A tragédia indígena é militar

Bolsonaro não tinha um partido ou um grupo político organizado para tocar a máquina pública brasileira depois que foi eleito em 2018. O que fez? Usou as Forças Armadas como partido.

Quando se vence uma eleição, bem, é necessário… governar. A campanha fica pra trás e o dia a dia da máquina pública aparece na sua frente. Como nomear ministros, diretores de estatais, de agências reguladoras e todos os cargos que a administração de um país precisa pra FUNCIONAR?

Nas democracias do mundo todo, essa tarefa cabe aos partidos e seus quadros. É assim no Brasil, nos EUA, na França, no Japão. O que fez Bolsonaro? Sem partido nenhum, isolado na vida pública como sempre foi, o presidente eleito recorreu aos militares. Ministérios, estatais e agências foram ocupados por fardados.

O Tribunal de Contas da União identificou mais de 6 mil militares em postos civis no governo. Quase metade deles, identificou a Controladoria Geral da União, eram irregulares – “há militares que não poderiam estar exercendo a função civil e outros estavam mais tempo cedidos à administração pública do que a legislação permite. Há ainda aqueles que estavam recebendo mais do que deveriam, quase R$ 40 mil reais por mês”.

Só em cargos comissionados era 2.673 militares em 2021. Com um detalhe: 2.075 são da ativa. Eles não fazem falta nas unidades militares que serve originalmente? Ao menos abre-se aqui um debate sobre a utilidade (ou inutilidade?) de usarmos impostos para manter esses empregos. Aparentemente, com o fim do governo Bolsonaro, não precisamos deles nos quartéis.

As principais estatais do Brasil foram comandadas, via de regra, também por militares: Infraero, Correios, Petrobras, Itaipu…

Na Funai, órgão que deveria ter evitado o holocausto indígena que vimos nas últimas semanas, dos 39 coordenadores regionais, 22 eram militares — apenas dois eram civis servidores de carreira. Como poderia dar certo? Bem, de certa forma, deu certo: em um áudio publicado pela agência de jornalismo O Joio e o Trigo, um coordenador da Funai prometeu liberar garimpo em terras indígenas.

Qual a conclusão de tudo isso? Simples: que o governo Bolsonaro foi um governo MILITAR. Um governo militar que chegou ao poder pelo voto.

A tragédia, a desumanidade, a ofensa, a humilhação, a incompetência e a destruição que vimos nos últimos anos são, por consequência, MILITARES, e que assim passem à história.

*Leandro Demori

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Itaipu Gate: extorsão de Benítez por Bolsonaro requer impeachment”, diz senadora paraguaia

“É fundamental a solidariedade para se contrapor a “estas cúpulas econômicas mafiosas transnacionais que vêm se apoderar das nossas riquezas”.

“Quando se tem um presidente da República que pode ser extorquido por outro presidente para seus negócios pessoais, como você se sentiria? O que dizer diante do seu presidente flagrado numa atitude de entrega e servilismo? Que sensação teria diante de tamanha manifestação de antipatriotismo, como demonstrou Mario Abdo Benítez?”, questionou a senadora paraguaia Esperanza Martínez, em entrevista exclusiva a Leonardo Wexell Severo, para a revista Diálogos do Sul.

Líder da bancada da Frente Guazú no Senado, a ex-ministra da Saúde do governo de Fernando Lugo defendeu o impeachment de Marito e a mobilização em defesa da represa de Itaipu como patrimônio público, denunciou o objetivo de privatização da Eletrobrás e da Administração Nacional de Eletricidade (ANDE) e assinalou que “por trás de duas figuras como Bolsonaro e Mario Abdo estamos falando de grupos econômicos muito poderosos, de capitais transnacionais, dos quais provavelmente sejam simplesmente a fachada”.

Esperanza Martínez: A primeira reação foi uma forte indignação. Para o Paraguai é estratégica uma negociação com o Brasil de forma a poder recuperar 50% da energia e fazer um plano de desenvolvimento para os próximos 20 ou 30 anos, pois [após cinco décadas] terminaremos de pagar a dívida. Então, nos informamos pela denúncia do presidente da ANDE (Administração Nacional de Eletricidade) que o presidente Mario Abdo Benítez já havia concretizado com o presidente Bolsonaro um acordo secreto que dava, além de benefícios de sessão de energia, através da compra de potência, uma transação a favor de uma empresa aparentemente envolvida com familiares diretos do presidente brasileiro – deixando de lado a Eletrobrás, que aparece no Tratado de Itaipu como responsável. Fomos informados que para conseguir essa negociação, o presidente Bolsonaro, também dito pelas próprias autoridades, vinha extorquindo o Paraguai de tal maneira a que fossem cedidas todas as demandas colocadas no tratado secreto. Quando se tem um presidente da República que pode ser extorquido por outro presidente para seus negócios pessoais, como você se sentiria? O que dizer diante do seu presidente flagrado numa atitude de entrega e servilismo? Que sensação teria diante de tamanha manifestação de antipatriotismo, como demonstrou Mario Abdo?

