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Para acelerar saída de garimpeiros, governo Lula autoriza acesso de barcos para retirar invasores da Terra Ianomâmi

Passageiros das embarcações são fichados ao passar por pontos de bloqueio das autoridades; Polícia Federal, Ibama e Forças Armadas continuam com operação para destruir equipamentos do garimpo.

Segundo O Globo, o governo Lula passou a autorizar a partir deste fim de semana o acesso de embarcações para a retirada de garimpeiros ilegais da reserva indígena Ianomâmi, em Roraima.

Desde o início da semana, o Ibama, Funai e Força Nacional vinham montando pontos de bloqueio nos rios para impedir a entrada de barcos que levavam alimentos e combustível às áreas de garimpo. Com a nova ordem, os agentes recolhem os suprimentos e deixam o barqueiro seguir viagem.

Ao regressar ao bloqueio, os passageiros dos barcos são fichados pelas autoridades e liberados. Posteriormente, eles podem ser investigados em inquéritos instaurados pela Polícia Federal para apurar o garimpo ilegal no território Ianomâmi.

Com o espaço aéreo fechado pela Força Aérea Brasileira (FAB), os trabalhadores do garimpo começaram a fugir a pé pela floresta fechada, o que aumentou o risco de conflito com povos indígenas isolados que habitam a reserva. Segundo eles, o tempo de uma caminhada para chegar a Alto Alegre (RR), um dos municípios mais próximos da região, é de cerca de um mês.

Não há números oficiais, mas associações de garimpeiros estimam que há ainda 10.000 invasores na terra indígena. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que serão presos os que permanecerem na reserva.

— É importante que os garimpeiros saiam logo dali. A presença deles ali traz um risco fatal aos isolados, por isso aqueles que se recusarem a sair devem ser presos pela operação — disse ela. O ministro da Justiça, Flávio Dino, havia dito anteriormente que o plano era que as operações policiais começariam quando o território tivesse uma desocupação de quase 80%.

A ação da Polícia Federal, Ibama e Forças Armadas começou nesta sexta-feira, sem prazo para acabar. Os agentes sobrevoam à região em busca de acampamentos de garimpeiros, pistas de pouso clandestinas e ramais abertos na floresta. O maquinário encontrado está sendo destruído.

A fuga dos garimpeiros passou a ser incentivada pelas autoridades federais como forma de fazer a desocupação rápida do território Ianomâmi sem precisar recorrer à força. Três corredores aéreos foram criados pela FAB para retirar os garimpeiros, mas o frete subiu de preço e os mais pobres ficaram sem condições de sair pelo meio de transporte mais rápido.

Em Boa Vista, os garimpeiros fizeram na última quinta-feira um ato em protesto contra as ações do governo federal. Eles pedem o acesso de embarcações com comida e combustível para viagens de sete dias; e aeronaves para retirar os não indígenas do território Ianomâmi.

Neste sábado, as autoridades encontraram um acampamento de garimpo situado a menos de 15 quilômetros de uma comunidade de indígenas isolados Moxihatëtëa – o que aumentou o alerta para eventuais confrontos.

A tenda de lona dos invasores foi incendiada pelas autoridades.

Desde 2017, o Ministério Público Federal (MPF) faz alertas sobre a ameaça causada pelo garimpo ilegal aos Moxihatëtëa. Em 2021, houve relatos de dois nativos mortos por ação de garimpeiros na região.

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Interventor do DF afirma que invasores dos atos terroristas feriram 44 policiais e quase mataram um PM

Ricardo Cappelli disse ao ‘Fantástico’ que a noite de 8 de janeiro e que é a hora de ‘separar o joio do trigo’ na segurança de Brasília.

Ricardo Cappelli, interventor da segurança no Distrito Federal, afirmou na noite deste domingo ao “Fantástico” que 44 policiais ficaram feridos no embate com os invasores aos três poderes no dia 8 de janeiro. Ele afirmou que havia gente preparada em combate entre os manifestantes golpistas.

— Nós temos 44 policiais militares feridos em combate. Eles enfrentaram homens profissionais entre os manifestantes. Gente treinada e preparada. Gente que tinha noção de tática de enfrentamento, gente que tinha luva própria pra devolver granada e artefatos e gente que por muito pouco não ceifou a vida de um policial militar — afirmou Capelli.

Ao programa, ele afirma que encontrou um comando da segurança do Distrito Federal atordoado.

