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Ao menos 180 corpos são encontrados em cova comum no hospital de Khan Yunis, na Faixa de Gaza

Em 7 de abril, as tropas israelenses se retiraram da cidade no sul da Faixa de Gaza.

Os corpos de 180 pessoas foram encontrados pelos serviços de emergência palestinos em uma cova comum no Complexo Médico Nasser na cidade sul de Gaza de Khan Yunis, relatou a emissora Al Jazeera.

Os corpos, incluindo os de mulheres idosas e crianças, foram descobertos no pátio do hospital durante o fim de semana, segundo o relatório.

7 de abril, as tropas israelenses se retiraram da cidade, com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmando que as Forças de Defesa de Israel eliminaram o movimento palestino Hamas em uma estrutura militar na cidade.

Israel lançou uma incursão terrestre na Faixa de Gaza após o Hamas atacar o estado judeu em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando cerca de 240 outras. Até agora, mais de 34.000 pessoas foram mortas por ataques israelenses na Faixa de Gaza, de acordo com autoridades locais.

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Número de mortos na Faixa de Gaza sobe para 29.606

Hamas disse neste sábado que as forças israelenses atacaram mais de 70 casas de civis em Gaza nas últimas 24 horas.

Subiu para 29.606 o número de mortos na Faixa de Gaza desde o início da reação de Israel ao ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023, segundo um balanço atualizado pelo Ministério da Saúde palestino.

O porta-voz militar de Israel informou neste sábado (24/02) que as forças israelenses estão envolvidas em “combates intensos” contra o Hamas no centro e sul da Faixa de Gaza.

Os dois lados do conflito seguem em negociações para a libertação dos reféns israelenses. Segundo o canal saudita A-Sharq, o Hamas teria concordado em retirar a condição de um cessar-fogo total e em reduzir o número de presos palestinos libertados.

Agora, o grupo pede uma trégua inicial de seis semanas, que os israelenses saiam dos principais centros populacionais do enclave palestino e que entre 200 e 300 prisioneiros sejam libertados.

Em troca, o Hamas devolveria todos os reféns em seu poder.

As negociações acontecem depois que um plano para Gaza no pós-guerra, revelado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, levantou críticas do principal aliado, os Estados Unidos, e foi rejeitado pelo Hamas e pela Autoridade Palestina na Cisjordânia ocupada por Israel.

As negociações também acompanham o aprofundamento do medo dos civis de Gaza diante do risco de morrer de fome. O principal órgão de ajuda da ONU aos palestinos, a UNRWA, disse que os habitantes de Gaza estavam “em perigo extremo enquanto o mundo assiste”.

No território sitiado, onde 2,2 milhões de palestinos, estão ameaçados de “fome em massa” devido à falta de abastecimento suficiente de água e comida, segundo a ONU.

A ajuda humanitária, cuja entrada através da passagem de Rafah, no extremo sul de Gaza, está sujeita a aprovação de Israel, ainda é insuficiente e a sua entrega ao norte é difícil devido à destruição e ao bombardeio incessante.

Preocupação em Rafah

O Ministério da Saúde palestino disse neste sábado que uma criança de dois meses, Mahmoud Fatouh, morreu de desnutrição no hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza.

Na sexta-feira (23/02), o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, denunciou o “bloqueio e cerco imposto a Gaza” por Israel que poderia “representar o uso da fome como método de guerra” que é, lembrou ele, um “crime de guerra”.

A preocupação também cresce em Rafah, fronteira fechada com o Egito, onde pelo menos 1,4 milhão de pessoas, a maioria delas deslocadas, estão concentradas em condições precárias e ameaçadas por uma operação militar israelense em grande escala.

Antes do amanhecer deste sábado, os bombardeios israelenses custaram a vida a pelo menos 103 palestinos, informou o Ministério da Saúde palestino, que reporta diariamente cerca de 100 mortes em Gaza, naquela que é a maior ofensiva da história de Israel.

Não há lugar seguro

Israel prometeu aniquilar o Hamas, que assumiu o poder em Gaza em 2007 e que considera, tal como os Estados Unidos e a União Europeia, uma organização terrorista.

Depois de levar a cabo uma campanha de bombardeios terrestres, marítimos e aéreos contra o apertado território, o exército israelense lançou uma ofensiva terrestre no norte da Faixa de Gaza em 27 de outubro. As operações militares contra as guerrilhas urbanas lideradas pelo Hamas estão agora concentradas em Khan Younis, no sul.