Este antipatriotismo tem raízes bastante profundas.

Já sabíamos que na época do ditador Alfredo Stroessner [que governou com mão de ferro o país de 1954 a 1989, distribuindo oito milhões de hectares aos amigos, o equivalente a um terço das terras aráveis] seu pai ocupava um cargo muito importante, foi seu secretário particular. Na época foi parte de todo o processo de corrupção do lado paraguaio, quando foram criados os chamados “Barões de Itaipu”, os grandes ricos, com enorme poder econômico, que ergueram suas imensas fortunas privadas com o que deveria ser de toda a sociedade. Aqui no Paraguai há uma forte indignação sobre a posição política do presidente e a maneira como se comportou na relação bilateral com o presidente Bolsonaro, a quem, aparentemente, estava cedendo benefícios de compra direta a uma empresa ligada à sua família.

Um tipo de comportamento que traz para o calendário de ambos os países a ameaça da privatização das duas estatais, a Eletrobrás e a ANDE.

O temor que temos desde há muito tempo é o tema da privatização da ANDE, apesar de que no Paraguai todos os Sindicatos, a cidadania segue majoritariamente defendendo a manutenção da empresa como estatal. Por meio da Frente Guasú, que é a força política a qual pertenço, apresentamos um projeto de lei fazendo uma agenda de investimentos de agora até 2023 para a construção de linhas de transmissão, fortalecimento institucional da ANDE e outros investimentos na rede elétrica para que o Paraguai possa finalmente utilizar a energia e fortalecer sua empresa pública. Para nós a eletricidade é como o petróleo, o elemento mais estratégico para o desenvolvimento, ter uma represa que possa produzir energia renovável e não contaminante. Deveríamos, portanto, colocá-la como bem público inegociável. Há uma disputa entre os setores progressistas e de esquerda para sustentar a ANDE como empresa elétrica, pública, porém, evidentemente, há também interesses de empresários paraguaios e brasileiros para a privatização, o que seria outro escândalo. Um abuso que nos conectaria com este antecedente que é o início de negócios privados contaminando a relação das nossas duas empresas. Acredito que o projeto de privatização também ameaça a Eletrobrás.

Bolsonaro e Marito reforçam o projeto de privatizar e desnacionalizar um bem estratégico para o desenvolvimento conjunto dos nossos países e povos, colocando um investimento comum a estes povos na mão de cartéis estrangeiros.

Aqui se acredita no envolvimento, em seu momento, de Dario Messer, que foi muito próximo do ex-presidente Horácio Cartes [considerado por ele como “irmão de alma”, matéria no link:

E que hoje está preso no Brasil, imputado por lavagem de dinheiro e forte participação de bancos paraguaios, incluindo o próprio Banco Central. Messer tem cidadania israelense.

Haveria então também interesses de Israel?

O embaixador de Israel no Paraguai se retirou quando se retrocede na proposta de instalação da embaixada em Jerusalém. O presidente Cartes havia instalado a embaixada e o presidente Mario Abdo a retira. Isso produziu uma crise no relacionamento entre os dois. O que sabemos é que desde o golpe parlamentar contra o presidente Fernando Lugo, em 2012, se instala um projeto econômico e político através das transnacionais. No nosso caso foi muito claro com a soja transgênica que estava sendo retida durante o governo de Lugo e, cerca de duas semanas depois do golpe parlamentar, quando assume Federico Franco, entram 17 tipos de soja, de milho e outros grãos transgênicos. Há o tema do aquífero Guarani, que é outra reserva estratégica, pois a água será o ouro branco deste século. Nós temos água doce, com reservas muito importantes. Então são várias empresas transnacionais que estão de olho na nossa água, na nossa energia e na nossa terra.

Temos um aumento da estrangeirização da terra muito forte, com um modelo latifundiário muito extenso e arraigado, um dos de maior concentração do mundo [1,6% da população detém 80% das terras cultiváveis, conforme a Oxfam]. Não é uma questão simples, não é uma questão casual, há um plano estabelecido. É preciso recordar que Paraguai, Brasil e Argentina, com sua tríplice fronteira, estão em um lugar estratégico geopolítico para os Estados Unidos e para qualquer das potências mundiais. Portanto, entregar o controle da energia, da água e do acesso à terra equivale praticamente a abrir mão da nossa soberania a potências estrangeiras. Por isso há uma luta muito forte, uma preocupação e uma indignação com o que está passando e acreditamos que não só o povo paraguaio, mas o povo brasileiro deve entender que por trás de duas figuras como Bolsonaro e Mario Abdo estamos falando de grupos econômicos muito poderosos, de capitais transnacionais, dos quais eles provavelmente sejam simplesmente a fachada. Por isso acredito que deve haver uma solidariedade, uma indignação, entre ambos os povos, porque são os nossos governantes de turno que estão entregando nossa soberania.

