequência de tumultos em Jerusalém Oriental, quando várias famílias árabes foram forçadas a deixar suas casas no distrito de Sheikh Jarrah após decisão de um tribunal israelense.

Furo jornalístico: a Administração Biden aprovou a venda de armas guiadas de precisão no valor de US$ 735 milhões para Israel, criando alarme para alguns democratas da Câmara mais abertos ao questionamento do apoio de Washington a Netanyahu, sugerindo que a venda seja usada como meio de influência.

Trata-se de venda de Munições de Ataque Direto Conjunto (JDAMS, na sigla em inglês), que é um kit de orientação que converte bombas não guiadas, ou as chamadas “bombas burras”, em munições “inteligentes”.

Anteriormente Israel já havia comprado JDAMS, explicando que durante os ataques aéreos contra Gaza as munições guiadas de precisão ajudam a evitar mortes entre civis.

Fumaça e chamas durante ataques aéreos israelenses na cidade de Gaza, 14 de maio de 2021
Fumaça e chamas durante ataques aéreos israelenses na cidade de Gaza, 14 de maio de 2021

Alguns democratas da Câmara dos Representantes querem conhecer os detalhes da venda de armas proposta, uma vez que considera que a escolha do momento pode ser usada como meio de influência, avança jornal.

Após receberem a notificação formal da administração do presidente dos EUA sobre a venda de armas, os legisladores têm 20 dias para contestar com uma resolução não vinculativa de desaprovação.

Tal como muitos outros países, os EUA exigem um cessar-fogo imediato em Gaza, no entanto, Washington sustenta que Israel tem o direito de se defender contra o Hamas.

No domingo (16), Riyad al-Maliki, o ministro das Relações Exteriores da Palestina, disse que as famílias palestinas estão enfrentando horrores indescritíveis enquanto os ataques na Faixa de Gaza continuam.

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