As Forças Armadas de Israel anunciou ainda neste sábado que os seus soldados eliminaram “dezenas de terroristas”, apreenderam armas e destruíram um túnel em Khan Younis, transformada em ruínas.

*Opera Mundi

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Expansão da operação de Israel gera deslocamentos e novo alerta para o sul da Faixa de Gaza

Nações Unidas informaram que ao menos 100.000 pessoas deslocadas chegaram a Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza, nos últimos três dias.

As Nações Unidas manifestaram alarme face à crescente densidade de pessoas deslocadas internamente em partes da Faixa de Gaza, à medida que os militares israelenses expandem as operações na região.

Na sua última atualização, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês) afirmou que pelo menos 100.000 pessoas deslocadas internamente chegaram a Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza, nos últimos dias, após a intensificação das hostilidades em Khan Younis e Deir Al Balah, e as ordens de evacuação do exército israelense, diz a CNN..

As Nações Unidas disseram que Rafah já era a área mais densamente povoada de Gaza, com mais de 12.000 pessoas por quilômetro quadrado.

Há também um fluxo contínuo em partes de Deir Al Balah, no centro de Gaza. O Ocha afirmou que as instruções que acompanham um mapa online publicado pelas autoridades israelenses “pedem aos residentes que se mudem imediatamente para abrigos em Deir Al Balah, que já estão superlotados, acolhendo várias centenas de milhares de deslocados internos. O âmbito do deslocamento resultante desta ordem de evacuação permanece obscuro.”

O Ocha também divulgou números da Organização Mundial da Saúde (OMS) que mostram a propagação de doenças em Gaza, “particularmente devido aos recentes deslocamentos em massa no sul de Gaza. Algumas famílias foram forçadas a se mudar várias vezes.”

Cerca de 180 mil pessoas que vivem em abrigos sofrem de infecções respiratórias superiores; há 136,4 mil casos de diarreia (metade deles em crianças menores de cinco anos); 55,4 mil casos de piolhos e sarna; 42.700 casos de erupções cutâneas, além de surtos de icterícia e meningite.

“A falta de alimentos, de itens básicos de sobrevivência e a falta de higiene agravam ainda mais as já terríveis condições de vida dos deslocados internos, amplificam os problemas de proteção e de saúde mental e aumentam a propagação de doenças”, disse o Ocha.

O Ocha disse que, na sexta-feira (30), vários locais foram alvo dos militares israelenses em Khan Younis e Rafah, no sul de Gaza, com ataques aéreos e mísseis atingindo unidades habitacionais e infraestrutura, supostamente resultando em um grande número de mortes em áreas onde os palestinos têm realocado.

À medida que prossegue a sua campanha, Israel apelou repetidamente aos residentes em diferentes partes de Gaza para saírem, mas a ONU já avisou anteriormente que não têm para onde ir.

A análise da CNN descobriu que Israel atacou pelo menos três locais em Gaza, para os quais ordenou a evacuação de civis desde o início da guerra, em outubro.

FDI instrui pessoas em Gaza a usarem estradas costeiras em meio aos combates em Khan Younis
As Forças de Defesa de Israel (FDI) emitiram o que chamam de “várias instruções urgentes” às pessoas em Gaza sobre o que consideram rotas seguras no meio dos combates intensificados perto da cidade de Khan Younis, no sul de Gaza.

As FDI publicaram instruções em árabe, bem como um mapa em X, dizendo que o combate e o avanço das forças israelenses na área de Khan Younis significavam que os civis não poderiam usar o eixo principal de Salah Al-Din, que vai de norte a sul no meio de Gaza.

Em vez disso, as FDI disseram que permitiriam o movimento humanitário através de uma rota separada para o oeste de Khan Younis, ao longo da estrada costeira, permitindo o acesso a partes do centro de Gaza, incluindo Deir Al-Balah, que a ONU diz estar superlotada com pessoas deslocadas.

As FDI também anunciaram uma “suspensão tática das atividades militares” de quatro horas no campo de Rafah, no sul, para permitir o reabastecimento humanitário.

Dada a falta de comunicações e de Internet em Gaza, não está claro quantas pessoas estão cientes das instruções das FDI.