O Paraguai tinha a proposta de utilizar esses recursos de Itaipu para se desenvolver, se industrializar, fazer crescer sua economia, e isso praticamente se perde, é anulado com esta criminosa negociata…

O que se assinou na ata tem dois ou três aspectos. Por um lado, estava a questão da compra de potência onde, evidentemente, metade da potência pertence a cada país. O Brasil usa quase 75% da energia que se produz. O tratado falava inicialmente de um cronograma de dez anos em que o Paraguai consumiria a sua parte e o que não utilizasse iria para o Brasil. Algo que nos parecia injusto, mas em todo caso deveríamos fazer a programação entre ambos os países. O fato é que quando não se tem um nível de programação estratégica muito desenvolvido se pode pensar e planificar de maneira errada. E o que significa isso? Se pode planificar a contratação de potência por debaixo do que podes necessitar e esta diferença já vais comprar por um preço muito mais alto. A prática tem sido a de acordar entre as duas empresas, a Eletrobrás e a ANDE, entre os diretores de Itaipu, a compra de potência ano a ano. Então o que fez agora esse tratado? Obrigou o Paraguai a que planificasse até 2023. Para que a variação de potência fosse menor do que já tínhamos em notas reversas. Então se o Paraguai, por alguma razão, crescer mais terá de pagar muito mais. Se estima um dano de US$ 270 milhões. Se fizermos uma comparação, é o que o Paraguai recebeu pela compensação no tratado Lula-Lugo em que pela cessão de energia passamos de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões. Dez anos depois, hoje, é como se voltássemos a perder este benefício que já estávamos recebendo. Por outro lado, também as águas do reservatório são entregues majoritariamente para o Brasil quando deveriam ser repartidas pela metade. Isso também é de um custo econômico muito alto. Há vários pontos que criam de alguma maneira melhores condições para o Paraguai negociar 2023 que, creio, será um processo.

E no meio de tudo isso aparece o escândalo da Leros…

O outro elemento muito perigoso foi essa tratativa feita pela empresa Leros, através um jovem de 27 anos, que se relaciona com o presidente Bolsonaro, que foi apresentado ao presidente Mario Abdo ao lado do ministro da Economia e do presidente da Ande. São várias instâncias de alto nível interatuando, recebendo a esta empresa por recomendação do presidente Bolsonaro e que, evidentemente, de alguma maneira estava sendo feito às escondidas dos povos brasileiro e paraguaio. Caso não tivesse havido esta denúncia provavelmente teríamos sido informados sobre fatos consumados que vão ter repercussão na economia e no desenvolvimento dos próximos 30 anos.

Estamos falando de que montantes?

Imagina que deixar de pagar a dívida significa uma economia de US$ 1,15 bilhão. Temos sete milhões de habitantes, por isso que as cifras são muito mais importantes para o Paraguai. A partir do golpe parlamentar, o Paraguai se endividou US$ 7 bilhões, US$ 1 bilhão ao ano. Esses recursos nos permitiriam pagar uma dívida que está programada para 30, 40 anos, em sete anos. Ainda não estamos falando da negociação e do uso da energia para investimentos ou da venda a preço de mercado ao Brasil ou a quem quer que seja. Estamos falando de um recurso econômico que poderia significar ao Paraguai não somente pagar sua dívida externa, significaria recursos que abririam a possibilidade de mudar o modelo. Seriam recursos para sairmos do modelo agroexportador ligado a commodities que, com os preços flutuantes, fazem cambalear nossa economia e avançar rumo a um processo desenvolvimentista, industrial crescente, que gere empregos. Não queremos empresas como a Léros que vem e levam meia turbina de Itaipu e acabam sendo muito poderosas, que passam a controlar a política dos nossos países. Necessitamos de industrialização, porque é com a geração de emprego que sairemos da pobreza, gerando condições para que a população tenha renda crescente. Por outro lado, precisamos de fortes investimentos na área social, uma reforma no sistema de saúde e de educação, no transporte elétrico público. Precisamos de fortes investimentos para que este modelo de matéria-prima extrativista seja superado. Esta é a chave para sairmos de um Paraguai empobrecido, endividado, com múltiplos problemas sociais e econômicos e rumarmos para um projeto de desenvolvimento, de combate à pobreza e à desigualdade social. Por isso nos indigna tanto o que ocorreu. Hoje as pesquisas falam que o presidente Mario Abdo tem 82% de rechaço. Não é capaz de liderar o país.

Qual o papel das mobilizações a partir de agora?

Acredito que a oligarquia paraguaia está preocupada porque mesmo que não haja o julgamento político e o impeachment, por não haver o número de votos necessários, a crise não será superada. Num ato de suicídio político o presidente disse: quem vem compor um gabinete se não sabe que vai durar? Disse que ninguém aceita as mudanças porque ninguém sabe se conseguirá se manter. Os setores oligárquicos têm pressionado para que se vote na próxima semana o projeto de impeachment e que seja rechaçado. Eu acredito que de alguma forma o projeto será arquivado, mas a crise não será superada.

Por que a crise se aprofunda, como reconhecem até mesmo os principais meios de comunicação?