— Agora é a hora da gente separar o joio do trigo. Os que falharam, os que foram omissos, os que foram cúmplices e aqueles que honram a instituição, a polícia militar do Distrito Federal — afirmou. — A noite do dia 8 ainda não acabou. O dia 8 ainda não acabou. Essa noite ainda tem muita coisa pra ser… muita história por trás dela, muita investigação e a gente vai até o final.

*Com O Globo

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Sem repressão do governo, invasores loteiam e até criam canal no YouTube em floresta nacional de Rondônia

Ajudado por prefeitura, líder de invasão diz não estar nem preocupado com reintegração de posse.

Folha – Grilar e causar danos ambientais dentro de uma unidade de conservação é crime punível com prisão, mas invasores da Floresta Nacional (Flona) de Jacundá, em Rondônia, não temem em se expor em um canal de YouTube, discutem distribuição de lotes em um grupo de WhatsApp e até recebem ajuda de uma prefeitura.

A invasão começou em 15 de fevereiro, mas, passados quatro meses, não houve sequer uma notificação judicial. Pelo contrário: no grupo de WhatsApp, do qual a reportagem da Folha participou por duas semanas, imagens do acampamento mostram reuniões, festas e cultos evangélicos. Há também orientações para interessados e relatos de um sorteio recente de lotes.

Vídeos postados ali mostram máquinas da prefeitura de Candeias do Jamari (28 km de Porto Velho) arrumando a estrada de acesso ao acampamento. A reportagem tentou falar com o prefeito Valteir Queiroz (Patriota) desde 20 de maio, mas ele não respondeu aos pedidos de esclarecimentos deixados em seu celular.

No canal do YouTube “Jacundá – a Terra Prometida”, o aparente líder da invasão, Humberto Ferreira, protagoniza os vídeos. Em um deles, intitulado “Como conseguir teu lote no assentamento Jacundá”, ele orienta pessoas interessadas.

“Você quer ganhar uma terrinha também? Me chama aqui no privado, vou deixar meu contato. Aqui, nós ajudamos você a fazer a tua barraquinha. É por ordem de chegada”, afirma.

No vídeo, Ferreira afirma que eles não são invasores porque se trata de área da União. “Não existe reserva se pode tirar madeira, concorda?”, afirma.

O invasor se refere ao contrato de concessão florestal de 40 anos celebrado entre o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e a empresa Madeflona. Trata-se de uma operação legal que emprega cerca de 360 pessoas.

Os invasores não estão na área sob concessão madeireira, acessível por outro município da região, Itapuã do Oeste. Em 2019, no entanto, a Madeflona teve três caminhões incendiados, provavelmente por madeireiros ilegais.

A reportagem enviou perguntas ao ICMBio e ao Ministério do Meio Ambiente sobre quais providências foram tomadas contra a invasão de Jacundá, mas não houve resposta.

Em entrevista por telefone à Folha, Ferreira diz que a ação em Jacundá repete o histórico de ocupação de Rondônia, iniciado durante a ditadura militar, nos anos 1970, com a abertura da BR-364.

“Vamos pelas estatísticas. Se você for ver, 80% de Rondônia, onde hoje tem criador, pequeno produtor, um dia foi proibido entrar e hoje ele está dentro da sua terra. Então acreditamos que essa é uma área que amanhã pode chegar pro povo. A hora em que a PF, o Ibama, o ICMBio não conseguirem mais tomar conta, porque tem muita gente lá, aí é hora que eles têm de liberar. É assim que funciona: quando eles virem que eles perderam.”

Morador de Candeias do Jamari, ele disse que é formado em administração de empresas e que chegou à região há 14 anos, onde trabalhou na construção da usina hidrelétrica de Samuel.

Reintegração de posse em unidade de conservação em Rondônia

No mês passado, o governador Coronel Marcos Rocha (sem partido) retirou 209 mil hectares de terras griladas de duas unidades de conservação, boa parte desmatada. A decisão contrariou parecer da Procuradoria Geral do Estado e está sendo contestada na Justiça pelo Ministério Público de Rondônia.

Em 2010, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cedeu e reduziu em dois terços a Flona Bom Futuro, em Rondônia, também para regularizar centenas de invasores que haviam tomado e desmatado essa unidade de conservação a partir do governo Fernando Henrique Cardoso.

Sobre o futuro, Ferreira disse que a invasão está começando uma “nova fase” e que a meta é atrair 30 mil pessoas para dentro da Flona de 221 mil hectares, dos quais apenas 1,7% está desmatado, segundo o sistema Prodes, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais). “O projeto é ocupar tudo, não deixar nenhum pedacinho.”

*Fabiano Maisonnave/Folha

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