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Israel bombardeia painéis solares na Faixa de Gaza, informa ONU

Painéis solares de edifícios na Faixa de Gaza, especialmente na cidade de Gaza, no Norte do enclave palestino, foram destruídos durante bombardeiros da força aérea israelense. A informação é do Escritório para Assuntos Humanitários da Organização das Nações Unidas (Ocha). Com a eletricidade totalmente cortada desde o dia 7 de outubro, os painéis solares são uma das únicas fontes de energia, uma vez que a entrada de combustível em Gaza é proibida por Israel.

“Vários painéis solares nos telhados de edifícios, particularmente na cidade de Gaza, foram destruídos nos últimos dias durante os bombardeamentos israelenses. As instalações afetadas incluem os hospitais Shifa e Nasser, vários poços de água e padarias. Isto eliminou uma das fontes de energia restantes, que não depende de combustível”, alertou a Ocha.

A falta de combustível encerrou atividades de diversos poços de captação de água, uma usina de dessalinização de água do mar e de padarias na Faixa de Gaza. A Ocha diz que há indícios de que nenhuma padaria funciona mais na parte norte do enclave e que no sul o acesso ao pão é um desafio.

“O único moinho em funcionamento em Gaza continua incapaz de moer trigo devido à falta de eletricidade e combustível. Onze padarias foram atingidas e destruídas desde 7 de outubro. Apenas uma das padarias contratadas pelo Programa Mundial de Alimentos, juntamente com outras oito padarias nas zonas Sul e Centro, fornece intermitentemente pão aos abrigos, dependendo da disponibilidade de farinha e combustível. As pessoas fazem longas filas em padarias, onde ficam expostas a ataques aéreos”, destacou Ocha.

O palestino naturalizado brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos, contou nesta segunda-feira (6) que a farinha que eles têm deve durar mais dois dias. Ele está com a família em Khan Yunis, ao sul do enclave, aguardando autorização para deixar o local.

“O mais difícil para gente achar é farinha, farinha você não encontra. O saco de farinha, por exemplo, estava R$ 40 e hoje está R$ 150, R$ 200 e R$ 300 e você não acha. Muito complicado, muito sofrimento, cada dia pior que o outro”, lamentou.

Cessar-fogo
Nesse final de semana, os chefes de 18 agências da ONU apelaram para um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza para permitir a ajuda humanitária na região. Os representantes da ONU também pediram a libertação imediata de todos os reféns mantidos pelo Hamas.

“Mais ajuda – alimentos, água, medicamentos e, claro, combustível – deve entrar em Gaza com segurança, rapidez e à escala necessária, e deve chegar às pessoas necessitadas, especialmente mulheres e crianças, onde quer que estejam”, diz o comunicado.

*Agência Brasil

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Brasileiros ficam de fora de segunda lista para deixar a Faixa de Gaza

Na quarta-feira (1º) e quinta-feira (2), respectivamente, a primeira e a segunda listas foram divulgadas com as nacionalidades contempladas a deixar Gaza pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito.

Ao todo, as duas listas somam permissões para Austrália, Áustria, Bulgária, Finlândia, Indonésia, Jordânia, Japão, República Tcheca, membros da Cruz Vermelha e de ONGs, Azerbaijão, Barhein, Bélgica, Coreia do Sul, Croácia, Estados Unidos, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Macedônia, México, Suíça, Sri Lanka e Chade, segundo a CNN.

Além dos 367 norte-americanos liberados nesta sexta-feira, a segunda lista já havia autorizado a passagem de 400, em um total de 576 estrangeiros, segundo a embaixada.

Saída de brasileiros
Na tentativa de incluir o grupo de 34 brasileiros nas próximas levas de civis retirados da Faixa de Gaza, o chanceler Mauro Vieira telefonou nesta quinta-feira (2) à tarde para o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry.

Na conversa, segundo relatos feitos à CNN, Shoukry se comprometeu a “fazer gestões” amanhã para que os brasileiros sejam incluídos nas próximas listas.

A expectativa, no Itamaraty, era de que dificilmente esse contato telefônico entre os chanceleres tivesse efeitos práticos já nesta sexta-feira (3). Há esperança, porém, de que os brasileiros possam ser liberados de Gaza para o Egito em questão de dias.

Diplomatas brasileiros ouviram na quinta-feira, na sede do ministério em Jerusalém, que não há ingerência israelense na elaboração das listas e nem discriminação contra cidadãos do país.

Mais cedo, em entrevista à CNN, o embaixador Alessandro Candeas, chefe da representação do Brasil em Ramallah (Cisjordânia), disse que faltam “critérios claros” sobre as listas de autorizados a deixar Gaza pela passagem de Rafah. “Não há critério transparente. Nos parece relativamente aleatório”, afirmou Candeas.