Em primeiro lugar porque temos um presidente totalmente controlado, atado e manejado como um marionete pelo ex-presidente Horacio Cartes. E Cartes não permite que seja concluído o juízo político [processo de impeachment] e se faça a mudança de governo porque ele tem um teto de vidro por sua relação com Messer, por seus antecedentes, ligado ao contrabando de cigarros e etc, onde provavelmente tanto os Estados Unidos como o Brasil tenham provas para levá-lo à prisão nos EUA. Da mesma forma que o governo de Israel. As versões que correm, e que nos parecem muito próximas à realidade, é que o dia em que o presidente Horacio Cartes muda de posição – e passa a apoiar a Mario Abdo – se deu uma tratativa entre Goli Stroessner, neto do ditador, que vive nos Estados Unidos, que fala com o embaixador de Israel nos EUA, e pede ajuda. Falam com o presidente israelense e o embaixador de Israel na Argentina viaja para o Paraguai se reúne com Horacio Cartes às oito horas da manhã e às dez horas ele anuncia sua mudança de parecer em relação ao impeachment. Tínhamos 26 votos pelo impeachment às 8 horas e às 10 horas ficamos sem nenhum. Aqui houve um forte entrelaçamento entre a embaixada dos Estados Unidos, Itamaraty, o presidente Bolsonaro, o governo de Israel, o presidente Mario Abdo Benítez e o ex-presidente Horacio Cartes. Mais setores econômicos, provavelmente, de ambos lados, tanto do Brasil como do Paraguai, evidentemente estão na expectativa de estabilizar governos como o de Mario Abdo e de Bolsonaro. São governos que vêm passando por um rápido processo de deterioração, baixando o seu nível de aceitação muito aceleradamente. É uma jogada de xadrez, em que se movem peças estratégicas, cuidando alguns pontos e ameaçando outros.

A situação está bastante conturbada e o cronômetro foi disparado.

Acredito que será muito complexo o que está por vir. No caso de Mario Abdo estamos falando de um governo que acaba de completar um ano. E não se trata apenas da negociação de Itaipu, ele tem sobre suas costas a crise econômica internacional, a baixa dos commodities, a desaceleração da economia paraguaia, a diminuição dos ingressos da balança comercial, as sequelas das crises climáticas dos dois últimos anos, a seca e depois a inundação que comprometeu a produção de soja. No caso da agricultura familiar, uma crise pela baixa do consumo, pelas inundações, pela perda das colheitas e também uma baixa nos preços, o que faz com que tenhamos muitos camponeses endividados sem poder vender sua produção e passando fome, esta que é a realidade. Então se somas desemprego, aumento da pobreza extrema, um sistema de saúde onde as pessoas precisam fazer atividades solidárias, rifas, vender hambúrguer, frango e comida para custear seu pagamento, isso é um caldo de cultura muito forte para o crescimento da indignação. Creio que as condições estão dadas para que em muito pouco tempo venha a explodir a revolta, com qualquer outra faísca que surja no próximo período. Considero muito difícil que o presidente Mario Abdo Benítez conclua os seus cinco anos de mandato.

Dizem que a solidariedade é a mais bela das palavras. O que terias a dizer ao povo brasileiro?

Falo ao povo brasileiro, e aí minhas palavras são como mãe, tenho três filhos. Para além do meu trabalho político, de senadora, de militante progressista, tenho saído às ruas como mãe, como cidadã, porque estou defendendo nosso presente e nosso futuro. Quero viver no Paraguai, quero ser avó e ter netos no Paraguai, quero morrer no Paraguai, e quero que meus filhos vivam melhor do que nós e nossos pais temos vivido. Acredito que este mesmo desafio tem o povo brasileiro. Com todo o respeito, quero dizer-lhes que nossas lutas são as mesmas, que estamos juntos e que precisamos entender que a solidariedade dos povos é que vai atuar sobre estas cúpulas econômicas mafiosas transnacionais que vêm se apoderar das nossas riquezas para beneficiar setores privilegiados da sociedade. Este modelo neoliberal conseguiu colapsar a sociedade e fazer com que um grupo pequeno tenha demais, demasiado, não podendo sequer gastar o que acumularam, enquanto temos uma grande maioria cheia de necessidades e sem oportunidades de uma vida digna. Gostaria de dizer que estamos juntos, para além do que projetem nossos governantes e cúpulas econômicas e políticas, os povos são solidários. Um abraço forte, solidário e fraterno, como são nossos abraços há muito tempo.

 

*Leonardo Wexell Severo é jornalista e colaborador da Diálogos do Sul.

Vídeo: TV paraguaia liga Bolsonaro à empresa envolvida no escândalo de Itaipu

A imprensa paraguaia vem denunciando o esquema havido entre o presidente e o vice-presidente locais, Mário Abdo Benitez e Hugo Velázquez, respectivamente, com o empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), e, segundo os veículos de comunicação do país vizinho, com vínculo familiares ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PSL).

O escândalo envolve a compra e venda do excedente de energia elétrica produzida pela Itaipu que, ainda de acordo com a imprensa do Paraguai, seria “atravessada” por gente ligada a Bolsonaro.

Assista ao vídeo

Vídeo: Senado vai investigar escândalo de Itaipu que envolve Bolsonaro

Segundo o requerimento do senador Jaques Wagner, a comissão deveria investigar a “tentativa de favorecimento ilegal a uma empresa brasileira que atua na área de energia, a Leros”.

O senador Jaques Wagner (PT-BA) conseguiu aprovar nesta quinta-feira (8), na Comissão de Relações Exteriores do Senado, uma subcomissão para investigar o escândalo do acordo de Itaipu, que levou o governo do Paraguai a uma crise que pode custar o mandato do atual presidente, Mário Abdo Benitez, e do vice, Hugo Velazquéz.

O caso respinga em Jair Bolsonaro porque o tratado teria sido alterado por lobistas para favorecer uma empresa brasileira de energia, a Leros, que teria sido associada à família do presidente.

A Leros teria demandado exclusividade na compra de energia excedente de Itaipu, removendo do acordo a possibilidade da estatal paraguaia fazer a distribuição no mercado brasileiro. O empresário Alexandre Giordano teria sido o brasileiro, suplente do senador Major Olímpio (PSL), a afirmar que a Leros tem ligações com a família Bolsonaro. Depois que o caso veio à tona, ele negou a informação divulgada pela imprensa paraguaia.

Segundo o requerimento de Wagner, a comissão deveria investigar a “tentativa de favorecimento ilegal a uma empresa brasileira que atua na área de energia, a Leros”. Além disso, deve “fazer gestões junto ao Senado do Paraguai, no sentido de distender o clima de apreensão e desconfiança criado por negociações sigilosas e malconduzidas.”

Leia abaixo o requerimento (Req 052/2019) aprovado no Senado:

Senhor Presidente,

Requeiro, nos termos do art. 73 do Regimento Interno do Senado Federal, a criação de Subcomissão Temporária, composta de 3 (três) membros titulares e igual número de suplentes, para, no prazo de 60 (sessenta) dias, informar-se inteiramente sobre tentativa de favorecimento ilegal a uma empresa brasileira que atua na área de energia, a Leros, à qual fora prometida a venda de energia excedente do Paraguai no mercado livre de energia do Brasil a preços e condições imbatíveis, gerando grande sensibilidade política, no contexto das relações bilaterais Brasil/Paraguai. Ao mesmo tempo, fazer gestões junto ao Senado do Paraguai, no sentido de distender o clima de apreensão e desconfiança criado por negociações sigilosas e malconduzidas.

JUSTIFICAÇÃO

Tal renegociação, ocorrida em inexplicável sigilo, resultou na elaboração de uma Ata que modificava parte do texto do Tratado de Itaipu, com o objetivo de aumentar a energia contratada pelo Paraguai naquela hidrelétrica Tal Ata provocou imensa comoção no Paraguai, com acusações de que os negociadores traíram os interesses paraguaios, pois essa modificação na quantidade de energia contratada provocaria aumento no preço da energia elétrica consumida por nosso vizinho. Como resultado, caíram de seus cargos o Ministro da Relações Exteriores do Paraguai e várias outras autoridades paraguaias. O próprio presidente do Paraguai, Mario Abdo, está ameaçado de juicio político (impeachment), por ter conduzido as negociações. Para agravar o quadro, a imprensa do Paraguai divulgou, com base em mensagens trocadas por autoridades paraguaias, que teria havido tentativa de favorecimento ilegal a uma empresa brasileira que atua na área de energia, a Leros, à qual fora prometida a venda de energia excedente do Paraguai no mercado livre de energia do Brasil a preços e condições imbatíveis. Independentemente dos interesses legítimos do Brasil em tal renegociação, é forçoso reconhecer que seus resultados foram desastrosos para nosso país. É preciso lembrar que o tema Itaipu é de grande sensibilidade política, no contexto das relações bilaterais Brasil/Paraguai. Nesse sentido, a intensa repercussão negativa dessas renegociações no Paraguai compromete as relações bilaterais com o Brasil e lança sombras sobre a revisão do Anexo C de Itaipu, que terá de ser inteiramente reformulado em 2023. Caso essas relações bilaterais sejam azedadas, o Brasil correrá o sério risco de ficar sem a energia que o Paraguai não usa em Itaipu.

SF/19162.42302-46 (LexEdit)
Assim sendo, julgamos urgente e prioritário que o Senado Federal envie comissão ao nosso querido vizinho para informar-se inteiramente sobre tal questão e, ao mesmo tempo, fazer gestões junto ao Senado do Paraguai, no sentido de distender o clima de apreensão e desconfiança criado por negociações sigilosas e malconduzidas. Nesses termos, pedimos o apoio dos nobres pares a essa importante propositura.