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Assembleia Geral das Nações Unidas aprova por larga margem trégua humanitária na Faixa de Gaza; Estados Unidos e Israel votam contra

Com 120 votos a favor, incluindo o do Brasil, 14 contra e 45 abstenções, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução em que pede uma trégua humanitária na Faixa de Gaza, com a libertação de civis mantidos em cativeiro. O resultado aumenta a pressão sobre Estados Unidos e Israel, no momento em que uma invasão por terra do exército israelense é tida como iminente.

Apesar da ampla maioria, os governos dos Estados Unidos e de Israel votaram contra a resolução, que foi apoiada por China e Rússia, informa Jamil Chade, do UOL. Na Europa, houve uma ruptura, com a França e Espanha apoiando o texto, enquanto a Alemanha e Itália optaram pela abstenção

A adoção coincide com uma ofensiva militar israelense sobre o território palestino, gerando temores de uma escala sem precedentes na crise e a transformação das hostilidades em uma guerra regional.

A resolução não tem o mesmo peso de uma decisão do Conselho de Segurança e serve apenas como recomendação. Ainda assim, ela pede: o estabelecimento de corredores humanitários; a liberação imediata de civis sequestrados; e a revogação da ordem de evacuação do norte de Gaza por Israel

Também condena “atos terroristas”, mas não cita o direito a autodefesa por parte de Israel e nem o nome do Hamas

O debate foi iniciado ontem (26), em sessão marcada por um alerta por parte da delegação de Israel de que não aceitaria o texto. Segundo a diplomacia israelense, quem defende um cessar-fogo quer que as “mãos de Israel sejam amarradas”, permitindo espaço para o Hamas se rearmar.

A reunião ainda testemunhou ataques mútuos entre palestinos e israelenses, ameaças por parte do Irã e até a transmissão de um vídeo no qual um membro do Hamas decapitava uma vítima.

O documento inicial do projeto de resolução falava em um “cessar-fogo imediato” e não citava os crimes cometidos pelo Hamas, o que levou o governo de Israel a atacar a ONU. Mas, em negociações na madrugada de hoje, os países árabes aceitaram uma mudança no texto, na esperança de atrair um maior número de votos e isolar americanos e israelenses

O pedido de “trégua humanitária” vem num momento em que a ONU alerta que corpos estão sendo empilhados em Gaza e que a ajuda que entra pelo Egito não atende nem a 4% da necessidade dos 2,2 milhões de palestinos. Nesta sexta-feira, a ONU também qualificou a situação como “crime de guerra.

Para a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, o mundo precisava “condenar atos terroristas do Hamas”. “É um absurdo que essa resolução não nomeie os autores dos ataques”, disse ela.

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Palestinos vivem na Faixa de Gaza o maior êxodo desde a ‘Nakba’ (catástrofe), há 75 anos

O deslocamento forçado e palestinos do norte da Faixa de Gaza, desde o início dos bombardeios por parte de Israel, já é o maior desde a “Nakba” (catástrofe, em árabe), há 75 anos, quando caravanas de mais de 700 mil refugiados acossados pelas tropas israelenses foram obrigados a deixar suas casas e vilas. A Nakba ocorreu na época da fundação de Israel, em 1948.

A retirada atual começou depois do ultimato lançado pelo Exército de Israel no último dia 13, e devolveu aos palestinos a memória da desapropriação e desenraizamento, em um êxodo de dimensão bíblica que ainda se vive como um trauma coletivo.

― O deslocamento ordenado pelo Exército, na semana passada, sob o pretexto de proteger a segurança dos civis antes de uma intensa campanha bélica, é uma operação de limpeza étnica, que afeta centenas de milhares de civis ― advertiu o historiador palestino Johnny Mansour, de 62 anos, estabelecido na cidade de Haifa, no norte de Israel, onde o êxodo de 1948 teve menor intensidade do que em outras regiões que ficaram completamente esvaziadas de sua população árabe.

― O que está acontecendo em Gaza é a segunda Nakba, a maior desde 1948 e com o mesmo plano. Se as casas dos deslocados forem destruídas agora durante os ataques massivos, não haverá oportunidade de regresso. A ONU, por meio de seu escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), estimava em até 1 milhão o número de civis deslocados internamente na Faixa de Gaza desde o início do atual conflito, no dia 7.