Sala da Comissão, 7 de agosto de 2019.
Senador Jaques Wagner (PT – BA)

Assista ao vídeo

 

*com informações do GGN

 

Caso Itaipu: Carta liga suplente de Major Olímpio à empresa ao clã Bolsonaro

Apesar de Alexandre Giordano negar qualquer relação com a Léros, carta de intenções da empresa foi endereçada a seu escritório, na zona norte de São Paulo, no mesmo prédio onde funciona o diretório do PSL.

Em mensagens trocadas entre Pedro Ferreira, ex-presidente da estatal elétrica Ande, e o advogado José Rodríguez González, assessor jurídico informal da vice-presidência do Paraguay, é possível identificar o envio de uma carta de intenções, em nome da Léros – empresa ligada ao clã Bolsonaro – ao empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP). A empresa brasileira é acusada de ter se beneficiado do acordo secreto de renegociação entre Brasil e Paraguai no dia 24 de maio, que pode resultar no impeachment do presidente paraguaio, Mario Abdo.

Em entrevista à Piauí, Giordano negou qualquer envolvimento com a Léros em relação ao Paraguai. “Já trabalhamos juntos antes, mas fui representando a minha empresa, a Léros estava lá como outra empresa.” No entanto, na carta de intenções é possível confirmar que ela foi recepcionada pela ANDE, em 12 de julho deste ano, e logo enviada por Nicolás Kac Pinto a Alexandre Luiz Giordano. O endereço do destinatário, local onde estão as empresas de Giordano, também é sede do partido de Bolsonaro em São Paulo.

Outro ponto que chama a atenção é o teor da carta, que revela interesse na compra de energia da Ande pela empresa Léros. No entanto, já havia se passado mais de um mês que este item foi retirado do acordo. Ainda, o pacote, enviado pelo correio, vem endereçado da rua Rambla Gandhi 221, em Assunção, um endereço que não existe na capital paraguaia, mas sim em Montevidéu, no Uruguai.

 

 

*Com informações da Forum

É necessária uma investigação do esquema de Bolsonaro e PSL em Itaipu

“Estamos diante de uma suspeita forte de corrupção que atinge diretamente o gabinete e o partido presidencial [PSL] e que, além disso, põe em risco uma área sensível e estratégica para o Brasil, que é o suprimento de energia elétrica pela Usina Binacional de Itaipu”, afirma o colunista Jeferson Miola. Os termos do acordo com o Paraguai sobre Itaipu “são uma obra-prima de predatismo e rapinagem de bens públicos”, acrescenta.

A Ata Bilateral sobre Itaipu foi assinada secretamente em 24 de maio passado pelos representantes das chancelarias do Brasil e do Paraguai.

Referida Ata, que modifica a forma de contratação pela ANDE [Administración Nacional de Eletricidad] da energia de Itaipu para consumo do Paraguai, só foi conhecida devido ao escândalo que quase culminou na abertura de processo de impeachment do presidente paraguaio Mario Abdo Benitez e causou a demissão de autoridades do governo paraguaio, dentre elas o chanceler e o embaixador no Brasil.

Não fosse a denúncia de técnicos da estatal ANDE, um esquema corrupto de negócio já estaria em andamento.

Os termos do acordo, concebidos por agentes privados diretamente interessados no negócio, são uma obra-prima de predatismo e rapinagem de bens públicos: nefastos aos interesses dos 2 Estados nacionais, mas magnânimos com uma empresa vinculada a políticos do PSL.

Ante a crise instalada no país vizinho, Bolsonaro apressadamente concordou com a decisão unilateral do Paraguai de cancelar o acordo. Como justificativa para o rápido e inusitado recuo, ele pretextou preocupação com a estabilidade política do aliado, que poderia ser destituído em processo sumário de impeachment.

A realidade revelada por segmentos da imprensa paraguaia mostra, contudo, que o motivo da pressa do Bolsonaro pode não ter nada a ver com solidariedade política com o presidente paraguaio, mas sim com o objetivo de abafar o caso e evitar que venham a público detalhes de um escândalo de corrupção que envolve seu governo, seu partido e alguns aliados íntimos.

No centro da tramóia está Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio/PSL [líder do Bolsonaro no Senado e aliado fiel da família em SP], que figura nas negociações representando interesses da empresa LEROS.

A LEROS explora jazidas de diamante e nióbio no Brasil. Por coincidência, durante o encontro do G20 em Osaka/Japão, Bolsonaro surpreendeu o mundo numa live patética fazendo propaganda do potencial comercial de nióbio …

A TV Telefuturo do Paraguai apresenta um panorama completo do complicado processo. Na reportagem [aqui], a emissora mostra mensagens de WhatsApp enviadas por José Rodríguez, que se apresentava como assessor jurídico do vice-presidente paraguaio Hugo Velázquez, ao presidente da ANDE, Pedro Ferreira, com instruções sobre os termos da Ata que a estatal deveria incluir.

Nas mensagens prévias à assinatura da Ata, que ocorreu em 24 de maio, o assessor José Rodriguez fazia menção ao “modelo de contrato com uma empresa brasileira” sem, no entanto, nomear qual empresa se tratava.