Mais de 500 mil deles buscaram refúgio em instalações da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), que estima que cerca de 600 mil pessoas atravessaram o vale de Gaza, o limite ao sul da capital do enclave estabelecido pelo ultimato das Forças Armadas de Israel. Delas, 400 mil se amontoam atualmente em áreas próximas a fronteira com o Egito.

Se a ONU já declarou o enclave palestino inabitável, em 2020, a guerra e o rígido bloqueio agravaram ainda mais a situação.

― Desde a independência, em 1948, não havia acontecido um deslocamento de população dentro de Israel por questões de segurança do tamanho que estamos vendo agora, com cidades inteiras desalojadas, como Kiryat Shmona, perto da fronteira com o Líbano, com mais de 20 mil habitantes ― explica Meir Margalit, de 71 anos, historiador israelense alinhado com a esquerda pacifista e ex-chefe de assuntos palestinos na Câmara Municipal de Jerusalém.

― Mas isso não é nada em comparação com o êxodo que está acontecendo em Gaza. Aqui, só há umas dezenas de milhares de deslocados, que se não são recebidos na casa de familiares, se abrigam em hotéis custeados pelo Estado, segundo O Globo.

― Em Gaza, há um milhão de pessoas quase sem-teto. Isso é um crime contra a humanidade ― sublinha o especialista na questão palestina, autor do livro “Jerusalém, a cidade impossível”. ― Além disso, este êxodo não tem utilidade para Israel, uma vez que não será capaz de acabar para sempre com o Hamas e devolver o controle da Faixa de Gaza à Autoridade Palestina. O que Israel prepara é apenas parte de uma vingança, algo que termina sempre em um círculo vicioso de violência.

Perguntado se estamos assistindo a outra “Nakba”, o especialista responde:

― Em 1948, a população palestina foi deslocada à força e depois não foi autorizada a regressar às suas casas. O povo de Gaza deverá regressar às suas casas quando a atual guerra terminar, se Israel cumprir a sua promessa de não permanecer em terras palestinas, ao contrário do que fez há 75 anos. Não creio que este governo seja suficientemente estúpido para entrar naquele pântano: seria um Vietnã para Israel ― acrescentou.

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Bombardeios interrompem entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza

Explosões próximas da passagem de Rafah, fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza, interromperam a entrega de ajuda humanitária para a região. O segundo comboio, que continha 17 caminhões com suprimentos, ficou retido no lado egípcio da fronteira, diz a CNN.

Sem energia, o fornecimento de comida e água a meio milhão de pessoas será drasticamente afetado, de acordo com Juliette Touma, porta-voz da agência da ONU, em entrevista exclusiva à CNN sobre o conflito em Israel.

“O comboio que chegou com ajuda é de um número muito pequeno de caminhões, se compararmos com as reais necessidades na Faixa de Gaza. Vamos encerrar nossas operações na quarta-feira se o combustível não chegar, afetando a vida de mulheres grávidas, crianças, civis, pessoas como nós”, afirmou Juliette.

No sábado (21), os primeiros 20 caminhões cruzaram a passagem, que estava fechada desde os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro. O ponto de fronteira foi rapidamente fechado após a passagem do primeiro comboio de ajuda.

Agências das Nações Unidas (ONU) saudaram a entrada do primeiro comboio com ajuda humanitária, mas destacou que o volume “não é suficiente” para aliviar a deterioração da situação humanitária. A região recebeu insumos como água, alimentos e medicamentos, mas não combustível.

A ONU vem dizendo que é preciso de pelo menos 100 caminhões por dia para abastecer as pessoas na proximidade da passagem de Rafah.

Além disso, o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA), Philippe Lazzarini, afirmou que abastecimento de combustível das Nações Unidas na Faixa de Gaza acabará dentro de três dias.

Israel aumentou o número de bombardeios em Gaza neste domingo. No sábado (21), as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla de inglês) afirmaram que iriam intensificar os ataques aéreos para “minimizar o risco para as nossas tropas nos próximos estágios da guerra”, sinalizando a potencial incursão terrestre.

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Vídeo: Estamos diante de um verdadeiro holocausto do povo Palestino na Faixa de Gaza, diz professor

Eu estava pensando exatamente nisso quando me deparei com a fala do professor Gustavo Sampaio do departamento de direito público da UFF, na GloboNews.