Em 5 de junho, já com a Ata assinada, o nome da empresa beneficiada aparece em mensagem que José Rodriguez enviou ao presidente da ANDE para solicitar uma reunião, uma vez que “o representante comercial da empresa LEROS do Brasil se encontra no país a fim de dar seguimento ao acordo de compra e venda de excedente de energia ao mercado brasileiro”.

Na mensagem, o assessor do vice-presidente paraguaio sublinha que os representantes da LEROS “vêm em representação da família presidencial do país vizinho”.

Em 15 de julho, José Rodriguez informou o presidente da ANDE sobre o envio, para a LEROS, da carta de intenções para a empresa operar, com exclusividade, o mercado anual de mais de US$ 200 milhões de energia excedente do Paraguai.

Em resposta a Rodriguez, o presidente da ANDE esclareceu que não poderia haver exclusividade para a LEROS, pois a venda da energia excedente deveria se dar mediante procedimento licitatório em busca de melhor preço.

À continuação, Rodriguez enviou mensagem a outro diretor da ANDE recomendando confidencialidade sobre os termos da Ata “devido a que, em conversações com o mais alto posto de mando do Brasil se concluiu que não é o mais favorável, a fim de resguardar o manejo prudencial da informação para que a operação em marcha [o contrato exclusivo com a LEROS] se efetive com o maior êxito” [sic].

Rodriguez justifica a decisão de manter a clandestinidade do negócio uma vez que “a autorização de ambos mandatários [Abdo e Bolsonaro] já se encontra verbalmente acertada”.

Em 12 de julho, um intermediário da ANDE havia enviado por correio postal diretamente a Kleber Ferreira [um dos fundadores da LEROS] e a Alexandre Giordano, o político do PSL – e não ao governo brasileiro – a carta de intenção para a exploração deste negócio.

Em discurso após cancelar o acordo para sustar o processo do seu impeachment, o presidente paraguaio disse que “não vou tolerar a corrupção, que não importa o quanto doa, por causa da proximidade de meus colegas e amigos de luta, isso não nos dá o direito de ter má conduta na administração de coisas públicas. É por isso que ordenei que aqueles que participaram do processo, talvez sem má vontade, sejam removidos do cargo”.

Ou seja: para se salvar, o próprio presidente paraguaio – citado por um operador do seu governo como alguém que “acertou verbalmente” com Bolsonaro o esquema a favor da LEROS – admitiu o esquema de corrupção.

Estamos diante de uma suspeita forte de corrupção que atinge diretamente o gabinete e o partido presidencial [PSL] e que, além disso, põe em risco uma área sensível e estratégica para o Brasil, que é o suprimento de energia elétrica pela Usina Binacional de Itaipu.

É preciso, por isso, investigar a fundo a presença indevida de particulares do entorno do Bolsonaro em negociações que envolvem altos interesses do Estado brasileiro.

É preciso descobrir o que tem por trás da pressa do Bolsonaro em evitar o esclarecimento disso que pode ser um escândalo bilionário de corrupção que o envolve diretamente e a políticos do PSL.

 

*Por Jeferson Miola/247

Como a Leros, empresa “supostamente ligada” aos Bolsonaro, seria beneficiada no acordo de Itaipu

A trama envolve um empresário brasileiro, suplemente de Major Olímpio, que teria usado o nome dos Bolsonaro para fechar o negócio no Paraguai.

A crise do governo paraguaio por conta do acordo de Itaipu com o Brasil começa a dar sinais de que irá refluir. Mas novas informações divulgadas nesta quinta (1/8) mostram que ainda há muito a ser esclarecido sobre a participação da Leros na jogada.

A empresa de energia brasileira virou pano de fundo do escândalo internacional por ter sido apresentada às autoridades paraguaias como “ligada à família Bolsonaro”, segundo publicação do jornal ABC Color.

Empresa “supostamente ligada” aos Bolsonaro é pano de fundo de crise no Paraguai

Nesta quinta, outro jornal do Paraguai, o Ultima Hora, revela qual seria a vantagem da Leros com a retirada de um ponto do acordo de Itaipu que prejudicou o Paraguai e levou o governo vizinho a enfrentar pedidos de impeachment.

Segundo a publicação, “fontes próximas do Poder Executivo” paraguaio afirmaram que a supressão do “ponto 6” do acordo de Itaipu impediria a ANDE (estatal de energia paraguaia) de comercializar excedente de energia (pelo menos 300 MW) ao mercado brasileiro. E o objetivo – que ainda preciso ser melhor apurado – era “dar exclusividade à empresa Leros, que tem vínculo com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro”, pontuou.

O Ultimo Hora afirmou que a Leros vinha conversando com a ANDE sobre o acordo de Itaipu há muito tempo, e que as negociações envolviam outras empresas estrangeiras. Uma sul-coerana, por exemplo, manifestou interesse em comprar 500 MW da estatal paraguaia.

Por parte da Leros, a intenção era que a empresa brasileira contratasse de 250 a 450 MW da ANDE, “a fim de redistribuir o produto no seu mercado interno [Brasil].”

Depois das conversas preliminares, a própria ANDE teria tentado tornar o processo mais “transparente” planejando uma convocação aos interessados em comprar blocos de mais de 100 MW, com o limite de até 1.000 MW.

No entanto, de acordo com o Ultima hora, fazer essa chamada no acordo bilateral de Itaipu não era “conveniente para a Leros”, já que outras empresas brasileiras iriam descobrir e concorrer pelo produto.

“Esses outros comerciantes”, frisou o portal paraguaio, poderiam ser, por exemplo, “a Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a Companhia Mineira de Energia (Cemig)”. A Copel, aliás, “já tentou comprar energia da [usina paraguaia] Acaray no passado, mas nenhum acordo foi alcançado.”

A preocupação da Leros com os concorrentes está no fato de que a empresa não é “muito grande”, se comparada às outras brasileiras habilitadas para o serviço. Então fazer o acerto prévio com o Paraguai, “graças ao apoio do Ministério das Relações Exteriores”, informou o Ultima Hora, seria “um golpe muito grande para suas operações.”

O PAPEL DE BOLSONARO

Jair Bolsonaro pode não ter relação direta com a Leros, mas o Ultima Hora frisou que ainda haveria uma etapa de autorização do negócio, em solo brasileiro, que seria feita pessoalmente pelo presidente, segundo articulação dos lobistas, e sem necessidade de um “acordo escrito”.

“O presidente do País vizinho simplesmente daria a ordem” para liberar a redistribuição de energia pela Leros no Brasil, independente de a Eletrobras (que detém uma parcela do capital de Itaipu Binacional) viesse ou não a participar da “manobra técnica”.

Ainda segundo a fonte do governo paraguaio – que não teve o nome revelado pelo Ultima Hora – a Leros teria prometido pagar o melhor preço possível pela energia de Itaipu, mas demandou exclusividade no negócio, e esta “condição” virou um temor pois a negociação bilateral poderia não prosperar desse jeito. O jornal fez questão de destacar que apesar da exigência da Leros, o Brasil tem atualmente ao menos 6 comercializadoras de energia habilitadas para o mesmo serviço.

Ao final da reportagem, o Ultima Hora chamou atenção para como o lobby da Leros teria dado sido efetivado junto ao “Ministério das Relações Exteriores”, que chegou a eliminar o ponto 6 do artigo de Itaipu, e não junto à ANDE – cujo presidente renunciou alegando que foi obrigado a assinar o acordo prejudicial ao Paraguai.

No começo de todo o escândalo, a informação divulgada era de que a Leros teria um lobista, o advogado José Rodriguez Gonzalez, que à ANDE se apresentou como assessor jurídico do vice-presidente do Paraguai Hugo Velazquez. A relação com o vice foi desmentida por jornais paraguaios e o advogado admitiu que atuou em favor da Leros.

O ELO ENTRE A LEROS E OS BOLSONARO

No dia 31 de julho, o BuzzFeed News Brasil avançou com essa pauta revelando que a Leros também contou com outro lobista, mas um brasileiro: o empresário Alexandre Giordano, que é suplente do senador Major Olímpio, do PSL de São Paulo.

Giordano seria, de acordo com o jornal paraguaio ABC Color, o brasileiro que se apresentou com credenciais de “senador” em uma reunião para tratar do acordo de Itaipu, em 10 de maio passado, em Ciudad Del Este.

O advogado-lobista José Rodríguez González afirmou à imprensa de seu País que Giordano usou o nome da família Bolsonaro para pressionar pelo acordo favorável a Leros.

“Em todos as conversações que tivemos com esse grupo empresarial brasileiro, a primeira coisa que fizeram é que têm o apoio do alto mando brasileiro para conseguir às autorizações de importação de energia”, disse Rodriguez ao ABC Color.

Curiosamente, no mesmo dia da reunião de Giordano com autoridades do Paraguai, Bolsonaro e o presidente Mário Abdo Benítez se encontraram em Foz do Iguaçu para assinar a autorização para o início das obras de uma segunda ponte para ligar os dois países.

Giordano, em defesa própria, negou ao BuzzFeed que tenha usado o nome da família Bolsonaro ou se apresentado como senador, mas confirmou a reunião no Paraguai e ainda admitiu que já prestou serviços para a Leros no passado.

“Seu interesse, afirma, seria eventualmente vender torres e outros suportes que usam estruturas metálicas, caso a Léros fechasse acordo com os paraguaios.”

Ao jornal O Globo, um dos fundadores do Grupo Leros, Kleber Ferreira, “negou ter qualquer relação com os governos do Brasil e do Paraguai. Ele confirmou que seu grupo participou de um chamamento público feito pelo Paraguai para a compra de energia, enviando uma carta de intenção e os documentos solicitados. Mas afirmou desconhecer qualquer tipo de vinculação entre essa futura licitação pública e a negociação entre os dois países sobre Itaipu.”

 

 

*Do GGN