Não há guerra nenhuma, Muito menos isso se relaciona com a ofensiva do Hamas. O que existe é um comportamento padrão adotado há 75 anos pelo Estado terrorista de Israel de extermínio do povo palestino para os colonos como qualquer colonizador, roubar-lhes as terras.

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Guerra na Faixa de Gaza matou em 15 dias quase metade de jovens e crianças palestinas vítimas de conflitos desde o ano 2000

Do total de 3.265 jovens vítimas de conflitos na Faixa de Gaza desde o ano 2000, quase metade das mortes de crianças e adolescentes palestinos registradas neste aconteceu nas duas últimas semanas, durante a guerra entre Israel e o Hamas. Foram mortos ao menos 1.524 menores na região no atual confronto, ou 46,7% do total.

O número óbitos de pessoas com menos de 18 anos em 15 dias de guerra é quase três vezes o total de menores mortos no ano com mais vítimas até então. Em 2014, 548 crianças e adolescentes foram vítimas de uma ofensiva de Israel para destruir foguetes e túneis em Gaza.

A Folha de S. Paulo cruzou dados de mortes de menores de 18 anos na Faixa de Gaza, registrados pela B’Tselem, organização israelense de direitos humanos, com as informações de mortes recentes divulgadas pela Ocha, agência das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, que considera estimativas do Ministério da Saúde de Gaza e faz esse mesmo recorte etário.

As duas organizações têm bases historicamente semelhantes e contabilizam vítimas consequentes do confronto bélico na região, mortas por explosões ou armas de fogo.

O boletim da ONU que inclui informações sobre menores, de quinta-feira (19), só traz atualização sobre crianças e jovens palestinos. Das mortes em Gaza, cerca de 40% das vítimas desde o dia 7 de outubro são menores de idade.

Do lado de Israel, autoridades locais estimam que 20 dos 705 mortos que tiveram os nomes identificados sejam crianças. A maioria morreu na ofensiva do Hamas a Israel há 15 dias.

Ao todo, o confronto tirou a vida de aproximadamente 5.800 pessoas, sendo 1.400 israelenses, e 4.449 palestinos, de acordo com autoridades locais.

A proporção de mortes palestinas é historicamente maior do que a de israelenses no confronto entre as duas partes. De 2000 até o início da atual guerra, 145 crianças e adolescentes israelenses foram mortos, sendo 90 em Israel, 51 na Cisjordânia e 4 em Gaza, de acordo com a B’Tselem.

No mesmo período, são 2.290 menores palestinos mortos, sendo 1.741 em Gaza, 537 na Cisjordânia e 12 em Israel.

Dados anteriores ao atual conflito indicam que foram 765 crianças de 0 a 12 anos e 976 adolescentes de 13 a 17 anos. No geral, 415 meninas e 1.326 meninos palestinos.

A morte de crianças foi uma das preocupações expressas na resolução proposta pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Com 12 votos favoráveis de 15 possíveis, o texto só não passou porque recebeu veto dos Estados Unidos, que destacou o direito de Israel se defender.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a mencionar as mortes de menores na sexta, em pronunciamento por vídeo, quando também classificou o ataque do Hamas de terrorista.

“Hoje quando o programa [Bolsa Família] completa 20 anos, fico lembrando que 1.500 crianças já morreram na Faixa de Gaza. Que não pediram para o Hamas fazer ato de loucura que fez, de terrorismo, atacando Israel, mas também não pediram que Israel reagisse de forma insana e as matasse. Exatamente aqueles que não têm nada a ver com a guerra, que só querem viver, brincar, que não tiveram direito de ser crianças”, disse.

Desde o início da guerra, cerca de 1 milhão de pessoas se deslocaram em Gaza: mais de 527 mil estão nas 147 estruturas emergenciais de abrigo montadas pelas Nações Unidas, a maioria na região central ou sul de Gaza.

Com o cerco à região, a crise humanitária se acentuou diante da escassez de água, alimentos, combustíveis e medicamentos.

Vinte caminhões de ajuda internacional conseguiram autorização para entrar na Faixa de Gaza neste sábado (21) a fim de levar mantimentos aos civis. Cerca de 200 caminhões ainda aguardam o sinal verde para a passagem.

Ao menos 210 pessoas ainda seguem reféns do Hamas, incluindo israelenses e estrangeiros, de acordo com as forças do país. O grupo liberou duas reféns americanas na sexta-feira.

Com informações da Folha de S. Paulo.